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República Democrática do Congo (Kinshasa)

República Democrática do Congo (Kinshasa)

República Democrática do Congo (Kinshasa)

‘Nós somos como os grãos num saco de milho africano. Onde quer que sejamos lançados, um por um, a chuva com o tempo vem e nós nos tornamos muitos.’ Essas palavras foram ditas mais de 50 anos atrás por uma fiel Testemunha de Jeová que havia sofrido muito às mãos das autoridades no que era conhecido então como Congo Belga. Nas páginas que se seguem, você verá como as bênçãos de Jeová, qual chuva refrescante, têm resultado num espantoso aumento de proclamadores do Reino em todo o Congo.

Esse país, conhecido agora como República Democrática do Congo, ou Congo (Kinshasa), fica no coração da África. * Cortado pelo equador, grande parte dele é coberto por florestas exuberantes. Nas suas extensas matas e savanas habita uma diversidade fabulosa de vida selvagem. Rico em recursos naturais, o país há muito tem sido alvo de interesses internacionais e foco de invasões e guerras civis.

Em 1885 foi fundado o Estado Livre do Congo, tendo o Rei Leopoldo II, da Bélgica, como soberano e dono exclusivo. Mas a vida do povo do Congo de forma alguma era livre. Os homens de Leopoldo recorriam ao trabalho forçado e à extrema brutalidade para saquear marfim e borracha. A indignação entre os países europeus vizinhos da Bélgica chegou a ponto de Leopoldo ceder às pressões. Em 1908, o Estado Livre do Congo foi dissolvido, tornando-se Congo Belga, uma colônia controlada pelo parlamento belga. O Congo ganhou a independência em 1960.

O povo do Congo é muito religioso. Há muitas igrejas, seminários e escolas de teologia no país. É comum encontrar pessoas que sabem de cor muitos textos da Bíblia. Como em toda a parte, porém, o estabelecimento do cristianismo verdadeiro não foi fácil. No Congo foi especialmente difícil porque, durante certo período, as pessoas confundiam as Testemunhas de Jeová com um movimento religioso chamado de Kitawala.

Problema de identidade

“Kitawala” deriva-se de um termo suaíli que significa “dominar, dirigir ou governar”. Assim, o objetivo desse movimento era essencialmente político — ser independente da Bélgica. Alguns achavam que esse alvo poderia ser alcançado com mais facilidade sob o manto da religião. Infelizmente, grupos do Kitawala adquiriam, estudavam e faziam circular publicações das Testemunhas de Jeová. Uma placa com a expressão “Watch Tower” (Torre de Vigia) identificava seus locais de reunião. Bem antes de as Testemunhas de Jeová se estabelecerem na região, esses “movimentos da Watch Tower” já se destacavam na província de Katanga, no sudeste do Congo. Por décadas, as pessoas presumiam que os membros do Kitawala eram Testemunhas de Jeová. Naturalmente, não eram.

O Kitawala torcia os ensinos bíblicos em favor de seus conceitos políticos, costumes supersticiosos e vida imoral. Seus membros recusavam-se a pagar impostos e se opunham aos governantes coloniais. Alguns grupos participavam em rebelião armada contra as autoridades. Não é de admirar que o governo belga os declarasse ilegais.

Em 1956, um comissário distrital do Congo Belga escreveu um artigo de jornal que lançou luz sobre os fundamentos do Kitawala. O artigo discorria sobre Tomo Nyirenda, um nativo da Niassalândia (atual Malaui), que morava na Rodésia do Norte (atual Zâmbia). Evidentemente, Nyirenda havia recebido instrução religiosa de alguém que se associara com os Estudantes da Bíblia (conhecidos hoje como Testemunhas de Jeová) na Cidade do Cabo, África do Sul. O artigo dizia: “[Nyirenda] entrou em Katanga [Congo] em 1925,  . . . proclamando-se Mwana Lesa, ou ‘Filho de Deus’. Ele explorava o pavor secular que os nativos tinham de ser enfeitiçados, prometendo que seus seguidores não só seriam libertos dos feiticeiros, mas teriam também os meios de ser exonerados de todos os impostos e exigências das autoridades, tanto do governo como da Igreja. Os que não aceitassem seus preceitos eram declarados feiticeiros, golpeados até ficar inconscientes e, em seguida, afogados num ‘batismo’ forçado. (De um único rio, foram retirados 55 corpos.) Depois de ter sido denunciado por um subchefe de aldeia, Tomo conseguiu escapar e voltou para a Rodésia. Visto que as autoridades rodesianas o procuravam por causa dos assassinatos que havia cometido, ele foi preso, julgado e enforcado.”

