As Boas Novas Segundo João 1:1-51
Notas de rodapé
Notas de estudo
João: Este nome em português equivale aos nomes hebraicos Jeoanã ou Joanã, que significam “Jeová mostrou favor” ou “Jeová foi bondoso”. O escritor deste Evangelho não se identifica, mas escritos dos séculos 2 e 3 EC dizem que o apóstolo João foi o escritor. Sempre que o nome João é usado neste Evangelho, refere-se a João Batista, com a exceção de Jo 1:42 e 21:15-17, onde Jesus se refere ao pai de Pedro e João. (Veja as notas de estudo em Jo 1:42 e 21:15.) Apesar de o apóstolo João não ser citado por nome, ele e Tiago (o seu irmão) são mencionados como “os filhos de Zebedeu”. (Jo 21:2; Mt 4:21; Mr 1:19; Lu 5:10; veja a nota de estudo em Jo 1:6.) Nos versículos finais do Evangelho, o escritor fala de si mesmo como “o discípulo que Jesus amava” (Jo 21:20-24), e há bons motivos para acreditar que essa expressão se refira ao apóstolo João. — Veja a nota de estudo em Jo 13:23.
As Boas Novas Segundo João: Em nenhum dos Evangelhos o escritor se identifica e, pelos vistos, os textos originais não tinham títulos. Em alguns manuscritos do Evangelho de João, o título que aparece é: Euaggélion Katá Ioánnen (As Boas Novas [ou: O Evangelho] Segundo João). Outros manuscritos usam um título mais curto: Katá Ioánnen (Segundo João). Não se sabe exatamente quando os títulos começaram a ser usados ou quando foram adicionados aos manuscritos dos Evangelhos. Alguns acreditam que foi no século 2 EC, porque existem manuscritos datados de entre o fim do século 2 EC e o início do século 3 EC que já usavam títulos longos. Alguns estudiosos sugerem que os relatos sobre a vida de Jesus começaram a ser chamados “Evangelhos” (que, em grego, significa literalmente “boas novas”) por causa das palavras iniciais do livro de Marcos (“O princípio das boas novas a respeito de Jesus Cristo, o Filho de Deus”). É possível que as pessoas tenham começado a usar esses títulos, que incluíam o nome do escritor, porque assim era mais fácil identificar os livros.
princípio: O significado da palavra “princípio” (em grego, arkhé) nas Escrituras Gregas Cristãs depende do contexto. Essa palavra não se pode referir ao princípio de Deus, o Criador, visto que ele é eterno e não teve princípio. (Sal 90:2) Por isso, o “princípio” mencionado aqui deve referir-se à época em que Deus começou a criar. A primeira criação de Deus, que no céu recebeu o título de a Palavra, mais tarde, tornou-se Jesus. (Jo 1:14-17) Portanto, Jesus é o único que pode ser chamado “o primogénito de toda a criação”. (Col 1:15) Como ele foi “o princípio da criação de Deus” (Ap 3:14), foi criado antes de qualquer outra criatura e do Universo. Na verdade, foi por meio de Jesus que “foram criadas todas as outras coisas nos céus e na terra”. — Col 1:16; para outros exemplos de como a palavra “princípio” é usada, veja a nota de estudo em Jo 6:64.
a Palavra: Ou: “o Logos”. A expressão “a Palavra” (em grego, ho lógos) é usada aqui como um título e também aparece em Jo 1:14 e Ap 19:13. João mostrou que esse título pertence a Jesus. O título foi usado para se referir a ele antes de vir à Terra, durante o seu ministério como homem perfeito e depois de ele ter retornado ao céu e ter sido enaltecido. Deus usava Jesus como seu Porta-Voz para transmitir informações e instruções aos seus outros filhos espirituais e aos humanos. Por isso, é razoável concluir que, antes de vir à Terra, Jesus tenha sido muitas vezes o anjo usado por Jeová para se comunicar com os humanos. — Gén 16:7-11; 22:11; 31:11; Êx 3:2-5; Jz 2:1-4; 6:11, 12; 13:3.
com: Lit.: “em direção a; voltado para”. Neste contexto, a preposição grega pros indica grande proximidade e companheirismo. Também indica que havia duas pessoas diferentes: (1) a Palavra e (2) o único Deus verdadeiro.
a Palavra era um deus: Ou: “a Palavra era divina; a Palavra era semelhante a um deus”. João está a referir-se a uma qualidade ou característica de Jesus Cristo, a que ele chama aqui “a Palavra” (em grego, ho lógos; veja a nota de estudo em a Palavra neste versículo). Jesus é o Filho primogénito de Deus, e por meio dele Deus criou todas as outras coisas. Por isso, ele tem uma posição superior a todas as outras criaturas e pode ser descrito como “um deus; alguém semelhante a um deus; divino; um ser divino”. Muitos preferem traduzir essa declaração como “a Palavra (o Verbo) era Deus”, passando a ideia de que a Palavra era o Deus Todo-Poderoso. No entanto, existem bons motivos para afirmar que João não queria dizer isso. Primeiro: João diz claramente, tanto antes como depois, que “a Palavra” estava “com Deus”. Segundo: a palavra grega theós (deus) aparece três vezes nos versículos 1 e 2. Na primeira e na terceira ocorrências, João usou o artigo definido antes da palavra theós, mas na segunda ocorrência ele não o usou. Muitos estudiosos concordam que essa diferença é importante. Quando a palavra theós está acompanhada do artigo definido nesses versículos, refere-se ao Deus Todo-Poderoso. Mas, quando é usada sem o artigo definido (na segunda ocorrência), descreve uma característica da “Palavra”. Por isso, existem Bíblias em alemão, francês e inglês, além de uma Bíblia interlinear em português, que traduzem o texto de um modo parecido com a Tradução do Novo Mundo, transmitindo a ideia de que “a Palavra” era “um deus; divina; um ser divino; de natureza divina; semelhante a um deus”. Antigas traduções do Evangelho de João para o saídico e o boáirico (dialetos da língua copta), que provavelmente foram produzidas nos séculos 3 e 4 EC, apoiam essa ideia. Também traduzem a segunda ocorrência de theós em Jo 1:1 de maneira diferente da primeira. Na segunda ocorrência, theós é uma qualidade que Jesus (a Palavra) tinha, ou seja, ele tinha a mesma natureza de Deus. Mas essas traduções não dão a entender que “a Palavra” era a mesma pessoa que o seu Pai, o Deus Todo-Poderoso. Concordando com esse entendimento de Jo 1:1, o texto de Col 2:9 diz que Jesus Cristo tem “toda a plenitude da qualidade divina”. E 2Pe 1:4 diz que até mesmo os que iriam reinar com Cristo ‘participariam da natureza divina’. Terceiro: a palavra grega theós geralmente é usada na Septuaginta como equivalente das palavras hebraicas ʼel e ʼelohím. Estas palavras hebraicas são traduzidas como “Deus”, e entende-se que têm o sentido básico de “poderoso; forte”. São usadas para se referir ao Deus Todo-Poderoso, a outros deuses e a humanos. (Veja a nota de estudo em Jo 10:34.) Chamar à Palavra “um deus” ou “alguém poderoso” estaria de acordo com a profecia de Is 9:6. Esse texto predisse que o Messias seria chamado “Deus Poderoso” (não “Deus Todo-Poderoso”) e que ele seria o “Pai Eterno” de todos os que tivessem o privilégio de serem governados por ele. O “zelo de Jeová dos exércitos”, o Pai do Messias, faria isso acontecer. — Is 9:7.
