Seja leal ao Reino de Deus
“Não fazem parte do mundo.” — JOÃO 17:16.
CÂNTICOS: 18, 121
1, 2. (a) Por que ser leal a Deus é importante para os cristãos, e como isso está relacionado com a neutralidade? (Veja a gravura no início do artigo.) (b) As pessoas são leais a que coisas, mas qual pode ser o resultado?
A LEALDADE e a neutralidade são questões importantes para os cristãos verdadeiros em todas as ocasiões, não só em tempos de guerra. Por quê? Porque todos que se dedicaram a Jeová prometeram amá-lo, ser leais a ele e lhe obedecer. (1 João 5:3) Queremos viver segundo os justos padrões de Deus não importa onde vivamos, nem nossa formação, nacionalidade ou cultura. Nossa lealdade a Jeová e seu Reino fala mais alto do que nosso apego a qualquer outra pessoa ou coisa. (Mat. 6:33) Por causa dessa lealdade, nós nos mantemos separados de todos os conflitos e controvérsias deste mundo. — Isa. 2:4; leia João 17:11, 15, 16.
2 Muitas pessoas que não servem a Jeová têm um forte senso de lealdade a seu país, tribo ou cultura, ou até mesmo a algum time esportivo. Isso pode resultar em sentimentos de superioridade e rivalidade; e, em casos extremos, em mortes e genocídios. O modo como as pessoas lidam com isso pode afetar diretamente a nós e nossas famílias, quer para o bem, quer para o mal. Não podemos fugir disso, pois fazemos parte da sociedade humana. Visto que Deus criou o homem com um senso natural de justiça, as decisões dos governos humanos podem ferir nosso conceito do que é certo e justo. (Gên. 1:27; Deut. 32:4) Como reagimos em circunstâncias assim? Seria muito fácil nos envolver em questões do mundo e em suas controvérsias.
3, 4. (a) Por que os cristãos se mantêm neutros nas controvérsias deste mundo? (b) O que este artigo considerará?
3 Quando surgem conflitos, as instituições que governam a sociedade humana talvez pressionem seus cidadãos a tomar partido. Os cristãos verdadeiros não podem fazer isso. Não participamos nas controvérsias políticas deste mundo; nem pegamos em armas. (Mat. 26:52) O mundo de Satanás tenta nos fazer acreditar que uma parte dele é melhor que outra; mas não somos influenciados por essas tentativas. (2 Cor. 2:11) Visto que não fazemos parte do mundo, não nos deixamos afetar pelas suas rivalidades. — Leia João 15:18, 19.
4 No entanto, por causa da imperfeição, talvez seja difícil para alguns de nós eliminar antigas tendências que podem causar divisões. (Jer. 17:9; Efé. 4:22-24) Por isso, este artigo considerará alguns princípios que podem nos ajudar nesse sentido. Também mostrará como podemos treinar a mente e a consciência a fim de sermos leais ao Reino de Deus.
POR QUE NÃO NOS ENVOLVEMOS NAS QUESTÕES DESTE MUNDO
5, 6. Como Jesus lidava com as diferenças existentes no país em que vivia, e por quê?
5 Sempre que você estiver em dúvida sobre como agir numa situação, é bom se perguntar: ‘O que Jesus faria em meu lugar?’ O país onde Jesus vivia era formado por várias regiões: Judeia, Galileia, Samaria e outras. A Bíblia revela que havia tensões entre pessoas dessas regiões. (João 4:9) Também havia tensões entre fariseus e saduceus (Atos 23:6-9), entre o povo comum e os cobradores de impostos (Mat. 9:11) e entre os que tinham formação rabínica e os que não tinham. (João 7:49) No primeiro século, Israel era governado pelos romanos, e o povo não gostava nada da presença deles. Embora Jesus defendesse a verdade sobre Deus e reconhecesse que a salvação vinha dos judeus, ele nunca incentivou seus discípulos a nutrir rivalidades. (João 4:22) Pelo contrário, ele os aconselhou a amar o próximo, ou seja, todas as pessoas. — Luc. 10:27.
6 Por que Jesus não apoiou os preconceitos comuns entre os judeus? Porque nem ele nem seu Pai se envolvem nas controvérsias do mundo. Quando Jeová, por meio do seu Filho, criou o homem e a mulher, seu objetivo era que eles enchessem a Terra inteira. (Gên. 1:27, 28) Deus projetou os humanos de maneira que eles pudessem produzir diferentes raças. Nem Jeová nem Jesus consideram uma raça, nacionalidade ou idioma superior a outro. (Atos 10:34, 35; Rev. 7:9, 13, 14) Devemos seguir o exemplo perfeito deles. — Mat. 5:43-48.
