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Filipinas

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Coqueiros, viçosa vegetação tropical, praias de areia branca, mares de extrema beleza — tudo isto compõe grande parte das Filipinas. Este arquipélago de umas 7.100 ilhas tem sido chamado a Pérola dos Mares Orientais. Seus habitantes, de índole alegre, sentimentos profundos e que gostam de dançar e cantar, contribuem para a beleza do país. Se um dia visitar esse país formado de ilhas, provavelmente jamais esquecerá a excepcional hospitalidade demonstrada pelo lindo e amistoso povo que vive ali.

Para muitos, porém, as Filipinas são um lugar que lhes traz à memória um quadro bem diferente — um quadro de calamidades. Talvez se recorde da erupção do monte Pinatubo, com correntes de lava que destruíram cidades inteiras, ou se lembre do pior desastre marítimo em época de paz, em que milhares de pessoas morreram, quando a barca Doña Paz colidiu com um petroleiro. Com efeito, de todos os países do mundo, o Centro Belga de Pesquisas sobre Epidemiologia de Desastres alistou as Filipinas como o mais propenso a desastres. São comuns os tufões, as inundações, os terremotos e os vulcões. Acrescentando a isso a situação econômica relativamente precária de muitos habitantes, tem-se um quadro de um lindo país com suas dificuldades.

Em todas as partes das Filipinas, as Testemunhas de Jeová estão ativas em divulgar a verdade bíblica aos seus 78 milhões de habitantes. Não é um empreendimento fácil. Além dos perigos de desastres naturais, há os desafios para chegar às pessoas nas muitas ilhas pequenas e em regiões remotas das montanhas e da selva. Mas o trabalho está sendo efetuado. Os servos de Jeová têm mostrado notável capacidade de adaptação, a despeito das variadas circunstâncias que enfrentam. Conseqüentemente, seu trabalho de fazer discípulos tem sido abençoado por Jeová.

Até certo ponto, as Testemunhas nas Filipinas são como os antigos israelitas que desejavam restaurar a adoração verdadeira em Jerusalém. Eles foram encorajados pelas palavras de Neemias: “O regozijo de Jeová é o vosso baluarte.” (Nee. 8:10) Apesar dos desafios enfrentados pelos israelitas, estes prosseguiram em promover alegremente a adoração de Jeová. Como os israelitas na época de Neemias, as Testemunhas de Jeová em todas as partes das Filipinas estão sendo instruídas na Palavra de Deus. O regozijo de Jeová também é seu baluarte.

Brilha pela primeira vez a luz da verdade

As Filipinas são o único país predominantemente católico romano na Ásia. Os filipinos tinham no início suas religiões indígenas, mas a dominação espanhola por mais de 300 anos incutiu o catolicismo no povo. Embora a administração durante meio século por parte dos Estados Unidos tenha exposto o povo a outras formas de religião, a crença prevalecente continua a ser a católica. Cerca de 80% da população professa essa crença.

Em 1912, Charles T. Russell, um destacado Estudante da Bíblia — como eram conhecidas as Testemunhas de Jeová — fez uma parada em Manila numa viagem de conferências ao redor do mundo. Em 14 de janeiro, ele proferiu um discurso na Ópera de Manila sobre o tema “Onde estão os mortos?”. Foram distribuídas publicações aos que estavam na assistência.

Mais sementes da verdade bíblica foram plantadas em princípios dos anos 20 quando chegou do Canadá o irmão William Tinney para ser o próximo representante dos Estudantes da Bíblia. Ele organizou uma classe de estudo da Bíblia. Devido a problemas de saúde, teve de retornar ao Canadá, mas os filipinos que mostraram interesse continuaram a classe de estudo da Bíblia. As publicações enviadas pelo correio ajudaram a manter a verdade no coração das pessoas. Essa era a situação até princípios dos anos 30. Em 1933, a mensagem da verdade era transmitida nas Filipinas por rádio, pela emissora KZRM.

Naquele mesmo ano, Joseph dos Santos partiu do Havaí numa viagem mundial de pregação. Sua primeira escala foi nas Filipinas, mas nunca chegou a ir mais além. O irmão Santos recebeu a responsabilidade de tomar a liderança na obra de pregação do Reino e de estabelecer uma congênere, que começou a operar em 1.º de junho de 1934. O irmão Santos e algumas pessoas locais desejosas de servir a Jeová empreenderam a pregação e a distribuição de publicações. Apesar de oposição, já em 1938 havia no país 121 publicadores, dos quais 47 serviam como pioneiros.

Embora os americanos estivessem ensinando o inglês a muitos, os irmãos reconheciam que as pessoas aprendem melhor sobre a Bíblia em sua língua nativa. Isto representou um desafio, pois quase 90 línguas e dialetos eram falados nas Filipinas. Entretanto, foram feitos esforços para traduzir publicações em alguns dos idiomas principais. Em 1939, a congênere relatou: “Estamos fazendo agora as gravações [de discursos bíblicos] em tagalo, e com estas esperamos usar mais os aparelhos de som e o fonógrafo para a glória do Senhor.” Informaram também que estavam trabalhando na tradução do livro Riquezas para o idioma tagalo. Dois anos mais tarde, estava terminada a tradução de folhetos em mais quatro línguas principais das Filipinas, tornando assim possível que a maioria da população do país entendesse a mensagem do Reino.

Florentino Quintos, que era professor, foi um dos que aceitaram a mensagem da verdade naquele tempo. Ele ficou sabendo a respeito da obra dos servos de Jeová quando conversou com um homem que havia ouvido o discurso do irmão Russell em Manila, em 1912. Em 1936, Florentino adquiriu de uma Testemunha de Jeová 16 livros de capas brilhantemente coloridas que explicavam a Bíblia. Mas Florentino estava muito ocupado em seu trabalho como professor, assim, por algum tempo, os livros com capas das cores do arco-íris ficaram à vista, mas não foram lidos. Daí estourou a guerra, os japoneses invadiram o país, e muitas atividades normais ficaram paradas. Florentino teve então tempo para ler, e foi o que ele fez. Logo terminou de ler os livros Riquezas, Inimigos e Salvação. Sua leitura foi interrompida porque precisou fugir dos japoneses, mas as sementes da verdade ficaram plantadas em seu coração.

Crescimento rápido, apesar da Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial trouxe novos desafios aos servos de Jeová em todo o arquipélago. No começo da guerra, havia 373 publicadores nas Filipinas. Mas, mesmo sendo poucos, demonstraram notável zelo e flexibilidade nos seus esforços de promover a adoração pura.

Alguns irmãos se mudaram de Manila para cidades menores e continuaram ali a empreender a obra de pregação. A guerra impossibilitou a importação de publicações bíblicas, mas os irmãos usavam na pregação as publicações que haviam sido guardadas nas casas antes da guerra. Quando o estoque acabou, passaram a emprestar livros às pessoas.

Salvador Liwag, um professor que havia abandonado sua profissão para se tornar proclamador das boas novas por tempo integral, estava em Mindanau quando estourou a guerra. Ele e outros irmãos fugiram para as selvas e para as montanhas. Continuaram ali suas atividades teocráticas. Tinham de usar de extrema cautela em suas atividades para evitarem ser convocados pelos japoneses a trabalhar em suas guarnições. Ao mesmo tempo, guerrilhas antinipônicas muitas vezes suspeitavam que os irmãos fossem espiões dos japoneses.

Surpreendentemente, durante a ocupação japonesa, foi possível realizar pequenas assembléias. Realizou-se uma assembléia de circuito em Manila, à qual muitos assistiram. Outra foi realizada em Lingayen. Os habitantes ali ficaram surpresos de ver gente de fora chegar em caminhões; mas ninguém interferiu, e a assembléia foi realizada com êxito.

Jeová abençoou toda essa atividade, e o número de Testemunhas se multiplicou. Os 373 louvadores de Jeová no início da guerra aumentaram para mais de 2.000 em apenas quatro anos.

Lembre-se de que o irmão Santos havia sido designado para tomar a liderança em organizar a atividade de pregação do Reino nas Filipinas. Em janeiro de 1942, ele foi mandado para um campo de prisioneiros dos japoneses, em Manila. Apesar disso, continuou a ter um espírito zeloso. “Falei das boas novas a tantos quantos pude no campo”, disse ele. A vida no campo era difícil, e muitos morreram de fome. Quando o irmão Santos foi preso, pesava 61 quilos, mas ao ser solto pesava apenas 36 quilos.

Os americanos libertaram os prisioneiros em 1945 e ofereceram repatriar o irmão Santos no Havaí, mas ele não quis. Por quê? Ele sentia alegria no serviço do Reino e queria fazer todo o possível para cuidar do progresso da obra nas Filipinas. Além disso, ainda não havia chegado nenhuma pessoa para substituí-lo. O irmão Santos disse: “Eu tinha de ficar até que chegasse alguém!” Hilarion Amores disse a respeito de Joseph dos Santos: “Ele era realmente um trabalhador diligente e se interessava pelas necessidades espirituais dos irmãos.”

A chegada de missionários

Os irmãos filipinos fizeram o melhor que puderam antes e durante a guerra, embora não tivessem recebido nenhum treinamento especial. Mas, logo depois da guerra, chegou ajuda. Earl Stewart, Victor White e Lorenzo Alpiche, formados em Gileade, chegaram em 14 de junho de 1947. Por fim, havia alguém para substituir o irmão Santos. Em 1949, ele retornou ao Havaí com a esposa e os filhos.

O irmão Stewart foi designado para servir como servo de filial. A maioria dos outros primeiros missionários que chegaram naqueles anos foi designada para serviço no campo. Quanto ao efeito da presença de missionários treinados em Gileade, Victor Amores, que foi enviado das Filipinas a Gileade, relata: “Foi uma grande ajuda para organizar a obra. Os irmãos aprenderam muito desses formados em Gileade, o que resultou em progresso. Antes de 1975, havíamos alcançado quase 77.000 publicadores, ao passo que em 1946 éramos apenas 2.600.” Depois dos três primeiros irmãos, chegaram diversos outros missionários: os casais Brown e Willett, os quais serviram em Cebu, bem como os Andersons, que trabalharam em Davao. Chegaram também os casais Steele e Smith, e os irmãos Hachtel e Bruun. Em 1951, chegou Neal Callaway. Ele mais tarde se casou com uma irmã local, Nenita, e serviram a bem dizer em todas as partes das Filipinas até a morte dele em 1985. Denton Hopkinson e Raymond Leach, da Grã-Bretanha, chegaram em 1954, e continuam a contribuir para o progresso da obra nas Filipinas já por mais de 48 anos.

Os estrangeiros formados em Gileade não foram os únicos a contribuir para a organização e a expansão da obra de pregação do Reino nas Filipinas. A partir da década de 50, irmãos filipinos também foram convidados para a Escola de Gileade e quase todos retornaram para servir em seu país de origem. Os três primeiros foram Salvador Liwag, Adolfo Dionisio e Macario Baswel. Victor Amores, já mencionado, usou seu treinamento no serviço como viajante e em Betel. Mais tarde, ele constituiu família, mas voltou ao serviço de tempo integral. Ele serviu como superintendente viajante e depois como pioneiro especial na província de Laguna, junto com a esposa, Lolita, até quase 80 anos de idade.

O progresso na década de 70

Com o rápido progresso da obra, o número de publicadores continuou a crescer, passando para mais de 77.000 em 1975. De modo geral, os servos de Jeová mantiveram sua espiritualidade e continuaram a servir lealmente a Deus. Entretanto, muitos deixaram de servir a Jeová quando o atual sistema de coisas não terminou em 1975. O número de publicadores em 1979 havia caído para menos de 59.000. Cornelio Cañete, que servia como superintendente de circuito em meados dos anos 70, comentou: “Alguns se batizaram por causa de 1975 e permaneceram firmes por alguns anos. Depois de 1975, abandonaram a verdade.”

A vasta maioria, porém, precisava simplesmente de encorajamento para continuar a ter o conceito correto sobre o serviço cristão. Assim, a congênere providenciou a programação de discursos especiais. Em resultado disso, não só os que estavam ativos foram encorajados, mas também alguns inativos foram ajudados a se tornar novamente louvadores ativos de Jeová. Os irmãos chegaram a entender que serviam a Deus não com uma data em mente, mas para sempre. Desde aquela época de decréscimo temporário, o número de publicadores do Reino aumentou de modo impressionante. Os que não deixaram a frustração fazê-los esquecer toda a bondade de Jeová têm sido realmente abençoados!

Desbravadas áreas remotas — nas montanhas

Os milhares de ilhas que formam as Filipinas estão espalhados por mais de 1.850 quilômetros de mar aberto, de norte a sul, e por 1.100 quilômetros de leste a oeste. Algumas ilhas não são habitadas e muitas têm regiões montanhosas agrestes. Chegar às pessoas nesses lugares remotos representa um desafio.

Uma região assim é Kalinga-Apayao. Nas montanhas íngremes da Cordilheira Central de Luzon setentrional, os habitantes estão divididos em tribos e aldeias, cada qual com seu próprio dialeto e seus próprios costumes. Embora a prática de tirar a cabeça de inimigos como troféu tenha sido abandonada no século 20, é comum a inimizade entre as aldeias, resultando em contendas e massacres. Geronimo Lastima disse: “Anos atrás, era difícil enviar pioneiros especiais a esses territórios. Os habitantes locais perseguiam os irmãos com a intenção de matá-los.”

A solução foi enviar irmãs. Geronimo explicou: “Não perseguiam as mulheres. A tradição dita que não se deve maltratar mulheres.” As irmãs foram eficazes em ensinar a verdade a habitantes locais que mais tarde foram batizados e se tornaram pioneiros. Estes entendiam a cultura de sua gente e sabiam dar testemunho com eficácia. Em resultado disso, espalharam-se “caçadores” em toda essa região montanhosa — caçadores dos que desejavam a verdade. Nos anos 70, havia apenas algumas Testemunhas em toda a região de Kalinga-Apayao; hoje existem dois circuitos.

Igualmente, na vizinha província montanhosa de Ifugao, não havia nenhuma Testemunha em princípios da década de 50. Três pioneiros regulares foram designados para pregar às pessoas que moravam no meio dos centenários terraços de arroz. Com o tempo, habitantes locais começaram a aceitar a verdade. Hoje há nessa região 18 congregações, com 315 publicadores.

Nas montanhas da província de Abra, bem no norte, o grande problema é como chegar às aldeias onde ainda não existe nenhuma Testemunha de Jeová. Um superintendente de circuito, muito desejoso de levar as boas novas às regiões mais remotas, convidou 34 pessoas para pregarem na região perto de Tineg. (Atos 1:8) Visto que não há transporte público, o grupo viajou a pé por sete dias pelas montanhas, enfrentando muitas dificuldades, para chegar a dez aldeias com cerca de 250 residências.

O superintendente de circuito relata: “Foi um desafio e tanto caminhar pelas montanhas carregando todos os nossos suprimentos. Das seis noites que passamos ali, quatro dormimos ao relento nas montanhas ou à beira de um rio.” Já fazia muitos anos desde que algumas das aldeias haviam recebido testemunho. Em certo lugar, encontraram um homem que disse: “Vinte e sete anos atrás, as Testemunhas de Jeová pregaram a meu pai que nos disse que as Testemunhas de Jeová é que estavam com a verdade.” Ao todo, o grupo colocou 60 livros, 186 revistas, 50 brochuras e 287 tratados, e fez muitas demonstrações de estudos bíblicos.

Pregação em outras áreas remotas

Palawan é uma grande ilha nas Filipinas. De formato estreito e comprido, estende-se por 434 quilômetros. Localizada longe da grande atividade das ilhas mais povoadas, Palawan é a terra florestal de várias tribos e de muitos assentamentos isolados, inclusive dos migrantes. O missionário Raymond Leach, disposto a aceitar qualquer designação, foi enviado para lá como superintendente de circuito. Havia poucas Testemunhas e longas distâncias a percorrer. Ele relembra: “Fui designado para lá de 1955 a 1958; havia apenas 14 publicadores em toda a ilha de Palawan. Levava cinco semanas para visitá-los.”

Desde então, houve muito progresso, embora ainda seja um lugar de desafios a enfrentar. Febe Lota, hoje com 40 e poucos anos, começou em 1984 o serviço como pioneira especial em Palawan. Ela conta o que aconteceu quando trabalhava em Dumaran. “Chegamos a uma casa que pensamos que fosse a última. Não imaginávamos que houvesse mais uma, mas havia!” Morava nos fundos, entre as palmeiras, um casal que cuidava de um coqueiral. Esse casal mostrou interesse pela Bíblia.

Febe disse: “Se não fosse o fato de estarmos servindo a Jeová, eu nunca teria retornado àquele lugar.” Para chegar lá, Febe e sua companheira caminhavam um dia inteiro pelos coqueirais ao longo de um trecho de praia arenosa e rochosa. Na maré alta, andavam com água até os joelhos. Por causa da distância, decidiram ir só uma vez por mês e passar vários dias ali. Isto significava carregar alimento, livros, revistas e algumas mudas de roupa. “Era um verdadeiro sacrifício ficarmos expostas ao calor do sol e a insetos que davam doloridas ferroadas. Chegávamos pingando de suor.” Mas os seus esforços foram recompensados ao verem o casal interessado progredir rapidamente no estudo da Bíblia.

O casal foi obrigado a deixar o serviço no coqueiral quando o encarregado, que era batista, ficou sabendo que eles estavam estudando com as Testemunhas de Jeová. Febe teve uma agradável surpresa quando mais tarde encontrou novamente a esposa. Ela não só já havia se batizado, mas, diz Febe, “estava sentada conosco na reunião de pioneiros no congresso de distrito”. Que alegria é ver o excelente fruto dos esforços feitos!

Na grande ilha de Mindanau, região sul das Filipinas, há muitos lugares aonde é difícil chegar. Nathan Ceballos, acompanhado da esposa, serviu ali como superintendente viajante. Nas semanas que não visitavam congregações, empenhavam-se a pregar em territórios isolados. Convidavam outros irmãos e irmãs a ir com eles. Certa vez, o grupo fez uso de 19 motocicletas para chegar a muitas das aldeias. As estradas eram péssimas e lamacentas, e as Testemunhas tinham de atravessar rios e cursos de água na maioria sem pontes. Embora as pessoas nessas regiões tivessem pouco dinheiro, doavam vassouras macias, feitas à mão, em apreço pelas publicações que os irmãos lhes levavam. Imagine a cena quando os irmãos voltavam para casa com suas motocicletas carregadas de vassouras! Nathan conta: “Todos voltávamos para casa cansados, desarrumados, mas muito alegres, sabendo que o que havíamos feito era a vontade de Jeová.”

Utilizados todos os meios para pregar as boas novas

Em anos recentes, a organização de Jeová tem encorajado os pregadores do Reino a aproveitar toda oportunidade para dar testemunho. Isto tem sido especialmente apropriado nas regiões mais povoadas do país. As cidades maiores, tais como Davao, Cebu e Metro Manila, são bem similares a outras cidades em todo o mundo, com um grande número de estabelecimentos comerciais, escritórios e condomínios fechados. O que tem sido feito para alcançar as pessoas nesses lugares?

Makati faz parte do circuito que até recentemente era servido por Marlon Navarro. Marlon, um jovem formado na Escola de Treinamento Ministerial, empenhou-se em organizar a pregação no distrito financeiro de Makati, uma área designada para três congregações. Irmãos e irmãs, muitos dos quais são pioneiros, foram selecionados e treinados para trabalhar nessa área com eficácia. Estudos bíblicos são dirigidos em shopping centers e em parques nessa parte da cidade, e alguns desses estudantes da Bíblia estão freqüentando as reuniões.

Cory Santos e seu filho Jeffrey são pioneiros. Com freqüência, fazem serviço de pregação nas ruas de manhã cedo, às vezes bem cedo, às 6 horas. Nesse período do dia, encontram pessoas que estão voltando do trabalho noturno nas fábricas. Iniciaram estudos bíblicos nesse trabalho nas ruas. Alguns que foram contatados assim progrediram até o batismo.

