Aos Efésios 6:1-24

6  Filhos, sejam obedientes aos seus pais+ em união com o Senhor, pois isso é justo. 2  “Honre seu pai e sua mãe”+ — esse é o primeiro mandamento com uma promessa: 3  “Para que tudo vá bem com você,* e você permaneça por muito tempo na terra.” 4  E pais, não irritem os seus filhos,+ mas continuem a criá-los na disciplina+ e na instrução de Jeová.+ 5  Escravos, sejam obedientes aos seus senhores humanos,+ com temor e tremor, na sinceridade do seu coração, como ao Cristo, 6  não apenas quando estiverem sendo observados, só para agradar a homens,+ mas como escravos de Cristo, fazendo de toda a alma a vontade de Deus.+ 7  Sejam escravos com uma boa atitude, como que servindo a Jeová,+ e não a homens, 8  pois vocês sabem que Jeová retribuirá a cada um qualquer bem que fizer,+ seja ele escravo, seja livre. 9  Vocês também, senhores de escravos, continuem a tratá-los do mesmo modo, sem ameaças,+ pois vocês sabem que o Senhor, tanto deles como seu, está nos céus,+ e com ele não há parcialidade. 10  Finalmente, continuem a ser fortalecidos+ no Senhor e na sua poderosa força. 11  Vistam a armadura completa+ de Deus, para que possam se manter firmes contra as artimanhas do Diabo;+ 12  pois temos uma luta,+ não contra sangue e carne, mas contra os governos, contra as autoridades, contra os governantes mundiais desta escuridão, contra as forças espirituais malignas+ nos lugares celestiais.+ 13  Por essa razão, vistam a armadura completa de Deus,+ para que possam resistir* no dia mau e, depois de terem feito tudo, se manter firmes. 14  Portanto, mantenham-se firmes, usando o cinturão da verdade,+ vestindo a couraça da justiça+ 15  e tendo os pés calçados com a prontidão para declarar as boas novas de paz.+ 16  Além de tudo isso, usem o grande escudo da fé,+ com o qual poderão apagar todas as flechas ardentes do Maligno.+ 17  Aceitem também o capacete da salvação+ e a espada do espírito, isto é, a palavra de Deus,+ 18  ao passo que, com toda forma de oração+ e súplica, em todas as ocasiões, vocês continuam orando no espírito.+ E, para esse fim, fiquem despertos, fazendo constantemente súplica a favor de todos os santos. 19  Orem também por mim, para que me sejam dadas as palavras quando eu abrir a boca, a fim de que eu consiga falar corajosamente ao tornar conhecido o segredo sagrado das boas novas,+ 20  pelas quais atuo como embaixador+ preso em correntes,+ e que eu fale com coragem sobre elas, como devo fazer. 21  E, para que vocês saibam também da minha situação e de como estou passando, Tíquico,+ amado irmão e ministro fiel no Senhor, lhes informará de tudo.+ 22  Por isso mesmo eu o envio a vocês, para que saibam como estamos e para que ele lhes console o coração. 23  Que os irmãos tenham paz e amor com fé da parte de Deus, o Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 24  Que a bondade imerecida esteja com todos os que amam o nosso Senhor Jesus Cristo com um amor indestrutível.

Notas de rodapé

Ou: “Para que você seja bem-sucedido”.
Ou: “para que possam manter sua posição”.

Notas de estudo

em união com o Senhor: Apesar de alguns manuscritos omitirem estas palavras, elas aparecem na maioria dos manuscritos mais antigos e confiáveis.