7, 8. (a) Em que questão os cristãos devem se envolver? (b) O que os cristãos precisam reconhecer em relação à solução dos problemas da humanidade?
7 Mas existe uma questão em que devemos nos envolver. Precisamos apoiar a soberania universal de Jeová. A primeira controvérsia envolvendo essa questão surgiu no Éden quando Satanás questionou o domínio de Jeová. Isso levantou a pergunta: quem tem o melhor modo de fazer as coisas, Jeová ou Satanás? Desde aquela ocasião, todos devem decidir que lado apoiarão. Pergunte-se com toda a sinceridade: ‘Mostro que estou do lado de Jeová por me apegar às suas leis e padrões, em vez de fazer as coisas do meu jeito? Encaro o Reino como a única solução para os problemas da humanidade? Ou acho que o homem é capaz de governar a si mesmo?’ — Gên. 3:4, 5.
8 As respostas a essas perguntas mostram como você reagirá quando alguém pedir sua opinião sobre assuntos polêmicos. Políticos, ativistas e reformistas há muito tempo tentam de tudo para solucionar questões que causam divisão. Eles podem até ser pessoas sinceras e bem-intencionadas. Mas os cristãos reconhecem que só o Reino de Deus pode resolver os problemas da humanidade e garantir verdadeira justiça. Devemos deixar os assuntos nas mãos de Jeová. Afinal, se cada cristão começasse a promover a solução que acha melhor, não concorda que isso logo causaria divisões nas congregações?
9. Que problema existia na congregação de Corinto, mas que conselho Paulo deu?
9 Considere uma questão que surgiu no primeiro século e ameaçou a união entre os cristãos. Alguns em Corinto estavam dizendo: “‘Eu pertenço a Paulo’, ‘mas eu a Apolo’, ‘mas eu a Cefas’, ‘mas eu a Cristo’.” Qualquer que fosse o motivo, o apóstolo Paulo ficou indignado com as consequências disso. Parecia que “o Cristo [estava] dividido”. Qual era a solução para esse modo de pensar prejudicial? Paulo aconselhou os cristãos: “Exorto-vos agora, irmãos, por intermédio do nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que todos faleis de acordo, e que não haja entre vós divisões, mas que estejais aptamente unidos na mesma mente e na mesma maneira de pensar.” Hoje, também não deve haver nenhum tipo de divisão na congregação. — 1 Cor. 1:10-13; leia Romanos 16:17, 18.
10. Que comparação Paulo fez para mostrar que os cristãos não devem se envolver nas controvérsias do mundo?
10 Em sua carta aos filipenses, Paulo incentivou os cristãos ungidos a se concentrar em sua cidadania celestial, em vez de nas coisas terrestres. (Fil. 3:17-20) * Eles deviam agir como embaixadores, substituindo a Cristo. Um embaixador não se intromete nos assuntos da nação onde vive. Ele é leal a outra nação. (2 Cor. 5:20) Cristãos com a esperança terrestre também são súditos do Reino de Deus; então, não seria correto que eles se envolvessem nas controvérsias do mundo.
PREPARE-SE PARA SER LEAL A JEOVÁ
11, 12. (a) Em que ambiente pode ser mais difícil manter a lealdade ao Reino de Deus? (b) Que questão uma cristã enfrentou, e como ela lidou com isso?
11 Em muitos lugares no mundo, as pessoas são bem unidas por terem uma história, cultura e idioma em comum — coisas que lhes dão muito orgulho. Num ambiente assim, os cristãos devem treinar a mente e a consciência para agir de modo apropriado em questões que envolvem neutralidade. Como podem fazer isso?
12 Veja o caso de Mirlinda, * que nasceu numa região da ex-Iugoslávia. Desde bem pequena, ela foi ensinada a odiar os sérvios. Depois que aprendeu que Jeová é imparcial e que Satanás é o responsável por incitar problemas étnicos, ela começou uma luta para eliminar sentimentos nacionalistas. Mas, quando estouraram conflitos violentos em sua região, ela começou a sentir aquele antigo ódio de novo. Por causa disso, Mirlinda achava difícil pregar aos sérvios. No entanto, ela percebeu que não podia ficar de braços cruzados e esperar que esses sentimentos ruins desaparecessem. Ela implorou que Jeová a ajudasse não apenas a superar esse problema, mas também a aumentar sua participação no ministério e a se tornar pioneira. “Descobri que me concentrar no ministério é a melhor ajuda. Quando prego, tento imitar a personalidade amorosa de Jeová”, diz ela. “Aos poucos, vi que meus sentimentos negativos foram desaparecendo.”
13. (a) Que situação deixava uma irmã aborrecida, mas como ela reagiu? (b) Que lição podemos aprender do exemplo de Zoila?