Também em regiões fora das cidades, os publicadores têm ficado alertas para encontrar oportunidades de dar testemunho a outros. Norma Balmaceda, pioneira especial já por mais de 28 anos, falou com uma mulher que estava esperando condução. Norma perguntou à mulher: “Para onde vai?”

A mulher respondeu: “Para a província de Quirino.”

“A senhora é de lá?”

“Não, mas meu marido quer mudar-se para lá porque a vida aqui em Ifugao está muito difícil.”

Isso deu oportunidade para Norma transmitir as boas novas do governo do Reino que solucionará os problemas da humanidade. Depois, despediram-se. Anos mais tarde, numa assembléia de circuito, uma mulher aproximou-se de Norma e apresentou-se como sendo a pessoa com quem Norma havia falado. Ela já era batizada e as duas filhas e o marido estavam estudando a Bíblia.

Na congênere, na Cidade de Quezon, os irmãos ficam atentos para aproveitar toda oportunidade de dar testemunho. Por exemplo, Felix Salango é bem conhecido por seu zelo em pregar a outros. Ele tem servido muitas vezes como pioneiro auxiliar ao mesmo tempo em que trabalha em Betel. No ano 2000, quando estava em andamento a construção de um anexo residencial, Felix observou os trabalhadores que haviam sido contratados para construir a estrutura externa do prédio. Ele foi até o engenheiro-chefe e pediu permissão para falar com os trabalhadores. Felix conta: “Após o almoço, fui ao canteiro de obras, onde o engenheiro havia reunido mais de 100 trabalhadores. Descrevi a obra das Testemunhas de Jeová e expliquei a necessidade de conhecimento para sobreviver à grande tribulação. Eu tinha comigo uma caixa de brochuras e uma de livros Conhecimento. Expliquei que, se os trabalhadores tivessem interesse em estudar a Palavra de Deus, poderiam ficar com uma das publicações.” Felix explicou também como a obra das Testemunhas de Jeová é financiada mundialmente e colocou as publicações e um envelope perto de um coqueiro. Muitos dos trabalhadores ficaram com um livro ou com uma brochura, e um grande número deles também colocou um donativo no envelope.

Alguns mostraram interesse em estudar, inclusive o engenheiro-chefe. Toda segunda, quarta e sexta-feira, no intervalo do almoço, Felix estudava com ele usando a brochura O Que Deus Requer de Nós?. O engenheiro disse a Felix: “O que estou aprendendo aqui explico para minha esposa e meus amigos.” Mais dois engenheiros que trabalhavam ali também queriam estudar, bem como um guarda de segurança e algumas secretárias. Sim, dar testemunho em toda oportunidade resulta em bênçãos de Jeová.

A chegada de missionários para prestarem ajuda

No decorrer dos anos, chegaram às Filipinas 69 missionários estrangeiros, treinados, a fim de ajudarem na obra de pregação do Reino. Fizeram isso de diversos modos. Denton Hopkinson e Raymond Leach, já mencionados, no início foram designados para o campo, primeiro como missionários, depois como superintendentes viajantes. Mais tarde, receberam designações na congênere.

Diversos formados em Gileade chegaram durante os anos 70 para ajudar nas novas operações de impressão. Entre esses, vieram Robert Pevy e a esposa, Patricia, que haviam servido na Inglaterra e na Irlanda. Robert foi útil em organizar um departamento de redação na congênere das Filipinas. Todos ficaram tristes de vê-los partir em 1981 para servir na sede mundial em Brooklyn, Nova York, EUA.

Dean e Karen Jacek chegaram dos Estados Unidos em 1980 e, depois de um breve período de estudo do idioma tagalo em Laguna, foram designados para a congênere. Depois de receberem treinamento adicional em 1983, ajudaram os irmãos — localmente e em nações vizinhas nas ilhas — a aprender a usar o sistema de computador desenvolvido pelas Testemunhas de Jeová, que se tem mostrado essencial para ajudar na produção de publicações bíblicas em línguas locais.

Hubertus (Bert) e Jeanine Hoefnagels, da Holanda, chegaram em 1988. A congênere estava prestes a iniciar uma grande obra de construção. Visto que o casal tinha experiência em construção de prédios de congênere e Bert estava familiarizado com a operação de equipamentos pesados, eles foram designados para ajudar na construção. Bert operava os equipamentos e também treinava outros. Ele relata: “Desde o início, eu treinava os irmãos locais a dirigir caminhões e a operar uma escavadeira, um buldôzer, um trator hidráulico e um guindaste. Por fim, tínhamos um grupo de umas 20 a 25 pessoas que operavam equipamentos pesados.”

Depois, participaram com eles mais quatro formados em Gileade: Peter e Beate Vehlen, da Alemanha, Gary e Teresa Jeane Melton, dos Estados Unidos. O casal Vehlen também tinha experiência em construção de prédios de congênere e o casal Melton tinha cinco anos de experiência em serviços no Betel dos Estados Unidos. Todos eles puderam contribuir para a obra de construção na congênere.

Antes dessa época, em 1963, o último lar missionário havia sido fechado, visto que o trabalho no campo podia ser efetuado por pioneiros filipinos qualificados. Entretanto, em 1991, o Corpo Governante providenciou o envio de seis missionários para serviço no campo. Embora com experiência em serviços na congênere, esses missionários também tinham experiência que podia ser bem aproveitada no campo. Por exemplo, Jeanine Hoefnagels havia começado o serviço de pioneiro especial aos 18 anos. Ela podia usar agora a sua experiência e sua personalidade animada para incentivar os irmãos e os novos. Bert, seu marido, falou sobre outros benefícios. Ele disse: “O fato de haver aqui missionários no campo ajuda as pessoas a entender o âmbito internacional de nossa obra.” Entretanto, alguns missionários têm continuado a cuidar de tarefas administrativas e de outras tarefas na congênere.

As Filipinas não só receberam missionários, mas também têm enviado missionários ao exterior.

O envio de missionários

Embora ainda chegassem missionários às Filipinas, começou-se a enviar pioneiros filipinos para efetuarem a obra missionária em outros países. Apesar de pioneiros locais não terem recebido o mesmo treinamento organizacional que os formados em Gileade, havia muitos excelentes pioneiros locais. Desde a Segunda Guerra Mundial, o serviço de fazer discípulos se expandiu muito mais rapidamente nas Filipinas do que nos países vizinhos. Assim, desde 1964, pioneiros filipinos, qualificados, têm sido enviados como missionários a toda a Ásia e ilhas do Pacífico. Alguns dos que foram enviados eram pessoas casadas, mas na maioria eram pioneiros solteiros que já tinham uma década ou mais de experiência no ministério de tempo integral. Por volta de meados do ano 2002, já tinham sido enviados 149 pioneiros a 19 países. Destes, 74 continuam em suas designações. Enquanto aguardam a documentação, os prospectivos missionários ficam algum tempo na congênere e recebem treinamento e experiência que lhes serão de ajuda em suas designações. Qual foi, no decorrer dos anos, a contribuição desses missionários para a obra de pregação e que desafios e alegrias tiveram?

Rose Cagungao (agora Engler) e Clara dela Cruz (agora Elauria) foram as primeiras enviadas. A designação delas foi a Tailândia. Cerca de um ano depois, Angelita Gavino juntou-se a elas nessa designação. Naturalmente, como no caso de outros missionários, aprender o idioma era um grande desafio. Angelita conta sobre sua aprendizagem do idioma tai: “Nas primeiras semanas, sentia-me frustrada, porque tudo o que estava escrito no livro parecia rabiscos para mim, e nas reuniões quase não podíamos conversar com ninguém por causa da barreira do idioma.” Mas elas aprenderam o idioma e continuam a usá-lo para ajudar outros.

Depois daquele pequeno número de primeiros missionários, continuamente se têm enviado pioneiros dispostos a uma variedade de países. Pediu-se em 1972 a Porferio e a Evangeline Jumuad que fossem para a Coréia. Eles aprenderam bem o idioma local e, dois anos e meio depois de estarem no campo missionário, foram convidados para o serviço no circuito.

Em 1970, Salvacion Regala (agora Aye) foi uma das nove irmãs filipinas que chegaram a Hong Kong a fim de iniciar ali a obra missionária. O primeiro desafio que ela enfrentou foi aprender cantonês. O idioma cantonês tem nove timbres de voz. Com a mudança do timbre, a palavra muda de sentido. Salvacion lembra a luta que teve com esses timbres de voz, dizendo certa vez à sua estudante da Bíblia que tiveram de mudar de casa “por causa de um fantasma”, quando na realidade ela queria dizer “por causa do aluguel caro”. Por fim, ela aprendeu a língua. Salvacion ajudou mais de 20 pessoas a aprender a mensagem bíblica da verdade. Agora ela encontra muitas indonésias que trabalham como domésticas em Hong Kong, de modo que está procurando aprender o idioma indonésio.

Rodolfo Asong, um irmão com muita determinação, mas de índole amistosa, enfrentou situações totalmente diferentes quando foi designado para Papua-Nova Guiné em 1979. Ele se dedicou a aprender o idioma e saiu-se tão bem que, após um curto período no país, foi designado superintendente viajante. Mas visitar congregações em Papua-Nova Guiné era bem diferente de fazer tais visitas nas Filipinas. Ele conta: “Aprendi a remar de pé numa pequena canoa de madeira para uma só pessoa, como os nativos.”

Sobre as assembléias, Rodolfo relata: “Por causa das distâncias que tínhamos de percorrer e da falta de meios de transporte, programávamos diversas assembléias pequenas. A realizada no vilarejo de Larimea foi a menor de todas às quais já assisti. A assistência total foi de dez pessoas.” Em outra ocasião, ele foi designado superintendente de congresso no vilarejo de Agi. Ele diz: “Fui designado presidente do congresso, também para cuidar dos departamentos de som e de alimentação, dirigir o drama e fazer o papel do rei Davi.” Ele realmente se esforçou nessa designação, e mais tarde foi missionário nas ilhas Salomão.

Em 1982, Arturo Villasin, um irmão de Luzon que tinha facilidade de se adaptar, foi enviado às ilhas Salomão. Ele serviu ali como superintendente de circuito, e notou que as condições eram bem diferentes das existentes nas Filipinas. Só se podia chegar a muitas das ilhas com avião pequeno. Ele relatou: “Certa vez, nosso avião sofreu danos ao aterrissar, mas todos sobrevivemos. Outra vez, quase batemos na encosta de uma montanha por causa da pouca visibilidade.” A respeito de visitas a certas congregações, ele disse: “Viajávamos a pé através da floresta tropical, subindo íngremes morros cheios de lama, para visitar congregações localizadas no meio de indígenas que eram adoradores de antepassados.” Arturo teve morte súbita em 2001 devido a complicações de saúde, mas será lembrado por muito tempo como um fiel missionário.

São muitas as experiências como estas de irmãos e irmãs das Filipinas que foram enviados a campos missionários na Ásia e no Pacífico. Não obstante os desafios, esses servos voluntários e abnegados de Jeová contribuíram grandemente para a obra de pregação nessas terras.

A alegria de ajudar outros a fazer de Jeová seu baluarte

A bênção de Jeová resulta em alegria. (Pro. 10:22) Adelieda Caletena, enviada a Taiwan (Formosa) em 1974, diz: “Sinto-me realmente muito feliz e grata a Jeová porque ele está abençoando nossa obra aqui e me deu a oportunidade de participar nela.”

O casal Paul e Marina Tabunigao, que serve agora nas ilhas Marshall, nos diz: “Ajudamos 72 pessoas a servir a Jeová. Alegra-nos o coração o fato de que muitas delas servem agora como anciãos, servos ministeriais, pioneiros especiais, pioneiros regulares e publicadores ativos de congregação.”

Lydia Pamplona, que tem servido em Papua-Nova Guiné desde 1980, ajudou 84 pessoas até a dedicação e o batismo. Ela relatou recentemente que dirige estudos bíblicos com 16 pessoas, e a maioria assiste agora às reuniões. Os comentários dela sem dúvida resumem bem os sentimentos de muitos missionários: “Agradeço a Jeová o ministério que me confiou. Que ele continue a abençoar nosso ministério, para a Sua glória.”

As congêneres para onde foram enviados missionários filipinos são gratas por tê-los em seu território local. A congênere da Tailândia escreveu: “Os missionários enviados das Filipinas estão fazendo um bom trabalho. Têm sido exemplos de fidelidade no decorrer dos muitos anos em que vêm servindo na Tailândia. Eles continuam no trabalho, apesar de idade avançada. Amam a Tailândia e seu povo; consideram-na seu lar. Somos muito gratos por nos terem enviado tais excelentes missionários.”

A Escola do Ministério do Reino ajuda a habilitar anciãos

Por volta da mesma época em que pioneiros começaram a ser enviados das Filipinas para servir em outros países, a organização de Jeová providenciou treinamento para o crescente número de irmãos qualificados que tinham responsabilidades nas congregações em seu próprio país. A Escola do Ministério do Reino foi um dos principais meios de realizar esse treinamento.

As primeiras turmas estudaram em 1961 com um curso de um mês de duração. Jack Redford, que havia sido instrutor em Gileade e que servira mais tarde como missionário no Vietnã, foi designado para administrar esse curso nas Filipinas. O primeiro curso foi realizado na congênere no idioma inglês.

Embora o inglês seja adequado para alguns, há sempre necessidade de dar consideração a outras línguas e dialetos comuns das Filipinas. Muitos anciãos aproveitariam mais o curso se este fosse em seu próprio idioma. Assim, a partir de meados dos anos 60, o curso foi realizado em diversos idiomas. Cornelio Cañete lembra-se de ter sido designado para ser instrutor nas ilhas Visaias e em Mindanau. Ele dá uma risadinha quando diz: “Eu dava o curso em três línguas: cebuano, hiligaino e samareno.”

No decorrer dos anos, o curso foi alterado, inclusive em sua programação. Recentemente, ele foi realizado num fim de semana: com duração de um dia e meio para os anciãos e de um dia para os servos ministeriais. Mas ainda há o desafio de realizá-lo em cerca de oito línguas. Anciãos que sabem esses idiomas são enviados pela congênere para darem um curso de treinamento a superintendentes viajantes. Estes, por sua vez, dão os cursos a anciãos e servos ministeriais congregacionais. No último destes cursos, 13 mil anciãos e 8 mil servos ministeriais se beneficiaram do treinamento.

Ajuda prestada aos pioneiros

Mais tarde os pioneiros também passaram a receber treinamento adicional. Em 1978, tiveram início as primeiras turmas da Escola do Serviço de Pioneiro. Todos os que serviam como pioneiros na época foram incluídos nas turmas, inclusive os pioneiros especiais. Desde então tem havido aulas anualmente, exceto nos anos de 1979 e 1981.

Os pioneiros tiram grande proveito do curso, mas enfrentam obstáculos para poderem assistir às aulas. Alguns fazem sacrifícios financeiros para chegar à escola. Outros têm dificuldades com meios de transporte.

Os que cursaram a escola na cidade de Santiago tiveram de enfrentar um imprevisto. Rodolfo de Vera, o superintendente de circuito, relatou: “Em 19 de outubro de 1989, a cidade de Santiago, em Isabela, foi atingida de modo inesperado por um tufão extremamente forte, com ventos máximos de 205 quilômetros por hora. Naquela manhã, quando começamos as aulas no Salão do Reino, chovia só um pouco, com vento fraco, de modo que prosseguimos com o curso de pioneiros. Mas os ventos passaram a ficar mais fortes e o prédio todo começou a tremer. Em seguida, o teto foi arrancado. Queríamos sair de lá, mas vimos que era mais perigoso do lado de fora, por causa dos muitos objetos que estavam voando.” Embora o prédio começasse a se despedaçar, todos sobreviveram sem ferimentos. Eles atribuíram a sua sobrevivência não só a Jeová, mas também a uma sugestão dada na revista Despertai!, de buscar refúgio debaixo de uma mesa ou de uma escrivaninha em situações assim. O irmão Vera disse: “Buscamos abrigo debaixo das mesas. Terminado o tufão, estávamos cobertos de galhos de árvore e de chapas de zinco que tinham caído do telhado, mas todos os que ficaram dentro do prédio, debaixo das mesas, saíram ilesos.”

Anualmente, os cursos são dados em sete idiomas. Até o ano de serviço de 2002, houve 2.787 turmas e o total de 46.650 pioneiros concluíram o curso. Que excelente provisão isso tem sido para ajudar os pioneiros a melhorar suas habilidades e depositar plena confiança em Jeová ao passo que continuam a ‘brilhar como iluminadores no mundo’! — Fil. 2:15.

Esforços iniciais com impressão em offset

Todo o trabalho no campo e nas congregações seria muito mais difícil sem as excelentes publicações bíblicas disponíveis. Por muitos anos, a impressão para o campo filipino era feita em Brooklyn. No início da década de 70, porém, construiu-se uma gráfica no próprio terreno da congênere na Cidade de Quezon. Instalou-se equipamento de impressão tipográfica, semelhante ao de Brooklyn. Com isso, a congênere pôde imprimir todas as revistas localmente.

Ainda nessa década, tornou-se evidente que a impressão tipográfica, com o método de usar metal quente, estava ficando defasada na indústria gráfica, dando lugar à impressão em offset. As orientações da sede mundial indicaram que nós também faríamos gradativamente essa mudança.

Em 1980, a congênere adquiriu equipamento comercial de fotocomposição. A congênere da África do Sul havia adquirido o mesmo tipo de equipamento e passou a experiência obtida aos irmãos nas Filipinas. Esse sistema computadorizado de fotocomposição foi empregado numa impressora offset alimentada por folhas, comprada por volta dessa mesma época.

Esse equipamento serviu em pequena escala para os irmãos aprenderem as técnicas empregadas na impressão em offset. David Namoca, que já tinha bastante experiência em operar linotipo para impressão tipográfica, aprendeu a usar o equipamento de fotocomposição. Outros irmãos aprenderam a fazer chapas de impressão em offset e a imprimir na recém-adquirida impressora. Assim, em fins de 1980, a congênere já estava usando o método offset para imprimir algumas edições de Nosso Ministério do Reino e revistas em línguas com pouca circulação.

A mudança para impressão em offset introduziu também o uso de computadores para ajudar os irmãos envolvidos com tradução e trabalho de pré-impressão. Aos poucos, os irmãos foram ganhando experiência e confiança. Com o tempo, puderam melhorar a qualidade e a quantidade de impressão usando esses métodos. Com efeito, em 1982, os irmãos estavam tão ansiosos de fazer progresso que imprimiram Notícias do Reino N.º 31, uma publicação em quatro cores, usando a impressora offset para uma só cor. O papel foi passado seis vezes na impressora: quatro vezes para o lado de quatro cores e duas vezes para o lado de duas cores. Foi um trabalho extenso, e a qualidade talvez tenha deixado a desejar até certo ponto; mas todos ficaram radiantes de ver a produção de Notícias do Reino em quatro cores no nosso próprio equipamento.

Isso serviu como ponto de partida, mas como se faria a transição completa para fotocomposição computadorizada e impressão em offset? A organização de Jeová tinha alguns planos, e a congênere das Filipinas logo seria beneficiada com isso.

Provido o MEPS pela organização de Jeová

O Corpo Governante autorizou a produção de um sistema de fotocomposição computadorizada que serviria para as necessidades especiais de impressão das boas novas em dezenas de línguas. O Sistema Eletrônico de Fotocomposição Multilíngüe (MEPS) foi desenvolvido em Brooklyn. Embora o equipamento comercial usado por um tempo pela congênere das Filipinas tivesse introduzido o uso de computadores e de impressão em offset em escala limitada, o MEPS permitiria à congênere das Filipinas progredir nessa área, junto com outras congêneres em todo o mundo.

Dois casais das Filipinas foram convidados a ir a Wallkill, Nova York. Os irmãos receberam treinamento em manutenção de computador do MEPS e em usar programas do MEPS no trabalho de pré-impressão. Outro casal, Florizel Nuico e a esposa, passou algum tempo em Brooklyn, onde o irmão Nuico aprendeu a operar impressoras offset M.A.N. Era exatamente isso que a congênere das Filipinas precisava para empreender plenamente o trabalho de pré-impressão computadorizada e de impressão em offset.

