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Curaçau

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As ilhas Aruba, Bonaire e Curaçau são conhecidas como as ilhas ABC. Situadas ao largo da costa da Venezuela, são de uma beleza excepcional, não a beleza exuberante das outras ilhas do Caribe, mas a beleza do deserto, das misteriosas sombras à noite e das vivas cores contrastantes de dia.

Por causa de poucas chuvas, crescem profusamente gigantescos cactos que dominam o panorama — o mais magnífico deles é o kadushi. Floresce também a dividivi, uma árvore que se distingue pelo seu curioso caule tortuoso. Como que guaritas silenciosas, a silhueta das grandes casas antigas contra o azul do céu faz recordar o passado colonial. Cabritos percorrem a campina e atravessam as estradas saltitando.

A vibrante indústria do turismo é o orgulho de Aruba e de Bonaire, ao passo que Curaçau depende da renda proveniente da refinação de petróleo e de negócios do estrangeiro. Uma característica dessas ilhas é a usina de dessalinização, que destila a água do mar, fornecendo tanto água para beber como vapor para a eletricidade.

Essas ilhas, hoje com uma população de pouco menos de 250.000 habitantes, foram descobertas pelos espanhóis no século 15. Mais tarde, vieram a ser possessão holandesa e, embora sob ocupação dos franceses e dos ingleses por breves períodos, voltaram a estar sob o domínio dos holandeses em 1815. Desde 1954, a federação das Antilhas Holandesas, que originalmente era composta das ilhas ABC e de três ilhas do arquipélago de Sotavento, veio a ter autonomia em assuntos internos. Em 1986, porém, Aruba recebeu o status aparte, ou status separado.

A cultura e as línguas

Sob o governo holandês, as ilhas gozam de um clima de tolerância religiosa. A população é predominantemente católica romana, embora existam grandes grupos de protestantes. Há também em Curaçau uma considerável comunidade judaica. Pessoas de umas 40 a 50 nações do mundo convivem de modo pacífico numa sociedade racialmente integrada. Embora falem a mesma língua, cada ilha conserva a sua própria identidade que a distingue. É nessa sociedade diversificada que a verdade da Bíblia criou raízes e tem continuado a florescer.

Os habitantes são multilíngües e facilmente despercebem em que língua estão falando, pois é normal para eles passar de uma língua para outra. Embora a língua oficial seja o holandês, e o inglês e o espanhol sejam amplamente usados no setor dos negócios, a língua nativa é o papiamento. Existe a teoria de que o papiamento se desenvolveu antes do século 17 nas ilhas de Cabo Verde, África Ocidental. Os portugueses usavam essas ilhas como base para suas invasões na África e, para que os africanos e os portugueses pudessem comunicar entre si, surgiu uma nova língua crioula, uma mistura de línguas africanas com o português. Uma língua que permite a comunicação entre diferentes grupos lingüísticos é chamada de língua franca. Mais tarde, essa língua foi introduzida nas ilhas pelos escravos trazidos aqui. No decorrer dos anos, a língua sofreu influência do holandês, do espanhol, do inglês e do francês. O resultante idioma papiamento é uma mistura de todas essas línguas.

A língua franca desenvolvida e introduzida nas ilhas pelos escravos servia basicamente para transpor a barreira na comunicação e para unificar os habitantes. Mas uma outra língua franca veio a ser adotada. É a mencionada em Sofonias 3:9, que diz: “Então darei aos povos a transformação para uma língua pura, para que todos eles invoquem o nome de Jeová, a fim de servi-lo ombro a ombro.” É essa “língua pura” que não só uniu alguns dos ilhéus — permitindo-lhes transcender as diferenças sociais, raciais e às vezes nacionais —, mas também os uniu com a associação mundial das Testemunhas de Jeová. Assim, apesar de haver congregações separadas nas línguas papiamento, inglês, espanhol e holandês, a língua franca da verdade da Bíblia une os irmãos num estreito vínculo de amor.

O alvorecer da verdade

Não se sabe com precisão como as primeiras sementes da verdade foram plantadas nestas ilhas. De modo quase imperceptível, alvoreceu a luz da verdade, dissipando as trevas que envolviam estas ilhas, por muito tempo sustentáculos do catolicismo romano. Em fins da década de 20 e na década de 30, diversas pessoas pregaram aqui. Também, um vendedor ambulante de livros religiosos sem se aperceber lançou sementes da verdade, pois havia entre seus livros algumas publicações produzidas pela organização de Deus. As duas filhas desse vendedor, Pearl e Ruby, trabalhavam com ele e, anos mais tarde, tornaram-se Testemunhas de Jeová. Ambas continuam fiéis até hoje.

Em 1940, o irmão Brown, nativo de Trinidad e que trabalhava na refinaria de petróleo, efetuou o primeiro serviço de batismo em Curaçau — de cinco pessoas com as quais estudara. Estavam entre estes Martin e Wilhelmina Naarendorp, bem como Eduard van Marl, todos originários do Suriname.

Anita Libretto, filha do casal Naarendorp, recorda-se: “Eu tinha seis anos em 1940. Lembro-me de que meus pais estudavam com um irmão que falava inglês. Meus pais só sabiam falar holandês e mal entendiam o inglês, mas eles se esforçaram muito e em questão de seis meses foram batizados. Realizavam-se reuniões em nossa casa, mas elas não eram tão bem organizadas como agora. Eram noites de estudo que duravam até depois da meia-noite, pois meus pais se esforçavam para entender livros escritos em inglês.” A pregação era feita na maior parte em inglês, visto que o pequeníssimo grupo não falava fluentemente o papiamento e não havia publicações nesse idioma.

O povo em geral não tinha costume de ler a Bíblia, porque isso era proibido pela Igreja Católica. Não era incomum os sacerdotes tirarem das pessoas as Bíblias que encontravam. No início, um deles ia atrás dos irmãos, batendo o pé e gritando: “Deixem minhas ovelhas em paz!”

Plantadas as sementes em Aruba e em Bonaire

Em 1943, John Hypolite, um ex-adventista do sétimo dia, e Martin Naarendorp visitaram Aruba e passaram as férias divulgando as boas novas. O quanto se sabe, eles foram os primeiros a pregar as boas novas ali. Depois de retornarem a Curaçau, o irmão Hypolite escreveu para a sede em Brooklyn, solicitando ajuda no serviço de campo. Três anos mais tarde, foram enviados missionários, mas, infelizmente, o irmão Hypolite morreu antes de eles chegarem. Entretanto, corajosos irmãos, naturais de Curaçau, como John Hypolite, seguiram a admoestação registrada em Eclesiastes 11:6 e plantaram amplamente as sementes que mais tarde criaram raízes e brotaram.

Edmund Cummings, de Granada, e Woodworth Mills, de Trinidad, chegaram a Aruba em 1944. Eles se empregaram na refinaria de petróleo de San Nicolas. A cidade de San Nicolas, situada no extremo leste da ilha, fervilhava de imigrantes procedentes de todas as partes das Índias Ocidentais, os quais vieram para trabalhar na refinaria de petróleo. O irmão Mills, um orador especialmente entusiástico, deu um tremendo impulso à pregação das boas novas. Em 8 de março de 1946, os irmãos Mills e Cummings formaram a primeira congregação de língua inglesa de San Nicolas. A congregação tinha 11 publicadores e o irmão Mills era o servo de companhia (congregação).

O primeiro serviço de batismo ali ocorreu em 9 de junho de 1946. Entre os quatro que foram batizados estavam Timothy J. Campbell e Wilfred Rogers, e, em fins de 1946, o número de publicadores havia dobrado. Mais tarde, Testemunhas imigrantes — as famílias Buitenman, De Freitas, Campbell, Scott, Potter, Myer, Titre, Faustin e outras — associaram-se com essa congregação.

O irmão Mills teve bastante êxito em dar testemunho informal, e uma de suas colegas, uma estenógrafa de nome Oris, mostrou-se muito receptiva. Ela foi batizada em janeiro de 1947. O irmão Mills não só ganhou uma irmã, mas encontrou uma esposa, pois mais tarde ele e Oris se casaram. Em 1956, foram convidados a cursar a 27.ª turma de Gileade e depois foram designados para a Nigéria.

Até 1950, grande parte da pregação em Aruba era feita em San Nicolas, pois as pessoas ali falavam principalmente o inglês e os irmãos conheciam muito pouco o papiamento. Até aquele tempo, nenhum nativo de Aruba aceitara a verdade. A desapiedada oposição da Igreja Católica incitou o normalmente amistoso povo de Aruba contra as Testemunhas, o que diminuiu o ritmo do progresso. No começo da obra, era bastante comum um morador irado correr atrás de uma Testemunha empunhando uma faca de mato. Houve ocasiões em que as pessoas jogavam água quente nos irmãos ou soltavam os cachorros para os atacarem. Em outras ocasiões, os moradores convidavam os irmãos a entrar, mas saíam da casa e os deixavam ali sentados sozinhos. É um insulto nessas ilhas não dar atenção aos visitantes.