Honre seu pai e sua mãe: O fato de Paulo citar aqui o quinto dos dez mandamentos mostra que a exigência de honrar, ou respeitar, os pais não tinha acabado com o fim da Lei mosaica, mas continuava sendo uma obrigação para os cristãos. (Êx 20:12; De 5:16) Ele era o primeiro mandamento com uma promessa porque trazia a promessa de que quem o obedecesse seria bem-sucedido e teria uma vida longa. — Ef 6:3.

pais: Aqui, a palavra “pais” se refere a homens que têm filhos.

não irritem: O verbo grego para “irritar” pode ser traduzido literalmente como “despertar a ira; provocar”. Ele não necessariamente se refere às coisas pequenas que os pais fazem sem querer por causa da imperfeição e que acabam irritando seus filhos. Uma obra de referência diz que a irritação mencionada neste versículo poderia ser causada pelo “tratamento impulsivo, grosseiro e instável dado aos filhos, de modo que . . . eles são repelidos e induzidos à oposição, à atitude desafiadora e ao ressentimento”. — Compare com Col 3:21.

na disciplina e na instrução de Jeová: Jeová Deus é a maior autoridade no assunto de criar filhos. Quando Moisés disse aos israelitas que eles deviam ‘amar a Jeová’ de todo o coração, alma e força, ele também os instruiu a inculcar a seus filhos, ou gravar neles, as palavras de Jeová. (De 6:5-8) A Bíblia fala de Jeová como aquele que disciplina seus servos. — De 11:2; Pr 3:11, 12; He 12:6; para uma explicação sobre os motivos de o nome de Deus ter sido usado aqui, veja o Apêndice C3 (introdução e Ef 6:4).

na disciplina: A palavra grega paideía, traduzida aqui como “disciplina”, está relacionada com a palavra grega pais, que significa “filho; criança”. Assim, na Bíblia, “disciplina” inclui, entre outras coisas, aquilo que está envolvido em se criar um filho — instruir, educar, corrigir e, às vezes, dar castigo de forma firme, mas amorosa. Um léxico define paideía como “o ato de dar orientação para uma vida responsável, educação, treinamento, instrução”.

na instrução: Ou: “no conselho; na orientação; no treinamento”. Lit.: “na colocação de mente em”. A palavra grega que aparece aqui, nouthesía, é formada por duas palavras: nous (“mente”) e títhemi (“colocar; pôr”). Neste contexto, ela indica que os homens cristãos devem ajudar seus filhos a entender o modo de pensar de Jeová sobre as coisas. Ao fazer isso, eles estão como que colocando a mente de Jeová Deus em seus filhos.

seus senhores humanos: Aqui, Paulo orienta os escravos cristãos a ser obedientes aos seus “senhores humanos [lit.: “senhores segundo a carne”]”. Todos os cristãos, tanto os escravos como os donos de escravos, precisavam lembrar que tinham um Senhor muito mais elevado nos céus. — Ef 6:9.

não apenas quando estiverem sendo observados, só para agradar a homens: Lit.: “não servindo à vista, como agradadores de homens”. O escravo cristão não devia ser obediente ou trabalhar duro apenas quando seu senhor estivesse presente, simplesmente para impressioná-lo. Em vez disso, ele devia servir “de toda a alma”, com temor a Jeová. — Ef 6:5-8; Col 3:22-25.

de toda a alma: A expressão grega usada aqui aparece apenas duas vezes nas Escrituras Gregas Cristãs: neste versículo e em Col 3:23. Nela, a palavra “alma” se refere à pessoa como um todo, incluindo suas habilidades físicas e mentais. Por isso, algumas Bíblias usam a tradução “de todo o coração”. A pessoa que serve de toda a alma serve com todo o seu ser, com toda a sua vida, usando ao máximo todas as suas habilidades e sua força. — De 6:5; Mt 22:37; Mr 12:29, 30; veja o Glossário, “Alma”.

como que servindo a Jeová, e não a homens: Neste contexto, Paulo incentiva os escravos que tinham se tornado cristãos a ser obedientes aos seus “senhores humanos”. (Ef 6:5) Eles deviam prestar serviço a seus donos “como escravos de Cristo, fazendo de toda a alma a vontade de Deus”. (Ef 6:6) Paulo destaca que, em qualquer trabalho que realizassem, eles deveriam ter sempre em mente sua relação com Jeová. Obedecendo e honrando seus senhores, ou donos, eles não dariam motivo para que se falasse mal “do nome de Deus”. (1Ti 6:1) Paulo dá um conselho muito parecido aos escravos em sua carta aos colossenses, que foi escrita por volta da mesma época que a carta aos efésios. — Col 3:22-24; veja a “Introdução a Efésios”; para uma explicação sobre os motivos de o nome de Deus ter sido usado aqui, veja o Apêndice C3 (introdução e Ef 6:7).