Em 1983, chegou às Filipinas uma impressora offset M.A.N. Ela foi montada com a ajuda de Lionel Dingle, da congênere da Austrália. O irmão Nuico começou a treinar os irmãos locais baseado no que ele havia aprendido em Brooklyn. Em fins de 1983, as primeiras revistas foram produzidas nessa impressora. Entretanto, o sistema de impressão ainda não estava totalmente completo, assim, por algum tempo, as revistas foram produzidas combinando-se o método que usava metal quente com o de impressão em offset.

Mas o sistema de impressão offset não demoraria a ser concluído. O primeiro computador MEPS chegou em fins de 1983, e os dois irmãos que haviam sido treinados em Wallkill começaram a ensinar outros a operar o equipamento MEPS e a fazer sua manutenção. Em pouco tempo, a produção já estava em andamento. Dezenas de betelitas foram plenamente treinados em usar o sistema para tradução, entrada de texto, composição e fotocomposição, bem como em consertar computadores. Nas Filipinas, o processo de treinamento é dificultado pela quantidade de idiomas envolvidos. A própria revista A Sentinela é preparada em sete idiomas, sem contar o inglês. O MEPS foi bem apropriado para essa tarefa.

Houve melhoras notáveis na qualidade das publicações impressas. A respeito dos impressores, Cesar Castellano, que trabalha na gráfica, disse: “A maioria de nossos irmãos são lavradores. Alguns nunca tiveram experiência técnica. É impressionante ver como Jeová, por meio de seu espírito, move os irmãos a ser capazes de fazer muitas coisas, o trabalho de impressão inclusive.” Os irmãos aprenderam as técnicas de impressão, produzindo assim publicações cada vez mais atraentes para usar no campo. Mas havia um benefício mais importante — o benefício espiritual — que se tornou possível mediante esses avanços tecnológicos de impressão.

Alimento espiritual simultâneo

Quando as revistas para as Filipinas eram impressas em Brooklyn, levava seis meses ou mais para a matéria em inglês ser publicada nas línguas locais. Embora as revistas fossem traduzidas localmente, levava bastante tempo o envio e reenvio de manuscritos e provas e finalmente a expedição das revistas impressas. Quando a impressão das revistas foi transferida para as Filipinas na década de 70, poupou-se tempo, mas o conteúdo das revistas ainda estava com atraso de seis meses das edições em inglês. Muitos irmãos filipinos pensavam: ‘Não seria maravilhoso ter as revistas no vernáculo simultaneamente com as revistas em inglês?’ Por muitos anos, isso era mero sonho.

Mas, com a chegada do MEPS e os processos ajustados de produção, o que antes era apenas um sonho tornou-se realidade. O Corpo Governante percebeu que o estudo da mesma matéria simultaneamente teria um poderoso efeito unificador em todos os servos de Jeová. Procurou-se atingir essa meta, e em janeiro de 1986 A Sentinela tornou-se disponível de modo simultâneo com o inglês em quatro línguas locais: cebuano, hiligaino, ilocano e tagalo. Não demorou muito e deu-se o mesmo com outras línguas. Depois, nos congressos de 1988, que surpresa foi receber o livro Revelação — Seu Grandioso Clímax Está Próximo! em três línguas vernáculas ao mesmo tempo que a edição em inglês! Os irmãos alegraram-se muito não só por terem publicações de melhor qualidade para oferecer aos interessados, mas por poderem beneficiar-se do mesmo programa de alimentação espiritual ao mesmo tempo que a maioria de seus irmãos em todo o mundo.

Essas melhorias em nossas publicações impressas chegaram numa época de situações turbulentas em algumas partes do país. As publicações ressaltavam a constante necessidade de todos fazerem de Jeová seu baluarte.

Conflitos entre militares e grupos rebeldes

Na década de 80, intensificaram-se em muitas partes do país as atividades dos grupos rebeldes. Alguns estavam ligados ao movimento comunista. Havia cada vez mais choques entre as tropas do governo e as forças subversivas. Esses conflitos muitas vezes testavam a confiança dos irmãos em Jeová.

Numa região onde havia uma congregação com 62 publicadores, quando os irmãos acordaram certa manhã, viram rebeldes e militares enfileirados para combate. As casas dos irmãos ficavam bem no meio deles. Um ancião foi falar com as forças rebeldes e outro com as tropas do governo. Pediram-lhes que não lutassem ali por causa do número de civis que seriam afetados. O pedido foi desconsiderado. Não podendo fugir, os irmãos se juntaram no Salão do Reino. Um ancião os conduziu numa oração bastante longa e suficientemente alta para ser ouvida pelas tropas do governo que estavam do lado de fora. Quando os irmãos abriram os olhos, notaram que os dois partidos tinham ido a outro lugar; não houve combate. Esses irmãos se convenceram de que Jeová os protegeu.

Dionisio Carpentero, acompanhado da esposa, tem sido superintendente viajante por mais de 16 anos. Ele ainda lembra o que aconteceu no seu primeiro ano de serviço de circuito, na província de Negros Oriental, no centro-sul das Filipinas. Ele relata: “Visitamos a Congregação Linantuyan. Estávamos felizes porque na quarta-feira 40 publicadores se juntaram a nós no serviço de campo. Mas não sabíamos que as forças rebeldes estavam observando toda nossa atividade. O esconderijo deles ficava perto do Salão do Reino. Quatro deles foram até nossa hospedagem às 4 horas da tarde para investigar sobre nós. Um ancião ali explicou que sou superintendente de circuito e que visito a congregação a cada seis meses.”

Pelo que parece, os homens não acreditaram na explicação dada. Em vez disso, suspeitaram que Dionisio fosse militar e exigiram que o ancião o levasse para fora a fim de o matarem. O ancião replicou que teriam de matar primeiro a ele. Eles foram embora.

Dionisio continua relatando: “Os cães latiram a noite inteira, indicando a presença dos rebeldes. Oramos quatro vezes naquela noite, pedindo a Jeová que nos orientasse. Daí, embora estivéssemos na estação seca, choveu torrencialmente, e os homens que nos esperavam para nos matar foram embora.”

Depois da reunião, no domingo, Dionisio informou aos anciãos que ele e sua esposa partiriam para visitar a próxima congregação. Mas, para isso, tinham de passar em frente do esconderijo dos rebeldes. “Um dos homens estava olhando pela janela”, disse Dionisio. “Até lhe dissemos que estávamos indo embora. Entretanto, às 20 horas, os rebeldes foram ao Salão do Reino à nossa procura. O ancião lhes disse que já tínhamos ido embora e que até havíamos passado em frente do esconderijo deles. Surpreendentemente, eles não nos viram. Esta experiência nos ensinou a confiar em Jeová e a ser corajosos em face de dificuldades.” Dionisio e a esposa continuam seu serviço alegremente.

Tais conflitos muitas vezes dificultam a pregação. Estar nesses lugares na hora errada pode significar ser apanhado no meio dum fogo cruzado. Em alguns casos, porém, uma facção ou outra têm informado os irmãos dos iminentes conflitos. Quando isso acontece, os irmãos procuram um lugar mais tranqüilo para dar testemunho até que a luta acabe. Mas a pregação do Reino continua e os irmãos aprenderam a confiar em Jeová.

Provações relacionadas com a neutralidade

Jesus disse a respeito de seus seguidores: “Não fazem parte do mundo, assim como eu não faço parte do mundo.” (João 17:14) Como em outras nações, as Testemunhas de Jeová nas Filipinas se mantêm afastadas da política e dos conflitos militares do mundo. Não ‘tomam a espada’; ao contrário, depuseram suas armas e seguem os caminhos da paz, conforme ensinados por Jeová. (Mat. 26:52; Isa. 2:4) Essa posição de neutralidade é bem conhecida em toda a parte nas Filipinas, e pessoas de todos os partidos reconhecem que as Testemunhas de Jeová não representam perigo para elas. Entretanto, houve ocasiões em que os servos de Jeová tiveram de mostrar claramente a sua posição sobre o assunto. Isso lhes tem servido de proteção.

Wilfredo Arellano, como superintendente viajante, tem muita experiência em servir numa variedade de territórios, alguns pacíficos e outros nem tanto. Em 1988, ele visitou uma congregação no centro-sul das Filipinas. Os irmãos ali haviam sido pressionados pelos subversivos a se unir a eles em rebelião contra o governo. Os irmãos firmemente recusaram isso.

Wilfredo relata o que aconteceu: “Durante minha visita, tropas do governo estavam ativas no território da congregação. Queriam formar um grupo de milícias com os residentes ali, a fim de combaterem os subversivos. Numa reunião com representantes do governo, deu-se aos irmãos oportunidade de explicarem por que não se juntavam aos subversivos nem ao grupo das milícias do governo. Embora alguns residentes locais fossem contra a nossa posição, porta-vozes do governo nos respeitaram.”

Wilfredo conta o que aconteceu em seguida: “Um irmão, voltando à sua chácara depois da reunião, encontrou um grupo de homens fortemente armados, tendo com eles dois prisioneiros de olhos vendados. Perguntaram-lhe se ele havia assistido à reunião do governo, e ele respondeu verazmente que sim. Os homens armados queriam saber se ele se unira às milícias, o que ele não tinha feito, e explicou sua posição de neutralidade. De modo que lhe foi permitido prosseguir seu caminho para casa. Alguns minutos mais tarde, ele ouviu dois tiros e deduziu que os dois prisioneiros de olhos vendados haviam sido executados.”

Na década de 70 e em princípios dos anos 80, a lei nas Filipinas tornou compulsório o voto a todos os cidadãos. Os violadores eram presos. Isso deu aos servos de Jeová a oportunidade de demonstrarem sua lealdade a Deus. Como seus irmãos cristãos em todo o mundo, os servos de Jeová nas Filipinas têm mantido a sua posição de neutralidade na política, continuando a ‘não fazer parte do mundo’. — João 17:16.

Depois de uma mudança no governo em 1986, a constituição do país foi revisada, retirando-se a exigência do voto. Isto facilitou as coisas para os irmãos. Mas houve outras provações enfrentadas por muitos, especialmente pelos em idade escolar.

‘Não aprendem mais a guerra’

Irene Garcia cresceu em Luzon central, na província de Pampanga. Ela enfrentou um problema que ainda é uma provação para muitos jovens. Exige-se dar treinamento militar aos que cursam o ensino médio. Estudantes que são Testemunhas de Jeová, porém, têm decidido individualmente que não podem participar de um programa que ensina métodos para guerra. Primeiro, Irene orou a Jeová pedindo-lhe ajuda. Depois, tendo em mente os três jovens hebreus fiéis dos dias do profeta Daniel, dirigiu-se ao comandante de treinamento do exército e solicitou ser dispensada do treinamento. (Dan., cap. 3) Embora ele não entendesse plenamente a posição dela, expressou seu apreço pela explicação que ela deu. Entretanto, avisou-a de que tiraria nota baixa por não participar no treinamento. Irene respondeu: “Está bem. Procurarei esforçar-me ao máximo nas outras matérias.” Recebeu serviço alternativo, em lugar de treinamento para o exército. Ela disse: “Com isso outros jovens Testemunhas que solicitaram ser dispensados não tiveram problema, e eu até mesmo me formei classificada entre os dez melhores alunos.”

Nem todos os comandantes de treinamento do exército têm concedido dispensas. Certos deles dificultaram para alguns estudantes a conclusão do curso. Mesmo assim, o fato de aderirem aos princípios de Jeová ensinou a milhares de jovens uma lição importante: tomar posição firme do lado do Reino de Jeová, mantendo a neutralidade nas questões deste mundo, traz a proteção e a bênção de Jeová. — Pro. 29:25.

Aumento no número de congressos

Agora voltemos a nossa atenção para as reuniões espirituais dos servos de Jeová. Elas sempre são ocasiões alegres. Visto que havia poucas Testemunhas de Jeová no país antes da Segunda Guerra Mundial, só houve reuniões grandes depois da guerra. Contudo, mesmo antes disto faziam-se esforços para fortalecer os irmãos neste sentido. Com efeito, o Anuário de 1941 relatou sobre um congresso realizado em Manila, em março de 1940.

Sem dúvida se lembra de que Joseph dos Santos foi preso pelos japoneses. Ele foi por fim solto pelas forças americanas em princípios de 1945. Ele se interessava profundamente no bem-estar espiritual dos irmãos, muitos dos quais eram novos na organização. Tomaram-se providências para ajudá-los a saber ensinar com eficácia as verdades bíblicas a outros por meio de estudos bíblicos domiciliares. A assembléia nacional realizada em Lingayen, Pangasinan, em fins de 1945, serviu para isso. Cerca de 4.000 compareceram, indicando muito interesse naquele tempo. Que ocasião alegre agora que havia terminado a guerra!

Daí em diante, aumentava continuamente a assistência aos congressos à medida que crescia o número de publicadores. Uns 17 anos mais tarde, aqueles 4.000 se tornaram 39.652. A partir de então os congressos eram realizados não apenas num local, mas em sete. Depois de decorrerem mais 15 anos (1977), a assistência aos congressos de distrito passou de 100.000. Nessa época, 20 congressos eram realizados em todo o país. Oito anos depois, a assistência ultrapassou 200.000 e em 1997 os que assistiam a congressos de distrito eram mais de 300.000. Para o ano 2002, foi possível programar 63 congressos, o maior número até então. A viagem nas ilhas pode ser um desafio e às vezes dispendiosa. Realizar congressos em diversos locais encurta as distâncias, o que facilita assistir a tais congressos. Em resultado disso, mais pessoas são beneficiadas com esses banquetes espirituais.

Jeová recompensa os esforços para estar presente

Não tem sido fácil assistir a assembléias e a congressos. Em 1947, na região norte do país, os irmãos viajaram descendo o rio Abra em duas balsas para assistir a uma assembléia de circuito em Vigan, no litoral. Ao chegarem à foz do rio, desmancharam as balsas e venderam a madeira para poderem comprar passagens de ônibus que os levariam de volta para casa nas montanhas depois da assembléia. Eles trouxeram consigo grandes sacos de arroz, feixes de lenha, esteiras para dormir, muitos filhos e seus cordiais sorrisos que se tornavam cada vez mais largos à medida que a assembléia se desenrolava. Com arroz, lenha, um velho braseiro e uma esteira para dormir, cuidaram de todas as suas necessidades materiais.

Em 1983, um grupo da Congregação Caburan, na província meridional de Davao del Sur, nas Filipinas, caminhou durante três dias por regiões montanhosas para chegar a um terminal de lancha a motor. Daí viajaram numa lancha por mais um dia até a cidade do congresso. Sentiram que a alegre associação com outros no Congresso de Distrito “Unidade do Reino” valeu o esforço e a despesa.

Em 1989, uma família com dois filhos, de dois e quatro anos de idade, andou cerca de 70 quilômetros da cidade de El Nido, em Palawan, para assistir a uma assembléia de circuito. Caminharam dois dias através da selva, onde havia poucas trilhas com indicações. Enquanto iam andando, tinham de arrancar sanguessugas do corpo. Para piorar as coisas, choveu sem parar durante aqueles dois dias. Tiveram de atravessar muitos córregos e rios sem pontes. Apesar dessas dificuldades, a família chegou em segurança. Como apreciaram a associação ali com os irmãos!

Em outras regiões, os recursos financeiros limitados tornam difícil às famílias ter suficiente dinheiro para assistir a congressos. Ramon Rodriguez enfrentou esse problema em 1984. Ele mora com a família na ilha Polillo, ao largo da costa oriental de Luzon. Ramon é pescador. Faltava só uma semana para o congresso, e sua família de sete membros tinha dinheiro suficiente apenas para um deles assistir ao congresso. Oraram a Jeová sobre isso, em seguida Ramon e seu filho de 12 anos saíram para pescar. Remaram até o alto-mar e lançaram suas redes, mas sem êxito. Depois de certo tempo, o filho insistiu que retornassem para mais perto de casa e tentassem ali. Tentaram mais uma vez. Ramon diz: “Não esperávamos aquilo, mas, quando puxamos as redes cheias de peixes, havia tantos que encheram o barco.” Eles apanharam mais de 500 quilos de peixes! Com a venda dos peixes, tinham dinheiro mais que suficiente para a inteira família Rodriguez assistir ao congresso.

Na noite seguinte, outros irmãos que desejavam assistir ao congresso baixaram suas redes no mesmo local e apanharam mais 100 quilos de peixes. Ramon diz mais: “Pescadores que não eram Testemunhas foram lá e baixaram suas redes na mesma ocasião, mas ficaram surpresos, porque não apanharam nem sequer um peixe. Eles comentaram: ‘O Deus deles os abençoou, porque iam assistir ao congresso.’” Repetidamente, famílias filipinas, Testemunhas de Jeová, têm notado que, quando as coisas espirituais são colocadas em primeiro lugar na vida e a pessoa age em harmonia com as orações que faz, isto traz alegria e a bênção de Jeová.

Notáveis congressos

Os servos de Jeová em todo o mundo se lembram com carinho dos congressos passados. Os irmãos nas Filipinas também. Embora todos os congressos sejam apreciados, alguns têm significado especial e deixam uma profunda impressão no coração e na mente. Às vezes, são ajuntamentos internacionais ou, talvez, congressos onde missionários retornam a seu país de origem e contam suas experiências aos reunidos ali.

Conforme já mencionado, há muitos irmãos e irmãs das Filipinas que servem como missionários em outras nações asiáticas e outras ilhas. Em diversas ocasiões, Testemunhas de Jeová em todo o mundo têm contribuído fundos para ajudar os missionários a retornar a seu país natal e assistir a congressos ali. Os missionários filipinos também se beneficiaram dessa bondosa provisão. Em 1983, 1988, 1993 e 1998, muitos foram ajudados a retornar às Filipinas para usufruir os congressos e a associação com a família e com amigos. Os relatórios de 1988 mostram que 54 missionários que serviam em 12 países retornaram para assistir aos congressos nas Filipinas. Naquela época, esses 54 missionários tinham em média 24 anos de serviço de tempo integral. Todos apreciaram plenamente suas expressões e experiências relatadas durante o programa.

Outros se lembram de congressos por causa de eventos ocorridos na ocasião e a determinação dos irmãos em prosseguir, não obstante as inconveniências. Por exemplo, pouco antes do Congresso de Distrito “Paz Divina”, de 1986, em Surigao, Mindanau, a cidade foi atingida por um tufão com ventos de 150 quilômetros por hora. O teto do estádio ficou seriamente danificado. Toda a energia elétrica da cidade ficou cortada e não voltou senão depois do congresso. Foi preciso ir buscar água a seis quilômetros de distância. Isso não impediu as Testemunhas de Jeová de se reunirem. Os irmãos salvaram o que restou da tribuna e a montaram num ginásio ao lado do estádio. Alugaram um gerador de energia para diversas lâmpadas, para o sistema de som e para o frigorífico do serviço de alimentação. Embora fossem esperados 5.000 na assistência, um auge de 9.932 tirou proveito do congresso! Estes certamente não eram cristãos apenas nos bons momentos.

Os congressos internacionais têm sido especialmente memoráveis. O Corpo Governante programou congressos internacionais em Manila tanto em 1991 como em 1993. Os congressistas causaram um grande impacto na cidade. Que maravilhoso intercâmbio de encorajamento isso foi para os irmãos nas Filipinas, a maioria dos quais não tem meios para viajar e visitar outros países! (Rom. 1:12) Os congressistas estrangeiros ficaram impressionados com a calorosa e amistosa hospitalidade que lhes foi demonstrada pelos seus irmãos filipinos. Um casal dos Estados Unidos escreveu: “Expressamos nossos agradecimentos especiais pela sua calorosa recepção. Receberam a todos nós de braços abertos e nos abraçaram com tanto amor!”