Segundo as autoridades belgas, as incursões do chamado Mwana Lesa em Katanga, de 1923 a 1925, marcaram o início do Kitawala no Congo. Décadas se passariam até que as Testemunhas de Jeová recebessem permissão de entrar e residir no país.

Para colocar o problema da identidade em perspectiva, é importante mencionar que igrejas independentes são comuns na África. Alguns calculam que existam milhares de tais organizações. John S. Mbiti, especialista em religiões africanas, escreveu: “[Um] dos maiores problemas do cristianismo na África é o grande número de divisões religiosas, denominações, grupos e seitas. Muitas delas foram importadas do exterior. Muitas mais foram criadas pelos próprios cristãos africanos, em parte porque não desejavam ser indefinidamente dominados por missionários estrangeiros, ou devido ao desejo pessoal de poder, e porque queriam que o cristianismo refletisse a cultura e os problemas africanos, ou ainda por várias outras razões.”

Assim, existiam muitas igrejas independentes, sendo que a maioria delas havia adotado ensinos de uma religião estabelecida ou se separado dela. Nesse sentido, o movimento Kitawala não era algo incomum. No entanto, a existência do Kitawala dava à cristandade uma oportunidade ímpar de manter as Testemunhas de Jeová fora do Congo. Embora os líderes religiosos conhecessem muito bem a diferença entre o Kitawala e as Testemunhas de Jeová, deliberadamente promoviam o conceito errôneo de que o Kitawala e as Testemunhas de Jeová eram uma e a mesma coisa.

As igrejas estavam em grande vantagem para espalhar essa mentira. No início do século 20, as religiões da cristandade, particularmente a Igreja Católica, desfrutavam de poderosa e influente presença no Congo Belga. As Testemunhas de Jeová, por sua vez, não tinham representatividade ali, e era assim que o clero da cristandade queria que as coisas continuassem. Num espírito de ciúme, procuravam segurar seus convertidos e não queriam nenhuma intrusão por parte das Testemunhas de Jeová.

A culpa pelos levantes, rebeliões e choques tribais entre os nativos era convenientemente atribuída ao Kitawala, muitas vezes chamado de movimento Watch Tower. O nome Watch Tower tornou-se abominável para funcionários e autoridades públicas. Isso causava grandes dificuldades para quem desejasse servir a Jeová no Congo.

Durante as décadas anteriores à independência do país, as Testemunhas de Jeová em outros países repetidas vezes enviaram cartas às autoridades no Congo, explicando que a Watch Tower Bible and Tract Society (Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados) não tinha nada a ver com o movimento Watch Tower. Por muitos anos, porém, as autoridades continuaram a associar as atividades desse movimento religioso nativo com a obra do povo de Jeová. Repetidos esforços de enviar Testemunhas de Jeová para o Congo quase sempre fracassavam.

Visto que as Testemunhas de Jeová não tinham permissão de entrar no país, pouco se sabe sobre a existência de Testemunhas genuínas ali. Contudo, um vislumbre fascinante do que acontecia naqueles anos difíceis se encontra em relatórios a respeito do Congo enviados por sedes das Testemunhas de Jeová em países vizinhos. Vejamos alguns trechos desse histórico do Congo de 30 anos, aos quais acrescentamos alguns comentários.

Histórico do Congo—trechos de relatórios de países vizinhos 1930-60

1930: Têm-se recebido pedidos de publicações pelo correio do  . . . Congo Belga.

1932: Esperamos que mais tarde seja possível trabalhar no Congo Belga e em outras partes da África Central que ainda não receberam testemunho.

A partir de maio de 1932, a sede das Testemunhas de Jeová na África do Sul repetidas vezes solicitou permissão às autoridades belgas para o envio de ministros de tempo integral para o Congo. Esses pedidos foram negados. Devido à migração de pessoas entre o Congo e a Rodésia do Norte, porém, alguns irmãos rodesianos puderam entrar no Congo, em geral por breves períodos.

1945: É preciso ser corajoso para representar a Deus e seu reino teocrático no [Congo Belga]. Não só a obra e as publicações estão totalmente proscritas, mas também os africanos congoleses que declaram se associar conosco estão sujeitos a ser levados para certo lugar onde são mantidos em semiconfinamento, às vezes por vários anos. As cartas que nos são enviadas do Congo raramente chegam aqui [Rodésia do Norte], e as que enviamos como resposta, pelo visto, não são entregues; mas  . . . está sendo feito todo o possível para ajudar os nossos companheiros de trabalho do Reino nesse país cheio de sacerdotes.

1948: Atualmente dois publicadores do Reino moram nesse território e eles têm enviado alguns relatórios à sede em Bruxelas. Esperamos que esse vasto território seja aberto algum dia, para que o evangelho do Reino possa ser pregado ali.