Edwina Stroop, uma pioneira em Aruba, relembra: “Os sacerdotes deixavam as pessoas aterrorizadas, dizendo que lançariam uma maldição sobre elas se abandonassem a Igreja.” Mas isso não diminuiu o zelo dos irmãos, cujo amor a Jeová e ao próximo os impeliu a perseverar.

As sementes de algumas plantas do deserto ficam em estado latente por décadas até que a quantidade adequada de chuva as faz brotar e por fim produzir lindas flores. Foi assim no caso de Jacobo Reina, um agente da alfândega em Bonaire. Ele obteve um exemplar do livro Criação em 1928. Apesar de ter nascido numa família católica romana, ele havia examinado as religiões protestantes, mas nunca ficara satisfeito. Ao ler o livro Criação, reconheceu que se tratava da verdade. O livro alistava o título de outros livros publicados pelos servos de Jeová, mas Jacobo não conseguiu adquiri-los. Foi só 19 anos depois, em visita à sua irmã carnal em Curaçau, em 1947, que conheceu uma missionária que dirigia estudo com sua irmã. Ele perguntou à missionária se ela tinha os livros mencionados numa lista que ele havia guardado em sua carteira de dinheiro durante todos aqueles anos. Ele adquiriu todas as publicações que ela tinha na bolsa, pelo menos 7 livros encadernados e 13 folhetos, bem como fez assinatura das revistas A Sentinela e Despertai!. Seu apetite espiritual, há muito aguçado, por fim seria satisfeito. De fato, as sementes da verdade que por tantos anos haviam permanecido em estado latente receberiam agora a água necessária para brotar.

Os primeiros missionários a chegar a Curaçau

Em 16 de maio de 1946, Thomas Russell Yeatts e a esposa, Hazel, formados na sexta turma de Gileade, chegaram a Curaçau, um território bem pouco trabalhado. O irmão Yeatts daria um grande impulso à obra nessas ilhas, permanecendo em sua designação por mais de 50 anos até sua morte em 1999. Exceto por um breve período de interrupção, ele supervisionou a congênere desde 1950 até 1994. Homem que sempre estava de bom humor, de extremo otimismo e inabalável fé, teve o privilégio de ver a obra de pregação do Reino expandir-se enormemente.

Hazel, que apoiou lealmente o marido, tem permanecido fiel em sua designação até hoje, sendo uma fonte de encorajamento para todos. Ela lembra o momento em que eles chegaram ao aeroporto e os calorosos cumprimentos que receberam dos irmãos Naarendorp e Van Marl, bem como de Clement Fleming, uma pessoa interessada.

Diga-se de passagem, Clement adquirira o livro Filhos, lera-o e estava convencido de que encontrara a verdade. Quando jovem, havia abandonado a Igreja Católica Romana porque não concordava com os ensinamentos dela. Mais tarde, começou a associar-se com as Testemunhas, de modo que estava presente para dar boas-vindas aos primeiros missionários. Em julho de 1946, o novo missionário Russell Yeatts o batizou. O irmão Fleming ainda é publicador do Reino e diz: “Agora com 93 anos, não abandonei a esperança de estar entre os que atravessarão o Armagedom e entrarão no novo sistema sem nunca morrer.” Que magnífico exemplo de fé e perseverança!

A irmã Yeatts relata: “Fomos levados do aeroporto a um apartamento de dois aposentos em cima de uma casa comercial que vendia rabo de porco e peixe seco. O apartamento não tinha móveis nem banheiro, de modo que nos seis meses que se seguiram tínhamos de ir ao andar térreo para tomar banho de chuveiro até que encontramos uma moradia melhor.” Embora Hazel tivesse seguidas crises de disenteria, nem ela nem Russell se desanimaram. Anos mais tarde, o irmão Yeatts escreveu: “O que torna a vida interessante, especialmente para os ministros de Jeová, não são as condições, nem a paisagem do lugar, nem mesmo a língua, mas as pessoas. E elas se acham em todas as designações.”

Enquanto aprendiam a língua nativa, o papiamento, esses corajosos missionários ensinavam aos habitantes de Curaçau a língua pura, a língua franca da verdade. Um desses foi Camilio Girigoria, o primeiro nativo a ser batizado, em 1950. Ele estava empregado numa refinaria de petróleo e seu contato com a verdade foi por conversar com vários irmãos, Henricus Hassell inclusive, zeloso proclamador das boas novas. Camilio, hoje com 78 anos, é ancião e ajudou 24 pessoas até a dedicação. Em 1946, os missionários organizaram a primeira congregação de Curaçau na língua inglesa, mas foi só em 1954 que começou a primeira congregação na língua papiamento.

Aruba continua a enxergar a luz da verdade

Em julho de 1949, Henry e Alice Tweed, canadenses que cursaram a 12.ª turma de Gileade, foram para Aruba, onde desempenhariam um papel importante em ensinar a língua pura. Henry era alto e magro, e era conhecido pela sua amável e bondosa personalidade; Alice, pela sua espirituosidade e incansável energia no serviço de pregação. Foram os únicos missionários que residiram e trabalharam nas três ilhas, e são lembrados com carinho décadas depois pelo seu espírito abnegado e seu zelo.

Em 1950, William Yeatts (primo de Russell) e a esposa, Mary, formaram-se na 14.ª turma de Gileade e foram designados para Curaçau. Em 1953, mudaram-se para Aruba. Quase 50 anos depois, ainda estão na sua designação — excelentes exemplos de fé e de perseverança. Com o tempo, Mary tornou-se conhecida pelo seu extraordinário zelo no ministério. Ela sempre estava à frente na obra de pregação, ao passo que Bill (William) se concentrava em traduzir publicações bíblicas. Até a chegada de Bill e Mary, as duas congregações de língua inglesa haviam feito pouco progresso entre os nativos da região. Com paciência e de modo metódico, Bill e Mary começaram a lançar as sementes da verdade entre a população de Aruba que falava papiamento. Aos poucos, seus esforços foram recompensados. Bill relembra: “Começamos a realizar estudos de A Sentinela debaixo de uma enorme algarobeira no quintal do lar missionário. Às vezes, compareciam até 100 pessoas. Sentávamo-nos em bancos descartados pela Igreja Católica.” A Comemoração da morte de Cristo foi realizada em 1954 e depois disso foi organizado um Estudo de Livro de Congregação em papiamento.

O primeiro arubano aprende a verdade da Bíblia

Gabriel Henriquez, quando moço, excedia-se às vezes em bebidas alcoólicas nos fins de semana, de modo que não conseguia ir ao trabalho na refinaria de petróleo nas manhãs de segunda-feira. Seu encarregado desejava que ele melhorasse seu estilo de vida, e, embora ele próprio fosse ateu, presenteou Gabriel com uma assinatura da Despertai!, certo de que esta o ajudaria. Mais tarde, Gabriel entrou em contato com o casal Tweed que estudava a Bíblia com seu sogro. Visto que o livro para o estudo era em espanhol, Gabriel o traduzia para ele. Logo o interesse do próprio Gabriel despertou, de modo que em 1953 Bill e Mary Yeatts começaram a estudar com ele. Gabriel conta: “Por fim, consegui respostas a todas as minhas perguntas.” Em 1954, ele dedicou sua vida a Jeová e se tornou o primeiro arubano a ser batizado.

A primeira congregação de língua papiamento, composta de 16 publicadores, foi formada em 1956, e no fim do ano de serviço de 1957, havia 26 publicadores que relatavam. Uma vez abertos os olhos dos nativos de Aruba quanto aos ensinamentos falsos de “Babilônia, a Grande”, e perdendo o temor do homem, tornam-se amigos da verdade e zelosos proclamadores das boas novas. (Rev. 17:5) Entre esses estava Daniel Webb. Ele e a esposa, Ninita, que antes era opositora, aceitaram a verdade e se tornaram zelosos publicadores do Reino. Será que outros seguiram o exemplo deles?

Como Daniel, muitos outros aprenderam a verdade e permitiram que ela amoldasse a sua vida e a de sua família. Um desses que começou a estudar foi Pedro Rasmijn. Certo dia, ao voltar para casa, Pedro descobriu que sua mãe, Maria, uma católica devota, havia destruído seus livros de estudo. Não se tendo ainda revestido da nova personalidade, ele revidou quebrando as imagens de sua mãe. Aborrecida com o que Pedro havia feito, Maria se queixou dele ao sacerdote, e este disse que Pedro estava certo em pensar que as imagens não tinham nenhum valor! Então, indignada e afastando o sacerdote de sua casa, decidiu investigar a Bíblia. Em resultado disso, Maria e o marido, Genaro, dedicaram a vida a Jeová. Eles e seus 11 filhos, 26 netos e um bisneto — um total de 40 pessoas — servem a Jeová!