Em 1993, estádios em três locais em Manila foram usados e, sempre que um membro do Corpo Governante proferia discurso, os três locais eram ligados por telefone. Como estavam radiantes os congressistas quando foi lançada a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs no idioma tagalo! Uma jovem irmã disse: “Fiquei muito contente. Eu aguardava o tempo em que teríamos a Tradução do Novo Mundo em tagalo. Que surpresa foi recebê-la!”

Em 1998, a situação se inverteu. Pela primeira vez desde 1958, os filipinos foram convidados a enviar congressistas a outros países. Assim, 107 foram até a costa ocidental dos Estados Unidos para assistir a um congresso ali. Em setembro, outros 35 tiveram o privilégio de assistir a um congresso internacional na Coréia. Esses congressos têm desempenhado realmente um papel importante na educação e unificação dos servos de Jeová e em ajudar todos a fazer de Jeová o seu baluarte.

Voltemos agora nossa atenção para o trabalho no campo. Como isso tem sido realizado num país com tantos idiomas?

A apresentação das boas novas em muitas línguas

Conforme já mencionado, em geral é mais fácil as pessoas aprenderem a verdade em sua língua nativa. Isto representa um desafio nas Filipinas, por causa das muitas línguas faladas aqui. Entretanto, as Testemunhas de Jeová têm-se empenhado em satisfazer as necessidades das pessoas dando-lhes testemunho na sua própria língua e preparando publicações bíblicas numa variedade de idiomas.

Geralmente, o testemunho a certo grupo que fala outra língua pode ser dado pelos que já falam essa língua. Em alguns casos, onde poucas Testemunhas conhecem o idioma, zelosos publicadores e pioneiros têm procurado aprender o idioma. Deste modo, eles têm imitado o apóstolo Paulo, que se tornou “todas as coisas para pessoas de toda sorte”. — 1 Cor. 9:22.

Embora as Filipinas sejam o quarto país mais populoso do mundo cuja língua oficial é o inglês, este não é o idioma nativo da maioria de seus habitantes. Nem todos sabem ler bem inglês, de modo que há necessidade de publicações em diversas línguas das Filipinas. No decorrer dos anos, as Testemunhas de Jeová têm traduzido publicações bíblicas em pelo menos 17 desses idiomas. Em algumas línguas existe apenas uma ou duas brochuras — como em tausug, língua dos povos islâmicos no sul, ou em ibanag, falado por um pequeno grupo étnico perto do extremo norte do país. Na maioria dos casos, as pessoas entendem e estão acostumadas com uma ou outra das sete línguas principais do país. A Sentinela é traduzida e impressa nesses idiomas. De modo que os programas espirituais nos Salões do Reino ou nas assembléias e congressos são principalmente nesses idiomas.

Em anos recentes, o governo tem incentivado usar o idioma pilipino, que é essencialmente o mesmo que o tagalo. Ao longo de uma geração, os efeitos disso têm sido observáveis. Tem havido um grande aumento no uso do pilipino na linguagem falada e na impressa, ao passo que o uso de outras línguas tem continuado estável ou até mesmo diminuído. Isso se reflete na quantidade de exemplares impressos da revista A Sentinela. Em 1980, a circulação total em tagalo por edição era de 29.667. No ano 2000, esse número quadruplicou, atingindo 125.100 por edição. Durante o mesmo período, houve uma mínima mudança na edição em inglês e apenas um pequeno aumento em outras línguas das Filipinas.

A família de Betel apóia o trabalho no campo

Uns 380 ministros de tempo integral servem na congênere das Testemunhas de Jeová na Cidade de Quezon, parte de uma cidade conglomerada chamada Metro Manila. Uma equipe de 69 pessoas trabalha na tradução e revisão de publicações no vernáculo. Parte dessa equipe terminou recentemente de traduzir as Escrituras Hebraicas da Tradução do Novo Mundo em três línguas: cebuano, ilocano e tagalo. Desde o lançamento das Escrituras Gregas dessa Bíblia em 1993, os irmãos aguardavam a Tradução do Novo Mundo completa. Como vibraram ao receberem a edição em tagalo como lançamento nos congressos de distrito no fim do ano 2000! As edições em cebuano e em ilocano vieram em seguida. Centenas de milhares de pessoas no campo podem agora beneficiar-se dessa tradução clara, exata e coerente das Escrituras Sagradas.

Os membros da família de Betel das Filipinas são de uma variedade de formações e falam 28 línguas e dialetos. Assim, muitos estão bem habilitados para traduzir publicações baseadas na Bíblia. Entretanto, a tradução é apenas parte do trabalho feito em Betel.

Os voluntários de Betel realizam diversas tarefas em apoio do trabalho todo-importante de pregação no campo. Alguns irmãos imprimem revistas e outras publicações. Os voluntários fazem também a entrega destas em diversos lugares em Luzon. Muitos realizam tarefas de suporte no próprio Lar de Betel, como manutenção de equipamentos, cozinhar e fazer serviços de limpeza. Outros são designados para o Departamento de Serviço, onde recebem e enviam correspondência em muitas línguas para ajudar as congregações, os superintendentes viajantes e os servos de tempo integral no campo. Pode-se imaginar quanta correspondência chega de umas 3.500 congregações em todo o arquipélago.

Desde o tempo em que a congênere foi estabelecida em 1934 até meados dos anos 70, as atividades na congênere ficaram sob a supervisão de um servo ou superintendente de filial. Depois de Joseph dos Santos ter retornado ao Havaí, um missionário do Canadá, Earl Stewart, assumiu essa responsabilidade por uns 13 anos. Dois outros irmãos serviram por períodos curtos depois disso. Daí, em 1966, Denton Hopkinson, que havia chegado em 1954, foi designado superintendente de filial. Ele serviu bem nesse cargo por cerca de dez anos até que a organização de Jeová achou bom implantar mundialmente um novo sistema de supervisão das congêneres.

Em harmonia com a orientação dada às congêneres em todo o mundo, em fevereiro de 1976 a supervisão foi transferida de apenas um homem para uma Comissão de Filial. Esse grupo de homens qualificados, que servem sob a orientação do Corpo Governante, teria a responsabilidade de tomar decisões relacionadas com o trabalho no campo e no escritório da congênere. No início, a Comissão de Filial nas Filipinas era composta de cinco membros. Mais tarde, visto que a maioria dos primeiros membros da comissão era composta de missionários estrangeiros, julgou-se sábio aumentar o número de irmãos filipinos. Portanto, por algum tempo, a comissão passou a ter sete membros.

As vantagens desse sistema de Comissão de Filial foram logo notadas. Denton Hopkinson, que serve agora como coordenador da Comissão de Filial, faz a seguinte observação: “Olhando para trás, pode-se ver que foi uma mudança sábia e oportuna. Com a quantidade de trabalho e o tamanho da organização, uma só pessoa não conseguiria administrar todas as coisas. O peso da responsabilidade está agora distribuído de forma mais equilibrada.”

Provérbios 15:22 diz: “Na multidão de conselheiros há consecução.” Consultar outros resulta numa valiosa fonte de sabedoria. A Comissão de Filial das Filipinas aplica esse princípio. Desde que o irmão Hopkinson foi designado superintendente da congênere, cresceu em dez vezes o número dos que trabalham em Betel, e aumentou também o trabalho. A Comissão de Filial é composta atualmente de cinco servos de Jeová de longa data. Cada um tem em média mais de 50 anos de serviço de tempo integral. A experiência deles em conjunto tem certamente sido útil à medida que a obra em todas as ilhas progride vigorosamente sob a orientação de Jeová. A Comissão de Filial e todos na família de Betel consideram que é um grande privilégio apoiar esta obra.

Levar a verdade a “toda sorte de homens”

A realização da obra de pregação está realmente em harmonia com a vontade de Deus de que “toda sorte de homens sejam salvos e venham a ter um conhecimento exato da verdade”. (1 Tim. 2:4) Que “sorte” de pessoas têm sido ajudadas pelos zelosos pregadores em todo o país das Filipinas?

Marlon era o tipo de pessoa que sempre se metia em dificuldades. Era conhecido em seu vilarejo como homem de muitos vícios: fumar, embriagar-se, usar drogas e andar com más companhias. Com a chegada das Testemunhas de Jeová, a mãe de Marlon se interessou pela mensagem do Reino. Os pioneiros caminhavam por estradas poeirentas e lamacentas para dirigir estudo com ela. No começo, Marlon não mostrou interesse em participar do estudo, só passava por perto de vez em quando. Entretanto, os irmãos que dirigiam o estudo com a mãe dele demonstravam interesse nele. Com o tempo, não só começou a estudar, mas cortou os cabelos compridos, que iam até a cintura, para assistir à sua primeira reunião no Salão do Reino. Ele fez rápido progresso e as pessoas ficaram surpresas com as grandes mudanças no seu estilo de vida. Marlon agora é pioneiro de tempo integral e transmite a verdade a outros. O que o motivou a aceitar a verdade? Ele disse que a perseverança dos pioneiros que estudavam com sua mãe foi o que o convenceu de que eles estavam com a verdade.

Alguns talvez não pareçam ser o tipo de pessoas inclinadas a aceitar a verdade. Entretanto, os proclamadores das boas novas não julgam antecipadamente as pessoas, mas lhes dão oportunidade de ouvir. Na pequena ilha de Marinduque, uma pioneira especial deu testemunho numa casa. Ao terminar, ela perguntou se havia mais gente morando ali. O morador respondeu que alguém morava no andar de cima, mas acrescentou: “Não se preocupe em ir lá, pois ele é violento e se enfurece facilmente.” Mas a pioneira achou que aquele homem devia receber a oportunidade de ouvir a mensagem do Reino. Ao ir até à porta dele, a pioneira notou que o homem parecia estar esperando por ela. Com sorriso, ela ofereceu um estudo bíblico domiciliar gratuito. Ficou surpresa de que aquele homem, Carlos, parecia contente com a oferta. Iniciou-se um estudo bíblico com ele e a esposa.

Na segunda visita que a pioneira fez, Carlos contou que ele e a esposa tinham sérios problemas e que até haviam tentado suicídio. Quando a pioneira falou com alguém no andar térreo, na primeira visita, Carlos ficou com o ouvido colado no chão para escutar e ouviu o morador desencorajar a pioneira de ir até o andar de cima. Ao ouvir isso, ele havia orado para que a pioneira desconsiderasse o conselho e subisse assim mesmo, porque talvez aquela fosse a resposta ao seu pedido de paz de espírito. O estudo da Bíblia lhes deu paz de espírito. Os dois foram batizados na mesma ocasião e a esposa de Carlos agora é pioneira regular.

Outro homem, chamado Victor, tinha ouvido falar sobre os ensinamentos tanto do budismo como do catolicismo. Ele pensava consigo mesmo por que há tantas religiões no mundo. Começou a procurar a verdade. Depois de examinar o islamismo, o hinduísmo, o xintoísmo, o confucionismo, a teoria da evolução e outras filosofias, viu que nada disso o satisfazia. Na sua busca, descobriu que só a Bíblia continha profecias exatas. Assim, concentrou sua pesquisa na Bíblia. Examinando as Escrituras, ele e a namorada, Maribel, chegaram por si mesmos à conclusão de que a Trindade, o inferno de fogo e o purgatório são ensinamentos falsos. Mas parecia que ainda lhes faltava algo.

Algum tempo depois de Victor e Maribel se casarem, Victor falou com uma Testemunha de Jeová e ficou sabendo que é preciso usar o nome de Deus. Verificando isso em sua Bíblia, começou imediatamente a usar o nome de Jeová em suas orações. Passou logo a assistir às reuniões no Salão do Reino e fez rápido progresso espiritual. Ele e Maribel foram batizados em maio de 1989, e Victor serve agora como superintendente viajante, edificando congregações.

Pessoas em todo tipo de situações têm sido ajudadas por pioneiros. Primitiva Lacasandile, uma pioneira especial na parte sul de Luzon, iniciou um estudo bíblico com um casal num vilarejo. O casal tinha dois filhos. Em sentido financeiro, eles eram pobres. Certa vez, quando Primitiva chegou à casa deles para o estudo bíblico, ficou chocada de ver a criança mais velha pendurada na casa, dentro de um saco, chorando. Primitiva conta: “A mãe, empunhando uma faca, estava prestes a matar a criança. Eu a impedi e perguntei por que ia fazer isso. A mãe explicou que era por causa da difícil situação financeira deles.” Primitiva lhes deu conselhos bíblicos sobre seu problema, o que resultou em salvar a vida da criança. Eles continuaram a estudar a Bíblia e começaram a assistir às reuniões, embora tivessem de caminhar oito quilômetros para chegar ao local de reuniões. O casal progrediu, foi batizado e hoje o marido é ancião na congregação. Primitiva diz: “A criança que quase foi morta está agora no serviço de pioneiro regular. Realmente, a obra que Jeová comissionou a seus servos salva vidas agora e no futuro.”

Servir onde a necessidade é maior

Em muitas regiões ainda existem poucos proclamadores do Reino. Pioneiros e publicadores se dispuseram a ir a esses lugares. Pascual e Maria Tatoy serviam como pioneiros regulares. Eles se propuseram a ir com Angelito Balboa, um pioneiro especial, para ajudar a trabalhar no território da ilha Coron, do lado ocidental das Filipinas. Para se manterem, Pascual trabalhava em pescaria junto com outro irmão e Maria fazia bolinhos de arroz para vender.

Quando o superintendente de circuito os visitou, ele mencionou a necessidade numa outra ilha, em Culion. Esse lugar tinha uma colônia de leprosos, e havia apenas quatro publicadores na região. Ele convidou o casal Tatoy a se mudar para lá. Pascual e Maria aceitaram o convite e Jeová abençoou seus esforços. Os quatro publicadores em Culion são agora duas congregações.

Em meados dos anos 70, houve grande número de refugiados do Vietnã em embarcações. Muitos foram parar nas Filipinas. Durante uns 20 anos, existiam campos de refugiados. Um grande campo se localizava na ilha Palawan. Alguns irmãos filipinos se dispuseram a levar a verdade a essas pessoas. Um irmão que falava vietnamita veio dos Estados Unidos para ajudar. Algumas pessoas nesses campos aceitaram a verdade. Outras chegaram a conhecer o nome de Jeová e as Testemunhas de Jeová antes de se mudarem para outros lugares.

Pioneiros especiais estão servindo em muitas das regiões remotas das Filipinas. Às vezes, levam consigo publicadores e pioneiros ao trabalharem em lugares distantes. Sobre o trabalho na província montanhosa de Ifugao, Norma Balmaceda conta o seguinte: “Geralmente, viajamos nas segundas-feiras, levando nossas pastas de serviço de campo cheias de publicações, nossas roupas e nossos alimentos — o suficiente para até sábado de manhã, porque de tarde retornamos para as nossas reuniões congregacionais.”

Algumas congregações programam viagens de pregação, principalmente quando o tempo está bom. Chegam a passar diversos dias ou uma semana em territórios nas zonas rurais. Nicanor Evangelista, que serve agora em Betel, recorda-se de ter feito esse trabalho. Ele diz: “Nas zonas rurais, é costume filipino as pessoas, quando estão interessadas, dizerem: ‘Podem dormir aqui conosco. Podem preparar sua comida aqui.’ Às vezes, os pioneiros estudavam a Bíblia com os interessados até tarde da noite, visto que iam dormir ali.”

Aetas aprendem a verdade

Nos seus esforços de dar testemunho a toda sorte de pessoas, os servos de Jeová têm feito alguns contatos com os aetas, ou negritos, como são também chamados. Os aetas são considerados os primeiros habitantes das Filipinas. São relativamente poucos e nem sempre é fácil entrar em contato com eles. Isto se dá porque muitos levam uma vida nômade nas florestas das montanhas, caçando e procurando frutas e vegetais silvestres. Eles têm certas semelhanças com os pigmeus africanos, tendo menos de um metro e cinqüenta centímetros de altura, pele escura e cabelos crespos. Alguns estão integrados na sociedade em geral, outros fixaram residências mais permanentes perto de áreas povoadas. Muitos viviam nas montanhas, perto do monte Pinatubo, mas foram deslocados quando ocorreu a enorme erupção vulcânica.

Outro grupo de negritos vive na ilha Panay, região central das Filipinas. Lodibico Eno e sua família são aetas dessa região. Lodibico fez muitas mudanças na vida aplicando princípios bíblicos. Ele relata: “Antes, eu tinha muitos vícios: mastigava noz de bétele, fumava, bebia e jogava. Eu era muito violento também. Nossa vida familiar era infeliz. Se eu não tivesse abandonado esses vícios, provavelmente já teria perdido a vida. Agora estou fisicamente limpo. Meus dentes, que eram avermelhados, tornaram-se brancos. Sou ancião na congregação. Todas estas bênçãos recebi de Jeová Deus.” Assim como essa família aeta, pessoas de pequenas tribos também usufruem a liberdade que resulta de seguir o caminho de Jeová. — João 8:32.

Liberdade para os que não estão livres

Outra espécie de pessoas ajudadas é a que está em prisões. Desde os anos 50, as Testemunhas de Jeová vêm fazendo empenhos especiais para visitar os que estão atrás das grades. Um grande número foi assim ajudado a aceitar o caminho da verdade.

Sofronio Haincadto, quando jovem, envolveu-se em rebelião contra o governo. Ele foi detido e sentenciado a seis anos de prisão. Quando estava na prisão de Nova Bilibid, em Luzon, notou que um detento não assistia aos cultos religiosos permitidos aos presos. Ele ficou sabendo que aquele homem se tornara Testemunha de Jeová. Isso resultou em conversas quase todo dia sobre a Bíblia. Sofronio relata: “Convenci-me de que aquilo pelo qual eu tinha lutado não podia realmente mudar a sociedade e torná-la melhor.” Ele aprendeu que somente o Reino de Deus pode trazer as mudanças desejadas. Com a ajuda de irmãos de uma congregação vizinha, Sofronio fez progresso espiritual e foi batizado num poço da prisão, usado para regar plantas.

Depois de cumprir sua sentença na prisão, Sofronio tornou-se pioneiro regular e, mais tarde, pioneiro especial. Durante seu serviço de tempo integral, Sofronio conseguiu ajudar 15 pessoas a aceitar o caminho da verdade. Depois de se casar, tornou-se pai de seis filhos. Três deles estão no serviço de tempo integral, um deles como superintendente de circuito. Em 1995, dois de seus filhos cursaram a Escola de Treinamento Ministerial. A verdade trouxe real liberdade a Sofronio, a sua família e a outros que ele ajudou.

Pioneiros especiais têm pregado a detentos na colônia penal de Iwahig, em Palawan, e até mesmo se permitiu que construíssem um pequeno Salão do Reino no próprio terreno da prisão. Um detento que havia sido condenado por incêndio criminoso, roubo e vários homicídios começou a estudar. Quando foi ajudado a pôr em prática o que aprendeu no livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, que mudanças isso fez em sua vida!

Depois de mais de 23 anos de encarceramento, esse homem recebeu a notificação de que logo seria solto. Ele expressou seu desejo de estar novamente com os membros de sua família depois de tanto tempo. Mas sua família estava tão envergonhada e com tanto medo dele que mandou dizer: “Por favor, não volte.” Eles não sabiam das enormes mudanças que a Palavra de Deus havia causado em sua vida. Qual não foi a surpresa deles quando esse sereno e pacífico cristão retornou à sua cidade natal!

A maior prisão nacional feminina localiza-se em Mandaluyong, na Metro Manila. Por muitos anos, concedeu-se às Testemunhas de Jeová apenas acesso limitado às suas dependências. Entretanto, isso mudou quando uma mulher que já vinha estudando a Bíblia foi transferida para essa prisão. As autoridades disseram que ela devia unir-se a um dos outros grupos religiosos ali, mas ela insistiu que não podia, explicando que desejava adorar só em associação com as Testemunhas de Jeová. As autoridades concordaram e permitiram às Testemunhas visitar a prisão semanalmente. Diversas mulheres foram batizadas desde então e uma congregação vizinha dirige regularmente o Estudo de A Sentinela e algumas outras reuniões em benefício das detentas interessadas.