Jeová retribuirá a cada um: Em diferentes partes da Bíblia, Jeová Deus é descrito como aquele que recompensa seus servos fiéis por suas ações. Alguns exemplos estão em Ru 2:12; Sal 24:1-5; Je 31:16. Jesus também falou sobre seu Pai recompensar seus servos. — Mt 6:4; Lu 6:35; para uma explicação sobre os motivos de o nome de Deus ter sido usado aqui, veja o Apêndice C3 (introdução e Ef 6:8).

livre: Veja o Glossário, “Livre; Liberto”.

armadura completa: Estas palavras são a tradução da palavra grega panoplía, que se referia ao equipamento militar, tanto de defesa como de ataque, usado pelos soldados de infantaria (que lutavam a pé). É bem provável que a ilustração detalhada que Paulo faz aqui tenha se baseado na armadura de um soldado romano. (Ef 6:13-17) Paulo pode ter visto soldados usando esse tipo de armadura em várias partes do Império Romano. Além disso, é muito provável que Paulo tenha sido levado para o quartel da Guarda Pretoriana quando chegou a Roma, e ali ele com certeza veria soldados usando armaduras. (At 27:1; 28:16) Os cristãos precisam de uma armadura espiritual, que vem de Deus, porque a luta que estão travando é espiritual, não física. — Ef 6:12; veja o Glossário, “Armadura”, e a mídia “A armadura de um soldado romano”.

artimanhas: Ou: “tramas”. A palavra grega que aparece aqui ocorre apenas duas vezes nas Escrituras Gregas Cristãs: neste versículo e em Ef 4:14. Nas duas vezes, ela foi usada em sentido negativo. Aqui, ela se refere às táticas e aos truques que Satanás, o Diabo, usa para enlaçar os servos de Jeová.

luta: A palavra grega que aparece aqui originalmente se referia a uma “luta corpo a corpo”, como as lutas em competições esportivas. Esta é a única vez que essa palavra é usada nas Escrituras Gregas Cristãs. Aqui, ela passa a ideia de uma luta pessoal contra as forças espirituais malignas. Visto que, no contexto, Paulo dá a entender que os cristãos estão em uma guerra espiritual e fala de uma armadura figurativa, alguns sugerem que Paulo talvez estivesse pensando em dois tipos de combate, o de um soldado e o de um lutador. (Ef 6:11-18) Seria natural unir essas duas ideias, já que as guerras da antiguidade muitas vezes envolviam combates corpo a corpo, e os melhores soldados muitas vezes eram também lutadores habilidosos. Em sua segunda carta a Timóteo, Paulo também compara os cristãos a soldados e a atletas. —2Ti 2:3-5.

os governantes mundiais desta escuridão: Estes “governantes mundiais”, que Paulo também chama de forças espirituais malignas, são Satanás e seus demônios. (Veja a nota de estudo em Jo 12:31.) O objetivo deles é manter a humanidade em escuridão espiritual, afastada da luz que vem de Jeová Deus. Esta é a única vez que a palavra grega kosmokrátor, traduzida aqui como “governantes mundiais”, aparece nas Escrituras Gregas Cristãs. Mas ela foi usada em escritos gregos antigos para se referir a deuses mitológicos, como Hermes.

nos lugares celestiais: Aqui, esta expressão se refere ao domínio espiritual, de onde Satanás, “o governante da autoridade do ar”, influencia a humanidade. — Ef 2:2.