1949: Já por anos, a obra de testemunho nesse território sob domínio católico prossegue com as maiores dificuldades. Em tempos passados, os sacerdotes às vezes chegavam a obrigar uma pessoa a comer um bloco de sal sem água como castigo por ser Testemunha de Jeová, mas agora seus métodos estão mais em conformidade com a Inquisição Espanhola; eles querem que o governo execute por eles a sua perversa obra opressiva. Publicadores africanos estão presos há anos, cumprindo penas de duração indefinida por causa de sua obra de testemunho e, piorando as coisas, são enviados para um campo de concentração especial em Kasaji, uns [500] quilômetros de Elisabethville [agora Lubumbashi]. Ali eles trabalham em pequenos lotes e ficam isolados, estando, ou não, com a família.  . . . Podem ficar até mesmo por dez anos. Em muitos casos, suportam anos a fio desse isolamento sem a menor esperança de liberdade ou de justiça, exceto ao preço terrível de transigir na sua integridade.

O resultado foi que a obra passou a ser feita às ocultas; as reuniões são realizadas em segredo, e os locais precisam ser sempre trocados por causa do temor de prisões. A maior parte do testemunho é feita visitando conhecidos amistosos e pessoas indicadas por estes, mas, mesmo assim, um após outro sofre tribulação. A Testemunha é presa e arrastada para o campo de Kasaji.

Por volta dessa época, Llewelyn Phillips, da sede na Rodésia do Norte, viajou ao Congo Belga para ali interceder em favor das Testemunhas de Jeová perseguidas. O governador-geral e outras autoridades ouviram sua explicação da natureza da obra de pregação do Reino e a diferença entre as crenças das Testemunhas de Jeová e as do Kitawala. A certa altura, o governador-geral perguntou pensativamente: “Se eu ajudar o senhor, o que vai ser de mim?” Ele sabia muito bem que a Igreja Católica Romana exercia grande influência no país.

1950: O último ano foi o mais difícil de todos, em especial para os irmãos que vivem no Congo Belga. No início do ano de serviço, nem todas as publicações e cartas enviadas ao território haviam sido recebidas, e os meios de comunicação com as congregações praticamente cessaram. A seguir, em 12 de janeiro, o governador-geral interditou a Sociedade e impôs uma pena de dois meses de prisão e multa de 2.000 francos a todo aquele que se associasse com a Sociedade, fosse membro dela ou lhe desse algum tipo de apoio. A imprensa católica saudou com alegria essa decisão. Seguiram-se numerosas prisões. Listas confiscadas de um ex-servo [de congregação] em Elisabethville, um ano antes, foram usadas para identificar centenas de associados da Sociedade que, junto com suas respectivas esposas, foram presos. Depois de cumprirem suas penas, os africanos norte-rodesianos foram deportados, mas as Testemunhas nativas do Congo, em muitos casos, foram enviadas ao Kasaji, um campo de concentração [a uns 500] quilômetros de Elisabethville, onde algumas ainda estão. Alguns dos irmãos deportados receberam pouquíssima comida e foram obrigados a ir a pé os últimos 30 quilômetros de Sakania até a fronteira norte-rodesiana.

O efetivo da polícia secreta recentemente se multiplicou, e a posse de uma Bíblia basta para se suspeitar de que a pessoa seja Testemunha de Jeová.

Acaba de chegar a notícia de que duas irmãs européias de Elisabethville foram sentenciadas a uma pena de 45 dias de prisão, suspensa por três anos sob condição de boa conduta (o que significa, naturalmente, não trabalhar pela causa do Senhor), por possuírem A Sentinela e darem testemunho. Elas enfrentam todos os dias a perspectiva de deportação.

1951: Muitos artigos foram publicados nos jornais e revistas belgas, acusando as Testemunhas de Jeová e a Sociedade Torre de Vigia (dos EUA) de terem ligações com um fanático movimento nativo no Congo Belga, chamado “Kitawala”. Na Bélgica, quando alguém contesta um artigo publicado num jornal ou numa revista, a lei exige que o jornal ou a revista publique a contestação. Temos aproveitado esse direito para defender a obra do Reino contra esses artigos caluniosos, e as nossas contestações têm sido publicadas.

Desde [12 de] janeiro de 1949 a obra da Sociedade Torre de Vigia está proscrita no Congo Belga e as Testemunhas de Jeová genuínas têm sofrido por causa dessas informações falsas. Têm sido enviados protestos por escrito ao ministro das colônias, com amplas provas de que as Testemunhas de Jeová e a Sociedade Torre de Vigia não têm ligações com o subversivo “Kitawala”, mas esses protestos têm sido ignorados.

As armas de deturpação, perseguição, multas, espancamentos, prisões e deportação são usadas no Congo Belga na tentativa de erradicar a ‘pregação da Palavra’ nesse país.