A mensagem da verdade trouxe liberdade excepcional a alguns atrás das grades. A vida deles também é preciosa para Jeová, e seus servos se alegram de participar em ajudar essas pessoas.

Servos de longa data prosseguem

Um provérbio bíblico diz: “As cãs são uma coroa de beleza quando se acham no caminho da justiça.” (Pro. 16:31) Sim, quão belo é ver os que têm feito da alegria de Jeová seu baluarte já por muitos anos!

Antes da Segunda Guerra Mundial, a organização teocrática era pequena nas Filipinas. Bem poucos estão no serviço desde aquele tempo. Assim, é muito animador conhecer Leodegario Barlaan. Ele está no serviço de tempo integral desde 1938. Durante a guerra, ele e seus companheiros foram maltratados pelos japoneses, mas perseveraram em pregar. Depois da guerra, ele continuou no serviço de tempo integral com a esposa, Natividad, e com o tempo foram convidados para o serviço de viajante. Mais tarde, serviram como pioneiros especiais enfermos na província de Pangasinan. Natividad morreu no ano 2000, mas Leodegario continua nessa designação. Todos se sentem encorajados pela sua determinação de fazer o que ele sempre fez: o serviço de pregação.

A atividade das Testemunhas de Jeová cresceu rapidamente depois da Segunda Guerra Mundial. Muitos que aprenderam a verdade naquele tempo continuam ativos até agora. Por exemplo, durante a guerra, Pacifico Pantas leu publicações bíblicas pertencentes a seus vizinhos que eram Testemunhas de Jeová. Ele diz: “Comecei a assistir às reuniões. Depois, preenchi uma petição para o serviço de pioneiro geral [agora se diz regular], mas eu ainda não havia sido batizado. Pediram que me batizasse, e foi o que fiz.” Isso foi em 1946. No seu serviço de pioneiro, Pacifico foi a diversas partes do país. Usufruiu também outros privilégios. Ele conta: “Fui convidado a cursar a 16.ª turma da Escola de Gileade e pude assistir à assembléia internacional de 1950 na cidade de Nova York. Depois da formatura, servi como superintendente de circuito nos Estados de Minnesota e Dakota do Norte, EUA, e depois retornei às Filipinas para servir como superintendente de distrito no país, nas regiões ao sul do rio Pasig e em toda a região de Manila até Mindanau.”

Nos anos que se seguiram, o irmão Pantas recebeu uma variedade de designações em Betel e como superintendente viajante. Depois, em 1963, Pacifico se casou. Nasceram filhos, de modo que precisou fixar residência para criá-los. Ele e a esposa continuaram a servir a Jeová em família. Os três filhos cresceram e se tornaram louvadores de Jeová. Os três servem atualmente como anciãos. Um deles se formou na Escola de Treinamento Ministerial e outro serve em Betel. Mesmo com idade avançada, o irmão Pantas continua sendo uma força positiva na congregação.

Salões apresentáveis para a adoração de Jeová

Foi só recentemente que os servos de Jeová nas Filipinas passaram a ter Salões do Reino como locais de adoração. Por muitos anos, a vasta maioria se reunia nos lares dos irmãos. Naturalmente, mesmo no primeiro século os cristãos usavam lares para reuniões. (Rom. 16:5) Entretanto, à medida que as congregações foram crescendo nos tempos atuais, tornou-se desejável haver locais para acomodar confortavelmente mais pessoas.

David Ledbetter disse: “Para muitos, foi extremamente difícil, por falta de recursos financeiros. Mesmo na Metro Manila, uma cidade grande, só tínhamos um Salão do Reino construído em terreno próprio da congregação. Em todos os outros lugares onde havia um Salão do Reino, a congregação possuía o prédio, mas não o terreno.” Os salários dos irmãos eram tão baixos que as congregações não tinham meios para comprar um terreno.

Assim, os irmãos usavam qualquer lugar temporário que pudessem encontrar. Todo espaço de que dispunham, de bom grado compartilhavam. Por exemplo, Denton Hopkinson lembra-se de Santos Capistrano, um irmão em Manila que cedeu o andar de cima de sua casa para servir como Salão do Reino por uns 40 anos. O irmão Hopkinson diz: “Após a morte da esposa de Capistrano, os filhos passaram a morar no térreo. O Salão do Reino era no andar de cima, e ele só tinha um pequeno espaço como quarto e um lado deste era a cozinha. O Salão do Reino ocupava a maior parte do andar de cima. Seria de pensar que isso lhe fosse inconveniente, mas ele se sentia feliz assim. Os irmãos tinham esse espírito.”

Por fim, tornou-se possível construir Salões do Reino em terrenos próprios das congregações. Houve valorização da moeda e, nos anos 80, um aumento modesto dos salários, possibilitando assim tomar dinheiro emprestado. Em resultado disso, algumas congregações solicitaram empréstimos.

Depois, uma iniciativa bondosa por parte do Corpo Governante fez uma grande diferença. Foram feitos anúncios nos Estados Unidos e no Canadá a respeito de um Fundo para Salões do Reino e, não muito tempo depois, as Filipinas foram beneficiadas com dinheiro contribuído para o fim específico de construção de Salões do Reino. Essa provisão segue o princípio de que “haja reciprocidade”, tornando possível conseguir empréstimos. (2 Cor. 8:14, 15) Tudo começou aos poucos, mas, quando se notou que em outros lugares esse meio era muito eficaz, cada vez mais irmãos se animaram a também se esforçar em ter seu Salão do Reino próprio.

Que grande diferença isso fez! Sobre empréstimos para Salões do Reino, o escritório da congênere relata: “Ao todo, houve mais de 1.200 projetos de construção de Salões do Reino. Isso causou certamente um impacto em todo o país.” Embora no início grande parte dos fundos tenha vindo de outros países, por fim os irmãos filipinos conseguiram financiar seu próprio programa de construção. A respeito disso, o escritório da congênere declara: “Já por diversos anos, todo o financiamento para construção de Salões do Reino é proveniente de restituições de empréstimos e de contribuições feitas pelos irmãos nas Filipinas. Isto mostra que, mesmo em regiões de depressão econômica, os resultados podem ser muito bons quando o dinheiro é colocado num fundo comum para um fim específico.”

Grande número de congregações agora tem Salão do Reino próprio. Há cerca de 3.500 congregações no país, e algumas ainda precisam ter seu próprio local de reuniões. Umas 500 dessas congregações, porém, são compostas de menos de 15 publicadores e não têm meios de conseguir empréstimos para Salões do Reino. Portanto, recentemente, tem-se incentivado juntar congregações para tornar mais viável terem um Salão do Reino próprio.

Ajustes sobre pontos de vista a respeito dos horários das reuniões

Algumas congregações, com ou sem salão próprio, estão situadas em lugares distantes. Os irmãos têm de caminhar duas, quatro ou mais horas em terreno acidentado para chegar ao local de reuniões. Devido a isso, há regiões onde não é prático reunir-se mais de uma vez por semana num ponto central de reuniões. Por isso, muitas dessas congregações realizavam todas as suas reuniões num só dia, exceto o Estudo de Livro de Congregação. Os irmãos vinham preparados para participar de quatro reuniões. Traziam seu alimento. Desse modo, só precisavam percorrer uma vez por semana a longa distância até o local de reuniões, efetuando outras atividades, como o ministério de campo, na área local em outros dias.

Nos anos 80, essa prática começou a se espalhar por congregações não tão remotas e até mesmo por algumas áreas das cidades. Talvez as dificuldades econômicas tenham feito alguns pensar em maneiras de economizar dinheiro. Com menos dias de reuniões, isto significava menos viagens e menos despesas. Outros irmãos se preocupavam muito com a conveniência, usando talvez o tempo nos outros dias para empreendimentos pessoais, como educação ou trabalho secular.

Cada vez mais congregações começaram a realizar quatro reuniões num só dia, e algumas congregações até mesmo realizavam as cinco reuniões num só dia! Isto, porém, indicava que as congregações nas Filipinas se afastavam cada vez mais do modo como as coisas são feitas pela maioria dos servos de Jeová em todo o mundo, que se reúnem em três dias diferentes durante a semana. Os irmãos se haviam tornado um tanto desequilibrados neste respeito. Por ocasião da visita do superintendente zonal em 1991, chamou-se a atenção dele para esse assunto. Ele, por sua vez, consultou o Corpo Governante. A resposta foi: “Não achamos que isso seja uma boa prática, a menos que haja extremas circunstâncias atenuantes.” Esta informação foi transmitida aos irmãos, primeiro nas cidades e depois nas zonas rurais.

Foi indicado que, além de isto se uniformizar com o sistema estabelecido mundialmente para reuniões, as congregações seriam mais beneficiadas em sentido espiritual com reuniões separadas do que tentando comprimir toda a matéria em três horas e meia ou quatro horas. As crianças e os recém-interessados achavam difícil esse tipo de horário. Os anciãos poderiam elaborar discursos de melhor qualidade preparando-se para apenas uma ou duas reuniões, em vez de para muitas.

Qual foi a reação das congregações a esse conselho? A vasta maioria reagiu de modo positivo, fazendo logo os ajustes para reuniões no meio da semana. Agora, com exceção de congregações muito remotas, a maioria das congregações tem um programa espiritual mais equilibrado toda semana.

Salões de Assembléias

Por muitos anos, os circuitos usaram arquibancadas de campos de futebol em escolas, ginásios de esporte, pistas de corrida ou outras dependências públicas para realizar assembléias. Apesar das inconveniências, os irmãos apreciavam essas oportunidades para associação alegre.

Como no caso dos Salões do Reino, não foi fácil conseguir construir Salões de Assembléias. Novamente entraram em cena as dificuldades econômicas. Contudo, diversos circuitos desejavam muito ter seus próprios locais de reunião. Assim, foram construídos Salões de Assembléias bem simples. Eles são em geral usados apenas por um ou dois circuitos, não por um grupo de circuitos como em muitos outros países. Em muitos casos, o terreno foi doado ou comprado por um preço razoável, especialmente nas zonas rurais. Os irmãos formavam então um fundo comum de contribuições e construíam uma estrutura simples — geralmente um salão aberto dos lados, apenas com teto para prover sombra para a assistência, um piso de concreto, um palco elevado e assentos.

Na área da Metro Manila, nem mesmo isso era possível, principalmente em razão dos exorbitantes preços dos terrenos e do custo de uma construção adequada na cidade. As congregações nessa área contribuíram para um fundo com esse objetivo, mas a quantia arrecadada era muito abaixo daquilo que se precisava para adquirir mesmo que fosse apenas o terreno. Nos anos 70 e 80, bem como na maior parte da década de 90, as assembléias na Metro Manila continuaram a ser realizadas em escolas, estádios e lugares similares.

Nesse meio tempo, o número de congregações e de circuitos na região da Metro Manila continuava a crescer, tornando urgente a necessidade de um Salão de Assembléias. Começou-se a procurar um terreno adequado. Foram enviadas cartas às congregações, informando-as do privilégio de apoiarem a construção em sentido financeiro. Em 1992, encontrou-se um terreno de seis hectares perto do distrito de Lagro, na extremidade norte da Metro Manila.

As congregações da Metro Manila apoiaram a construção enviando contribuições e trabalhadores voluntários. Chegaram servos internacionais de vários países para ajudar na obra. Um deles, Ross Pratt, da Nova Zelândia, relata: “Em março de 1997 recebemos autorização de Brooklyn para começar a obra. Foi um grande trabalho de terraplenagem, e 29.000 metros cúbicos de solo foram deslocados para preparar o terreno para as construções. Havia cerca de 50 a 60 trabalhadores permanentes. O Salão de Assembléias foi terminado em novembro de 1998.” Depois, ele foi dedicado. Visto que o salão foi projetado com capacidade para 12.000 pessoas, os congressos de distrito também podem ser realizados ali. Por ser o Salão de Assembléias aberto dos lados, os presentes assistem ao programa num ambiente bem ventilado por brisas tropicais. Dezesseis circuitos na Metro Manila e redondeza usufruem agora regularmente programas espirituais nesse salão.

Propriedade adicional da congênere

Com a multiplicação no número de congregações e circuitos no campo, aumentou a carga de trabalho na congênere. Havia cerca de 60.000 publicadores no campo em 1980. Antes de transcorrer outra década, as Filipinas passaram a estar na lista dos países com mais de 100.000 publicadores. Nesse mesmo período, a família de Betel aumentou de 102 membros para 150. Mas, já em princípios dos anos 80, o espaço na congênere estava ficando pequeno. Havia necessidade de mais acomodações.

O Corpo Governante deu orientações para procurar mais propriedade. Felix Fajardo conta o que aconteceu: “Fomos de casa em casa para saber se havia alguma propriedade à venda perto de Betel. Os proprietários filipinos e chineses nos disseram que a sua propriedade não estava à venda. Certo proprietário disse de modo inflexível: ‘Os chineses não vendem. Nós compramos. Nós nunca vendemos.’” Portanto, naquele tempo, parecia que não havia nada disponível perto dos antigos prédios da congênere.

Procurou-se terreno em outros lugares. Se necessário, a congênere se mudaria para fora da cidade. Vários terrenos foram encontrados nas províncias vizinhas. O Corpo Governante interessou-se em especial num grande terreno perto de San Pedro, em Laguna, que um irmão estava oferecendo por um preço razoável. Autorizou-se a compra. Prosseguiram os planos para a construção de escritórios, um Lar de Betel e uma gráfica nesse terreno. Mas, com o passar do tempo, parecia que mudar-nos para lá não era a vontade de Jeová. Não havia serviço telefônico, a estrada não era boa e havia problemas de segurança na região. Tornou-se evidente que essa propriedade não era o melhor lugar para a congênere. Assim, ela foi transformada numa fazenda para ajudar a suprir as necessidades da família de Betel. Entretanto, isto não solucionou o problema da necessidade de mais espaço para a congênere.

Uma inesperada mudança de acontecimentos parecia indicar a orientação de Jeová. Felix prossegue: “Sem que esperássemos, nosso vizinho mais próximo disse: ‘Vamos vender nossa propriedade de 1.000 metros quadrados. Gostaríamos de vendê-la para vocês.’ De modo que o Corpo Governante nos disse que podíamos comprá-la. Pensamos que esse terreno fosse suficiente, mas, quando enviamos à sede mundial nossas plantas para a construção, disseram-nos: ‘Talvez possam procurar mais terreno. Precisam de um pouco mais.’

“Logo depois disso, um médico e um advogado vieram dizer-nos: ‘Gostaríamos de vender nossa propriedade para vocês.’ Também era um terreno de 1.000 metros quadrados. Em seguida, uma mulher que tinha um terreno por perto, de cerca de um hectare, queria vendê-lo. Ela o vendeu por um preço muito razoável. Pensávamos que agora já tínhamos um terreno de bom tamanho. Mas a sede disse-nos: ‘Procurem mais.’ ”

Daí, veio uma ajuda inesperada. O médico e o advogado que nos haviam vendido sua propriedade falaram com outros vizinhos e os convenceram de nos venderem seus terrenos. Um por um ofereceram sua propriedade à congênere. Depois de quase todos os terrenos terem sido comprados, enviamos mais uma proposta à sede. Novamente a resposta foi: “Precisam de um pouco mais.” Os irmãos ficaram pensando: ‘Onde vamos procurar agora? Esgotamos todas as possibilidades aqui perto.’

Quase nessa mesma ocasião, recebemos um telefonema sobre a propriedade de um homem de negócios que nos havia dito: “Os chineses não vendem.” Agora estava à venda! Felix explica: “Eu e o irmão Leach ficamos sabendo que não havia nenhum outro pretendente. De modo que a compramos bem barato. Parecia que a mão de Jeová estava em tudo isso.” Acrescentou-se mais um terreno de um hectare e, finalmente, a sede disse: “Vocês já têm o suficiente para começarem a planejar a construção.”

Com o passar do tempo e com a mudança das condições, tornou-se evidente que a fazenda em San Pedro não era mais necessária. Grande parte do alimento para a família de Betel podia ser comprada por atacado a preços mais baixos do que o custo da produção na fazenda. Portanto, foi decidido vender a fazenda. Em 1991 ela passou para as mãos de um novo proprietário. O dinheiro pela venda foi usado para ajudar a cobrir as despesas com os novos prédios da congênere.

Construção das novas dependências da congênere

Agora o terreno de propriedade da congênere era mais que o triplo do tamanho do antigo terreno de um hectare adquirido em 1947. Com a ajuda do Escritório Regional de Engenharia da congênere das Testemunhas de Jeová no Japão, foram desenhadas as plantas e o trabalho de preparação do terreno começou em meados de 1988. Algumas das construções antigas de madeira seriam demolidas. Os novos prédios incluiriam um prédio residencial de 11 pavimentos e uma grande gráfica de 2 pisos. Também seria construído no mesmo terreno um Salão do Reino.

Além dos formados em Gileade que foram designados para ajudar, chegaram quase 300 irmãos e irmãs de cinco países como servos internacionais por longos períodos e voluntários internacionais por curtos períodos para ajudar na construção. Os que moravam na vizinhança ficaram surpresos de ver pessoas vindas de outros países para ajudar. Ficaram ainda mais espantados quando souberam que a maioria desses havia custeado suas próprias despesas de viagem! Os irmãos e as irmãs locais contribuíram para a atmosfera de união internacional.

Assim como na aquisição do terreno, viu-se a orientação de Jeová ao passo que prosseguia a construção. Por exemplo, só havia uma empresa nas Filipinas que fabricava o tipo de chapas para telhado que necessitávamos para os prédios. Mas a encomenda que a congênere fez desse material estava no 301.º lugar na lista de espera. Os irmãos marcaram um encontro para falar com o vice-presidente da empresa e explicaram a natureza voluntária de nossa obra. Os diretores da empresa se reuniram, aprovaram a encomenda dos irmãos e colocaram o pedido em primeiro lugar na lista de produção. Pouco depois da entrega do material, os operários da firma entraram em greve.

O grande número de irmãos envolvidos no projeto de construção da congênere manifestou um espírito excelente. Cerca de 600 voluntários chegavam semanalmente de congregações vizinhas para ajudar. De fato, cerca de 30% do trabalho foi realizado por esses voluntários.

Foram mantidas elevadas normas de construção. Visto que as ilhas das Filipinas se acham numa zona sísmica, os irmãos que projetaram a construção se certificaram de que o prédio de 11 pavimentos fosse resistente a tremores fortes. Como eram diferentes esses prédios de alta qualidade em comparação com as construções anteriores, sendo uma delas dos anos 20! As mais antigas foram demolidas para dar lugar aos novos prédios.

Por fim, em 13 de abril de 1991, realizou-se a dedicação da congênere. John Barr, membro do Corpo Governante, proferiu o discurso de dedicação perante uma assistência de 1.718 pessoas. Irmãos e irmãs que haviam servido a Jeová por mais de 40 anos foram convidados para o programa, tirando proveito dele junto com os convidados de dez países. No dia seguinte, 78.501 pessoas se beneficiaram do edificante programa espiritual transmitido por linha telefônica a seis locais em todo o arquipélago.

Filipinos vão ao exterior como servos internacionais

Durante a construção dos prédios da congênere, servos internacionais, procedentes de outros países, ensinaram suas habilidades aos irmãos filipinos. Hubertus Hoefnagels, que treinou outros, comenta: “Muitos dos irmãos locais são extremamente zelosos e puderam pôr em prática o que aprenderam.” Em resultado disso, quando terminou a construção nas Filipinas, alguns desses irmãos treinados puderam ir ao exterior como servos internacionais para ajudar na construção de congêneres em outros países, especialmente no Sudeste Asiático.

Um deles foi Joel Moral, da província de Quezon. De início, ele tinha chegado para ajudar na construção dos prédios da congênere em Manila com a intenção de fazer trabalho voluntário por uma semana. Mas sua ajuda era necessária, de modo que se pediu que permanecesse mais tempo. Embora não tivesse muita experiência em construção, o trabalho de construção na congênere fez com que adquirisse habilidades rapidamente, aprendendo dos servos internacionais.