O que veio a existir: Os manuscritos gregos mais antigos não têm nenhuma pontuação nos versículos 3 e 4. A Tradução do Novo Mundo segue a pontuação do texto grego das edições eruditas preparadas por Westcott e Hort, por Nestle e Aland, e pelas Sociedades Bíblicas Unidas. Com essa pontuação, as palavras “o que veio a existir” ficam ligadas ao versículo 4, passando a ideia de que “vida” e “luz” vieram à existência por meio da Palavra. (Col 1:15, 16) Algumas traduções seguem outro entendimento do texto grego e terminam o versículo 3 com um ponto final. Dessa forma, a expressão traduzida como “o que veio a existir” fica ligada ao que João tinha dito antes, transmitindo o seguinte sentido: “...e sem ele nem mesmo uma só coisa veio a existir do que veio a existir.” No entanto, muitos estudiosos apoiam a opção usada na Tradução do Novo Mundo.
dele: Ou seja, da Palavra, ou do Logos. — Veja a nota de estudo em Jo 1:1.
vida [...] luz: Estes dois assuntos estão presentes em todo o Evangelho de João. Deus é a Fonte da vida, mas ele usou a Palavra (Jesus) para criar todas as coisas. Visto que foi por meio de Jesus que todas as outras formas de vida “vieram a existir” (Jo 1:3), pode dizer-se que a vida veio por meio dele. Também foi por meio de Jesus que Deus tornou possível que humanos imperfeitos condenados à morte pudessem ter a esperança de vida eterna. Assim, ele pode ser corretamente chamado a vida que se tornou a luz dos homens. O texto de Jo 1:9 chama à Palavra “a verdadeira luz, que ilumina todo o tipo de pessoas”. Quem segue Jesus, “a luz do mundo”, “terá a luz da vida”. (Jo 8:12) A Palavra é o “Agente Principal da vida”, que ilumina o caminho da humanidade para a vida eterna. — At 3:15.
João: Este nome em português equivale aos nomes hebraicos Jeoanã ou Joanã, que significam “Jeová mostrou favor” ou “Jeová foi bondoso”. O escritor deste Evangelho não se identifica, mas escritos dos séculos 2 e 3 EC dizem que o apóstolo João foi o escritor. Sempre que o nome João é usado neste Evangelho, refere-se a João Batista, com a exceção de Jo 1:42 e 21:15-17, onde Jesus se refere ao pai de Pedro e João. (Veja as notas de estudo em Jo 1:42 e 21:15.) Apesar de o apóstolo João não ser citado por nome, ele e Tiago (o seu irmão) são mencionados como “os filhos de Zebedeu”. (Jo 21:2; Mt 4:21; Mr 1:19; Lu 5:10; veja a nota de estudo em Jo 1:6.) Nos versículos finais do Evangelho, o escritor fala de si mesmo como “o discípulo que Jesus amava” (Jo 21:20-24), e há bons motivos para acreditar que essa expressão se refira ao apóstolo João. — Veja a nota de estudo em Jo 13:23.
enviado como representante de Deus: Ou: “comissionado por Deus”. Foi Deus quem deu a João Batista a sua missão, que envolvia pregar, ou servir como mensageiro. (Lu 3:2) Além de anunciar a chegada do Messias e do Reino de Deus aos judeus que iam até ele, João incentivava-os a arrependerem-se dos seus pecados. (Mt 3:1-3, 11, 12; Mr 1:1-4; Lu 3:7-9) João serviu como profeta, instrutor (ele tinha discípulos) e evangelizador. — Lu 1:76, 77; 3:18; 11:1; Jo 1:35.
João: Ou seja, João Batista. Quando o apóstolo João escreveu este Evangelho, referiu-se a João Batista 19 vezes. Mas, ao contrário de Mateus, Marcos e Lucas, ele não usou nenhuma vez os termos “Batista” ou “o Batizador”. (Veja as notas de estudo em Mt 3:1; Mr 1:4.) Quando o apóstolo João se referia a uma das três Marias, deixava sempre claro sobre qual delas ele estava a falar. (Jo 11:1, 2; 19:25; 20:1) No entanto, ele não precisava de fazer isso no caso de João Batista. No seu Evangelho, o apóstolo João não menciona a si mesmo por nome nenhuma vez. Assim, quando ele usava o nome “João”, todos sabiam de que João é que ele estava a falar. Esta é mais uma evidência de que o apóstolo João foi o escritor deste Evangelho. — Veja a “Introdução a João” e a nota de estudo em João: Título.
como testemunha: Ou: “em testemunho”. A palavra grega para “testemunho” (martyría) aparece no Evangelho de João mais do que o dobro das vezes que nos outros três Evangelhos juntos. O verbo relacionado, martyréo, traduzido aqui como dar testemunho, aparece 39 vezes no Evangelho de João, mas apenas 2 vezes nos outros Evangelhos. (Mt 23:31; Lu 4:22) Esse verbo é usado com tanta frequência para falar de João, o Batizador, que alguns sugerem que ele deveria ser chamado “João, a Testemunha”. (Jo 1:8, 15, 32, 34; 3:26; 5:33; veja a nota de estudo em Jo 1:19.) No Evangelho de João, o verbo martyréo também é usado com frequência em relação ao ministério de Jesus. João fala várias vezes sobre Jesus ‘dar testemunho’. (Jo 8:14, 17, 18) É especialmente interessante que o próprio Jesus disse a Pilatos: “Para isto nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade.” (Jo 18:37) No livro de Apocalipse, João refere-se a Jesus como “a Testemunha Fiel” e como “a testemunha fiel e verdadeira”. — Ap 1:5; 3:14.