13 Veja outro exemplo. Zoila, que nasceu no México, pertence a uma congregação na Europa. Ela percebeu que alguns irmãos originários da América Latina faziam comentários indelicados e ofensivos sobre sua terra natal, seus costumes e até mesmo suas músicas. Como você reagiria no lugar dela? Não é de admirar que Zoila ficasse aborrecida. Mas ela agiu bem em buscar a ajuda de Jeová para anular qualquer sentimento negativo que estivesse crescendo em seu coração. Precisamos reconhecer que alguns estão passando por situações parecidas. Nós não queremos de forma alguma dizer ou fazer algo que cause divisões ou incentive o tipo errado de lealdade entre nossos irmãos — na verdade, entre ninguém. — Rom. 14:19; 2 Cor. 6:3.
14. Como os cristãos podem treinar a mente e a consciência no que diz respeito a questões de lealdade?
14 E você? Será que o ambiente em que cresceu nutriu em você um senso de lealdade nacional ou regional? Será que há algum vestígio disso em seu coração? Os cristãos não devem permitir que o fervor nacionalista contamine seu conceito sobre outros. Mas e se você perceber que encara de modo negativo pessoas de outros países, culturas, idiomas ou raças? Nesse caso, seria bom meditar em como Jeová vê o nacionalismo e o preconceito. Talvez seja de ajuda pesquisar, em seu estudo pessoal ou em sua adoração em família, esses e outros assuntos relacionados. Daí, peça que Jeová o ajude a aceitar de coração o ponto de vista dele sobre essas questões. — Leia Romanos 12:2.
15, 16. (a) Como devemos esperar que as pessoas reajam à nossa lealdade a Deus? (b) Como os pais podem ajudar os filhos a enfrentar os desafios à lealdade cristã?
15 Mais cedo ou mais tarde, todos os servos de Jeová passarão por uma situação em que sua consciência os obrigará a agir de modo diferente das demais pessoas — no trabalho, na escola, na vizinhança, na família ou em qualquer outro lugar. (1 Ped. 2:19) Mas precisamos mesmo ser diferentes! Não devemos nos surpreender se o mundo nos odiar por causa de nossa posição; Jesus avisou que isso aconteceria. A maioria de nossos opositores não entende o que está envolvido em nossa neutralidade cristã. Para nós, porém, esse é um assunto de máxima importância.
16 Ser leal a Jeová significa manter-se firme, mesmo diante de ameaças. (Dan. 3:16-18) O medo do homem pode afetar pessoas de todas as idades, mas os jovens talvez achem especialmente difícil “nadar contra a corrente”. Se seus filhos estão enfrentando questões como saudação à bandeira ou celebrações nacionalistas, não deixe de orientá-los. Use a Adoração em Família para ajudá-los a entender tudo que está por trás dessas questões para que eles as enfrentem com coragem. Ajude-os a expressar suas convicções pessoais de modo claro e respeitoso. (Rom. 1:16) Para dar apoio aos seus filhos, tome a iniciativa de falar com os professores deles, se necessário.
VALORIZE TODA A CRIAÇÃO DE JEOVÁ
17. Que conceito não devemos ter, e por quê?
17 É compreensível sentirmos certo apego à paisagem, à cultura, ao idioma e ao alimento do país onde fomos criados. Mas não devemos ter o conceito de que tudo que é nosso é melhor. Observamos uma ampla variedade em todas as coisas criadas por Jeová, e ele fez isso pensando em nosso prazer. (Sal. 104:24; Rev. 4:11) Por que então insistir que um jeito de fazer as coisas é superior a outro?
18. Que bênçãos recebemos por ter o conceito de Jeová?
18 Deus quer que todo tipo de pessoa obtenha o conhecimento exato da verdade e tenha vida eterna. (João 3:16; 1 Tim. 2:3, 4) Ter a mente aberta e reconhecer que existem várias formas aceitáveis de pensar e agir nos enriquece e protege nossa união cristã. À medida que mantemos nossa lealdade a Jeová, não devemos nos envolver nas controvérsias do mundo. Não devemos ter preferências políticas. Como somos gratos por Jeová ter nos libertado do espírito orgulhoso e competitivo que predomina no mundo de Satanás e causa divisões! Que estejamos decididos a cultivar uma atitude pacífica similar à expressa pelo salmista: “Eis que quão bom e quão agradável é irmãos morarem juntos em união!” — Sal. 133:1.
^ parágrafo 10 Filipos era uma colônia romana. Pode ser que alguns membros da congregação ali tivessem um tipo de cidadania romana, que lhes concedia certos privilégios que seus irmãos não tinham.
^ parágrafo 12 Alguns nomes foram mudados.
A SENTINELA (EDIÇÃO DE ESTUDO)