Mesmo antes de estar concluída a construção nas Filipinas, surgiu necessidade de ajuda na construção de um novo prédio para a congênere na Tailândia. Joel conta: “Sem que eu esperasse, fui convidado para ir à Tailândia. A experiência que adquiri em construção nas Filipinas foi de grande ajuda para me preparar para a obra internacional.” Ele ficou mais de um ano ajudando em serviços de construção na Tailândia.

Joshua e Sara Espiritu conheceram-se quando trabalhavam na construção dos prédios da congênere das Filipinas. Casaram-se pouco depois da dedicação desses prédios e decidiram servir como servos internacionais. Depois de alguns meses, foram convidados a participar na obra de construção em outros países. Desde então, já serviram em cinco países: três na Ásia e dois na África. Joshua diz o seguinte sobre sua experiência enquanto servia ainda nas Filipinas: “Trabalhando com os irmãos de outros países, adquirimos habilidades. Agora sabíamos fazer coisas que podíamos ensinar a outros.” Quando foram enviados a outros países, eles disseram aos irmãos locais: “Não estaremos sempre aqui. No futuro, vocês continuarão a obra.” Sobre sua meta quando vai a outros países, ele explica: “Não vamos lá só para trabalhar, mas procuramos realmente ensinar os irmãos.”

É lógico que ir a países diferentes requer flexibilidade. Jerry Ayura foi enviado a diversos lugares, inclusive à Tailândia, à Samoa Ocidental e ao Zimbábue. Ele explica: “Aprendi que Jeová usa pessoas de todas as formações. Nós as amamos porque Jeová as ama.” Como se sentem felizes esses irmãos filipinos de poderem contribuir para a obra de Jeová em âmbito internacional!

As agitações não impedem a obra

Quando alguém faz do regozijo de Jeová seu baluarte, isto inclui contínua lealdade a ele, mesmo em tempos de dificuldade. Tem havido diversas oportunidades para os servos de Jeová nas Filipinas demonstrarem isso.

Apesar de haver terminado a lei marcial em 17 de janeiro de 1981, o desassossego continuou na década de 80. Em fevereiro de 1986, um novo governo assumiu o poder. Mas a mudança de regime foi relativamente pacífica, e até mesmo as congregações localizadas onde ocorreu a revolução do “Movimento Popular” continuaram a realizar suas reuniões e a pregar sem interrupção. Passando perto das turbas do “Movimento Popular”, os publicadores viram sacerdotes e freiras misturando-se com o povo e instigando-o à ação.

O novo governo logo implantou algumas mudanças. Mas a inquietação não terminou. Nos três anos que se seguiram, depois de o novo governo assumir o poder, houve diversas tentativas de golpes militares, algumas delas com derramamento de sangue. Certa vez, durante a construção dos prédios da congênere, tanto os construtores estrangeiros como os locais ficaram surpresos ao olharem para o outro lado da cidade e verem soldados rebeldes bombardear o próprio campo militar deles. Esses conflitos foram relativamente breves, mas foi necessário incentivar algumas congregações a se reunir nos Salões do Reino em locais mais seguros.

Por muitos anos, os conflitos entre as tropas do governo e as forças da oposição têm continuado em algumas regiões de Mindanau. Ao empreenderem seu ministério, os irmãos ali têm de agir com discrição e confiar em Jeová. Renato Dungog, formado na Escola de Treinamento Ministerial e agora superintendente de circuito, serviu onde há muita luta em toda a região. Certa vez, enquanto Renato estava esperando um barco, um soldado lhe perguntou: “Aonde vai?”

Renato explicou: “Sou ministro viajante das Testemunhas de Jeová. Visito os irmãos duas vezes por ano para fortalecê-los e para sair com eles na pregação.”

O soldado respondeu: “Deus deve estar com você, do contrário teria sido morto.” Portanto, apesar do tumulto, os irmãos realizam seu trabalho confiando em Jeová, e são muito respeitados por isso.

Novamente perante tribunais por causa da questão da saudação à bandeira

Os jovens têm sido provados em sua lealdade a Deus. Em 11 de junho de 1955, o Presidente Ramon Magsaysay baixou o Decreto-Lei N.º 1265, da República, que exigia que todas as crianças em escolas públicas e particulares saudassem a bandeira das Filipinas. Os filhos das Testemunhas de Jeová reagiram segundo a sua consciência, como fazem os jovens que são Testemunhas em todo o mundo. (Êxo. 20:4, 5) Embora respeitem o símbolo nacional, não podem de sã consciência fazer o que consideram ser ato religioso de devoção a um objeto. Quando os filhos do casal Gerona, em Masbate, foram expulsos da escola por não saudarem a bandeira, isto resultou em um caso que foi levado perante o Supremo Tribunal das Filipinas em 1959. Entretanto, o tribunal não respeitou a posição religiosa das Testemunhas de Jeová. Sustentou que a bandeira “não é uma imagem” e que “a bandeira está totalmente destituída de qualquer significado religioso”. Assim, o tribunal arrogou a si o direito de decidir o que é um ato religioso e o que não é.

Naturalmente, isto não mudou as crenças religiosas das Testemunhas. Os irmãos permaneceram firmes nos princípios bíblicos. A decisão do tribunal resultou em algumas dificuldades, como era de esperar, embora não tão graves.

A questão da saudação à bandeira não foi debatida de novo senão até a decisão do tribunal ser incorporada no Código Administrativo de 1987. Depois disso, em 1990, diversos filhos de Testemunhas de Jeová da região de Cebu foram expulsos das escolas. Um administrador de escolas foi inflexível em fazer vigorar o regulamento. Houve muitas outras expulsões.

A mídia noticiou essas expulsões. Daí, uma comissão sobre direitos humanos interessou-se por essas crianças, às quais se recusava educação. Parecia que a atitude de 1959 havia mudado. Será que esse seria o momento de Jeová fazer com que a questão fosse considerada novamente? Ernesto Morales, na época ancião em Cebu, disse: “Editores, jornalistas, educadores e outros instaram conosco que levássemos a questão perante o tribunal.” Foram consultados os Departamentos Legais na congênere e na sede mundial. A decisão foi que se movesse ação.

Mas as decisões do Tribunal Regional de Primeira Instância e em seguida do Tribunal de Apelações foram desfavoráveis. Não quiseram contrariar a decisão de 1959 do Supremo Tribunal no caso Gerona. O único modo de resolver a questão seria levá-la novamente perante o Supremo Tribunal. Será que este se disporia a ouvir o caso? Sim, foi a resposta do Supremo Tribunal! Felino Ganal, um advogado Testemunha de Jeová, tomou a dianteira em mover a ação junto ao mais elevado tribunal. Em questão de dias, o Supremo Tribunal emitiu um mandado de segurança que exigia que todas as crianças expulsas fossem readmitidas nas escolas, ficando o caso ainda pendente.

Foram apresentados argumentos por ambas as partes. Após cuidadosa consideração, o Supremo Tribunal revogou a decisão de 1959 e sustentou o direito das crianças das Testemunhas de Jeová de se refrear de saudar a bandeira, de jurar lealdade e de cantar o hino nacional. O tribunal explicou essa decisão altamente significativa: “A idéia de que uma pessoa deve ser compelida a saudar a bandeira, . . . sob pena de . . . ser expulsa da escola, é contrária à consciência da atual geração de filipinos que conhece bem a Carta de Direitos, a qual garante seus direitos de livre expressão e livre exercício de crença religiosa e culto.” O tribunal decidiu também que a expulsão de Testemunhas de Jeová das escolas era “violação de seu direito . . , segundo a Constituição de 1987, de receber educação gratuita”. O Manila Chronicle declarou: “O Supremo Tribunal corrige uma injustiça de 35 anos contra as Testemunhas de Jeová.”

As partes oponentes entraram com um requerimento de reconsideração, mas, em 29 de dezembro de 1995, o Supremo Tribunal indeferiu o pedido. Assim, a decisão continua em vigor. Que vitória para os servos de Jeová!

O trabalho continua, apesar das calamidades

Conforme se observou no início deste relatório, as Filipinas são freqüentemente atingidas por calamidades. Examinemos algumas das que afetaram os irmãos.

Terremotos: Visto que as ilhas se localizam na junção de duas grandes placas tectônicas, o país é suscetível a terremotos. Certa autoridade no assunto diz que ocorrem pelo menos cinco terremotos por dia e muito mais tremores de terra que não são sentidos pelos humanos. A maioria não causa dano à vida, mas, ocasionalmente, terremotos graves causam devastações.

Às 16h26 do dia 16 de julho de 1990, houve um grave terremoto, seguido de tremores secundários, perto de Cabanatuan, uma cidade em Luzon central. A província de Benguet foi também seriamente afetada. Diversas escolas e hotéis ruíram, resultando em perda de vidas.

Nessa ocasião Julio Tabios, que servia ali como superintendente de distrito, estava viajando com a esposa para uma assembléia de circuito numa região montanhosa de Benguet. Um irmão que estava transportando hortaliças para vender em Baguio ofereceu levá-los em seu caminhão. Depois de viajarem serpenteando as montanhas, chegaram a um trecho estreito da estrada, onde tiveram de deixar passar um veículo que vinha em sentido contrário. Nesse mesmo instante, começaram a rolar rochas montanha abaixo. Eles perceberam que se tratava de um forte terremoto. Julio diz: “O irmão conseguiu levar o carro em marcha a ré até um lugar mais espaçoso, após o que uma enorme rocha caiu fazendo um barulho ensurdecedor no lugar de onde havíamos acabado de sair. Sentimo-nos gratos por não termos sido atingidos. Momentos depois, houve um segundo tremor, e observamos uma enorme rocha ao nosso lado tremer como se estivesse dançando.” Houve deslizamentos de encostas inteiras de montanhas.

Os deslizamentos de terra haviam bloqueado a estrada. O único modo de chegar ao local da assembléia ou a qualquer outro lugar era a pé pelas montanhas. Ao cair a noite, eles foram acolhidos na casa de uma pessoa bondosa. No dia seguinte, tiveram de subir uma elevada montanha para chegar até seu destino. No caminho, contataram diversos irmãos que estavam ajudando uns aos outros a lidar com os efeitos do terremoto. Por fim, depois de andarem em trilhas perigosas nas montanhas, chegaram a Naguey, onde seria realizada a assembléia. Julio relata: “Os irmãos choraram de alegria, pois não esperavam mais que íamos chegar! Embora muito cansados, sentimo-nos revigorados quando os irmãos e as irmãs alegremente nos deram boas-vindas.” Apesar do terremoto, muitos haviam feito esforços para estar presentes, demonstrando seu grande apreço pelas coisas espirituais.

Deve-se lembrar de que na época estava em andamento a construção dos novos prédios da congênere. Embora o prédio residencial não estivesse terminado, o terremoto de 1990 foi o primeiro teste de resistência da sua estrutura. A oscilação fez alguns betelitas ficar com náusea, mas o prédio agüentou exatamente aquilo para o qual havia sido projetado, e resistiu ao forte tremor sem estragos.

Inundações: Por causa do clima tropical úmido, chove abundantemente na maior parte do país. Certas regiões são bastante suscetíveis a inundações. Leonardo Gameng, que está no serviço de tempo integral já por mais de 46 anos, relembra: “Tivemos de caminhar três quilômetros com lama até os joelhos.” Juliana Angelo tem servido como pioneira especial em territórios na província de Pampanga, sujeitos a inundações. “Para chegarmos aos interessados com a mensagem do Reino”, diz ela, “viajamos em pequenos barcos movidos a roda de pá. O irmão que rema precisa ter boa visão para evitar árvores, onde pode haver serpentes à espreita, prontas para pular dentro do barco.” Corazon Gallardo, uma pioneira especial desde 1960, passou muitos anos nos territórios em Pampanga. Às vezes, não havia barco para viajar, e ela lembra que tinha de caminhar dentro da água que batia quase nos ombros. Apesar dessas dificuldades, ela mantém uma excelente atitude. Aprendeu a se adaptar a essas situações e a confiar em Jeová, sabendo que ele nunca abandona os que lhe são leais.

Desde que a corrente de lava vulcânica do monte Pinatubo encheu muitas áreas baixas, as inundações em Pampanga pioraram, porque a água agora vai para outras áreas. Generoso Canlas, superintendente de circuito ali, diz que, por causa da água, muitas vezes eles precisam usar botas ou até mesmo ir ao serviço de campo descalços. Entretanto, os irmãos prosseguem, apesar das inconveniências.

Quando ocorre uma inundação especialmente séria e comunidades inteiras são afetadas, as Testemunhas de Jeová ajudam umas às outras e também aos que não são Testemunhas. Quando isto aconteceu em Davao del Norte, região sul das Filipinas, as autoridades municipais apreciaram tanto a ajuda que aprovaram uma resolução que expressava isso.

Vulcões: Há muitos vulcões nas Filipinas, mas o que chamou a atenção do mundo foi o monte Pinatubo. Em junho de 1991, o vulcão entrou em atividade, formando uma espetacular nuvem em forma de cogumelo. O dia a bem dizer virou noite. Alguns pensaram que fosse o começo do Armagedom. As cinzas caíram no oeste até no Camboja. Em pouco tempo, o monte Pinatubo expeliu 6,65 bilhões de metros cúbicos de material piroclástico. O peso das cinzas fez com que tetos e até prédios inteiros desabassem. Grande parte do material lançado se tornou correntes de lava, enormes escoamentos de massa fluida que varreram algumas casas e soterraram outras. Tanto as cinzas como as correntes de lava danificaram seriamente alguns Salões do Reino e residências de irmãos e destruíram outros. Julius Aguilar, na época pioneiro regular em Tarlac, diz: “Nossa casa ficou inteiramente soterrada nas cinzas.” A família viu-se obrigada a se mudar.

Pedro Oandasan servia como superintendente de circuito naquela região. Ele relata: “Os irmãos nunca deixaram de adorar e de servir a Jeová. A assistência era sempre acima de 100%. Além disso, as correntes de lava não diminuíram o amor dos irmãos pela obra de pregação. Continuamos a pregar aos que fugiram do local atingido e até mesmo aos que estavam nas áreas devastadas.”

Tais calamidades dão oportunidade de mostrar o amor cristão por meio de ações. Durante e depois da erupção do monte Pinatubo, os irmãos ajudaram uns aos outros a abandonar o local. O escritório da congênere enviou rapidamente um caminhão carregado de arroz, e, depois de descarregado, o caminhão foi usado para retirar os irmãos das cidades atingidas. Quando os irmãos em Manila ficaram sabendo das necessidades, reagiram imediatamente enviando fundos e roupas. Em Betis, na província de Pampanga, jovens irmãos organizaram uma brigada para ajudar as vítimas. Entre aqueles a quem ajudaram, havia uma mulher interessada cujo marido se opunha à verdade. Quando esses jovens irmãos ajudaram a reconstruir a casa do casal, o marido ficou tão impressionado que agora é Testemunha de Jeová!

Tufões: Dentre todas as inclemências do tempo no país, os tufões, ou ciclones tropicais, causam a maior destruição. Em média, o arquipélago é atingido por 20 tufões por ano. Essas tempestades variam em intensidade, mas são caracterizadas por fortes ventos e chuvas torrenciais. Muitas vezes, têm força suficiente para destruir edifícios. Além disso, os tufões destroem plantações, o que afeta o meio de vida dos lavradores.

Vez após vez, casas e plantações das Testemunhas são danificadas. Surpreendentemente, de modo geral os irmãos recobram o ânimo e prosseguem. Em algumas partes do país, os tufões são tão freqüentes que são quase ocorrências normais. É elogiável que os irmãos aprenderam a lidar com isso e enfrentam os problemas da vida um dia por vez. (Mat. 6:34) Naturalmente, quando os irmãos nas redondezas ficam sabendo dos que estão em necessidade, enviam de modo espontâneo alimentos ou dinheiro para os ajudar. De vez em quando, depois de tempestades excepcionalmente fortes, os superintendentes viajantes contatam o escritório da congênere, que com prazer organiza prestação de ajuda.

Entrega de publicações bíblicas

Sendo as Filipinas uma nação formada de muitas ilhas, tem sido sempre um desafio entregar publicações às congregações a tempo e em boas condições. Por muitos anos, usou-se o correio. Muitas vezes, porém, números de A Sentinela e de Nosso Ministério do Reino não chegavam a tempo para serem estudados nas reuniões.

Jehu Amolo, que trabalha no departamento de expedição da congênere, lembra o que motivou uma mudança. Ele explica: “Além do problema de atrasos na entrega, as tarifas postais subiram muito em 1997.” Levando em conta que cerca de 360.000 revistas eram enviadas a cada duas semanas, isso envolvia uma grande soma de dinheiro.

Apresentou-se ao Corpo Governante a sugestão de que os irmãos da congênere fizessem a entrega de nossas publicações. Depois de cuidadoso estudo, autorizou-se fazer isso. Em Luzon, os caminhões saem diretamente da congênere. Entretanto, visto que para se chegar a outras regiões é preciso trafegar por mar, a congênere emprega um serviço seguro de entrega de encomendas para mandar por navio revistas e livros a pontos selecionados em todo o arquipélago. Desses depósitos, motoristas transportam por caminhão as remessas para os locais de entrega. Quando os motoristas estão longe dos seus locais de partida, os irmãos os hospedam de bom grado em seus lares para que possam descansar bem antes de continuarem a viagem.

Além das vantagens econômicas, os irmãos vibram de satisfação ao receberem a tempo e em excelente estado as publicações que precisam. Um benefício adicional é que se sentem mais achegados à organização por causa do contato regular com irmãos da congênere. Muitos ficam animados só de ver o caminhão passar com o letreiro Watch Tower (Torre de Vigia).

Por meio disso, tem-se dado testemunho adicional. Por exemplo, certa vez houve uma inundação em Bicol, região sul de Luzon, quando estava sendo feita uma entrega. Os veículos não podiam prosseguir por causa da profundidade da água na estrada. Aconteceu que um caminhão de publicações parou na frente da casa de um irmão. Quando os da família viram o caminhão, disseram aos motoristas: “Entrem, comam e fiquem aqui até que as águas abaixem.”

Os motoristas que não eram Testemunhas não sabiam onde iam comer ou dormir. Quando viram o que estava acontecendo, perguntaram aos motoristas de Betel: “Que ligação vocês têm com essa gente?”

Os irmãos responderam: “Eles são nossos irmãos espirituais.”

Os outros motoristas disseram: “Então as Testemunhas são assim! Mal acabam de se conhecer e confiam umas nas outras.”

Além das fronteiras

Agora voltemos a nossa atenção para fora do país e vejamos o que tem acontecido com os muitos filipinos que vivem no estrangeiro. No apogeu do Império Britânico, as pessoas diziam que “o sol nunca se punha” no seu domínio. Hoje, alguns dizem: “O sol nunca se põe nas Filipinas.” Embora as Filipinas sejam uma nação pequena, há filipinos espalhados pelo globo inteiro. Em busca de emprego ou por outras razões, centenas de milhares de filipinos foram para outros países. Como isso resultou em alguns aprenderem a verdade bíblica? Como é que os que já eram Testemunhas ajudaram outros?

Ricardo Malicsi trabalhava como consultor de aeroporto. Visto que seu serviço envolvia fazer viagens a muitos países, ele e a esposa aproveitavam essa circunstância para divulgar as boas novas em países onde havia bem poucos publicadores. Com efeito, em alguns desses países, havia restrições à obra de pregação. Enquanto se achavam em lugares como Bangladesh, Irã, Tanzânia e Uganda, eles tiveram o prazer de ajudar diversas pessoas a conhecer a Jeová. Em alguns casos, ajudaram a estabelecer congregações. Além desses países, trabalharam e pregaram no Laos, em Mianmar e na Somália. Fizeram isso por 28 anos até Ricardo se aposentar. Como se sentem felizes de terem feito essa excelente contribuição para a divulgação das boas novas em vastos campos!