dele: Ou seja, João Batista. — Compare com At 19:4.
mundo: A palavra grega traduzida como “mundo” (kósmos) refere-se aqui à humanidade como um todo. Neste versículo, a expressão vir ao mundo parece referir-se principalmente ao batismo de Jesus, e não ao nascimento dele. Depois do seu batismo, Jesus tornou-se uma luz para a humanidade, realizando o ministério que tinha recebido do seu Pai. — Compare com Jo 3:17, 19; 6:14; 9:39; 10:36; 11:27; 12:46; 1Jo 4:9.
o mundo veio a existir por meio dele: A palavra grega traduzida como “mundo” (kósmos) refere-se aqui à humanidade, e não ao planeta Terra. Isso fica claro na parte final do versículo, que diz que o mundo não conheceu Jesus. Às vezes, a palavra kósmos era usada na literatura grega para se referir ao Universo ou à criação em geral. Pode ser que o apóstolo Paulo tenha usado a palavra com esse sentido quando falou com um grupo de pessoas gregas no Areópago. (At 17:24) No entanto, nas Escrituras Gregas Cristãs, essa palavra geralmente refere-se à humanidade como um todo ou a uma parte dela. É verdade que Jesus participou na criação de todas as coisas, incluindo o céu, a Terra e tudo o que há neles. Mas, quando João diz que “o mundo veio a existir por meio” de Jesus, o foco está no papel que ele teve na criação dos humanos. — Gén 1:26; Jo 1:3; Col 1:15-17.
carne: Ou: “um ser humano”. A palavra grega traduzida como “carne” (sarx) é usada aqui para se referir a um ser físico, um ser vivo feito de carne e osso. O caso de Jesus era diferente do de anjos que tinham simplesmente assumido um corpo humano. (Gén 18:1-3; 19:1; Jos 5:13-15) Quando Jesus nasceu como humano, deixou de ser um espírito. Assim, ele podia corretamente dizer que era “o Filho do Homem”. — Jo 1:51; 3:14; veja a nota de estudo em Mt 8:20.
a Palavra tornou-se carne: Jesus foi inteiramente humano, desde o seu nascimento até à sua morte. Ele explicou o motivo de se ter tornado carne quando disse: “O pão que eu darei é a minha carne a favor da vida do mundo.” (Jo 6:51) Além de cumprir esse objetivo, Jesus só pôde tornar-se um Sumo Sacerdote capaz de compreender as nossas fraquezas porque foi completamente humano e passou pelas mesmas coisas que uma pessoa de carne e osso passa. (He 4:15) Jesus não era divino e humano ao mesmo tempo, como alguns afirmam. Em vez disso, as Escrituras dizem que ele foi “feito um pouco menor do que os anjos”. (He 2:9; Sal 8:4, 5; veja a nota de estudo em carne neste versículo.) Algumas pessoas, porém, não achavam que Jesus tivesse vindo como carne. Um exemplo disso eram os gnósticos, que acreditavam que o conhecimento (em grego, gnósis) podia ser conseguido de modo místico e misturavam ideias da filosofia grega e do misticismo oriental com os ensinos do cristianismo apóstata. Eles afirmavam que tudo o que não é espiritual é, em si mesmo, mau. Por isso, diziam que Jesus não tinha vindo na carne e que apenas parecia ter um corpo humano. Ao que tudo indica, alguns pensamentos gnósticos já se tinham espalhado no fim do primeiro século EC. Portanto, o apóstolo João pode ter pensado especificamente nessa crença quando afirmou que ‘a Palavra se tornou carne’. Nas suas cartas, João alertou contra o ensino falso de que Jesus não tinha vindo “na carne”. — 1Jo 4:2, 3; 2Jo 7.
residiu: Alguns acham que a declaração “a Palavra [...] residiu [lit.: “habitou numa tenda”] entre nós” significa que Jesus não era realmente humano. Eles dizem que Jesus era uma encarnação, ou seja, um espírito que se materializou temporariamente como humano. No entanto, é interessante que em 2Pe 1:13 o apóstolo Pedro chamou “tenda” ao seu próprio corpo, usando uma palavra grega relacionada com a que foi usada aqui. Pedro obviamente não estava a dizer que era uma encarnação. Ele falou do seu corpo humano como uma tenda porque sabia que, em pouco tempo, morreria e que, quando fosse ressuscitado, receberia um corpo espiritual. — 2Pe 1:13-15; veja também 1Co 15:35-38, 42-44; 1Jo 3:2.
nós vimos a sua glória: João e os outros apóstolos viram Jesus refletir perfeitamente na sua vida e no seu ministério as qualidades de Jeová. Por isso, a glória de Jesus era incomparável. Além disso, João, Tiago e Pedro viram a transfiguração de Jesus. (Mt 17:1-9; Mr 9:1-9; Lu 9:28-36) Portanto, quando João falou da glória de Jesus, talvez estivesse a pensar tanto na maneira como Jesus refletia as qualidades de Jeová como na transfiguração que tinha presenciado mais de 60 anos antes. A transfiguração também foi marcante para Pedro, que escreveu as suas cartas cerca de 30 anos depois de ter presenciado esse acontecimento. Pedro disse que a transfiguração foi uma confirmação maravilhosa da “palavra profética”. — 2Pe 1:17-19.
um filho unigénito: A palavra grega monogenés foi traduzida como “unigénito; unigénita” em todas as ocorrências nas edições anteriores da Tradução do Novo Mundo. Pode ser definida como “único da sua espécie; sem igual; ímpar”. A Bíblia também usa monogenés com o sentido de “filho único”, e essa palavra pode referir-se tanto a filhos como a filhas. (Veja as notas de estudo em Lu 7:12; 8:42; 9:38.) Quando o apóstolo João usa a palavra monogenés, está sempre a referir-se a Jesus. (Jo 3:16, 18; 1Jo 4:9) No entanto, ele nunca usa essa palavra para se referir a Jesus durante a sua vida humana. Em vez disso, usa monogenés para falar da vida que Jesus tinha no céu como o Logos, ou a Palavra, aquele que “estava no princípio com Deus”, mesmo “antes de o mundo existir”. (Jo 1:1, 2; 17:5, 24) Jesus pode ser chamado “filho unigénito” porque foi, não apenas o primeiro Filho de Jeová, mas também o único criado diretamente por ele. Apesar de outras criaturas espirituais também serem chamadas “filhos do verdadeiro Deus” ou “filhos de Deus” (Gén 6:2, 4; Jó 1:6; 2:1; 38:4-7), Jeová criou-as a todas por meio de Jesus, o seu Filho primogénito. (Col 1:15, 16). Em resumo, a palavra monogenés refere-se tanto a Jesus ser “o único da sua espécie; sem igual; ímpar” como a ele ser o único filho que Jeová criou diretamente, sem a colaboração de mais ninguém. — 1Jo 5:18; veja a nota de estudo em He 11:17.