Daniel van der Linde, genro de Maria, batizou-se, apesar de ser rejeitado pelos seus pais. Expulso de casa e tendo apanhado de um sacerdote católico, Daniel perseverou, tendo certeza de que estava com a verdade. Apesar dessa oposição, Daniel considera-se abençoado, visto que tem sido usado por Jeová para ajudar muitos a aprender a verdade da Bíblia. Sua filha Prisquela e o marido, Manuel, trabalham de dia no Betel de Curaçau, no Departamento de Tradução, e voltam para casa à noite. Tony, outro genro de Maria, também teve de mostrar firme fé em Jeová e nas Suas promessas de prover amparo, pois adoeceu e teve de ser operado cinco vezes. Tony diz: “Fui desenganado pelos médicos, mas continuo a orar a Jeová pedindo forças. Meus irmãos carnais, que até certo ponto me rejeitaram, percebem que tenho milhares de irmãos espirituais em todo o mundo.” — Mar. 10:29, 30.

O progresso nas ilhas

Em 1965, Albert Suhr, formado na 20.ª turma de Gileade, teve de deixar Curaçau por causa de problemas de saúde, mas deixou aqui excelentes “cartas de recomendação”. (2 Cor. 3:1, 2) Uma delas, Olive Rogers, tornou-se pioneira regular em setembro de 1951. Olive vivia com um homem por 17 anos. Mas, quando aprendeu as elevadas normas de Jeová, abandonou o homem que tardiamente propôs casar-se com ela. Ela não aceitou, foi batizada e entrou no serviço de pioneiro, onde continuou por quase 40 anos até adoecer. A irmã Rogers era vista em toda a parte ao passo que alegremente trabalhava no território. Hoje, as pessoas relatam histórias emocionantes a respeito dessa irmã. Seu espírito inabalável e sua tenacidade habilitaram-na a ajudar muitas pessoas, famílias grandes inclusive, a dedicar a vida a Jeová.

Hoje há numerosas famílias diligentes que servem a Jeová nas Antilhas e em Aruba. Famílias grandes, como as famílias Martha, Croese, Dijkhoff, Rasmijn, Liket, Faustin, Ostiana e Roemer, são o esteio das congregações e contribuem muito para a sua estabilidade.

O amistoso Eugene Richardson começou a ser ensinado por Jeová quando tinha 15 anos de idade. Embora não tivesse um estudo formal da Bíblia, fez firme progresso assistindo a todas as reuniões e foi batizado com 17 anos de idade. Em 1956, foi designado pioneiro regular e enfrentou um problema que ele considerava grande — a falta de condução. Diz ele: “O território para o qual fui designado ficava a 20 quilômetros de casa, de modo que, para solucionar o problema de condução, troquei meu piano por uma bicicleta. Minha família ficou horrorizada com essa troca, e 40 anos depois ainda fala sobre isso. Mas, para mim, foi muito prático. Especialmente quando quatro meses depois fui designado para servir como pioneiro especial no território não-designado de Banda Abao.”

Desbravado um novo território

A zona rural de Banda Abao, conhecida localmente por cunuco, situa-se do lado ocidental de Curaçau e abrange quase metade da ilha. Consiste numa região ligeiramente ondulada e um pouco mais verde do que o resto da ilha. Casas espalhadas pontilham a paisagem, de modo que trabalhar nesse território requer gastar muito tempo. Clinton Williams, outro jovem pioneiro zeloso, juntou-se a Eugene e ambos empreenderam abrir essa nova fronteira. Eugene recorda-se: “Não era um território fácil em comparação com o resto da ilha. As pessoas eram muito amistosas e era muito agradável falar com elas, mas em geral só ficava nisso. Entretanto, trabalhamos ali durante dois anos e tivemos experiências maravilhosas. No primeiro mês, encontrei um homem que disse que, se pudéssemos provar que o Reino de Deus foi estabelecido em 1914, ele se tornaria Testemunha de Jeová. E Testemunha se tornou, junto com a esposa e os filhos. Mais tarde, falei com uma senhora que disse que seu sobrinho se interessava muito pela Bíblia. Naquela mesma noite, retornei para dar-lhe testemunho. Ele se chama Ciro Heide.”

Ciro, que é expansivo, conta a história do seu ponto de vista: “Eu era católico muito devoto e conhecia tão bem o catecismo que podia até ensiná-lo na escola. Mas uma coisa me deixava sempre perplexo. Não podia entender por que, se a pessoa faltasse à missa, seria culpada de um pecado mortal e iria para o inferno se não confessasse isso logo. Certo dia, um jovem chegou de bicicleta à porta de casa e falou sobre a Bíblia com minha tia. Sabendo de meu interesse em religião, ela o convidou a voltar quando eu estivesse em casa. Estava ansioso de conhecê-lo, pois achava que eu sabia mais sobre religião do que ele. Naquela mesma noite, Eugene apareceu em casa. Fiquei pasmado quando ele me mostrou que o Credo dos Apóstolos, que eu repetia todos os dias, declarava que Jesus tinha ido ao inferno. Visto que eu simplesmente o recitava sem prestar atenção, não me tinha apercebido do sentido. O que mais me surpreendeu é que Eugene usou a Bíblia para tudo o que explicou, ao passo que eu não conseguia achar nenhum texto bíblico. Daquele momento em diante, minha vida mudou radicalmente, pois comecei a estudar de imediato.” Mais tarde, Ciro foi batizado, apesar da oposição da esposa. Por fim, por causa de seu bom exemplo, ela também dedicou sua vida a Jeová. Eles têm servido a Jeová lealmente por 30 anos, e faz 25 anos que Ciro é ancião.

Eugene cursou a Escola de Gileade em 1958 e foi designado de volta para Banda Abao, onde ainda existia o problema de transporte. Ele conta: “Ao participarmos no serviço de campo, havia às vezes um grupo de 13 irmãos e apenas um carro — o meu. Isso significava fazer duas viagens de 30 quilômetros de ida e volta. Eu deixava o primeiro grupo no território e me apressava em voltar para levar o segundo. No fim da tarde, eu fazia a mesma coisa para levar os irmãos de volta para casa. Passávamos o dia inteiro no serviço de campo. Era cansativo, mas que grande alegria sentíamos!” Eugene teve também o privilégio de trabalhar no serviço de viajante por alguns anos.

Mudanças numa zona rural

Em 1959, Clinton Williams, que nessa época já se formara na Escola de Gileade, continuou a trabalhar na zona rural chamada cunuco. Casou-se mais tarde com Eugenie, uma zelosa pioneira que se tornou muito querida por causa de sua natureza bondosa. Em 1970, formou-se uma congregação na vila de Zorgvliet bij Jan Kok, composta de 17 publicadores, e as reuniões eram realizadas na casa da família Pieters Kwiers. As pioneiras especiais Juana Pieters Kwiers e a filha, Ester, junto com as famílias Minguel e Koeiman, trabalharam arduamente para edificar a congregação. Em 1985, a congregação tinha aumentado para 76 publicadores, com uma assistência de 125 pessoas nas reuniões. Naquele mesmo ano, o amor motivou irmãos dos Estados Unidos a prestar serviço voluntário para construir um Salão do Reino em Pannekoek, e o antigo Salão do Reino foi transformado num lar missionário. Em questão de dois anos, o número de publicadores aumentou para 142, de modo que em 1987 foi formada a Congregação Tera Corá.

Achar moradia para os pioneiros sempre representou um problema, e Eugene lembra-se de ter de reformar uma casa desocupada que tinha sido abrigo de cabritos. Passou semanas tentando livrar-se do “perfume” deles. A carne de cabrito é considerada ali uma iguaria. Por muitos anos, quando se preparavam refeições nas assembléias, era comum o cardápio ter carne de cabrito, e os irmãos se deliciavam no almoço com os bem temperados pratos de carne de cabrito. Certa vez, porém, a carne estava estragada, o que fez com que se levantassem muitas vezes para ir ao banheiro.

Russell Yeatts gostava de contar a história de uma cabra chamada Mimi. Certa vez, ela comeu três Bíblias, vários cancioneiros, outros livros e diversas revistas. Rita Matthews, que era a dona da cabra, disse: “Ela comeu tantas publicações nossas que a chamamos de cabra santa.” Mimi foi vendida.

Assembléias promovem um espírito de amor e união

Através dos anos, tem sido um problema encontrar lugares adequados para reuniões, especialmente para assembléias. Max Garey, da quinta turma de Gileade, organizou a construção do primeiro Salão do Reino de propriedade dos irmãos, em Buena Vista, Curaçau. Os irmãos trabalharam de todo o coração na construção desse salão e ficaram radiantes quando ficou pronto. Em 1961, formou-se a segunda congregação em Curaçau de língua papiamento, com reuniões realizadas no lindo salão novo e atuando como servo da congregação Victor Manuel, publicador das boas novas agora já por quase 50 anos. Nathan H. Knorr, do Betel de Brooklyn, dedicou esse salão em 28 de março de 1962.