Outras pessoas que deixaram as Filipinas em busca de emprego em outra parte não eram Testemunhas de Jeová, mas encontraram a verdade ali. Rowena, que era católica, foi trabalhar primeiro no Oriente Médio. Ali, começou a ler a Bíblia. Mais tarde, foi trabalhar em Hong Kong, onde milhares de mulheres filipinas trabalham em serviços domésticos. Ela diz: “Eu orava a Deus toda noite pedindo que me enviasse as pessoas certas para me conduzirem ao Reino de Deus.” Essa oração foi atendida quando dois missionários, John e Carlina Porter, contataram Rowena e a ajudaram a estudar a Bíblia. Rowena escreveu à congênere das Filipinas para contar sua experiência e também para pedir que alguém visitasse seu marido, que ainda estava nas Filipinas, a fim de lhe explicar a mensagem da Bíblia.

Os filipinos que emigraram formam atualmente grandes comunidades em diversos outros países. Em princípios do século 20, faltavam trabalhadores nas plantações no Havaí. Muitos filipinos preencheram essa necessidade. Alguns dos primeiros que aceitaram a verdade naquele país foram imigrantes filipinos. Hoje, no Havaí, há dez congregações no idioma ilocano e uma congregação em tagalo.

Milhares de filipinos moram nos Estados Unidos. Há muitas Testemunhas entre eles. A primeira congregação filipina ali foi formada em Stockton, Califórnia, em 1976. A congênere dos Estados Unidos relata: “O campo filipino progrediu muito bem, e em 3 de setembro de 1996, foi formado o primeiro circuito filipino.” No ano de serviço de 2002, havia 37 congregações filipinas, compostas de uns 2.500 publicadores trabalhando sob a supervisão da congênere dos Estados Unidos. Há também congregações ou grupos no idioma tagalo no Alasca, na Austrália, na Áustria, no Canadá, na Alemanha, em Guam, na Itália e em Saipan.

Embora esses filipinos estejam em outros países, ainda requer o envolvimento dos irmãos nas Filipinas para receberem alimento espiritual, visto que toda tradução de publicações para os idiomas das Filipinas é feita na congênere em Manila. Adicionalmente, alguns países, incluindo Guam, o Havaí e os Estados Unidos, têm congressos em ilocano ou em tagalo. Toda a matéria traduzida para esses congressos, inclusive os dramas gravados, é enviada das Filipinas.

A pregação a outros grupos lingüísticos

Em todas as ilhas, as pessoas que falam o vernáculo têm, de modo geral, recebido um bom testemunho. Nos anos recentes, porém, tem-se feito esforço de pregar aos que não receberam testemunho cabal. — Rom. 15:20, 21.

Por muitos anos, havia poucas congregações nas Filipinas no idioma inglês. Embora a maioria dos filipinos conheça um pouco o inglês, este não é falado fluentemente pela maioria. Entretanto, havia necessidade de reuniões em inglês em alguns lugares. Em fins dos anos 60, os irmãos observaram esse problema perto da Base Aérea Clark, em Pampanga. Irmãs que moravam ali e que eram casadas com militares americanos não falavam nenhum dos idiomas locais. Os irmãos ajudaram a organizar reuniões em inglês, e estas foram de grande proveito por muitos anos para os que moram nessa área.

Surgiu um problema similar na Metro Manila. Em fins dos anos 70 e no começo dos anos 80, morava ali uma irmã americana. Pacifico Pantas, ancião na congregação de língua tagalo com a qual ela estava associada, diz: “Eu sentia pena dela, porque ela assistia regularmente às reuniões, mas não conseguia tirar muito proveito delas.” Logo, outros americanos vieram também a essa congregação. Sugeriu-se realizar o discurso público e o estudo de A Sentinela em inglês. Fez-se isso, tomando o irmão Pantas a dianteira. Com o tempo, foram acrescentadas outras reuniões, e outros foram convidados a prestar ajuda. David e Josie Ledbetter, que trabalhavam na sede, aceitaram o convite. As coisas têm progredido bem no decorrer dos anos, e aquele pequeno grupo em língua inglesa se expandiu, tornando-se duas congregações.

As congregações em inglês foram de benefício para muitas pessoas. Monica, da Califórnia, é uma delas. Lá, ela começou a estudar a Bíblia com as Testemunhas de Jeová. Seus pais — católicos fervorosos — opuseram-se fortemente. Decidiram mandar Monica para um ambiente católico nas Filipinas. A mãe acompanhou Monica até Manila e a deixou ali na casa de sua avó católica, sem seu passaporte. Mesmo que Monica encontrasse uma congregação, não conseguiria continuar seu estudo, visto que não entendia nada em tagalo, pois fora criada nos Estados Unidos. Entretanto, a irmã que estudava com ela na Califórnia telefonou para Josie Ledbetter, a fim de que alguém sem falta entrasse em contato com Monica. Josie disse que já existia uma congregação em língua inglesa. Era exatamente o que Monica precisava! Josie diz: “Nos seis meses em que Monica estava ‘exilada’ nas Filipinas, ela se batizou. Duas semanas depois de Monica ter-se batizado, sua mãe disse: ‘Aqui está seu passaporte. Volte para casa.’ Monica já se havia tornado Testemunha de Jeová.” Quão grata ela se sentia por existir uma congregação em língua inglesa!

Tem havido ainda outro benefício. Os irmãos têm pregado em algumas áreas que nunca haviam sido trabalhadas. Há subdivisões na Metro Manila, onde moram pessoas ricas, muitas das quais falam inglês. Assim, o idioma inglês tem tornado possível o acesso a esses territórios.

Foram feitos também esforços para iniciar o trabalho no território de língua chinesa. Em meados dos anos 70, foi formado um grupo de estudo de livro em chinês. O estudo de livro era realizado numa loja de calçados, dirigida por Cristina Go. Mas o grupo era muito pequeno e precisava de ajuda.

Elizabeth Leach, que veio às Filipinas quando se casou com o missionário Raymond Leach, servira em Hong Kong por 16 anos. O conhecimento que Elizabeth tinha do idioma cantonês e sua experiência em ajudar pessoas chinesas a aprender a verdade tornaram-se muito úteis. Por volta dessa época, Esther Atanacio, (hoje com o sobrenome So) foi uma das duas pioneiras especiais designadas para esse território. Esther relembra: “Quando começamos a trabalhar nessa área, as pessoas não sabiam quem eram as Testemunhas de Jeová.” Mas a comunidade chinesa em Manila foi conhecendo aos poucos o nome de Jeová e seus servos.

Embora as pioneiras soubessem falar cantonês, tiveram de aprender outro dialeto, visto que o principal dialeto chinês usado em Manila é o fujiano. Um jovem de nome Ching Cheung Chua, novo na verdade, começou a se associar com o grupo. Visto que conhecia o dialeto fujiano, ele foi usado no início como intérprete nas reuniões.

O grupo progrediu aos poucos. Formou-se uma pequena congregação em agosto de 1984. Ainda existem muitos desafios a vencer, mas os que estão prestando ajuda acham que é uma alegria pregar nesse território que não havia recebido testemunho cabal.

Até mesmo os que não ouvem “ouvem”

Com o passar do tempo, parece que era a vontade de Jeová dar atenção a ainda outra língua e outro território — a dos surdos. Até princípios dos anos 90, não havia sido tomada, a bem dizer, nenhuma providência nas Filipinas para ajudar os surdos a aprender sobre Jeová. Embora bem poucos surdos se associassem com as congregações, havia algumas exceções incomuns. Por exemplo, Manuel Runio, cuja mãe era Testemunha, recebeu ajuda para aprender a verdade bíblica por meio de uma irmã que estudava com ele escrevendo laboriosamente tudo no papel. Ele se batizou em 1976. Na ilha de Cebu, Lorna e Luz, que eram gêmeas e ambas surdas, aprenderam a mensagem da Bíblia com o tio que era cego. Como é que um pioneiro cego conseguiu ensinar pessoas surdas? Com a ajuda de um assistente, ele fazia uso de ilustrações. Também, seu primo interpretava o que ele dizia em sinais que as gêmeas conseguiam entender, pois nunca tinham formalmente estudado a língua de sinais. Ambas foram batizadas em 1985. Mas esforços assim eram raríssimos.

Diversos acontecimentos conduziram à pregação aos surdos. Quando os missionários Dean e Karen Jacek estavam no Betel de Brooklyn para receber treinamento em meados de 1993, os irmãos que trabalham em Serviços de Tradução perguntaram o que estava sendo feito nas Filipinas para ajudar os surdos. Uma jovem irmã nas Filipinas se matriculara numa escola de língua de sinais com a intenção de aprender a se comunicar com uma amiga surda que pertencia a uma família de Testemunhas de Jeová. Também, Liza Presnillo e suas companheiras no serviço de pioneiro em Navotas, na Metro Manila, encontravam surdos no seu território, mas não conseguiam comunicar-se com eles. As pioneiras pensaram então em estudar a língua de sinais para poderem pregar a mensagem do Reino aos surdos.

A congênere ficou sabendo que Ana Liza Acebedo, pioneira regular em Manila, trabalhava numa escola para surdos, e ela era uma das poucas Testemunhas nas Filipinas que dominavam a língua de sinais. Foi-lhe perguntado: “Gostaria de ensinar a língua de sinais a alguns betelitas?”

Sua resposta foi sim! Muitas vezes ela havia pensado em como se poderia dar testemunho a todos os surdos. Iniciou-se uma classe que abrangia betelitas e pioneiros regulares da localidade. As irmãs em Navotas já se haviam matriculado num curso de língua de sinais, de modo que continuaram.

O trabalho de ajudar os surdos progrediu bem rapidamente. Em seis meses, já estavam sendo usados intérpretes de língua de sinais em três congregações na Metro Manila. Em 1994, houve provisão de intérpretes pela primeira vez nas assembléias e nos congressos. Um dos primeiros objetivos era ajudar filhos surdos de Testemunhas de Jeová. Diversos deles foram os primeiros a serem batizados. Manuel Runio, que havia assistido fielmente às reuniões por anos sem que houvesse intérprete de língua de sinais, estava feliz por beneficiar-se dessas novas provisões.

Em pouco tempo, vieram solicitações de ajuda de outras partes do país. Liza Presnillo foi enviada com outra pioneira a Olongapo para trabalhar como pioneira especial temporária em território de surdos. Muitos surdos foram ajudados. Em meados de 2002, grupos de língua de sinais haviam sido formados em 20 municípios fora de Manila. Um marco histórico de progresso foi a formação da Congregação de Língua de Sinais da Metro Manila em abril de 1999, a primeira no país. Joel Acebes, um dos betelitas que participaram da primeira turma de língua de sinais e agora ancião nessa congregação, diz: “Sentimo-nos felizes de ser usados por Jeová neste trabalho tão importante.” Sim, até mesmo os surdos estão “ouvindo” a mensagem do Reino. Ver o progresso nesse território antes não trabalhado é realmente motivo de alegria.

Necessidade de dependências maiores

Com novos territórios trabalhados durante os anos 90 e os antigos trabalhados mais diligentemente, tem havido contínuo crescimento no número de publicadores e de novos associados com as congregações. Houve necessidade de mais revistas; e mais livros e brochuras foram traduzidos nas línguas faladas nas Filipinas do que nunca antes. O resultado tem sido um significativo aumento no pessoal da congênere — para imprimir, traduzir, revisar e efetuar outros serviços necessários para os irmãos e para as congregações. Pouco depois de ter sido concluído o novo prédio residencial em 1991, ele já estava todo ocupado. Tinha sido projetado para 250 pessoas. Mas, em 1999, o número dos membros da família de Betel havia chegado a 350.

Existia ainda espaço no terreno da congênere para construção, de modo que o Corpo Governante autorizou a construção de outro prédio residencial, bem similar ao que fora concluído em 1991. A obra de construção começou em 1999 e terminou em fins de 2001. Com este prédio, a capacidade residencial quase dobrou. Há espaço adicional para escritórios, que se precisava muito para preencher as necessidades da expansão do serviço de campo. Outras dependências acrescentadas incluem uma lavanderia maior, uma sala de aula para a Escola de Treinamento Ministerial e melhores dependências para a biblioteca. Trabalhadores profissionais da localidade e servos internacionais temporariamente se juntaram à família de Betel para realizar esta obra. Depois de terminarem o novo prédio, esses voluntários permaneceram para a obra da reforma do prédio de 1991. Há muito trabalho envolvido nessas obras de construção, mas esse trabalho é feito com um só objetivo em mente: prover dependências que servirão para a divulgação das vitalizadoras verdades bíblicas.

A Escola de Treinamento Ministerial ajuda a preencher uma necessidade

Quando a Escola de Treinamento Ministerial foi estabelecida nos Estados Unidos em 1987, muitos irmãos nas Filipinas começaram a pensar: ‘Será algum dia possível nós nos beneficiarmos desse treinamento?’ A resposta veio em 1993. Anunciou-se que a escola começaria a funcionar nas Filipinas no ano seguinte. A escola forneceria treinamento adicional a irmãos qualificados com alguma experiência organizacional, como anciãos ou servos ministeriais. Centenas de irmãos se inscreveram.

Dois superintendentes viajantes e um missionário foram treinados como instrutores. A primeira turma começou em janeiro de 1994. Os que receberam esse treinamento se tornaram mais qualificados para servir seus irmãos nas congregações. Uma congregação escreveu o seguinte sobre um membro dela que se formou na escola: “Em comparação com antes de fazer o curso na escola, há uma grande diferença no modo como ele cuida das suas partes agora.”

Muitos estudantes fizeram sacrifícios materiais para receber os benefícios desse treinamento espiritual. Ronald Moleño tinha feito curso de engenharia química. Ele foi convidado a cursar a escola, mas, na mesma ocasião, uma empresa lhe ofereceu um emprego com bom salário, moradia, seguro e outros benefícios. Ronald meditou sobre as duas oportunidades e escolheu a espiritual. Ele se formou na 18.ª turma e continuou seu serviço como pioneiro. Ronald foi recentemente convidado a servir como missionário em Papua-Nova Guiné.

Wilson Tepait teve de tomar uma decisão depois de cursar a primeira turma. Ele tinha um bom emprego secular como professor, mas estava sendo agora convidado para o serviço de pioneiro especial onde a necessidade de pregadores era maior. Ele diz: “Eu gostava do meu emprego como professor, mas eu também sabia que os interesses do Reino precisam estar em primeiro lugar em minha vida.” Ele aceitou o privilégio do serviço de pioneiro especial e viu a bênção de Jeová no seu serviço. Wilson serve agora como superintendente de distrito na região sul das Filipinas.

A maioria dos estudantes na escola é das Filipinas. Entretanto, o Corpo Governante tomou providências para estudantes virem de outras nações asiáticas. Países que têm enviado estudantes incluem: Camboja, Hong Kong, Indonésia, Malásia, Nepal, Sri Lanka e Tailândia. Alguns dos estudantes vêm de países onde a obra das Testemunhas de Jeová sofre restrições. A associação na escola tem sido uma experiência muito edificante para os estudantes. O instrutor Anibal Zamora diz: “Os estudantes vindos de países onde há restrições relatam como têm confiado em Jeová em todas as situações. Isso fortalece os estudantes que são das Filipinas.” Por sua vez, estudantes de outros países ficam sabendo como irmãos filipinos de origem humilde têm servido a Jeová em circunstâncias adversas.

Nidhu David, um estudante de Sri Lanka, disse: “São recordações que prezarei sempre. Foram dois meses de ensino da parte de Jeová Deus. Simplesmente fantástico!”

As dependências da escola estão localizadas na propriedade da congênere. Os estudantes não só se beneficiam do currículo preparado, mas aprendem também vendo pessoalmente como o trabalho é organizado na congênere. A experiência de estarem em contato com irmãos e irmãs de mentalidade espiritual em Betel lhes fornece excelentes exemplos de fé para imitar. Também, irmãos procedentes de países onde há menos publicadores ou há restrições podem ver a organização em escala maior.

Até o presente, 922 se formaram em 35 turmas. Dentre os filipinos que foram formados, 75 servem atualmente como superintendentes viajantes e muitos outros são superintendentes de circuito substitutos em 193 circuitos das ilhas. Seis foram designados para Betel e dez estão servindo em designações missionárias em Papua-Nova Guiné e na Micronésia. Centenas servem como pioneiros regulares no território de onde vieram ou onde a necessidade é maior. Em apenas oito anos desde que começou a escola, mais de 65 mil pessoas foram batizadas no país. Há um excelente espírito de pioneiro e, de modo geral, um crescimento positivo nas congregações. Pode-se ver com certeza que esses irmãos têm aplicado o que aprenderam na escola, contribuindo assim para o excelente progresso.

O progresso

Coisas maravilhosas estão sendo realizadas em todas estas ilhas. Irmãos zelosos, associados com quase 3.500 congregações, empenham-se em proclamar as boas novas do melhor governo imaginável, o Reino de Deus.

Os relatórios recentes são muito animadores. Nos últimos sete meses do ano de serviço de 2002, alcançou-se todo mês um auge de publicadores. No mês de agosto, havia 142.124 pessoas que levavam a mensagem do Reino a outros. O nome e o propósito de Jeová estão sendo apresentados a pessoas em grande número de ilhas. Os servos de Jeová ali estão fazendo algo similar ao que está predito em Isaías 24:15: ‘Glorificam nas ilhas do mar o nome de Jeová.’

Há milhares de pioneiros regulares entre estes zelosos pregadores. Em 1950, havia apenas 307 pioneiros, mas no fim de abril de 2002, havia 21.793. Acrescente a isso os 386 pioneiros especiais e 15.458 pioneiros auxiliares naquele mês, e o total foi 37.637, ou seja, 27% do total de publicadores. Muitos outros demonstraram que desejam entrar nas fileiras dos servos de Deus por tempo integral. No ano de serviço de 2002, foram aprovadas 5.638 petições para o serviço de pioneiro regular.

Tudo isto está produzindo excelentes frutos. Milhares de pessoas continuam a mostrar-se receptivas. A assistência à Comemoração em março de 2002 foi de 430.010 pessoas. Quase 100.000 estudos bíblicos estão sendo dirigidos mensalmente. Durante o ano de serviço de 2002, 6.892 novos discípulos foram batizados. Em 1948, havia apenas 1 Testemunha de Jeová para cada 5.359 pessoas no país. Atualmente, há 1 para cada 549. Enquanto Jeová ainda dá oportunidade, há boas perspectivas de que milhares mais se juntem aos louvadores de Jeová nestas ilhas.

Decididos a prosseguir

Quando C. T. Russell visitou as Filipinas em 1912, algumas sementes da verdade foram lançadas neste solo. Lenta mas seguramente, as sementes germinaram e cresceram. Deram bons frutos ao passo que algumas pessoas aceitaram a verdade ‘em época favorável e em época dificultosa’. (2 Tim. 4:2) Especialmente desde a Segunda Guerra Mundial, o ritmo do crescimento foi mais rápido, e hoje há dezenas de milhares de louvadores ativos de Jeová. Nesta qualidade, trabalham alegremente em honrar o nome de Deus junto com uns seis milhões que compõem a congregação mundial dos servos de Jeová.

Conforme este relato demonstra, o trabalho nem sempre foi fácil. Não obstante a beleza desta terra, chegar aos habitantes das multidões de ilhas tem testado a coragem dos proclamadores do Reino. Alguns enfrentam mares tempestuosos para chegar a lugares isolados. Muitos caminham pela densa mata no alto das montanhas para encontrar pessoas semelhantes a ovelhas. Embora as ilhas das Filipinas tenham tido um quinhão desproporcional de calamidades — terremotos, inundações, tufões e erupções vulcânicas —, isto não fez parar a obra das leais Testemunhas de Jeová.

São semelhantes aos israelitas que estavam numa terra restaurada para reavivar a adoração verdadeira. Tiveram de enfrentar muita oposição e problemas, mas o regozijo de Jeová era seu baluarte. Hoje também, as Testemunhas de Jeová têm demonstrado flexibilidade e confiança em Deus. Sabem que Jeová está com eles, e crêem no que diz o Salmo 121:7: “O próprio Jeová te guardará contra toda a calamidade. Ele guardará a tua alma.” Com o apoio de Jeová, esperam poder ajudar a tantos quantos puderem antes do fim deste sistema. Depois, esperam ensinar milhões de ressuscitados em toda a Terra, incluindo estas mais de 7.100 ilhas. Então a beleza paradísica irradiará deste país, para o louvor do Criador.