favor divino: Ou: “bondade imerecida”. A palavra grega kháris aparece mais de 150 vezes nas Escrituras Gregas Cristãs e pode ter diversas variações de sentido, dependendo do contexto. Quando kháris está relacionada com a bondade imerecida que Deus mostra para com os humanos, a palavra refere-se a um presente que Deus dá generosamente, sem esperar uma compensação. É uma demonstração do grande amor e da bondade de Deus, motivada unicamente pela sua imensa generosidade, sem que a pessoa que a recebe tenha feito nada para a merecer. (Ro 4:4; 11:6) No entanto, a palavra nem sempre indica que quem recebe a bondade não a merecia. Por isso, pode ser usada mesmo quando o alvo da bondade de Deus é Jesus. Nesses casos, kháris não foi traduzida como “bondade imerecida”, mas como “favor divino” (neste versículo) ou “favor” (Lu 2:40, 52). Noutros casos, a palavra grega foi traduzida como “favor”, “simpatia” ou “bondosa dádiva”. — Lu 1:30; At 2:47; 7:46; 1Co 16:3; 2Co 8:19.
cheio de favor divino e de verdade: Jesus Cristo, chamado aqui “a Palavra”, tinha o favor de Deus e foi sempre verdadeiro. Mas parece que as palavras de João envolvem algo mais, conforme indica o contexto. Jeová, o Pai, escolheu usar o seu Filho, Jesus, para explicar e demonstrar de forma perfeita a bondade imerecida e a verdade. (Jo 1:16, 17) Jesus fez isso tão bem que pôde dizer: “Quem me vê, vê também o Pai.” (Jo 14:9) Assim, Jesus foi o meio que Deus usou para oferecer a sua bondade imerecida e o entendimento da verdade a todos os de coração disposto.
Aquele que vem atrás de mim: Jesus nasceu cerca de seis meses depois de João Batista e começou o seu ministério depois dele. Foi nesse sentido que Jesus veio “atrás”, ou depois, de João. (Lu 1:24, 26; 3:1-20) No entanto, Jesus fez muito mais do que João e, por isso, pode dizer-se que Jesus avançou à frente dele, ou foi superior a ele, em todos os sentidos. O próprio João Batista disse que Jesus existia antes dele, mostrando que reconhecia que Jesus tinha vivido no céu antes de nascer como humano.
bondade imerecida sobre bondade imerecida: A palavra grega para “bondade imerecida” é kháris. Neste contexto, refere-se a uma expressão da imensa generosidade, do grande amor e da bondade de Deus. Essa bondade não é merecida; é motivada somente pela generosidade de Deus. (Veja o Glossário, “Bondade imerecida”.) O facto de João ter usado a palavra kháris duas vezes, antes e depois da preposição antí (traduzida aqui como “sobre”), transmite a ideia de que a bondade imerecida é dada em grande quantidade, de forma contínua ou de forma consecutiva. A ideia também poderia ser expressa como “bondade imerecida contínua [ou: “constante”]”.
a Lei [...] a bondade imerecida e a verdade: As Escrituras Gregas Cristãs muitas vezes fazem um contraste entre a Lei mosaica e a “bondade imerecida” (em grego, kháris). (Ro 3:21-24; 5:20, 21; 6:14; Gál 2:21; 5:4; He 10:28, 29) A Lei serviu como um “tutor, conduzindo a Cristo” e continha ‘sombras’, ou quadros proféticos, que se cumpriram em Jesus. (Gál 3:23-25; Col 2:16, 17; He 10:1) Entre outras coisas, a Lei ajudou os humanos a terem “a plena consciência do pecado”. (Ro 3:20) Isso ajudou-os a entender que “o salário pago pelo pecado é a morte” e que ‘toda a transgressão e desobediência recebia uma punição justa’. (Ro 6:23; He 2:2) Aqui, João indica que “a Lei” era diferente da ‘bondade imerecida e da verdade’, que vieram [...] por meio de Jesus Cristo. Jesus tornou realidade as sombras da Lei, incluindo os sacrifícios para perdão de pecados e expiação. (Le 4:20, 26) Jesus também revelou que Deus iria estender a humanos pecadores a sua “bondade imerecida” (ou “bondosa dádiva”, como kháris é às vezes traduzida) por dar o seu Filho como um sacrifício de expiação. (Col 1:14; 1Jo 4:10, nota de rodapé; veja a nota de estudo em Ro 6:23 e o Glossário, “Bondade imerecida”.) Ao mesmo tempo, Jesus revelou uma nova “verdade”: que o seu sacrifício libertaria os humanos do pecado e da morte. — Jo 8:32; veja a nota de estudo em Jo 1:14.
o deus unigénito: Estas palavras referem-se à Palavra, “Jesus Cristo”, a quem João tinha chamado antes “um deus”. (Jo 1:1, 17) Noutras passagens, João diz que Jesus é o Filho unigénito de Deus. (Jo 1:14; 3:16) Aqui, João chama a Jesus “o deus unigénito”, um título que destaca a posição especial que Deus lhe deu. Jesus pode ser chamado “um deus” por causa da maneira como a Bíblia usa a palavra “deus”. Esta palavra tem o sentido básico de “poderoso” e é usada até mesmo para falar de humanos. (Sal 82:6; veja as notas de estudo em Jo 1:1; 10:34.) Jesus é “um deus”, ou alguém poderoso, porque recebeu poder e autoridade do seu Pai, o Deus Todo-Poderoso. (Mt 28:18; 1Co 8:6; He 1:2) Visto que Jesus foi o único a ser criado diretamente por Deus e que foi por meio dele que todas as coisas “vieram a existir” (Jo 1:3), pode ser chamado corretamente “o deus unigénito”. Essa expressão mostra que Jesus ocupa uma posição superior e de mais glória do que a dos outros filhos espirituais de Deus. Alguns manuscritos gregos dizem “o Filho unigénito”, e há traduções da Bíblia que seguem esses manuscritos. Mas os manuscritos gregos mais antigos e confiáveis dizem “o deus unigénito” (com o artigo definido) ou “deus unigénito” (sem o artigo definido).