o cinturão da verdade: Nos tempos antigos, colocar um cinto ou cinturão fazia parte da preparação do soldado para a batalha. (Is 8:9, nota de rodapé) Por isso, “cingir-se”, ou “colocar o cinto”, era uma expressão idiomática que significava “preparar-se para agir”. (Veja as notas de estudo em Lu 12:35; 17:8.) Assim, faz sentido que essa tenha sido a primeira parte da armadura que Paulo alistou. O cinturão do soldado romano era largo e tinha placas de metal que o enfeitavam e o reforçavam. Um cinturão bem apertado dava sustentação, ajudando o soldado a se manter firme na batalha. Para ajudar a proteger seu abdômen, o soldado pendurava no cinturão uma espécie de avental, feito de tiras de couro recobertas com peças de metal. Assim como o cinturão, que protegia e dava estabilidade ao soldado, um forte apego às verdades reveladas por Deus protege o cristão e o ajuda a se manter firme ao enfrentar provações. A espada do soldado geralmente ficava presa ao cinturão por argolas. (Veja a nota de estudo em Ef 6:17.) A ilustração de Paulo indica que, assim como o soldado em batalha sempre usava seu cinturão, os cristãos devem sempre usar as verdades da Palavra de Deus para se proteger contra ataques espirituais. Entender claramente essas verdades é uma proteção contra ensinos falsos. — Ef 4:13, 14; 1Ti 2:3-7.

a couraça da justiça: Os soldados romanos do século 1 d.C. usavam diferentes tipos de couraça. Um desses tipos era feito de tiras de ferro sobrepostas, presas a peças de couro por ganchos, tiras e fivelas. Esse tipo de couraça protegia os órgãos vitais, principalmente o coração. O historiador grego Políbio, do século 2 a.C., chegou a chamar essa couraça de “o protetor do coração”. Paulo sabia da importância de os cristãos protegerem seu coração figurativo. (Compare com 1Te 5:8.) Assim como uma couraça de metal impedia que flechas ou espadas atingissem o coração literal do soldado, o amor pelos padrões e princípios justos de Deus protege o coração figurativo do cristão. (Sal 119:97, 105; Pr 4:23) Por causa da inclinação que os humanos imperfeitos têm para o pecado, eles precisam o tempo todo dessa proteção. (Je 17:9) As Escrituras Hebraicas falam sobre o próprio Jeová vestir a justiça como se fosse uma cota de malha, ou couraça. — Is 59:15, 17.

pés calçados com a prontidão: Neste contexto, a expressão “com a prontidão” também poderia ser traduzida como “com o equipamento”. O calçado fazia parte do equipamento do soldado. Antes de marchar para a batalha, o soldado amarrava bem seu calçado. Paulo usa essa ideia para ilustrar que os cristãos precisam estar sempre preparados para compartilhar “as boas novas de paz”. (Is 52:7; Ro 10:14, 15; 1Pe 3:15) Os soldados romanos do século 1 d.C. geralmente usavam calçados resistentes, parecidos com sandálias, feitos com três camadas de couro. As solas desses calçados eram cravejadas com pregos de metal. Esses calçados resistentes davam bastante estabilidade, mesmo quando o soldado andava em terreno acidentado ou escorregadio.

o grande escudo da fé: A palavra grega traduzida aqui como “grande escudo” vem da palavra grega para “porta”. O soldado romano usava um escudo curvo de formato retangular que era grande o suficiente para cobrir seu corpo dos ombros até os joelhos. O escudo geralmente era feito de madeira compensada coberta com couro, e seus cantos eram revestidos de metal. Havia também uma saliência de metal no centro do escudo. O escudo ajudava o soldado a se defender com sucesso de golpes e de ataques de vários tipos de flechas. Assim, a ilustração de Paulo mostra que, quando o cristão tem uma forte fé, ou seja, uma profunda confiança em Jeová e em suas promessas, ele consegue enfrentar com sucesso vários tipos de desafios. — He 11:1.