No ínterim, as Testemunhas de Jeová estão decididas a prosseguir com plena certeza de que Jeová abençoará seu trabalho. Esforçam-se em harmonizar sua vida com as palavras do profeta de Deus: “Atribua-se a Jeová a glória e conte-se nas ilhas até mesmo o seu louvor.” — Isa. 42:12.

[Destaque na página 232]

“Deus deve estar com você, do contrário teria sido morto”

[Quadro na página 153]

Plantadas as primeiras sementes da verdade

Charles T. Russell e sua comitiva visitaram as Filipinas em 1912. Embora eles fossem os primeiros representantes oficiais da sede em Brooklyn a fazer uma visita ali, há registros que indicam que dois outros Estudantes da Bíblia já estavam nas Filipinas e ajudavam outros a aprender a verdade da Bíblia. Louise Bell, dos Estados Unidos, escreveu:

“Eu e meu marido fomos às Filipinas em 1908 e trabalhamos ali como professores. Éramos os únicos norte-americanos na cidade de Sibalom. Encomendamos centenas de quilos de tratados bíblicos de Brooklyn. Foram despachados de Nova York até San Francisco, depois através do Pacífico até Manila e de lá, por navios interinsulares até Sibalom.

“Distribuímos esses tratados e falamos com os habitantes locais conforme tínhamos tempo e oportunidade. Não guardamos registro das horas nem das colocações. Apesar de a população ser católica, muitos nos escutavam com prazer. Éramos professores, com formação médica, mas principalmente mensageiros das boas novas.

“Viajávamos a pé ou a cavalo por estradas horríveis. Às vezes, dormíamos no chão sobre esteiras de bambu e comíamos peixe e arroz numa tigela em comum.

“Quando o Pastor Russell visitou Manila em 1912, nós lhe enviamos um telegrama.”

A irmã Bell assistiu à conferência do irmão Russell na Ópera de Manila sobre o tema “Onde estão os mortos?”.

[Quadro na página 156]

Dados gerais sobre as Filipinas

País: Cerca de 7.100 ilhas cobrem uma área terrestre de aproximadamente 300.000 quilômetros quadrados. As ilhas se estendem por uns 1.850 quilômetros de norte a sul e por uns 1.125 quilômetros de leste a oeste. Variam grandemente em tamanho — a maior delas é um pouco maior que Portugal, ao passo que a menor é tão pequena que desaparece na maré alta.

População: É predominantemente de origem malaia, embora alguns sejam de ascendência chinesa, espanhola ou norte-americana.

Idioma: Entre os muitos idiomas existentes nas Filipinas, o bicol, cebuano, hiligaino, ilocano, pangasino, samareno e tagalo estão entre os mais amplamente falados. O inglês e o pilipino são considerados os idiomas oficiais. O idioma pilipino deriva-se principalmente do tagalo.

Meio de vida: Existe uma grande variedade de ocupações nas cidades, mas nas regiões do interior, muitos são agricultores ou pescadores. São abundantes as culturas de alimentos, incluindo arroz, cana-de-açúcar, banana, coco e abacaxi.

Alimento: Serve-se arroz normalmente em todas as refeições. Peixe e outros frutos do mar são muito comuns, junto com verduras e frutas tropicais.

Clima: O país tem clima tropical, com temperaturas bastante estáveis em todas as ilhas. Geralmente chove bastante no país.

[Quadro/Foto nas páginas 161, 162]

Entrevista com Hilarion Amores

Ano de nascimento: 1920

Ano de batismo: 1943

Resumo biográfico: Aprendeu a verdade durante a ocupação japonesa na Segunda Guerra Mundial. Naquela época, havia poucas Testemunhas de Jeová no país.

Fui batizado durante a guerra quando os irmãos ainda podiam pregar de casa em casa. Entretanto, tínhamos de usar de cautela, porque as pessoas desconfiavam do que fazíamos. Por fim, tivemos de fugir para o interior, mas em 1945 retornamos a Manila.

Naquela época, eu tinha o privilégio de traduzir A Sentinela para o tagalo. Isso exigia trabalhar até altas horas da noite, às vezes ficando até as duas horas da madrugada. A matéria traduzida era mimeografada e enviada a grupos de Testemunhas de Jeová. Exigia abnegação, mas nós nos sentíamos muito felizes, pois assim se cuidava das necessidades espirituais dos irmãos.

Em todos os meus anos na verdade, tenho visto que Jeová é misericordioso. Ele se importa realmente com os seus servos, tanto em sentido espiritual como material. Lembro-me da ajuda pós-guerra enviada às Filipinas. Quantos foram auxiliados com a provisão de calças, sapatos e outros artigos! Muitos pioneiros que foram beneficiados mostraram-se tão gratos que se esforçaram mais ainda no seu serviço de tempo integral. Jeová cuida realmente de seus servos, fornecendo tudo o que necessitam.

[Quadro/Foto nas páginas 173, 174]

Um missionário muito estimado

Neal Callaway

Ano de nascimento: 1926

Ano de batismo: 1941

Resumo biográfico: Os pais se tornaram Testemunhas de Jeová quando ele era criança. Iniciou seu ministério de tempo integral depois de cursar o segundo grau. Foi convidado a cursar a Escola de Gileade na 12.ª turma; recebeu designação para as Filipinas, onde serviu como superintendente viajante.

Neal Callaway foi um missionário zeloso, muito estimado pelos irmãos. Levando a sério o serviço do Reino e ao mesmo tempo demonstrando um temperamento alegre e amistoso, serviu em todas as partes do país. Eis o que ele disse sobre sua designação no serviço como viajante.

“Às vezes, caminhávamos nos morros por duas horas até chegarmos ao território, entoando cânticos do Reino durante o percurso. Ver 15 a 20 num grupo, todos andando em fila indiana pelos trilhos e cantando, alegrava-me muito o coração por eu ter aceitado minha designação no estrangeiro.

“Levar a Palavra de Deus a lares modestos nas zonas rurais, ver aquela gente humilde sentar-se no chão para escutar toda palavra que se dizia e mais tarde vê-los no Salão do Reino na minha próxima visita — isto me fazia querer trabalhar ainda mais arduamente para falar a outros sobre o Reino de Deus.”

Neal casou-se com Nenita, uma irmã originária de Mindoro, e serviram juntos fielmente até a morte dele em 1985. Os irmãos filipinos ainda falam com muito afeto a respeito dele. Um deles disse: “O irmão Callaway era um homem bondoso que se dava bem com os irmãos. Ele sabia ajustar-se em qualquer situação.” *

[Nota(s) de rodapé]

^ parágrafo 342 A biografia do irmão Callaway foi publicada em “A Sentinela” de 1.º de fevereiro de 1972.

[Quadro/Foto na página 177]

Entrevista com Inelda Salvador

Ano de nascimento: 1931

Ano de batismo: 1949

Resumo biográfico: Enviada como missionária à Tailândia em março de 1967.

Eu tinha um misto de emoções quando soube que seria enviada à Tailândia como missionária. Sentia-me feliz e ao mesmo tempo um pouco apreensiva, e muitas perguntas me vinham à mente.

Cheguei em 30 de março de 1967. Estranhei a língua. Tratava-se de uma língua tonal, com timbres baixos, altos, graves, crescentes e agudos. Era difícil de aprender, mas fui carinhosamente ajudada por irmãos locais e irmãos estrangeiros.

Entre 1967 e 1987, trabalhei em Sukhumwit. Daí fui convidada a me mudar para uma designação numa nova congregação. Parecia difícil, pois eu tinha de deixar irmãos e irmãs com os quais havia trabalhado por 20 anos. Senti isso quando me mudei para Thon Buri. Bem, tudo depende da atitude da pessoa. Depois de 12 anos em Thon Buri, mudei-me de volta para Sukhumwit, em 1999. Outros missionários disseram que era como eu estar voltando para casa. Mas em qualquer congregação para a qual sou designada eu me sinto em casa.

[Quadro/Foto na página 178]

Recordações da aprendizagem de um idioma

Benito e Elizabeth Gundayao

Resumo biográfico: Benito, acompanhado da esposa, Elizabeth, empreendeu o serviço de circuito nas Filipinas. Em 1980, eles foram mandados para Hong Kong como missionários. Ajudaram ali 53 pessoas a aprender a verdade.

Aprender cantonês foi uma tarefa difícil para nós que não tínhamos nenhuma noção do idioma chinês. É preciso realmente esforço sincero e perseverança, bem como humildade.

Certa vez, eu estava tentando dizer: “Vou ao mercado.” Em cantonês, o que eu disse significava: “Vou ao esterco da galinha.” No serviço de campo, minha esposa disse com animação: “Oh! eu a conheço”, referindo-se a uma irmã conhecida da moradora. Mas as palavras ditas pela minha esposa significavam “Oh! eu a como.” Que choque para a moradora! Prezamos muito nossas experiências no serviço de campo entre os de língua chinesa.

[Quadro/Foto nas páginas 181, 182]

Entrevista com Lydia Pamplona

Ano de nascimento: 1944

Ano de batismo: 1954

Resumo biográfico: Depois de ganhar experiência como pioneira especial nas Filipinas, ela foi convidada a servir em Papua-Nova Guiné, em 1980. Ela já ajudou 84 pessoas a aprender a verdade.

Vibrei quando recebi minha designação, pois fazia tempo que eu desejava servir onde a necessidade de trabalhadores é maior. Também fiquei preocupada, pois ia deixar minha família pela primeira vez. Não sabia muito a respeito de Papua-Nova Guiné e o pouco que eu conhecia pelas histórias que havia ouvido me deixou apreensiva. Minha mãe me encorajou, dizendo: “Jeová Deus cuidará de nós onde quer que estivermos fazendo a vontade dele.” Escrevi minha carta aceitando a designação.

Quando cheguei, os irmãos se mostraram muito bondosos e os habitantes eram bem amistosos. Eu colocava muitos livros e revistas todo mês, mais do que jamais havia colocado nas Filipinas. Mas o idioma e os costumes eram bem diferentes. Pensei comigo: ‘Bem, vou servir aqui alguns anos e depois volto para casa e trabalho de novo como pioneira com minha mãe.’

Mas, depois de aprender dois dos idiomas principais e de adotar alguns dos costumes locais, cheguei a conhecer melhor as pessoas. No decorrer dos mais de 20 anos de minha permanência aqui, tive o privilégio de ensinar a verdade a muitos, e a alguns até ensinei a ler e a escrever para que pudessem estudar a verdade devidamente e praticá-la. Tudo isso e outras recompensas fazem com que agora em Papua-Nova Guiné eu me sinta em casa. Se Jeová quiser, é para mim um prazer ter parte no seu serviço aqui até que ele diga que a obra terminou ou até o fim de meus dias.

[Quadro/Foto nas páginas 191, 192]

Entrevista com Filemon Damaso

Ano de nascimento: 1932

Ano de batismo: 1951

Resumo biográfico: Ele começou como ministro de tempo integral em 1953. Mais tarde, casou-se e entrou no serviço de circuito. Depois de criar os filhos, continuou no serviço de tempo integral como pioneiro especial com a esposa. Recebeu várias designações nas ilhas Visaias e Mindanau até o presente.

Graves dificuldades tornaram difícil o serviço de tempo integral nos anos 60. Houve escassez de alimento por causa das pragas de ratos que destruíram plantações de milho e de arroz. Não podíamos mais pregar nas cidades, porque nossa roupa e nossos sapatos estavam gastos.

De modo que fomos aos campos, às montanhas e aos distritos remotos — em geral descalços. Quase deixei de fazer uma parte numa assembléia de circuito por falta de roupa adequada. Mas nosso superintendente de distrito, o irmão Bernardino, bondosamente me emprestou sua camisa, e eu proferi meu discurso. Naturalmente, muitos estavam em situação financeira pior do que a nossa. Por causa de nossa determinação de perseverar, Jeová nos abençoou.

Em 1982, tivemos provações por causa da questão de neutralidade. Em Mindanau, havia muita rebelião contra o governo. Visto que eu dirigia estudos bíblicos com oficiais dos chamados de rebeldes, soldados do governo tacharam-me de “conferencista” dos esquerdistas. Mas uma autoridade governamental explicou que nossos ensinamentos são totalmente bíblicos e não de natureza política.

Ao mesmo tempo, eu era malvisto pelos rebeldes porque, quando eu saía para pregar, dava testemunho primeiro ao chefe do distrito e ao comandante do destacamento militar. Mas não nos prejudicavam porque um oficial dos rebeldes com quem eu estudava nos defendia.

Por décadas, Jeová nos ajudou a sobreviver a dificuldades e provações. Somos gratos a Jeová pela sua misericórdia e proteção. — Pro. 18:10; 29:25.

[Quadro/Foto nas páginas 217, 218]

Entrevista com Pacifico Pantas

Ano de nascimento: 1926

Ano de batismo: 1946

Resumo biográfico: Formou-se na 16.ª turma de Gileade em 1951. Serve atualmente como ancião na Cidade de Quezon.

Durante a Segunda Guerra Mundial, tínhamos vizinhos que eram Testemunhas de Jeová na província de Laguna. Convidaram-me a ler os livros que tinham em sua biblioteca. Os livros eram bons: Criação, Vindication (Vindicação), Reconciliation (Reconciliação), Religião, Inimigos, Filhos e muitos outros. Quando os japoneses incendiaram nossa cidade, perdemos contato com as Testemunhas de Jeová, mas encontrei-as novamente um ano mais tarde em Manila. Passei a assistir às reuniões e, depois de me batizar, juntei-me a um grupo de pioneiros. Nossa designação era a inteira província de Tayabas, mais tarde chamada Quezon. Trabalhávamos de cidade em cidade e dormíamos em ônibus vazios, em lares de pessoas interessadas e em outros lugares assim.

Ao chegarmos a Mauban, um grupo de guerrilheiros fez incursão na cidade. Estávamos dormindo no andar de cima do prédio da prefeitura. A comoção nos despertou. Os policiais que estavam no andar térreo pareciam estar encurralados. Podíamos ouvi-los deixar cair suas armas de fogo no chão.

Os guerrilheiros invadiram o andar de cima. Um deles apontou uma luz de lanterna para nós e disse: “Quem são vocês?” Nós fingimos estar dormindo. Ele perguntou de novo e acrescentou: “Vocês não são espiões da polícia filipina?”

“Não, senhor”, respondemos.

Ele disse: “Mas vocês estão de roupa cáqui.”

Explicamos que as roupas nos foram doadas e que nossos sapatos haviam sido enviados num pacote como ajuda pelos nossos irmãos da América.

O comandante disse: “Está bem, vou levar os sapatos.” Assim, eu tirei meus sapatos. Ele quis minha calça também. Logo todos estávamos só com roupa de baixo. Foi bom termos roupas guardadas ali perto. Na realidade, ficamos contentes que tiraram de nós essas coisas. Do contrário, todos na cidade iam pensar que éramos espiões dos guerrilheiros!

Compramos tamancos, retornamos a Manila e depois fomos às ilhas Visaias para continuar o serviço de pregação.

O irmão Pantas participou do ministério de tempo integral e serviu como servo aos irmãos (atualmente chamado de superintendente de circuito) antes de cursar a Escola de Gileade. Ao retornar às Filipinas, —serviu como superintendente de distrito e no escritório da congênere antes de constituir família.

[Tabela nas páginas 168, 169]

FILIPINAS — TABELA DE EVENTOS IMPORTANTES

1908: Dois Estudantes da Bíblia dos Estados Unidos começam a dar testemunho na cidade de Sibalom.

1910

1912: Charles T. Russell profere um discurso na Ópera de Manila.

1934: É formada a congênere. O folheto Escape Para o Reino é publicado em tagalo.

1940

1947: Chegam os primeiros formados em Gileade.

1961: Primeiras turmas da Escola do Ministério do Reino.

1964: Pioneiros filipinos são convidados pela primeira vez para o serviço missionário em países vizinhos.

1970

1978: Primeiras turmas da Escola do Serviço de Pioneiro.

1991: Novos prédios da congênere são concluídos e dedicados. Erupção vulcânica no monte Pinatubo.

1993: Lançamento da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs em tagalo.

2000

2000: Lançamento da Tradução do Novo Mundo completa em tagalo.

2002: 142.124 publicadores ativos nas Filipinas.

[Gráfico]

(Veja a publicação)

Total de publicadores

Total de pioneiros

150.000

100.000

50.000

1940 1970 2000

[Tabela na página 199]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

Tabela dos aumentos na assistência aos congressos (1948-99)

350.000

300.000

250.000

200.000

150.000

100.000

50.000

0

1948 1954 1960 1966 1972 1978 1984 1990 1996 1999

[Mapas na página 157]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

FILIPINAS

LUZON

Vigan

Baguio

Lingayen

Cabanatuan

Mte. Pinatubo

Olongapo

Cidade de Quezon

MANILA

MINDORO

ILHAS VISAIAS

Masbate

CEBU

MINDANAU

Surigao

Davao

PALAWAN

El Nido

[Foto de página inteira na página 150]

[Foto na página 154]

Charles T. Russell e William Hall durante sua visita às Filipinas, em 1912

[Foto na página 159]

Joseph dos Santos, que aparece aqui com a esposa, Rosario, em 1948, continuou a ser um zeloso proclamador do Reino, apesar de três anos de cruel prisão durante a Segunda Guerra Mundial

[Foto na página 163]

Os primeiros irmãos enviados das Filipinas à Escola de Gileade: Adolfo Dionisio, Salvador Liwag e Macario Baswel

[Foto na página 164]

Caminhando pelas montanhas para a pregação

[Foto na página 183]

Milhares de pioneiros já foram beneficiados com a Escola do Serviço de Pioneiro

[Foto na página 186]

A fotocomposição computadorizada começou em 1980

[Foto na página 189]

As boas novas estão disponíveis em muitas línguas das Filipinas

[Foto na página 199]

Congresso Internacional “Ensino Divino”, em 1993

[Foto na página 199]

Batismo no Congresso de Distrito “Louvadores Alegres”, em 1995

[Foto na página 200]

Missionários filipinos que retornaram para uma visita por ocasião de um congresso

[Foto na página 202]

A “Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs” em tagalo foi lançada nos congressos de 1993

[Foto na página 204]

Tradução da Bíblia com a ajuda de computadores

[Foto na página 205]

Um pioneiro feliz recebe a “Tradução do Novo Mundo” em seu próprio idioma

[Foto na página 207]

A Comissão de Filial, da esquerda para a direita: (sentados) Denton Hopkinson e Felix Salango; (de pé) Felix Fajardo, David Ledbetter e Raymond Leach

[Foto na página 211]

Muitos refugiados vietnamitas aprenderam a verdade nas Filipinas

[Foto na página 215]

Natividad e Leodegario Barlaan dedicaram, cada um deles, mais de 60 anos ao serviço de tempo integral

[Fotos nas páginas 222, 223]

Salões do Reino construídos em anos recentes

[Fotos na página 224]

Salão de Assembléias (acima) na Metro Manila e outros Salões de Assembléias fora de Manila

[Foto na página 228]

À esquerda: John Barr proferindo discurso por ocasião da dedicação dos prédios da congênere em 1991

[Foto na página 228]

Abaixo: Os prédios da congênere em 1991

[Foto na página 235]

Reconhecida na mídia a vitória das Testemunhas de Jeová

[Fotos na página 236]

Terremotos, vulcões e inundações causam problemas, mas os publicadores zelosos continuaram a pregar

[Foto na página 246]

Zelosos pioneiros aprenderam a língua de sinais para ajudar os surdos a se beneficiar dos programas espirituais

[Foto na página 246]

Estudantes com instrutores na primeira turma da Escola do Serviço de Pioneiro em língua de sinais no país, em princípios de 2002

[Foto na página 251]

A 27.a turma da Escola de Treinamento Ministerial nas Filipinas