ao lado do Pai: Lit.: “no seio do Pai”. Dizer que uma pessoa estava “no seio de” outra pessoa era uma figura de estilo que indicava que elas tinham uma amizade achegada ou grande consideração uma pela outra. Essa figura de estilo vinha, muito provavelmente, do costume que as pessoas tinham naquela época de tomar refeições deitadas lado a lado em divãs, o que permitia que um amigo se encostasse ao peito do outro. (Jo 13:23-25) Ao dizer que Jesus estava “no seio do Pai”, João estava a indicar que Jesus é o melhor amigo de Jeová. Portanto, não há ninguém melhor do que Jesus para revelar quem Jeová é e explicar a sua personalidade. — Mt 11:27.
o testemunho que João deu: O texto de Jo 1:7 diz que João Batista foi uma “testemunha” (uma forma da palavra grega martyría) que veio para dar testemunho sobre a luz. Aqui, neste versículo, a palavra “testemunho” (martyría) é usada para se referir à declaração que João Batista fez sobre Jesus, registada nos versículos seguintes.
Elias: Veja a nota de estudo em Mt 11:14.
o Profeta: Ou seja, o profeta que Moisés tinha predito e que os judeus aguardavam ansiosamente. — De 18:18, 19; Jo 1:25-27; 6:14; 7:40; At 3:19-26.
deserto: Veja o Glossário.
Jeová: Esta é uma citação direta de Is 40:3. No texto hebraico original de Isaías, aparecem as quatro letras hebraicas que formam o nome de Deus (que equivalem a YHWH). (Veja os Apêndices A5 e C1.) Os escritores dos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas aplicam esta profecia a João Batista. Aqui, o apóstolo João cita o próprio João Batista por aplicar esta profecia a si mesmo. Ele podia dizer que endireitaria o caminho para Jeová porque prepararia o caminho para Jesus, que viria em nome do seu Pai e serviria como representante dele. — Jo 5:43; 8:29.
batizo: Ou: “mergulho”. A palavra grega baptízo significa “imergir; afundar [algo]”. Outros textos da Bíblia indicam que o batismo envolve imergir completamente a pessoa. Por exemplo, o texto de Jo 3:23 diz que João estava a batizar num local no vale do Jordão perto de Salim “porque havia ali uma grande quantidade de água”. Além disso, At 8:39 mostra que, depois de Filipe batizar o eunuco etíope, eles ‘saíram da água’, ou seja, estavam dentro de água. E a Septuaginta usou a palavra baptízo em 2Rs 5:14, que diz que Naamã “mergulhou no Jordão sete vezes”.
sandálias: Desatar, tirar ou carregar as sandálias de alguém era um serviço humilde, geralmente feito por um escravo. — Mt 3:11; Mr 1:7; Lu 3:16.
Betânia: Alguns manuscritos dizem aqui “Betabara”, e há traduções da Bíblia que seguem esses manuscritos. No entanto, os manuscritos mais confiáveis dizem “Betânia”.
Betânia, do outro lado do Jordão: Ou seja, a leste do rio Jordão. Esta Betânia é mencionada apenas uma vez nas Escrituras Gregas Cristãs. Havia outra cidade com o mesmo nome, que ficava perto de Jerusalém. (Mt 21:17; Mr 11:1; Lu 19:29; Jo 11:1) Hoje, sabe-se apenas que a Betânia mencionada aqui ficava na margem leste do Jordão, mas não é possível saber a localização exata. Alguns dizem que ficava mais ou menos em linha reta com Jericó, num lugar que é defendido por muitos como o local do batismo de Jesus. Contudo, esse local é muito distante de Caná da Galileia, e o relato em Jo 1:29, 35, 43 e 2:1 parece indicar um local mais próximo de Caná. Assim, apesar de não ser possível saber a localização exata de Betânia, é mais provável que ficasse, não em linha reta com Jericó, mas num lugar mais a norte, um pouco mais perto do mar da Galileia. — Veja o Apêndice B10.
o Cordeiro de Deus: Depois de Jesus ser batizado e ser tentado pelo Diabo, João Batista apresentou Jesus como “o Cordeiro de Deus”. Esta expressão só aparece aqui e em Jo 1:36. (Veja o Apêndice A7-B.) Comparar Jesus com um cordeiro faz sentido. A Bíblia fala muitas vezes sobre oferecer ovelhas e cordeiros como sacrifício a Deus para mostrar arrependimento pelos pecados e para se aproximar de Deus. Essas ofertas representavam o sacrifício que Jesus faria quando entregasse a sua vida humana perfeita pela humanidade. A expressão “o Cordeiro de Deus” pode ser uma referência a várias passagens das Escrituras Hebraicas. Visto que João Batista conhecia bem as Escrituras, ele podia estar a pensar numa ou mais das seguintes coisas: no cordeiro que Abraão ofereceu no lugar do seu filho Isaque (Gén 22:13), no cordeiro pascoal que foi abatido na noite em que os israelitas foram libertados da escravidão no Egito (Êx 12:1-13) ou no cordeiro que era oferecido no altar de Deus em Jerusalém todos os dias de manhã e ao início da noite (Êx 29:38-42). João talvez também tivesse em mente a profecia de Isaías que falava sobre um “servo” de Jeová que seria “levado como um cordeiro ao abate”. (Is 52:13; 53:5, 7, 11) Na sua primeira carta aos coríntios, o apóstolo Paulo chamou a Jesus “o nosso cordeiro pascoal”. (1Co 5:7) O apóstolo Pedro falou do “sangue precioso [do Cristo], como o de um cordeiro sem defeito e sem mancha”. (1Pe 1:19) E o livro de Apocalipse refere-se mais de 25 vezes ao glorificado Jesus como “o Cordeiro”. — Alguns exemplos são: Ap 5:8; 6:1; 7:9; 12:11; 13:8; 14:1; 15:3; 17:14; 19:7; 21:9; 22:1.
do mundo: Na literatura grega e especialmente na Bíblia, a palavra grega traduzida aqui como “mundo” (kósmos) está muito relacionada com a ideia de “humanidade”. Neste versículo e em Jo 3:16, kósmos refere-se à humanidade como um todo. Toda a humanidade precisa de ser livrada do pecado, ou seja, do pecado herdado de Adão.