Na década de 70, nivelou-se o terreno ao lado do salão de Buena Vista, despejou-se concreto para um piso e construiu-se uma plataforma. O local foi usado para congressos e assembléias por muitos anos, e, visto que chove bem pouco em Curaçau, as reuniões eram ao ar livre sob os céus estrelados e quase sem problemas. Mas, ocasionalmente, os irmãos eram surpreendidos por uma súbita chuva que se abatia sobre eles, molhando sua roupa e livros, mas isso nunca abatia seu espírito. Simplesmente abriam seus guarda-chuvas e continuavam a prestar detida atenção ao programa. No passado, essas reuniões eram bilíngües, com alguns discursos proferidos em inglês e interpretados em papiamento e outros eram apenas resumos em papiamento. Os congressos de distrito eram realizados alternadamente em Aruba e em Curaçau, e alguns dos congressistas viajavam de avião fretado até a ilha do congresso, ao passo que outros iam de navio. Certa vez, um grande grupo de congressistas que viajava no navio Niagara ficou com enjôo. Apesar desse desconforto, não diminuiu seu entusiasmo pelo banquete espiritual que teriam.

Ingrid Selassa, que na época tinha 16 anos, recorda-se que a sua avó materna vendeu um porco para custear a viagem. Os congressistas se hospedavam na casa dos irmãos e até mesmo dormiam no chão. Fizeram-se amizades duradouras e prevalecia um espírito alegre de amor e união. Realizou-se em 1959 o primeiro congresso em língua papiamento na casa colonial de Santa Cruz, em Banda Abao. Ingrid recorda-se: “Carregamos os ônibus com alimentos, camas de lona, equipamentos e partimos para o congresso. O programa foi um banquete espiritual, e à noite participamos de jogos bíblicos e cânticos do Reino sob o céu noturno. Jamais esquecerei os três dias que passei ali, onde nos sentimos realmente parte de uma irmandade.” Assembléias internacionais que fortalecem a fé, como a Assembléia Internacional “Paz na Terra”, de 1969, serviam também para promover um espírito de amor e união entre os irmãos.

Novos Salões de Assembléias

Com o passar dos anos, o local de Buena Vista tornou-se muito pequeno, mas, com os generosos donativos das congregações, os irmãos conseguiram comprar um prédio da refinaria de petróleo. Situado no distrito de Schelpwijk, esse prédio foi reformado e por muitos anos realizaram-se ali assembléias de circuito e congressos de distrito. Recentemente, a congênere recebeu autorização para demolir esse prédio e construir um Salão do Reino duplo que possa funcionar também como Salão de Assembléias com assentos para 720 pessoas — uma provisão que alegra muito os irmãos.

Antes de 1968, as assembléias em Aruba eram realizadas em salões alugados, mas, com a expansão que houve, surgiu a necessidade de um Salão de Assembléias permanente. Por conseguinte, decidiu-se construir um Salão do Reino suficientemente grande para assembléias. Em 1968, com trabalho árduo e abnegação, os irmãos locais construíram um lindo salão onde pudessem louvar a Jeová. Enquanto se construía o salão, um canteiro de cactos altos escondia dos transeuntes a obra de construção. Na semana antes da primeira assembléia, o governo ordenou que os cactos fossem cortados. Surpresa das surpresas, o salão surgiu da noite para o dia — ou pelo menos assim parecia! Os moradores ali pensaram que foi um milagre, muitos acreditando que o salão havia sido construído realmente da noite para o dia. Mas esse fenômeno aconteceria mais tarde na forma de construções rápidas de salões.

Desenvolvimento da obra em Bonaire

Em 1949, Joshua Steelman, representante especial da sede em Brooklyn, visitou Bonaire, onde nessa época Jacobo Reina e Matthijs Bernabela, um agricultor, estavam pregando ativamente. Nenhum dos dois tinha sido batizado. Programou-se o primeiro discurso público em Bonaire. Umas 100 pessoas compareceram, mas apenas 30 entraram no salão. Os outros 70 tinham sido enviados pelo sacerdote católico da localidade para interromper a reunião. Certa vez, Russell Yeatts disse: “Começou uma chuva de pedras sobre o telhado de zinco, tal como o granizo no Egito. Começaram a estourar bombinhas, e as pessoas faziam barulho batendo em baldes.” Esse esforço foi sem êxito, pois foram lançadas sementes da verdade e elas brotaram. No ano seguinte, Jacobo e Matthijs, as primeiras Testemunhas de Jeová em Bonaire, foram batizados em Curaçau.

Em 1951, Russell e Bill Yeatts organizaram reuniões na casa do irmão Bernabela e, em 1952, Clinton Williams foi designado para Bonaire a fim de estabelecer em Kralendijk uma nova congregação num salão alugado. Por fazer isso, ele foi alvo da ira do sacerdote católico que tentou fazer com que ele fosse banido. O sacerdote procurou persuadir uma estudante da Bíblia, com quem o irmão Williams estudava, para que o acusasse de assédio sexual, mas ela se recusou. Derrotado, chamou o irmão Williams de wara-wara, que é uma ave de rapina das ilhas, acusando-o de arrebatar suas ovelhas. Mas o irmão Williams, com a ajuda do espírito de Jeová, continuou a fortalecer a recém-formada congregação até ser designado para Curaçau. Em 1954, realizou-se a primeira assembléia de circuito e, a partir de então, as assembléias e os congressos têm desempenhado um papel de suma importância na vida espiritual dos irmãos em Bonaire. As pessoas afluíam para assistir aos filmes produzidos pelas Testemunhas de Jeová, que despertavam interesse, mas via-se pouco progresso até que duas pioneiras especiais, Petra Selassa e sua filha, Ingrid, foram enviadas para lá em 1969.

Quando Petra e Ingrid chegaram, elas não tinham carro, mas cobriram assim mesmo quase a ilha inteira a pé. Muitos de seus estudantes foram mais tarde batizados. As duas irmãs dirigiam todas as reuniões sentadas e com a cabeça coberta. Uma vez por mês, um irmão chegava de Curaçau de avião para trabalhar com elas e proferir um discurso público. Mais tarde, quando Petra teve de partir, chegou outra pioneira especial, Claudette Tezoida, para trabalhar com Ingrid e elas continuaram a ajudar as pessoas a aprender a verdade da Bíblia.

A esposa de um político encontra o governo perfeito

A esposa de um proeminente político foi uma das pessoas que aprenderam a língua pura. Caridad Abraham, carinhosamente chamada por todos de Da, era esposa de um ministro do governo de Bonaire. Seus dois filhos e seu genro estavam também ativamente envolvidos na política. A própria Da fazia vigorosas campanhas com o marido e era bem conhecida e respeitada. Um pastor protestante, padrinho de um de seus filhos, disse-lhe que as Testemunhas de Jeová não acreditam em Jesus Cristo. Em virtude de ser esse homem tanto seu amigo como seu pastor, ela acreditou nessa declaração falsa.

Depois da morte de seu marido, Da mudou-se para a Holanda e ali ficou chocada de ver na televisão dois pastores protestantes que disseram assumidamente ser homossexuais. Decepcionada com a religião, deixou de freqüentar a Igreja. Mais tarde, aceitou um estudo bíblico, tornou-se Testemunha de Jeová e mudou-se de volta para Bonaire. Eis o que Da falou: “A verdade era tão maravilhosa que tive de retornar para compartilhá-la com meu povo.” Agora, em vez de defender um governo humano como solução para os problemas em Bonaire, ela começou a pregar sobre a verdadeira e permanente solução — o Reino de Deus nas mãos de Jesus Cristo. Pensando que ela estava buscando votos para seu filho, as pessoas lhe abriam as portas e ficavam pasmadas com a mensagem que ela pregava. E, visto que Da era bem conhecida, muitos que não escutariam outras Testemunhas de Jeová começaram a dar atenção à mensagem do Reino.

Publicações disponíveis na língua local

A verdade toca mais rapidamente o coração das pessoas quando lêem publicações bíblicas em sua língua materna. Mas, quando os primeiros missionários chegaram, não havia publicações bíblicas em papiamento. As reuniões eram dirigidas numa mistura de inglês com papiamento, usando-se publicações em inglês, em espanhol e em holandês, assim, entender a verdade era uma luta para os irmãos. De modo que havia realmente necessidade de publicações traduzidas. Entretanto, o vocabulário em papiamento era limitado; não havia dicionário nem sequer duas pessoas que pensassem do mesmo jeito sobre como escrever em papiamento. Anos mais tarde, Bill Yeatts, tradutor experiente, escreveu: “Para publicar a mensagem do Reino, tínhamos de dizer e escrever coisas que nunca antes haviam sido ditas ou escritas em papiamento. Era um desafio estabelecer padrões pelos quais se orientar.” Tarefa nada fácil! Em 1948, os irmãos traduziram o primeiro folheto: O Gozo de Todo o Povo. Em 1959, foi terminada a tradução de “Seja Deus Verdadeiro”. Em seguida, foram traduzidos outros livros encadernados e traduzia-se com regularidade a Toren di Vigilancia, como é chamada A Sentinela em papiamento, e a Spierta, ou Despertai!. Aos poucos, os grilhões de ferro da Igreja, que prendiam os habitantes locais, começaram a se soltar à medida que passavam a ler e a entender a verdade da Palavra de Deus no seu próprio idioma.

