Eu nasci em Londres, Inglaterra, e fui criada em Paddington, um bairro com muitos habitantes. Eu morava com a minha mãe e as minhas três irmãs mais velhas. O meu pai foi-se embora de casa várias vezes por causa dos problemas que tinha com o álcool.

Quando eu era criança, a minha mãe ensinou-me que eu tinha de orar todas as noites. Eu tinha uma Bíblia pequena, apenas com os Salmos, e inventava um ritmo para conseguir cantá-los. Certa vez, li num livro uma frase que não me saiu da cabeça: “Um dia, o amanhã não vai chegar.” Fiquei a noite inteira acordada a pensar no meu futuro. Eu pensava: ‘Qual é o objetivo da vida? Não é possível que seja só isto.’ Eu não queria morrer!

Acabei por me interessar pelo ocultismo. Eu tentava falar com os mortos, visitava cemitérios com os meus colegas da escola e ficava a ver filmes de terror com eles. Nós achávamos aquilo fascinante, mas, ao mesmo tempo, muito assustador.

Quando eu tinha apenas 10 anos, comecei a ficar rebelde. Foi nessa altura que eu comecei a fumar e acabei por ficar viciada. Para piorar, comecei a fumar canábis. Com 11 anos, comecei a beber. Eu não gostava do sabor das bebidas, mas gostava de ficar bêbeda. Eu também gostava muito de ouvir música e dançar. Por isso, sempre que eu podia, ia a festas e discotecas. Saía à noite e voltava pouco antes do amanhecer. Eu fazia tudo isso às escondidas. Como ficava muito cansada, eu faltava sempre às aulas. E, quando ia à escola, geralmente, bebia nos intervalos.

No meu último ano na escola, as minhas notas foram muito más. Na maioria das vezes, a minha mãe nem sequer sabia das asneiras que eu fazia. Por isso, quando descobriu as minhas notas, ficou muito dececionada e zangada comigo. Nós acabámos por discutir, e eu fugi de casa. Durante algum tempo, eu morei com o meu namorado, Tony, que era rastafári. O Tony roubava e também vendia droga. Ele também tinha a fama de ser muito violento. Pouco tempo depois, fiquei grávida. Quando eu tinha apenas 16 anos, o meu filho nasceu.

O meu primeiro contacto com as Testemunhas de Jeová foi numa casa de acolhimento para mães solteiras. Eu consegui ali uma vaga com a ajuda da assistência social. Duas mulheres Testemunhas de Jeová iam sempre visitar algumas das outras mães. Um dia, eu também conversei com as Testemunhas de Jeová. Eu queria provar que elas estavam erradas. Mas, com muita paciência, elas responderam a todas as minhas perguntas por me mostrarem o que a Bíblia dizia. Elas eram muito bondosas e gentis, e isso tocou-me muito. Por isso, aceitei estudar a Bíblia com elas.

Aprendi logo uma coisa na Bíblia que mudou completamente a minha vida. Desde pequena, eu tinha medo de morrer. Mas, no estudo da Bíblia, eu descobri que, um dia, vai haver uma ressurreição! (João 5:28, 29) Também aprendi que Deus se importava realmente comigo. (1 Pedro 5:7) Um texto que me tocou muito foi Jeremias 29:11, que diz: “‘Pois sei muito bem o que tenho em mente para vocês’, diz Jeová. ‘Quero que tenham paz, não calamidade. Quero dar-vos um futuro e uma esperança.’” Eu comecei a acreditar que, um dia, vou poder viver para sempre num paraíso aqui na Terra. — Salmo 37:29.

As Testemunhas de Jeová mostraram que realmente me amavam. Quando fui pela primeira vez a uma reunião delas, gostei muito do ambiente agradável e aconchegante. Senti-me muito bem-vinda! (João 13:34, 35) Era muito diferente da maneira como eu tinha sido tratada numa igreja que visitei antes. As Testemunhas de Jeová receberam-me muito bem, apesar da minha situação difícil. Elas davam-me muita atenção e carinho, além de ajuda para eu lidar com os meus problemas. Eu sentia que fazia parte de uma grande família.

Ao estudar a Bíblia, percebi que tinha de fazer mudanças na minha vida para agradar a Deus. Mas parar de fumar, por exemplo, não foi nada fácil. Também percebi que algumas músicas que eu ouvia aumentavam ainda mais a minha vontade de fumar canábis. Então, resolvi mudar as músicas que eu ouvia. Como eu queria evitar as bebidas, também parei de ir a festas e discotecas, onde beber ia ser uma tentação para mim. Além disso, fiz amizade com pessoas que me incentivaram a continuar a fazer mudanças na minha vida. — Provérbios 13:20.

Nessa época, o Tony também estava a estudar a Bíblia com as Testemunhas de Jeová. Conforme elas respondiam às perguntas que ele fazia, o Tony começou a ter a certeza de que estava a aprender a verdade. Ele fez grandes mudanças na vida: afastou-se dos amigos violentos, não se envolveu mais em crimes e parou de fumar canábis. Nós os dois também percebemos que, para agradar a Jeová, precisávamos de mudar o nosso estilo de vida imoral e criar um ambiente seguro para o nosso filho. Por isso, casámo-nos em 1982.

Lembro-me de que fazia várias pesquisas nas revistas A Sentinela e Despertai!. a Eu procurava histórias de pessoas que tinham conseguido fazer mudanças na vida assim como eu queria fazer. O exemplo delas encorajava-me muito! Essas histórias incentivaram-me a continuar a esforçar-me. Também continuei a orar para que Jeová não desistisse de mim. Assim, em julho de 1982, eu e o Tony batizámo-nos como Testemunhas de Jeová.

Ser amiga de Jeová foi o que salvou a minha vida. O Tony e eu sentimos a ajuda de Jeová quando passámos por momentos difíceis. Nós aprendemos a confiar em Jeová, apesar das dificuldades, e percebemos que ele sempre ajudou e cuidou da nossa família. — Salmo 55:22.

Tivemos a grande alegria de ajudar o nosso filho e a nossa filha a serem também amigos de Jeová. Ver os nossos netos agora a aprender sobre Jeová também nos deixa muito felizes.

Agora, já não perco o sono, preocupada com o meu futuro ou com a morte. Além disso, eu e o Tony temos o privilégio de viajar todas as semanas para uma congregação das Testemunhas de Jeová e encorajar os irmãos. Juntamente com eles, ensinamos a outras pessoas que, se elas demonstrarem fé em Jesus, também vão poder viver para sempre.