como uma pomba: As pombas eram usadas na adoração a Deus. Podiam ser oferecidas como sacrifício (Mr 11:15; Jo 2:14-16) e também serviam para simbolizar inocência e pureza (Mt 10:16). A pomba que voltou para a arca de Noé com uma folha de oliveira indicava que as águas do Dilúvio estavam a baixar (Gén 8:11) e que a Terra estava a entrar num período de paz e descanso (Gén 5:29). Assim, Jeová pode ter feito o espírito santo ter a aparência de uma pomba para chamar a atenção para o papel de Jesus como Messias que, como Filho de Deus puro e sem pecado, sacrificaria a sua vida pela humanidade. Esse sacrifício abriria as portas para que, no futuro, quando Jesus fosse Rei, a humanidade encontrasse paz e descanso. O modo como o espírito santo, ou força ativa de Deus, se aproximou de Jesus pode ter lembrado uma pomba a bater rapidamente as suas asas ao aproximar-se do seu ninho.
o Filho de Deus: Esta expressão é usada com frequência na Bíblia para se referir a Jesus. (Jo 1:49; 3:16-18; 5:25; 10:36; 11:4) Jeová não é humano e não tem uma esposa literal. Por isso, esta expressão só pode ser uma figura de estilo. Ajuda a entender que a relação entre Jeová e Jesus é parecida com a de um pai humano com o seu filho e mostra que foi Jeová quem criou Jesus e lhe deu vida. A Bíblia também fala do primeiro homem, Adão, como sendo um “filho de Deus”. — Veja a nota de estudo em Lu 3:38.
João [...] com dois dos seus discípulos: Um destes discípulos de João Batista era “André, irmão de Simão Pedro”. — Veja a nota de estudo em Jo 1:40.
os dois discípulos [...] seguiram Jesus: Estas palavras indicam que os primeiros discípulos de Jesus tinham sido antes discípulos de João Batista. — Veja as notas de estudo em Jo 1:35, 40.
por volta da décima hora: Ou seja, por volta das 4 horas da tarde. — Veja a nota de estudo em Mt 20:3.
um dos dois: Os dois discípulos mencionados aqui são os mesmos de Jo 1:35. Neste versículo, aparece o nome de apenas um deles. O outro provavelmente era o apóstolo João, filho de Zebedeu e escritor deste Evangelho. (Mt 4:21; Mr 1:19; Lu 5:10) Isso faz sentido visto que o escritor deste Evangelho, que nunca se identifica por nome, não menciona o apóstolo João por nome nenhuma vez e chama a João Batista, simplesmente “João”. — Veja a nota de estudo em Jo 1:6.
o Messias: Ou: “o Ungido”. A palavra grega Messías (uma transliteração da palavra hebraica mashíahh) aparece apenas duas vezes nas Escrituras Gregas Cristãs. (Veja Jo 4:25.) A palavra hebraica mashíahh é, na verdade, um título que vem do verbo masháhh, que significa “passar ou espalhar (um líquido)” ou “ungir”. (Êx 29:2, 7) Nos tempos bíblicos, quando um sacerdote, um governante ou um profeta era escolhido, alguém o ungia, ou seja, derramava óleo na sua cabeça. (Le 4:3; 1Sa 16:3, 12, 13; 1Rs 19:16) Aqui, em Jo 1:41, o apóstolo João explica que o título “Messias” traduzido é Cristo. O título “Cristo” (em grego, Khristós) aparece mais de 500 vezes nas Escrituras Gregas Cristãs e tem o mesmo significado do título “Messias”, ou seja, “ungido”. — Veja a nota de estudo em Mt 1:1.
Tu és Simão: As Escrituras usam cinco nomes diferentes para Simão. (Veja as notas de estudo em Mt 4:18; 10:2.) Jesus, pelos vistos, conheceu Simão nessa ocasião e deu-lhe o nome semítico de Cefas (Kefás). Esse nome talvez esteja relacionado com a palavra hebraica kefím (rochas), que aparece em Jó 30:6 e Je 4:29. Aqui, o apóstolo João também explica que “Cefas” traduzido é Pedro, um nome grego que significa “um pedaço de rocha”. Na Bíblia, Simão é o único a ser chamado Cefas ou Pedro. Jesus conseguiu perceber o que Pedro era no íntimo, assim como conseguiu perceber que Natanael era um homem ‘em quem não havia falsidade’. (Jo 1:47; 2:25) Especialmente depois da morte e da ressurreição de Jesus, Pedro mostrou qualidades semelhantes às de uma rocha. A sua influência fortaleceu e deu estabilidade à congregação. — Lu 22:32; At 1:15, 16; 15:6-11.
João: De acordo com alguns manuscritos muito antigos, o pai do apóstolo Pedro chamava-se João. Mas outros manuscritos do mesmo período dizem que se chamava Jona. E em Mt 16:17, Jesus disse que o apóstolo Pedro (Simão) era “filho de Jonas”. (Veja a nota de estudo em Mt 16:17.) De acordo com alguns estudiosos, os nomes gregos traduzidos como João, Jona e Jonas talvez fossem maneiras diferentes de escrever o mesmo nome hebraico.
Natanael: Nome de origem hebraica que significa “Deus deu”. É provável que Natanael fosse outro nome de Bartolomeu, um dos 12 apóstolos de Jesus. (Mt 10:3) O nome Bartolomeu era um nome patronímico (ou seja, que vem do nome do pai) e significa “filho de Tolmai”. Não seria estranho Natanael ser conhecido também por um nome patronímico, visto que em Mr 10:46 um homem é chamado Bartimeu, que significa “filho de Timeu”. Um dos motivos para acreditar que Bartolomeu e Natanael sejam nomes da mesma pessoa é que os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas mencionam Bartolomeu juntamente com Filipe, enquanto no Evangelho de João quem é mencionado juntamente com Filipe é Natanael. (Mt 10:3; Mr 3:18; Lu 6:14; Jo 1:45, 46) Nos tempos bíblicos, era comum uma pessoa ser conhecida por mais de um nome. — Jo 1:42.
Moisés [...] na Lei [...] os Profetas: Estas palavras fazem lembrar a expressão “a Lei e os Profetas”, que é usada nos Evangelhos muitas vezes, com pequenas variações. (Mt 5:17; 7:12; 11:13; 22:40; Lu 16:16) A “Lei” refere-se aos livros de Génesis a Deuteronómio. “Os Profetas” são os livros das Escrituras Hebraicas escritos pelos profetas. No entanto, quando as duas expressões são mencionadas juntas, podem referir-se a todos os livros das Escrituras Hebraicas. Fica claro que os discípulos mencionados aqui eram estudantes dedicados das Escrituras Hebraicas. Quando Filipe disse que Moisés e os Profetas tinham escrito sobre Jesus, ele talvez estivesse a pensar em passagens como Gén 3:15; 22:18; 49:10; De 18:18; Is 9:6, 7; 11:1; Je 33:15; Ez 34:23; Miq 5:2; Za 6:12 e Mal 3:1. Na verdade, muitos textos indicam que as Escrituras Hebraicas como um todo davam testemunho de Jesus. — Lu 24:27, 44; Jo 5:39, 40; At 10:43; Ap 19:10.