Também, a tradução influiu no entoar de cânticos nas reuniões. Os antilhanos cantam com prazer e em voz bem alta. Antigamente, porém, esse entusiasmo era até certo ponto reprimido pelo fato de que os cancioneiros eram em espanhol. Mas, em 1986, quando os irmãos receberam os cancioneiros em papiamento, os salões ressoaram com vozes altas e claras. Por meio dos cânticos, podiam por fim extravasar seus sentimentos para com seu grande Deus, Jeová. Maria Britten disse: “O que mais me impressionou na minha primeira visita ao Salão do Reino foi ouvir os cânticos. Era tão lindo que fiquei emocionada, e tinha lágrimas nos olhos.” — Isa. 42:10.

Com o aumento do trabalho, foi necessário usar mais tradutores, de modo que dois jovens pioneiros zelosos — Raymond Pietersz e Janine Conception — começaram a trabalhar no serviço de tradução. Hoje o Departamento de Tradução é composto de uma equipe de nove pessoas. Em 1989, chegaram computadores com programas do MEPS, um instrumento valioso para ajudar os tradutores, tornando por fim possível publicar A Sentinela em papiamento simultaneamente com outros idiomas — uma ajuda maravilhosa para a atividade de pregação.

Mais ajuda de missionários

Em 1962, John Fry, da 37.ª turma de Gileade, foi designado superintendente da congênere para substituir Russell Yeatts, que ia fazer o curso de atualização na Escola de Gileade. Depois de um ano e meio, quando a irmã Fry ficou grávida, o casal voltou à Inglaterra, e o irmão Yeatts reassumiu o trabalho na congênere. Em 31 de dezembro de 1964, Age van Dalfsen, da Holanda, chegou às ilhas após sua formatura na 39.ª turma de Gileade. Depois de pôr os pés em terra em Curaçau, foi saudado por uma magnífica vista de rojões explodindo e pelo som ensurdecedor das bombinhas que ressoava no ar da noite. Não, não se tratava de boas-vindas a ele pelos habitantes da ilha. Em vez disso, era a tradição anual do povo local, o modo como procuravam espantar os maus espíritos e o azar do ano que estava findando, e como saudavam a entrada do novo ano. O jovem e vigoroso irmão Van Dalfsen trabalhou no serviço de circuito e depois no de distrito. Como a maioria dos missionários, ele passou a amar seu novo lar e diz: “As pessoas são calorosas, hospitaleiras e honestas. É um prazer e um privilégio ser designado para trabalhar aqui.”

Em 1974, Age casou-se com Julie, uma irmã de Trinidad, e ela o acompanhou no seu trabalho como viajante. Julie relembra: “Fiquei admirada com a natureza amistosa e tolerante das pessoas. Eu não sabia falar papiamento, mas a pregação se tornava agradável por causa da ajuda que recebia. Era fácil perguntar ‘Con ta bai?’ (Como vai?) e procurar saber sobre todos os membros da família, que é o costume aqui. Também, era fácil colocar publicações. Difícil era carregar uma bolsa pesada com publicações em quatro línguas e enfrentar a poeira e o vento! Mas, para mim, foi pura alegria.” Em 1980, Age e Julie foram para a Holanda a fim de cuidar do pai de Age que estava com o mal de Alzheimer, mas voltaram a Curaçau em 1992.

Robertus Berkers e a esposa, Gail, da 67.ª turma de Gileade, continuaram o serviço no circuito durante a ausência do casal Van Dalfsen e estimularam grandemente o ministério de tempo integral. Em 1986, Otto Kloosterman e a esposa, Yvonne, chegaram de Gileade a Curaçau, e o irmão Kloosterman foi designado coordenador da congênere em 1994. Eles voltaram à Holanda em 2000. Em março de 2000, o irmão Van Dalfsen foi designado membro da Comissão de Filial e ele e a esposa foram convidados a Betel, onde servem agora. Em 1997, Gregory Duhon, do Departamento Gráfico em Brooklyn, junto com a esposa, Sharon, foram designados para Curaçau como betelitas em serviço no estrangeiro. Tanto Sharon, enfermeira formada, como outros foram de ajuda inestimável para cuidar do irmão Russell Yeatts que estava com câncer terminal. Em março de 2000, o irmão Duhon foi designado coordenador da congênere, e sua natureza bondosa e acessível é muito apreciada por todos. Atualmente, Gregory Duhon, Clinton Williams e Age van Dalfsen são membros da Comissão de Filial.

Ricas recompensas do serviço de pioneiro

Quando Margaret Pieters começou a estudar a Bíblia, ela estava satisfeita com sua própria religião. Ela relembra: “No início, não tinha nenhuma intenção de mudar de religião. Eu era ativa como membro da Igreja Católica, fazia parte da Legião de Maria e do coro da Igreja. Mas, depois de estudar a Bíblia, compreendi que o que me haviam ensinado era errado. Não esperei para ser convidada a participar no ministério de campo; eu mesma pedi para participar. Eu queria que outros saíssem da religião falsa e aceitassem a verdade.” Batizada em 1974, ela tem sido pioneira regular nos últimos 25 anos.

Jeová abençoou Margaret, conforme se evidencia de uma de suas muitas experiências. Pediu-se que ela visitasse uma moça de nome Melva Coombs, e Margaret sugeriu que ela solicitasse permissão ao pai para estudar. O Sr. Coombs, impressionado com o respeito de Margaret por ele, disse que não só sua filha estudaria, mas a família inteira — ao todo sete pessoas! Margaret teve a alegria de ver todos eles ser batizados, e um dos filhos mais tarde tornou-se ancião.

Outra pioneira que sentiu a bondade de Jeová foi Blanche van Heydoorn. Ela foi batizada em 1961 e seu marido, Hans, em 1965. Faz 35 anos que ela é pioneira. Durante esse tempo, Blanche criou seis filhos, e agora duas filhas são pioneiras regulares. Isso não teria sido possível sem o apoio físico e emocional de Hans. Juntos ajudaram 65 pessoas a dedicar a vida a Jeová.

Uma das muitas experiências de Blanche foi com sua vizinha Serafina. Blanche havia começado a estudar com Serafina, mas o marido, Theo, opôs-se fortemente. Ele queimou os livros de Serafina e proibiu Blanche de entrar na casa deles, dizendo a todos que estava afiando sua faca de mato para matá-la. Hans descobriu por que Theo se opunha tanto. Parece que ele tinha um amigo cuja esposa havia começado a estudar com um pastor de uma religião naquela localidade. Mais tarde, ela fugiu com o pastor. Portanto, Theo estava com medo que sua esposa viesse a fazer o mesmo. Usando a passagem de Hebreus 13:4, Hans explicou nosso conceito sobre o casamento. Grandemente aliviado, Theo permitiu que a esposa continuasse o estudo. Serafina foi batizada e, depois de algum tempo, Theo também. Ambos servem agora a Jeová fielmente.

Blanche conta que foi dirigir um estudo bíblico às 11 horas da manhã, voltou para casa para o almoço e duas horas depois deu à luz seu filho Lucien! Ela continua a prezar muito seu privilégio de ser pioneira. Blanche diz: “O serviço de pioneiro faz com que a pessoa se prepare e estude continuamente, proporcionando uma satisfação que não pode ser encontrada em outra parte.”

Poder além do normal

Marion Kleefstra também tem grande satisfação de servir a Jeová por tempo integral. Interessou-se pela verdade quando era adolescente ao ler as revistas para a sua avó que era cega. Ela dedicou a vida a Jeová em 1955 e em 1970 tornou-se pioneira regular. Seu filho Albert seguiu seus passos e faz 18 anos que é pioneiro.

Marion estudou com Johanna Martina, mãe de nove filhos. O marido de Johanna, Antonio, opunha-se muito, de modo que Marion não podia estudar com ela quando ele estava em casa. Johanna amarrava um pano no portão quando ele estava em casa, a fim de que Marion, ao ver o pano, voltasse mais tarde. Com a paciência de Marion e a perseverança de Johanna, tanto Johanna como Antonio aceitaram a verdade e foram batizados na mesma ocasião. Eles ajudaram oito de seus nove filhos a dedicar a vida a Jeová.