as flechas ardentes: A palavra grega traduzida aqui como “flechas” também poderia ser traduzida como “projéteis; dardos”. Nas guerras antigas, era comum atear fogo a flechas e outros projéteis antes de lançá-los, às vezes usando uma substância inflamável chamada nafta. Um soldado romano poderia usar seu escudo para se defender desse tipo de ataque. A ilustração de Paulo indica que a fé do cristão lhe dá condições de afastar todas as flechas ardentes, ou seja, os ataques espirituais, do Maligno, Satanás. Paulo tinha visto cristãos serem “vencidos por Satanás” e sabia que as tramas dele são muitas. (2Co 2:11) As “flechas” que ele usa para atacar os cristãos incluem a tentação de cometer imoralidade, a armadilha do materialismo e a pressão emocional causada pelo medo e pela dúvida. (Ro 8:15; Col 3:5, 6) A forte fé em Jeová é capaz de apagar todos os projéteis ardentes de Satanás. — 1Pe 5:8, 9.

o capacete da salvação: O capacete protegia a cabeça, o rosto e o pescoço do soldado romano. Aqui, o capacete representa a esperança de salvação que Deus dá aos cristãos. (1Te 5:8) Assim como o capacete protegia a cabeça do soldado, a esperança de salvação protege a mente, ou maneira de pensar, do cristão. Satanás tenta influenciar os cristãos de maneira sutil, promovendo características perigosas como egoísmo, ódio e deslealdade. Quando um cristão se concentra em sua esperança — figurativamente usando a esperança como um capacete — ele consegue rejeitar qualquer coisa que possa influenciar negativamente o seu modo de pensar. (Mr 7:20-22; 2Co 4:4; Ap 12:9) Satanás também ataca os cristãos usando perseguição direta. Mas a esperança da salvação ajuda o cristão a manter sua alegria mesmo nas circunstâncias mais difíceis. (Is 12:2; Mt 5:11, 12) As Escrituras Hebraicas falam sobre o próprio Jeová usar a salvação, ou a vitória, como um capacete. (Is 59:17; nota de rodapé) Deus tem sempre bem em mente o seu objetivo de salvar seu povo e obter a vitória. — Je 29:11.

a espada do espírito: A espada, que era uma das armas mais importantes dos soldados romanos, é o único instrumento de ataque mencionado por Paulo em sua ilustração. (Ef 6:14-17) A palavra grega traduzida aqui como “espada” podia se referir a uma arma curta, afiada em pelo menos um dos lados. A espada dos soldados romanos era afiada dos dois lados e era própria para combate de curta distância. O comprimento da espada podia variar, mas ela geralmente tinha cerca de 60 centímetros. Para evitar que a espada escorregasse da mão do soldado, muitas vezes havia uma espécie de esfera na ponta do cabo. (Veja a mídia “Espada romana”.) Para ganhar habilidade no uso da espada, muitos soldados praticavam diariamente. Os cristãos fazem algo parecido com a “palavra de Deus”, sua arma principal no combate espiritual. (2Ti 2:15) Ao comparar a palavra de Deus a uma espada, Paulo não estava sugerindo que os cristãos a usassem para machucar outros. (Compare com 1Pe 3:15.) Em vez disso, eles usam com tato as verdades das Escrituras para expor ensinos falsos que enganam e escravizam espiritualmente as pessoas. (Jo 8:32; 17:17; 2Co 10:4, 5) Assim como um soldado usava sua espada para se defender, bloqueando os golpes do inimigo, os cristãos usam a palavra de Deus para proteger sua mente e seu coração contra as mentiras dos falsos instrutores e a tentação de fazer coisas erradas. — Mt 4:1-11; 2Ti 3:16.

toda forma de oração: Depois de descrever a “armadura completa” (Ef 6:11, 14-17), Paulo menciona aqui outra coisa que é indispensável para os cristãos: a oração. A palavra grega para “oração” é bem abrangente e pode se referir a qualquer comunicação com Deus feita em adoração a ele. Já a palavra grega traduzida como “toda forma de” passa a ideia, neste contexto, de diferentes tipos de oração, como orações de agradecimento, de louvor ou para expressar arrependimento. A súplica é um pedido ou apelo sincero e fervoroso dirigido a Deus. (Veja a nota de estudo em At 4:31.) O cristão pode usar diferentes formas de oração ou súplica de acordo com suas necessidades e circunstâncias.

