A Segunda aos Coríntios 4:1-18
Notas de rodapé
Notas de estudo
este ministério: Ou seja, o ministério realizado pelos “servos de um novo pacto”, mencionados em 2Co 3:6. (Veja a nota de estudo.) Em 2Co 4:7, Paulo chama “tesouro” a esse ministério. É por meio desse ministério que a verdade se torna conhecida. — 2Co 4:2.
não desistimos: Ou: “não perdemos a coragem (não desanimamos)”. Neste contexto, as palavras de Paulo indicam que ele e os seus companheiros estavam decididos a nunca deixar que o cansaço e o desânimo diminuíssem o seu zelo no “ministério”.
adulteramos a palavra de Deus: Esta é a única vez que o verbo grego traduzido aqui como “adulteramos” aparece nas Escrituras Gregas Cristãs, mas um substantivo relacionado aparece em Ro 1:29 e 1Te 2:3 (“engano; enganosa”), e em 2Co 12:16 (“astúcia”). A expressão ‘adulterar a palavra de Deus’ tem o sentido básico de corromper, distorcer ou falsificar a mensagem de Deus. Também pode passar a ideia de misturar a mensagem de Deus com coisas inferiores ou que não fazem parte dela, como filosofias humanas e ideias pessoais. Paulo jamais pensaria em adulterar a palavra de Deus só para agradar aos judeus e gregos a quem ele ensinava, misturando as verdades puras das Escrituras com as crenças deles. Ele recusava-se a diluir a verdade para satisfazer os gostos de um mundo que considera sabedoria aquilo que é tolice para Deus. — 1Co 1:21; veja a nota de estudo em 2Co 2:17.
o deus deste mundo: O “deus” mencionado aqui é Satanás. Isso fica claro na sequência do versículo, que diz que ele “cegou a mente dos descrentes”. Jesus chamou a Satanás “governante deste mundo” e declarou que ele seria “expulso”. (Jo 12:31) A declaração de Jesus e o facto de Satanás ser chamado aqui “o deus deste mundo [ou: “desta época”]” indicam que a autoridade dele é temporária. — Compare com Ap 12:12.
deste mundo: Ou: “deste sistema de coisas”. A palavra grega usada aqui, aión, tem o sentido básico de “época”. Também se pode referir a uma situação existente ou a características marcantes de certo período ou época. (Veja o Glossário, “Sistema(s) de coisas”.) Visto que Satanás é o governante “deste mundo”, ele molda-o, fazendo com que tenha as características e o espírito que ele quer. — Ef 2:1, 2.
a mente: Lit.: “as faculdades mentais”. A palavra grega nóema também foi traduzida como “mente” em 2Co 3:14; 11:3 e em Fil 4:7 (onde também poderia ser traduzida como “faculdades mentais; pensamentos”). Em 2Co 10:5, foi traduzida como “pensamento”. — Veja a nota de estudo em 2Co 2:11.
das gloriosas boas novas a respeito do Cristo: As boas novas merecem ser chamadas “gloriosas” por causa do seu conteúdo. Elas revelam coisas maravilhosas como, por exemplo, a maneira como o segredo sagrado de Deus em relação a Cristo se foi tornando conhecido (Col 1:27), o papel daqueles que irão governar com Jesus no Reino (1Te 2:12; Ap 1:6) e o futuro que Deus promete a toda a humanidade (Ap 21:3, 4). As palavras de Paulo aqui também poderiam ser traduzidas como “das boas novas a respeito da glória do Cristo”.
brilhe a luz: Ou: “brilhará a luz”. Aqui, Paulo está a referir-se a Gén 1:3. Jeová Deus é a Fonte tanto da luz física como da luz espiritual.
o glorioso conhecimento de Deus: Na Bíblia, os verbos e os substantivos originais traduzidos como “conhecer” e “conhecimento” muitas vezes envolvem mais do que apenas saber certos factos ou ter certas informações. Quando se referem a uma pessoa, também podem transmitir a ideia de conhecê-la bem, reconhecer a sua autoridade e obedecer-lhe. (Veja a nota de estudo em Jo 17:3.) Aqui em 2Co 4:6, Paulo relaciona o “conhecimento de Deus” com a luz espiritual que Deus dá aos seus servos por meio de Cristo. Esse conhecimento é chamado “glorioso” porque envolve conhecer a gloriosa personalidade de Deus e as suas qualidades. A expressão grega traduzida aqui como “o glorioso conhecimento de Deus” também poderia ser traduzida como “o conhecimento da glória de Deus”, destacando que o foco desse conhecimento é a glória de Deus. Uma expressão parecida foi usada em Hab 2:14, que diz: “A terra há de encher-se do conhecimento da glória de Jeová.”
por meio do rosto de Cristo: Ou: “refletido no rosto de Cristo”. O uso que Paulo faz aqui da palavra “rosto” está relacionado com o que ele disse em 2Co 3:7, 12, 13, onde ele fala sobre a glória que o rosto de Moisés refletia.