Infelizmente, Antonio morreu mais tarde num acidente de trânsito. Alguns anos mais tarde, dois dos filhos de Johanna morreram do mesmo modo e um terceiro morreu em outras circunstâncias trágicas. Mas Johanna, apesar de tudo isso, permaneceu firme, confiando em Jeová para lhe dar “poder além do normal”. (2 Cor. 4:7) Sua forte fé a amparou não só para agüentar momentos de quase insuportável tristeza, mas também para continuar seu serviço como pioneira durante os últimos 25 anos. Johanna tem agora 81 anos e diz: “Jeová é grande, e é ele quem me ampara. Suplico-lhe continuamente, e ele nunca me abandona.”

Estes são apenas alguns exemplos de pioneiros leais e diligentes que são o esteio da maioria das congregações, enriquecendo-as. Quando foi ajustado o requisito de horas para os pioneiros em 1998, abriu-se a oportunidade para muitos outros entrarem nessa modalidade de serviço. Os pioneiros têm expressado profundo apreço pela Escola do Serviço de Pioneiro, que tem sido uma imensa ajuda para treiná-los a ser ministros mais eficientes. Zelosos publicadores também contribuem com seu brado de louvor a Jeová, e alguns deles têm muito êxito em dar testemunho informal, conforme se vê da seguinte experiência.

Em princípios da década de 50, Albert Heath, um jovem médico, da Guiana, dava preleções numa universidade em Jacarta, na Indonésia. Ali, ele começou a aprender uma espécie diferente de cura. Como oftalmologista, podia entender o que Jesus disse aos laodicenses sobre o “ungüento para os olhos”, conforme registrado em Revelação 3:18. Albert decidiu que esse era o “ungüento para os olhos” que ele queria receitar. Em 1964, ele se mudou com a família para Curaçau e continuou a aprender o programa de cura espiritual que Jesus confiou à sua classe do escravo na Terra. (Mat. 24:45) Em 1969, Albert e seu filho foram batizados na mesma assembléia. Na sua clínica, ele deu muito testemunho tanto a pacientes como a funcionários. Albert conseguiu levar muitos às águas da verdade, alguns dos quais hoje são anciãos.

Um inesperado distúrbio

A vida em Curaçau tinha sempre seguido um ritmo calmo. Por muitos anos, nada havia acontecido para perturbar a quase idílica paz. Mas desdobravam-se eventos que de repente mudariam isso. Em princípios de maio de 1969, o superintendente zonal, Robert Tracy, advertiu os irmãos de não levarem uma vida de complacência e do perigo de serem levados a um falso senso de segurança pela aparente tranqüilidade na ilha. Essa tranqüilidade seria logo desfeita. Em poucas semanas, em 30 de maio, ocorreu uma manifestação operária que se tornou violenta. Houve saques e incêndios premeditados, transformando uma comunidade outrora tranqüila num remoinho de agitação política. Clinton Williams recorda-se: “Um homem sem camisa veio em direção de meu carro, com os olhos cheios de ódio. De repente, um homem que uma vez havia estudado a Bíblia comigo veio em meu socorro, gritando: ‘Esse aí não! Ele é boa gente.’ O homem avançou, jogou no assento de meu carro algumas latas de alimentos em conserva que havia saqueado do supermercado e foi-se embora. Dei um suspiro de alívio e agradeci a Jeová a proteção que me deu.”

Em meio à confusão e incerteza daqueles momentos tumultuosos, os servos de Jeová permaneceram calmos e confiantes, sabendo que no futuro próximo o Reino de Deus fornecerá um governo perfeito para todos. Jeová satisfará então o desejo de “toda coisa vivente”. (Sal. 145:16) Hoje, considera-se que o dia 30 de maio de 1969 marcou época na história da ilha.

Novos prédios

Nathan H. Knorr, que serviu como membro do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová até sua morte em 1977, sempre mostrou grande interesse nos missionários, e ele viajava freqüentemente para países estrangeiros a fim de fortalecer os irmãos. Em 1956, os superintendentes zonais também começaram a visitar os irmãos em todo o globo, e essas “dádivas em homens” têm sido um “auxílio fortificante”, dando impulso à obra nas ilhas ABC. (Efé. 4:8; Col. 4:11) Em 1950, o irmão Knorr fez sua primeira visita a estas ilhas e, enquanto estava em Curaçau, providenciou a formação de uma nova congênere, atuando Russell Yeatts como servo da congênere. O irmão Yeatts escreveu a respeito do discurso do irmão Knorr, intitulado “Liberdade para os cativos”: “Foi como se ele tivesse pedido a cada pessoa que subisse no palco e estivesse dando conselho a cada uma delas.” Em 1955, o irmão Knorr visitou novamente as ilhas e proferiu um discurso no Salão do Reino, ainda não terminado, de Oranjestad, em Aruba. Depois, acompanhado de um grupo de irmãos, foi a Curaçau para uma assembléia. Na sua última visita oficial em 1962, ele dedicou o Salão do Reino de Buena Vista, Curaçau, e deu grande incentivo aos irmãos por meio de seus oportunos discursos. Autorizou também a construção de um novo prédio para o escritório administrativo, um lar missionário e um Salão do Reino em Oosterbeekstraat, perto de Willemstad.

O pai do arquiteto contratado para fazer as plantas do prédio era um judeu que tinha estado num campo de concentração nazista junto com as Testemunhas de Jeová. Ele disse a Hazel Yeatts: “Só existe uma religião certa — a das Testemunhas de Jeová.” O prédio foi dedicado em 1964 e ampliado em 1978, conforme recomendação de Albert D. Schroeder, superintendente zonal. Em 1990, tornou-se evidente que havia necessidade de maiores dependências, e fizeram-se esforços para encontrar um novo local para construir, mas sem êxito.

Em novembro de 1998, tomou-se a decisão de comprar um prédio que já existia e reformá-lo para servir como dependências para a congênere. Os irmãos decidiram adquirir um complexo de apartamentos, localizado convenientemente na rua Seroe Loraweg, bem perto de Willemstad. Em 4 de dezembro, efetuou-se a compra. A rapidez e a facilidade com que tudo aconteceu assegurou aos irmãos que Jeová estava abençoando os esforços deles, em harmonia com Salmo 127:1. Os prédios reformados são belos e confortáveis, e estão servindo para trazer honra e glória ao nome de Jeová.

Em 20 de novembro de 1999, realizou-se a dedicação dos novos prédios no pátio da congênere, com a presença de 273 pessoas. Gerrit Lösch, do Corpo Governante, citou o profeta Isaías para mostrar como os novos prédios seriam usados para o magnífico propósito de Jeová. No dia seguinte, 2.588 pessoas assistiram a um programa especial no estádio de esportes, e isto foi para muitos o ponto alto do ano de serviço de 2000.

Cobertura pelo rádio sobre a questão do sangue

As Testemunhas de Jeová prezam a vida e a consideram uma dádiva de Deus. Em harmonia com Atos 15:29, elas se abstêm de sangue. Sua recusa de aceitar transfusões de sangue, baseada na Bíblia, tem sido mal-interpretada por médicos e autoridades bem-intencionados. Em 1983, um juiz em Curaçau recusou-se a reconhecer a autoridade paterna dada por Deus a Esmond e Vivian Gibbs, e ordenou que se aplicasse uma transfusão de sangue ao bebê deles. O caso recebeu ampla cobertura nas notícias e resultou em muita publicidade desfavorável. Uma emissora de rádio pôs no ar um programa para esclarecer as coisas, e um grupo de sete pessoas, incluindo Hubert Margarita e a esposa, Lena, junto com Robertus Berkers, superintendente de circuito, consideraram o tópico por três horas. Os irmãos explicaram com habilidade a lei de Deus sobre o sangue, e o programa conseguiu acabar com a tensão causada e ajudou as pessoas a entender os requisitos de Jeová.

Há também médicos que respeitam o direito do paciente de optar por não aceitar transfusões de sangue. Por exemplo, Gerda Verbist, uma professora, sofreu grave acidente de automóvel e precisou de uma cirurgia de emergência. Ela perdeu tanto sangue que seu hematócrito caiu para dois. O cirurgião decidiu operar em duas etapas, para que Gerda não perdesse mais sangue. A operação foi bem-sucedida. As Testemunhas de Jeová são gratas a tais médicos habilidosos e dedicados que muitas vezes têm de lutar com sua própria consciência e mesmo assim têm coragem e integridade para respeitar o direito de seus pacientes de optar por não receber sangue.

Guillermo Rama, presidente da Comissão de Ligação com Hospitais em Curaçau, diz: “Recebemos regularmente pedidos para ajudar em situações críticas. Sem essa comissão, haveria muito mais problemas.” Alfredo Muller, presidente da comissão em Aruba, é da mesma opinião. Ele diz que, embora inicialmente houvesse certa resistência em Aruba, a maioria dos médicos agora coopera com as Testemunhas de Jeová.