em todas as ocasiões: Em algumas ocasiões, a oração é feita em público, para um grupo; em outras, a oração é pessoal, feita em particular. Algumas orações são feitas regularmente, como nas refeições. Em outros casos, algo surge de repente e motiva o cristão a orar. Orar com regularidade torna a amizade entre o cristão e Jeová mais íntima e forte.

atuo como embaixador preso em correntes: Paulo escreveu sua carta aos efésios enquanto estava preso em Roma. Isso explica por que ele chama a si mesmo neste versículo de “embaixador preso em correntes”. (Ef 3:1; 4:1) Na Bíblia, o termo “embaixador” se refere a um representante oficial enviado por um governante em uma ocasião específica para cumprir um determinado propósito. Paulo levou às pessoas de seu tempo a mensagem de que elas podiam ser reconciliadas com Deus por meio de Cristo. Dessa forma, ele cumpriu o seu papel como um dos embaixadores ungidos de Deus. — Veja as notas de estudo em 2Co 5:20.

eu fale com coragem: Ou: “eu fale livremente”. Paulo, que estava preso em Roma, pede aqui que seus irmãos orem para que ele “fale com coragem [uma forma do verbo grego parresiázomai]”. (Ef 6:19) Fica claro que as orações deles foram respondidas, já que At 28:30, 31 diz que, enquanto estava preso, Paulo continuou pregando o Reino de Deus “com toda a coragem [uma forma do substantivo relacionado parresía], sem nenhum impedimento”. A coragem era uma característica marcante da pregação dos cristãos do século 1 d.C. — At 4:13, 29; veja a nota de estudo em At 28:31.

Mídia

A vida de um escravo
A vida de um escravo

A escravidão fazia parte do dia a dia no Império Romano, e a lei romana regulamentava alguns detalhes da relação entre escravos e donos. Em todo o império, os escravos realizavam a maior parte do trabalho que era feito nas casas das famílias ricas. Eles cozinhavam, limpavam a casa e cuidavam dos filhos de seus donos. Outros escravos trabalhavam em fábricas, minas ou fazendas. Os que tinham mais escolaridade trabalhavam como médicos, professores ou secretários. Na verdade, havia escravos trabalhando em praticamente todas as profissões, com exceção do exército. Em alguns casos, os escravos podiam ser libertados. (Veja o Glossário, “Livre; Liberto”.) Os cristãos do século 1 d.C. não tomavam posição contra as decisões do governo nesse assunto nem defendiam que os escravos deveriam se rebelar. (1Co 7:21) Eles respeitavam o direito legal que outros (incluindo seus irmãos) tinham de possuir escravos. Foi por isso que Paulo enviou Onésimo de volta para seu dono, Filêmon. Visto que Onésimo tinha se tornado cristão, ele voltou voluntariamente a seu dono, que também era cristão, e se sujeitou a ele como escravo. (Flm 10-17) Paulo incentivou os escravos a trabalharem com honestidade e dedicação. — Tit 2:9, 10.

A armadura de um soldado romano
A armadura de um soldado romano

Em sua carta aos efésios, o apóstolo Paulo usou a ilustração de uma armadura. Ele usou as partes dela para falar sobre coisas que são necessárias para que um servo de Jeová consiga se proteger em sentido espiritual. (Ef 6:11-17) Paulo talvez estivesse pensando na armadura de um soldado romano. Cada uma das partes da armadura tinha um papel indispensável em proteger o soldado na batalha. A armadura espiritual descrita por Paulo é composta por um cinturão, uma couraça, um calçado, um grande escudo, um capacete e uma espada. Este vídeo mostra como talvez fossem as diferentes partes da armadura de um soldado romano.