Será que pode sair alguma coisa boa de Nazaré?: Muitos estudiosos acham que a pergunta de Natanael indica que Nazaré não era uma cidade, mas sim uma aIdeia insignificante, menosprezada até pelas pessoas que viviam na Galileia. (Jo 21:2) Alguns que defendem essa ideia mencionam que Nazaré não foi citada por nome nas Escrituras Hebraicas e nos escritos de Josefo, enquanto Jafia, que ficava menos de 3 quilómetros a sudoeste de Nazaré, foi mencionada tanto em Jos 19:12 como por Josefo. No entanto, isso não indica necessariamente que Nazaré não era uma cidade, visto que nem todas as cidades da Galileia são mencionadas nas Escrituras Hebraicas ou por Josefo. Além disso, é interessante que os Evangelhos se referem sempre a Nazaré por usarem a palavra grega pólis (cidade), que geralmente indica um local maior do que uma aldeia. (Mt 2:23; Lu 1:26; 2:4, 39; 4:29) Nazaré ficava numa área cercada por colinas com vista para a planície de Esdrelom (Jezreel). Essa era uma região muito povoada que tinha várias cidades. Nazaré também ficava perto de rotas comerciais importantes, o que dava aos seus habitantes a possibilidade de serem informados pelos viajantes sobre os últimos acontecimentos políticos, sociais e religiosos. (Compare com Lu 4:23.) Nazaré era grande o suficiente para ter a sua própria sinagoga. (Lu 4:16) Portanto, parece provável que Nazaré não fosse uma aldeia insignificante. Natanael pode ter feito a sua pergunta simplesmente porque ficou surpreendido por Filipe acreditar que um homem de Nazaré, perto de onde estavam, poderia ser o Messias, visto que as Escrituras diziam que ele viria de Belém de Judá. — Miq 5:2; Jo 7:42, 52.
um verdadeiro israelita, em quem não há falsidade: Todos os descendentes de Jacó (Israel) eram israelitas. Mas Jesus não estava simplesmente a confirmar que Natanael era descendente de Jacó. O nome Israel significa “aquele que luta (persevera) com Deus”. Jacó recebeu esse nome depois de lutar com um anjo para obter uma bênção. Ele era muito diferente do seu irmão, Esaú, porque dava valor às coisas sagradas e estava disposto a fazer todo o esforço necessário para ter a aprovação de Deus. (Gén 32:22-28; He 12:16) As palavras de Jesus a Natanael indicavam que ele podia ser chamado israelita, não apenas por ser descendente de Jacó, mas porque tinha a mesma fé e a mesma determinação em obedecer a Deus mostradas por Jacó. As palavras de Jesus (que talvez se baseassem no Sal 32:2) também indicavam que não havia nada de hipócrita ou enganoso em Natanael.
Verás coisas maiores do que estas: As palavras que Jesus disse a Natanael cumpriram-se rapidamente. Natanael era de Caná da Galileia e foi ali que Jesus fez o seu primeiro milagre por transformar água em vinho de excelente qualidade durante uma festa de casamento. (Jo 2:1-11; 21:2) Juntamente com os outros 11 apóstolos, Natanael, mais tarde, viu Jesus curar doentes, expulsar demónios e até ressuscitar mortos. Além disso, o próprio Natanael, assim como os outros apóstolos, recebeu poder para realizar milagres e proclamar: “O Reino dos céus está próximo.” — Mt 10:1-8.
com toda a certeza: Ou: “em toda a verdade”. Lit.: “amém, amém”. A palavra “amém” (em português) e a palavra amén (em grego) são transliterações da palavra hebraica ʼamén, que significa “assim seja” ou “com certeza”. Muitas vezes, Jesus usava essa palavra antes de fazer uma promessa, profecia ou declaração importante. Era um modo de enfatizar que as suas palavras iam cumprir-se com certeza e que os seus ouvintes podiam confiar nelas. Alguns estudiosos afirmam que não há ninguém que use a palavra amén como Jesus usava, nem na Bíblia nem em outros livros considerados sagrados. (Mt 5:18; Mr 3:28; Lu 4:24) Nos 25 lugares em que a palavra aparece no Evangelho de João, é sempre repetida (amén amén). Essa repetição não aparece em nenhum outro livro bíblico. Nesta edição da Tradução do Novo Mundo, a expressão “amén amén” foi traduzida como “com toda a certeza” em todas as ocorrências. Algumas outras opções de tradução poderiam ser “com muita certeza” ou “com toda a garantia”. As palavras “Digo-vos com certeza (toda a certeza)” também poderiam ser traduzidas como “Garanto-vos” ou “Digo-vos a verdade”.
céu: A palavra grega usada aqui é muito abrangente. Pode referir-se ao céu (onde ficam as nuvens), ao Universo ou ao lugar em que Deus mora.
anjos: Ou: “mensageiros”. A palavra grega ággelos e a palavra hebraica correspondente malʼákh aparecem na Bíblia um total de quase 400 vezes. Têm o sentido básico de “mensageiro”. Quando se referem a mensageiros espirituais, são traduzidas como “anjos”, e quando que se referem a humanos, são traduzidas como “mensageiros”. (Gén 16:7; 32:3; Mt 1:20; Tg 2:25; Ap 22:8) Nos poucos casos em que o contexto não deixa claro a quem se referem, notas de rodapé muitas vezes mostram a tradução alternativa. (Veja as notas de rodapé em Jó 4:18; 33:23; Ec 5:6; Is 63:9 e o Glossário.) No livro de Apocalipse, que faz uso de muitos simbolismos, algumas vezes a palavra “anjo” pode referir-se a humanos. — Ap 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 7, 14.
para o Filho do Homem: Ou “a serviço do Filho do Homem”. Quando Jesus falou sobre anjos [...] a subir e a descer, talvez estivesse a pensar na visão de Jacó em que anjos subiam e desciam uma escada que chegava aos céus. (Gén 28:12) Essa visão indicava que os anjos têm um papel importante no modo como Jeová cuida dos humanos que têm a aprovação dele. Da mesma forma, Jesus estava a indicar que os seus seguidores veriam evidências de que ele tinha a ajuda dos anjos e de que o seu Pai o guiava e cuidava dele de maneira especial.