O serviço amoroso dos superintendentes de circuito

Embora o crescimento nas três ilhas tenha sido muito lento no início, sempre houve aumento constante e era fácil colocar publicações. Em 1964, havia quatro congregações, com 379 publicadores, e em 1980 as congregações aumentaram para 16, com 1.077 publicadores. Entre 1981 e 2000, o número de publicadores aumentou para 2.154 e, com o acréscimo de duas congregações de língua holandesa e duas de língua espanhola, o número de congregações aumentou para 29, com uma assistência na Comemoração de 6.176 pessoas.

Para servir os diferentes grupos lingüísticos, havia necessidade de superintendentes de circuito que soubessem falar pelo menos três línguas. Nem sempre é fácil encontrar irmãos com essa habilidade. Mas, as ilhas ABC têm sido abençoadas com superintendentes viajantes que, como Paulo, estão dispostos a conferir de bom grado suas próprias almas. (1 Tes. 2:8) Empenharam-se nessa obra Humphrey e Ludmila Hermanus, hoje missionários no Suriname, bem como Edsel e Claudette Margarita, pioneiros locais. Os pioneiros Frankie e Maria Herms, naturais de Aruba, também serviram no circuito até serem chamados para Betel, onde trabalham agora como parte da equipe de tradução.

Em 1997, Marc e Edith Millen, que antes serviam no circuito na Bélgica, vieram de longe, de sua terra, para fortalecer os irmãos. Como todo novo missionário, os Millens tiveram de aprender a língua, um desafio que às vezes tem resultados bem engraçados. O irmão Millen lembra-se de ter tentado dizer que um cristão não deve ser como um soldado que se esconde numa trincheira (buracu), mas, ao contrário, disse que não deve ser como um soldado que se esconde num jumento (buricu)! Apesar dos desafios, Marc e Edith perseveraram. Dominando o idioma, servem agora com alegria as congregações de língua holandesa e papiamento. Em 2000, Paul e Marsha Johnson foram o primeiro casal a participar numa nova modalidade, em que um superintendente de circuito de Porto Rico serve as congregações locais de língua inglesa e espanhola.

Salões do Reino de construção rápida

Em 1985, do longínquo Alasca e de outras partes dos Estados Unidos, vieram 294 irmãos para construir um Salão do Reino em Pannekoek, Curaçau. O novo salão, terminado em nove dias, gerou enorme publicidade e serviu de maravilhoso testemunho e evidência de amor e união em ação. As pessoas ficaram pasmadas de ver homens, mulheres e crianças ajudando diligentemente os voluntários vindos dos Estados Unidos. Ramiro Muller diz: “Como é comum acontecer, houve problemas técnicos, mas estes foram solucionados, e o espírito de Jeová operou poderosamente na construção do salão. No domingo à noite, os irmãos puderam adorar a Jeová num salão totalmente novo, o que deixou os cépticos pasmados, pois haviam dito que jamais conseguiríamos fazer isso.”

Parece que essa realização deixou também os clérigos locais pasmados, pois certa manhã, depois das notícias na televisão, um carro parou na frente do salão. Quem imagina que saiu do carro? Não foi outro senão o bispo de Curaçau, acompanhado de três sacerdotes de batina branca que o vento agitava e que, meneando a cabeça, obviamente não acreditavam no que estavam vendo.

Faltar-nos-ia tempo para relatar todas as ações altruístas dos irmãos: dos primeiros missionários, tais como os Van Eyks, Hoornvelds, os Phelpses e Cor Teunissen, que deixaram sua terra natal para servir os irmãos aqui; de Pedro Girigorie, que não sabia ler nem escrever, mas que levou muitas pessoas para a verdade; de Theodore “Moço Alto” Richardson, que caminhou pelas ruas de Cher Asile para fazer incontáveis revisitas; das zelosas pioneiras Maria Selassa, Edna Arvasio, Isenia “Chena” Manuel e Veronica Wall; da jovial Seferita Dolorita, cega e com esclerose múltipla, mas que ainda assim persevera em pregar e nunca deixa de encorajar os que a visitam para animá-la. A imagem desses fiéis e de outros, que se devotaram irrestritamente, está gravada de modo profundo na mente e no coração dos irmãos das ilhas ABC.

Floresce o deserto

Na década de 80, Aruba teve grande prosperidade econômica. Há hotéis ultramodernos ao longo das praias de areia branca, e cassinos bem iluminados atraem os ricos do mundo. Isso tem influenciado inevitavelmente a mentalidade da população, ao passo que o materialismo se tem mostrado deslumbrante para afetar a muitos — até mesmo a alguns na congregação. Entretanto, há grande prosperidade espiritual, especialmente no campo de língua espanhola, e necessidade urgente de irmãos capacitados para tomarem a dianteira.

Curaçau, em contrapartida, está sofrendo depressão econômica e muitas pessoas atualmente se mudam para a Holanda. Esse êxodo de irmãos influiu nas congregações, e, tanto em Curaçau como em Bonaire, tem havido pouco aumento nos últimos anos.

Ao avançarmos, porém, no século 21, temos bons motivos para levantar a cabeça e nos alegrar. O glorioso Reino de Deus está próximo e os servos de Deus continuam a ensinar a verdade a todos os “corretamente dispostos”. (Atos 13:48) Este outrora ressequido deserto espiritual ficou alagado com as águas da verdade.

[Foto na página 68]

▪ Pessoas de muitas nacionalidades cooperam entre si pacificamente na Congregação Hooiberg, em Aruba

[Foto na página 70]

▪ Pearl Marlin vendia livros religiosos junto com o pai. Mais tarde, tornou-se Testemunha de Jeová

[Foto na página 73]

▪ A primeira congregação de língua inglesa de San Nicolas, Aruba

[Fotos na página 74]

▪ Alguns que imigraram para Aruba: (1) Martha Faustin hoje, (2) Hamilton, seu falecido marido, (3) Robert e Faustina Titre

[Foto na página 75]

▪ Woodworth e Oris Mills no dia de seu casamento

[Foto na página 76]

▪ Edwina Stroop, uma pioneira em Aruba

[Foto na página 77]

▪ Jacobo Reina adquiriu um exemplar do livro “Criação” em 1928 e reconheceu que era a verdade

[Foto na página 78]

▪ Da esquerda para a direita: Russell e Hazel Yeatts, formados na 6.a turma de Gileade, e Mary e William Yeatts, da 14.a turma

[Foto na página 79]

▪ Henricus Hassell, à extrema esquerda, era um fervoroso proclamador das boas novas

[Foto na página 79]

▪ Camilio Girigoria foi o primeiro dentre os nativos a ser batizado, em 1950

[Foto na página 80]

▪ Alice e Henry Tweed são lembrados com carinho pelo seu espírito abnegado e seu zelo

[Foto na página 81]

▪ Gabriel Henriquez recebeu de presente uma assinatura da “Despertai!”. Foi o primeiro arubano a ser batizado

[Foto na página 82]

▪ Ninita Webb opunha-se antes à verdade. Ela e o marido, Daniel, tornaram-se entusiásticos proclamadores do Reino

[Foto na página 82]

▪ Maria Rasmijn era uma católica devota até que seu sacerdote lhe disse que as imagens religiosas não têm nenhum valor

[Foto na página 83]

▪ Albert Suhr deixou excelentes “cartas de recomendação”

[Foto na página 84]

▪ Olive Rogers ajudou muitos a dedicar a vida a Jeová

[Fotos na página 85]

▪ No alto: Eugene Richardson batizou-se com 17 anos de idade e serviu como zeloso pioneiro

▪ Embaixo: o jovem Clinton Williams participou com ele em desbravar a zona rural chamada “cunuco”

[Foto na página 86]

▪ Lar missionário em Aruba por volta de 1956

[Fotos na página 89]

▪ Acima: Em 1962, Nathan H. Knorr, do Betel de Brooklyn, dedicou este Salão do Reino, o primeiro de propriedade dos irmãos em Curaçau

▪ À direita: Victor Manuel, publicador das boas novas por quase 50 anos, serviu na segunda congregação de língua papiamento

[Fotos na página 90]

▪ Acima: Assembléia Internacional “Paz na Terra”, em 1969, em Atlanta, Geórgia, EUA

▪ À direita: local do congresso em Curaçau com o mesmo programa

[Foto na página 94]

▪ Petra Selassa (à direita) e sua filha, Ingrid, ambas pioneiras especiais que foram enviadas em 1969 a Bonaire para ajudar

[Foto na página 97]

▪ “A Sentinela” em papiamento

[Fotos na página 98]

▪ No alto: Pauline e John Fry

▪ Embaixo: Age van Dalfsen chegou em 1964 depois de se formar na 39.a turma de Gileade

[Fotos na página 99]

▪ Acima: Janine Conception e Raymond Pietersz fazem parte da equipe de tradução, composta de nove membros