Couraça
Couraça

No século 1 d.C., os soldados romanos usavam diferentes tipos de couraça para proteger o peito e as costas. Os oficiais de alta patente usavam uma couraça formada por duas peças de metal que seguiam os contornos do corpo (1). A parte da frente e a parte de trás eram unidas em um dos lados por dobradiças. Do outro lado, laços ou fivelas eram usados para fechá-la. Outro tipo de couraça, usado por muitos soldados, era feito de couro ou linho revestido de escamas (2). As escamas eram de uma liga de ferro ou de cobre. Outros soldados usavam uma cota de malha por cima de uma espécie de jaqueta de couro (3). Essa cota de malha era formada por milhares de argolas de ferro, distribuídas em fileiras conectadas umas às outras. Esse tipo de couraça dava excelente proteção e era mais leve do que os outros tipos. Paulo usou a couraça para ilustrar a proteção que a justiça, a fé e o amor dão aos cristãos. — Ef 6:14; 1Te 5:8.

Cristãos pregando em uma rua de Éfeso
Cristãos pregando em uma rua de Éfeso

Na antiga Éfeso, havia uma rua principal que ligava o grande teatro da cidade ao seu porto movimentado. Essa rua era espaçosa e tinha colunatas dos dois lados. Diversas rotas do mundo antigo passavam por Éfeso. Assim, nessa rua os cristãos tinham a oportunidade de pregar “as boas novas de paz” a pessoas de todo tipo. (Ef 6:15) O apóstolo Paulo, que escreveu a carta aos efésios, conhecia bem a cidade de Éfeso, já que passou cerca de três anos pregando ali. (At 20:17, 18, 31) O resultado do ministério de Paulo em Éfeso foi que “todos os que moravam na província da Ásia, tanto judeus como gregos, ouviram a palavra do Senhor”. (At 19:10) Nesse território produtivo, surgiu uma congregação animada que continuou a crescer. — At 19:20.

Flechas ardentes
Flechas ardentes

A foto (à esquerda) mostra uma ponta de flecha dos tempos romanos. Ela tem 19 centímetros de comprimento. Perto da extremidade, há um espaço onde era colocado material inflamável. Às vezes, quando um exército estava sitiando uma cidade e queria incendiá-la, ele lançava de uma só vez, por cima da muralha, uma enorme quantidade de flechas acesas. (Veja o desenho à direita.) Paulo escreveu que o Maligno lança “flechas ardentes” contra os cristãos, mas que eles podem apagá-las com “o grande escudo da fé”. — Ef 6:16.

Capacetes romanos
Capacetes romanos

Esta imagem mostra dois tipos de capacete usados pelos soldados romanos no século 1 d.C. Os capacetes romanos eram feitos de bronze ou de ferro. Eles tinham formato de tigela e possuíam uma proteção para o pescoço; eles também tinham peças articuladas que cobriam os lados do rosto. Além disso, a maioria dos capacetes tinha uma espécie de viseira, que ajudava a proteger o soldado contra golpes em sua face. Todos os capacetes eram revestidos internamente com tecido e geralmente eram acolchoados, permitindo assim que os soldados os usassem por longos períodos. Pelo visto, o soldado tinha que comprar sua própria armadura, incluindo o capacete. Paulo comparou o capacete a algo indispensável para a proteção do cristão: “a esperança da salvação”. (1Te 5:8, 9) Assim como o capacete protegia a cabeça do soldado contra golpes que podiam tirar sua vida, essa esperança pode proteger a mente do cristão e, por consequência, sua perspectiva de vida eterna. — Tit 1:2.

A prisão domiciliar de Paulo
A prisão domiciliar de Paulo

Na primeira vez que Paulo ficou preso em Roma, ele recebeu permissão para aguardar seu julgamento em uma casa alugada, onde era vigiado por um soldado. (At 28:16, 30) Os soldados romanos geralmente usavam uma corrente para limitar os movimentos do prisioneiro. Normalmente, uma ponta da corrente ficava presa no pulso direito do prisioneiro e a outra ponta no pulso esquerdo do soldado. Assim, a mão direita do soldado ficava livre. Paulo menciona sua prisão e suas correntes na maioria das cartas inspiradas que escreveu durante a sua prisão domiciliar em Roma. — Ef 3:1; 4:1; 6:20; Fil 1:7, 13, 14, 17; Col 4:3, 18; Flm 1, 9, 10, 13.