tesouro em vasos de barro: As Escrituras muitas vezes comparam pessoas a vasos de barro. (Jó 10:9; Sal 31:12) Nos dias de Paulo, vasos de barro eram usados para transportar diversos tipos de mercadoria, desde alimentos e líquidos (como cereais, óleo e vinho) até moedas de prata e de ouro. Muitas vezes, os vasos partiam-se ou eram descartados depois de o seu conteúdo ter sido entregue, e era comum ver grandes pilhas de vasos partidos perto de portos e mercados. Apesar de serem baratos, os vasos de barro cumpriam bem o papel de transportar mercadorias valiosas até ao seu destino. Também eram usados para guardar e preservar itens importantes (Je 32:13-15), como aconteceu com os Rolos do Mar Morto, que foram encontrados dentro de vasos de barro na região de Qumran. Na ilustração de Paulo, o “tesouro” representa a designação (ou ministério) de pregar as boas novas sobre o Reino de Deus, uma mensagem que tem o poder de salvar vidas. (Mt 13:44; 2Co 4:1, 2, 5) Os vasos de barro representam as pessoas a quem Jeová confia esse tesouro. Apesar de serem pessoas comuns, com corpos imperfeitos e limitados, são usadas por Deus para levar o “tesouro” até ao seu destino.
o poder além do normal: A palavra grega traduzida aqui como “além do normal” é hyperbolé. Aqui, foi usada para se referir ao poder extraordinário que apenas Deus pode dar. — Veja a nota de estudo em 2Co 12:7.
o tratamento mortífero que Jesus sofreu: Aqui, Paulo está a dizer que ele e os seus companheiros estavam constantemente a correr risco de vida e a enfrentar o mesmo tipo de sofrimento que Jesus enfrentou.
sempre confrontados com a morte: Ou: “sempre entregues à morte”. Aqui, esta expressão passa a ideia de “correr constante risco de vida” ou “estar constantemente sob ameaça de morte”. O verbo grego que aparece nesta expressão (muitas vezes traduzido como “entregar”) foi usado várias vezes para dizer que Jesus foi “entregue” às autoridades judaicas. — Mt 20:18; 26:2; Mr 10:33; Lu 18:32.
Exerci fé: Uma fotografia que mostra parte de uma página de um manuscrito que contém este versículo aparece no Apêndice A3. A passagem que aparece na fotografia começa com o verbo traduzido aqui em 2Co 4:13 como “exerci fé” e termina em 2Co 5:1. (A página completa contém 2Co 4:13–5:4.) Esse manuscrito em papiro, conhecido como P46, é um códice datado de cerca de 200 EC. Esse códice é a coleção mais antiga disponível das cartas de Paulo e contém nove delas, incluindo as cartas praticamente inteiras de 1 e 2 Coríntios. Se tiver sido datado corretamente, esse códice foi produzido apenas cerca de 150 anos depois de Paulo ter escrito as suas cartas.
Exerci fé, por isso falei: Aqui, Paulo está a citar as palavras do Sal 116:10, conforme aparecem na Septuaginta (115:1, LXX).
o homem que somos por fora: Aqui, Paulo está a referir-se ao corpo físico dos cristãos, que definha, ou seja, se deteriora. Isso pode acontecer por causa de uma doença, de uma deficiência física e do envelhecimento, ou por causa de maus-tratos e outras dificuldades.
o homem que somos por dentro está a ser renovado: Aqui, Paulo destaca que, mesmo que os cristãos estejam a ‘definhar-se’ por fora, Jeová renova-os constantemente, dando-lhes força espiritual a cada dia. (Sal 92:12-14) A expressão “o homem que somos por dentro” refere-se ao que o cristão é no íntimo, incluindo a sua espiritualidade, qualidades e força. Essa expressão está relacionada com a “nova personalidade” que os cristãos se esforçam para ter. (Col 3:9, 10) Paulo incentiva os cristãos a concentrarem-se “nas coisas não vistas”, ou seja, na maravilhosa recompensa que Deus lhes promete. — Veja a nota de estudo em 2Co 4:18.
sofrimento: Aqui, a palavra grega thlípsis também poderia ser traduzida como “provação; tribulação; aflição; dificuldade”. — Veja a nota de estudo em 2Co 1:4.
fixamos os olhos não nas coisas vistas, mas nas coisas não vistas: Os cristãos em Corinto estavam a passar por muitas dificuldades ao realizarem o seu ministério. (2Co 4:8, 9, 16) Por isso, Paulo aconselhou-os a não permitirem que os problemas e a perseguição (coisas vistas) ofuscassem a visão deles, impedindo-os de verem a gloriosa recompensa que estava no futuro (coisas não vistas). O verbo grego traduzido aqui como “fixamos os olhos” (skopéo) significa “prestar cuidadosa atenção a; continuar a pensar sobre; concentrar-se em”. Os coríntios deviam seguir o exemplo de Jesus e manter os olhos fixos na recompensa que receberiam se continuassem fiéis. Dessa forma, a sua determinação de perseverar seria renovada a cada dia. — He 12:1-3.
Multimédia
Estas fotografias mostram alguns vasos de barro datados do primeiro século EC. Estes vasos são semelhantes aos que eram fabricados pelos artesãos de Corinto. Na sua segunda carta inspirada aos coríntios, Paulo comparou os cristãos a vasos de barro, que eram itens baratos. Nas suas atividades diárias, os discípulos em Corinto usavam vários objetos de barro, como jarros, vasos, potes e lâmpadas a óleo. Quando estivessem a usar esses objetos, que se partiam com alguma facilidade, eles poderiam lembrar-se de qual o ponto de vista correto a adotar sobre si mesmos e sobre os privilégios que Jeová lhes tinha dado — 2Co 4:1, 5-11.