▪ À direita: Estrelita Liket trabalha com computador e programas do MEPS, que são instrumentos valiosos para ajudar os tradutores

[Fotos na página 100]

▪ Robertus e Gail Berkers (à esquerda), que servem no circuito, estimularam imensamente o entusiasmo pelo ministério de tempo integral

▪ Julie e Age van Dalfsen (abaixo) retornaram a Curaçau em 1992 e foram convidados a Betel em 2000

[Foto na página 100]

▪ Age van Dalfsen, Clinton Williams e Gregory Duhon são membros da Comissão de Filial

[Foto na página 102]

▪ Blanche e Hans van Heydoorn ajudaram 65 pessoas a dedicar a vida a Jeová

[Fotos na página 108]

▪ (1) O prédio da congênere dedicado em 1964

▪ (2, 3) Os prédios da congênere atualmente em uso, dedicados em 20 de novembro de 1999

[Foto na página 112]

▪ As ilhas ABC têm sido abençoadas com casais no serviço de viajante, como (acima) Ludmila e Humphrey Hermanus; (da esquerda para a direita) Paul e Marsha Johnson; Edith e Marc Millen

[Foto na página 114]

▪ Os primeiros missionários: (1) os Van Eyks, (2) os Hoornvelds e (3) Cor Teunissen deixaram sua terra natal para servir os irmãos aqui

[Quadro/Foto na página 72]

Flamingos e jumentos

Na tranqüila e intacta Bonaire, a extração de sal da água do mar é uma importante indústria que produz renda para os habitantes da ilha. Os flamingos consomem alimento com alto teor de sal. Isto está prontamente disponível nas salinas da ilha, o que faz de Bonaire um dos poucos lugares do mundo ideais para a reprodução dessas aves coloridas. Jumentos bravios, originalmente importados para trabalharem nas salinas, foram deixados de lado quando as máquinas os substituíram. Eles agora percorrem a campina. Para a preservação deles, organizou-se na ilha uma reserva para jumentos e um programa de adoção deles.

[Quadro/Foto na página 87]

As empenas e a ponte flutuante de Curaçau

Willemstad, a capital de Curaçau, é uma cidade exótica e pitoresca. As construções com telhado de duas águas e empenas são reminiscências de Amsterdã, mas elas são pintadas com cores vívidas. O rio Saint Anna Bay corta o centro da cidade. A ponte Emmabrug liga as duas partes da cidade e pode ser aberta em questão de minutos para permitir a entrada de navios grandes no porto de águas profundas. No início, era preciso pagar pedágio para atravessar a ponte, exceto se a pessoa caminhasse descalça, o que era sinal de pobreza. O resultado foi que os pobres tomavam emprestados sapatos para não serem considerados pobres e os ricos escondiam os seus para não pagar pedágio!

[Quadro/Foto na página 95]

O valor de uma boa reputação

Em setembro de 1986, Russell Yeatts foi apanhar um pacote enviado da Jamaica para a Watch Tower Bible and Tract Society. Ao abri-lo na presença dos fiscais da agência dos correios, ficou surpreso de encontrar debaixo de uma camada de revistas um embrulho com quatro quilos de maconha! Os policiais prenderam o irmão imediatamente. Mas o chefe da agência dos correios de Curaçau deu boas informações a respeito dele e disse que era impossível o irmão Yeatts estar envolvido com drogas. Se o chefe dos correios não tivesse garantido isso tão inequivocamente, o irmão Yeatts teria sido lançado na prisão. Assim, ele foi logo posto em liberdade. Esse incidente recebeu ampla publicidade nos jornais locais, um dos quais chamava o irmão Yeatts de “homem muito recatado e honesto” e “muito interessado em pregar as boas novas a todos”. Esta experiência sublinha o valor de uma boa reputação.

[Quadro/Foto na página 96]

Um aspecto incomum da obra do Reino

Um número muito grande de exemplares do folheto Examine as Escrituras Diariamente é colocado por ano. Em alguns anos, os pioneiros conseguiram colocar centenas deles. Giselle Heide foi hospitalizada, de modo que aproveitou a oportunidade para dar testemunho informal a outras pacientes ali. Uma delas, Ninoska, mostrou-se favorável, perguntando a Giselle se ela tinha o “livrinho”. De início, Giselle não entendia a que livro ela se referia, mas compreendeu por fim que se tratava do folheto Examine as Escrituras Diariamente. Daí em diante, elas consideravam o texto todas as manhãs. Providenciou-se um estudo bíblico depois de ambas terem recebido alta do hospital. Em menos de um ano, Ninoska foi batizada. Atualmente, seu marido e seus filhos estão estudando a Bíblia com as Testemunhas de Jeová.

[Foto]

▪ “Examine as Escrituras Diariamente” em holandês, inglês e papiamento

[Quadro/Foto na página 107]

A areia e as formações rochosas de Aruba

As gigantescas formações rochosas de Casibari e de Ajo são um aspecto fascinante do panorama de Aruba. São também notáveis as grutas com desenhos rupestres que segundo se crê foram feitos pelos índios dabajuros. O clima eternamente ensolarado e as longas praias de areia branca são uma atração para milhares de turistas que voltam à ilha ano após ano.

[Quadro/Foto na página 115]

Alguém quer ensopado de iguana?

As iguanas, conforme a que aparece na foto abaixo, são comuns em todas as ilhas ABC. Esses répteis são muito apreciados, mas não como animais de estimação. A iguana é um dos principais ingredientes em sopas e ensopados. “Tem exatamente sabor de frango”, diz um mestre-cuca local. “A carne é muito macia e suculenta.”

[Mapa na página 71]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

HAITI

MAR DO CARIBE

VENEZUELA

ARUBA

ORANJESTAD

San Nicolas

CURAÇAU

Buena Vista

WILLEMSTAD

Santa Cruz

BONAIRE

Kralendijk

[Foto de página inteira na página 66]

[Quadro na página 93]

Saudar primeiro o sacerdote?

“A dignidade de um sacerdote é tão elevada e sublime que, se em caminho encontrarmos um sacerdote e um anjo, devemos saudar primeiro o sacerdote.” — Traduzido do semanário católico La Union, de 10 de agosto de 1951, publicado em Curaçau.

[Quadro na página 104]

“Zelo de Deus, mas não segundo o conhecimento exato”

Certa manhã, Hubert Margarita e Morena van Heydoorn encontraram no serviço de campo Morella, uma jovem escolar. O modo de Morella expressar-se dava evidência de que ela tinha “zelo de Deus, mas não segundo o conhecimento exato”. (Rom. 10:2) Ela explicou que recebia instrução diária sobre o catolicismo romano e que estava convencida de que esse era o modo de adorar a Deus. Hubert e Morena combinaram estudar a Bíblia com ela. Seria assim: Ela iria a seu instrutor, o sacerdote, para que este verificasse o que ela estava aprendendo. Se ele não concordasse com determinado ensinamento, ela lhe pediria que lhe mostrasse as razões bíblicas por não concordar. Se algum dia achasse que o que as Testemunhas lhe estavam ensinando era contrário à Bíblia, pararia de estudar. Morella descobriu logo que os ensinamentos da Igreja Católica não eram bíblicos. Quando notou que o sacerdote estava ficando cada vez mais incomodado com as perguntas dela, abandonou por completo as aulas dele. Morella continuou com seu estudo da verdade, batizou-se e agora serve a Jeová fielmente.

[Quadro na página 110]

“Da boca de pequeninos”

Jesus disse: “Da boca de pequeninos e de crianças de peito forneceste louvor.” (Mat. 21:16) Isso se dá também com as crianças das ilhas ABC. Maurice, de quinze anos, mora em Aruba. Quando ele tinha sete anos, certa vez, num congresso de distrito, a mãe não conseguia encontrá-lo. Preocupada, procurou-o e por fim o encontrou no fundo da sala onde se realizava uma reunião com os interessados no serviço de Betel. Maurice queria preencher uma petição para Betel. O presidente da reunião, não querendo desanimá-lo, havia permitido que ele ficasse na reunião. Bem, o grande desejo de Maurice de servir a Jeová em Betel não diminuiu. Ele foi batizado com 13 anos de idade e trabalha com muita diligência na congregação, preparando bem todas as suas designações. Continua decidido como sempre a servir em Betel.

Em Bonaire, um menino de seis anos de idade, de nome Renzo, foi convidado a ir ao Salão do Reino e gostou muito. Iniciou-se com ele um estudo bíblico, e desde então ele não quis mais ir à Igreja Católica. Ele perguntou a seus pais por que na Igreja não se lhes ensinara nada sobre o Paraíso, despertando assim o interesse dos pais. Eles começaram a estudar com as Testemunhas de Jeová. Subseqüentemente, o pai e a mãe de Renzo, junto com um dos estudantes de Renzo, foram batizados. Renzo tem agora oito anos e foi batizado numa assembléia de circuito em Bonaire.