Filho do Homem: Veja a nota de estudo em Mt 8:20.
Multimédia
Esta fotografia mostra um manuscrito datado de cerca de 600 EC. Foi escrito em saídico, um dialeto da língua copta, e contém uma tradução do Evangelho de João. A língua copta começou a ser falada no Egito não muito depois da época de Jesus e, juntamente com o siríaco e o latim, foi uma das primeiras línguas em que as Escrituras Gregas Cristãs foram traduzidas. As primeiras traduções para o copta já estavam disponíveis no século 3 EC e ajudam a ver como o texto grego era entendido naquela época. O grego coiné, assim como o latim e o siríaco, não tinha artigo indefinido (semelhante a “um; uma”, em português), mas o copta saídico tinha. Isso é especialmente interessante no caso da segunda parte de Jo 1:1, que tem gerado muita controvérsia. Em muitas traduções, a segunda parte desse versículo aparece assim: “E a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus.” A fotografia destaca as duas ocorrências da palavra “Deus” em copta. É possível notar uma pequena diferença: na primeira (1), a palavra aparece com o artigo definido (com um círculo vermelho); na segunda (2), aparece com o artigo indefinido (com um círculo vermelho). Assim, a tradução literal para o português seria: “E a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era um deus.” — Para mais informações sobre a tradução “e a Palavra era um deus”, veja a nota de estudo em Jo 1:1.
1. “o” (com um círculo vermelho) Deus
2. “um” (com um círculo vermelho) deus
Esta fotografia mostra a primeira página de um manuscrito bíblico muito antigo conhecido como Papiro Bodmer 2 (P66). Foi copiado e encadernado em formato de códice por volta do ano 200 EC. O manuscrito contém grande parte do texto grego do Evangelho de João. A primeira página começa com o título (em destaque) Euaggélion Katá Ioánnen (As Boas Novas [ou: O Evangelho] Segundo João). Tudo indica que os textos originais dos Evangelhos não tinham títulos e que os títulos foram incluídos mais tarde por copistas. É possível que esses títulos, que incluíam o nome do escritor, tenham começado a ser usados porque assim era mais fácil identificar os livros.
Sempre que possível, os acontecimentos foram alistados por ordem cronológica
O mapa de cada Evangelho destaca uma série diferente de acontecimentos
1. Perto de Betânia, do outro lado do Jordão, João chama a Jesus “o Cordeiro de Deus” (Jo 1:29)
2. Em Caná da Galileia, Jesus realiza o seu primeiro milagre (Jo 2:3, 7-9, 11)
3. Jesus purifica o templo pela primeira vez (Jo 2:13-15)
4. Jesus vai para a zona rural da Judeia; os seus discípulos batizam; João batiza em Enom (Jo 3:22, 23)
5. Jesus fala com uma mulher samaritana no poço de Jacó, em Sicar (Jo 4:4-7, 14, 19, 20)
6. Jesus realiza pela segunda vez um milagre em Caná da Galileia, curando à distância o filho de um funcionário real (Jo 4:46, 47, 50-54)
7. Jesus cura um homem doente junto ao reservatório de Betezata, em Jerusalém (Jo 5:2-5, 8, 9)
8. Jesus alimenta cerca de 5000 homens na margem nordeste do mar da Galileia; o povo tenta fazê-lo rei (Mt 14:19-21; Jo 6:10, 14, 15)
9. Numa sinagoga em Cafarnaum, Jesus diz que ele é “o pão da vida”; muitos tropeçam por causa das suas palavras (Jo 6:48, 54, 59, 66)
10. Jesus cura um homem cego de nascença no reservatório de Siloé (Jo 9:1-3, 6, 7)
11. Os judeus tentam apedrejar Jesus no Pórtico de Salomão (Jo 10:22, 23, 31)
12. Quando os judeus tentam prender Jesus, ele vai para o lugar em que João batizava no princípio, do outro lado do Jordão; muitos ali depositam fé em Jesus (Jo 10:39-42)
13. Jesus ressuscita Lázaro em Betânia (Jo 11:38, 39, 43, 44)
14. Os judeus fazem planos para matar Jesus; ele vai para uma cidade chamada Efraim, na região perto do deserto (Jo 11:53, 54)
15. Jesus vai de Betfagé para Jerusalém montado num jumentinho; entrada triunfal em Jerusalém (Mt 21:1, 7-10; Mr 11:1, 7-11; Lu 19:29, 30, 35, 37, 38; Jo 12:12-15)
16. Jesus atravessa o vale do Cédron e vai a Getsémani com os seus discípulos (Mt 26:30; Mr 14:26; Lu 22:39; Jo 18:1)
17. No jardim de Getsémani, Judas trai Jesus; Jesus é preso (Mt 26:47-50; Mr 14:43-46; Lu 22:47, 48, 54; Jo 18:2, 3, 12)
18. No palácio do governador, soldados espancam Jesus e ridicularizam-no (Mt 27:26-29; Mr 15:15-20; Jo 19:1-3)
19. Jesus é pregado numa estaca no lugar chamado Gólgota (Mt 27:33-36; Mr 15:22-25; Lu 23:33; Jo 19:17, 18)
20. Depois de ser ressuscitado, Jesus aparece a Maria Madalena no jardim perto do túmulo (Mt 28:1, 5, 6, 8, 9; Jo 20:11, 12, 15-17)
21. Jesus aparece aos seus discípulos no litoral do mar da Galileia; Pedro afirma que ama Jesus (Jo 21:12-15)
Esta fotografia foi tirada do alto de um monte próximo de Nazaré e mostra a vista para o sul. O vale que se estende de leste a oeste é o vale de Jezreel. (Jos 17:16; Jz 6:33; Os 1:5) Esse vale fértil foi palco de vários acontecimentos importantes citados na Bíblia. Um pouco mais ao fundo, à esquerda, está a colina de Moré, com a aldeia de Nein na sua encosta. Antigamente, era ali que ficava a cidade de Naim, onde Jesus ressuscitou o filho de uma viúva. (Jz 7:1; Lu 7:11-15) Bem ao fundo, está o monte Gilboa. (1Sa 31:1, 8) Visto que Jesus cresceu em Nazaré, é possível que ele tenha vindo ao monte em que esta fotografia foi tirada, de onde poderia ver vários locais importantes da história de Israel. — Lu 2:39, 40.