1952: A África Central também tem uma “cortina de ferro”! No que concerne às Testemunhas de Jeová, ela circunda as fronteiras do Congo Belga. A proscrição da obra de testemunho nesse país predominantemente católico-romano continua inalterada.

Relatórios esporádicos recebidos desse país falam de publicadores africanos sendo vítimas de deportações, prisões, espancamentos e outros sofrimentos. Em muitos lugares, parece ter havido aumento na maldade contra as Testemunhas de Jeová. Nativos do país são banidos para campos de trabalho forçado se forem pegos dando testemunho, ou até mesmo se possuírem alguma publicação da Torre de Vigia. O simples fato de possuir uma Bíblia já é considerado indicativo de que a pessoa é Testemunha de Jeová.

As casas dos irmãos são vigiadas continuamente e não raro revistadas. Como disse um irmão no seu relatório: “[A polícia do Congo Belga] não descansa por nossa causa; corre de um lado para o outro procurando apenas Testemunhas de Jeová. Agora é mais sério do que antes.”

Um raro relatório de 30 publicadores, referente a agosto, chegou a este escritório com 1 Tessalonicenses 5:25 como nota de rodapé: “Irmãos, continuai a orar por nós.”

Como já mencionamos, Testemunhas africanas da Rodésia do Norte mudaram-se para o Congo. Quando eram apanhadas, porém, eram presas e, mais tarde, deportadas. Embora a maioria cumprisse curtas penas de prisão, alguns irmãos passavam vários anos em campos de trabalho forçado. Um irmão passou quase cinco anos em várias prisões, no Congo. Seus captores muitas vezes o espancavam. Além disso, diziam que ele jamais seria liberto, a menos que parasse de dar testemunho.

Foi em 1952 que aquele irmão fiel declarou: ‘Nós somos como os grãos num saco de milho africano. Onde quer que sejamos lançados, um por um, a chuva com o tempo vem e nós nos tornamos muitos.’ A sede das Testemunhas de Jeová na Rodésia do Norte escreveu a respeito disso: “O ‘saco de milho africano’ certamente está sendo espalhado no Congo apesar da perseguição dos irmãos, ou melhor, por causa dela. Houve época em que a sede em Lusaka recebia informações de que centenas de pessoas se associavam com as Testemunhas de Jeová na região de Kolwezi. No entanto, as notícias agora são de que muitas delas estão sendo transportadas para outras partes do Congo.” Esse espalhamento dos irmãos resultou na expansão da atividade de fazer discípulos.

Ao passo que os irmãos trabalhavam arduamente na parte sul do país, a verdade estava sendo introduzida em Léopoldville (agora Kinshasa). Os irmãos em Brazzaville haviam feito rápido progresso espiritual e partilhavam zelosamente a verdade com outros. Alguns passaram a cruzar o rio Congo de barca para pregar em Léopoldville. Em 1952, Victor Kubakani e sua esposa foram as primeiras Testemunhas a serem batizadas em Kinshasa. Logo formou-se uma congregação.

1953: Temos relatórios que indicam que cerca de 250 irmãos estão tendo alguma participação na pregação em várias partes do país, mas provavelmente há muitos mais. O testemunho se resume a revisitas e estudos bíblicos em domicílio, e isso com pouquíssimas publicações, ou nenhuma, pois os irmãos nunca sabem quando a sua casa será revistada. Certo irmão foi denunciado por um de seus “amigos” pela posse de dois folhetos e condenado a dois meses na prisão Central, em Elisabethville.

1954: A proscrição total contra a Sociedade e as atividades das Testemunhas de Jeová continua no Congo Belga  . . . Na prisão, as fiéis Testemunhas prosseguem suas atividades pregando a outros prisioneiros, que, com pedacinhos de papel e restos de lápis fazem anotações para levar e conferir nas suas Bíblias, fornecidas pela prisão. É sem dúvida por causa dessas atividades que, em algumas prisões, as Testemunhas de Jeová são separadas dos outros prisioneiros.

Tanto as atividades das Testemunhas de Jeová como as do Kitawala estavam proscritas. As autoridades confiscavam as publicações bíblicas enviadas ao país. Às vezes, as que escapavam da inspeção eram interceptadas e usadas pelo Kitawala na promoção de seus interesses. Tanto as Testemunhas de Jeová como os partidários do Kitawala eram presos, espancados e levados a campos de concentração. Contudo, Jesus declarou: “Pelos seus frutos os reconhecereis.” (Mat. 7:16) As autoridades coloniais observavam a conduta excelente dos irmãos e começaram a discernir a diferença entre eles e os membros do Kitawala.

1955: A proscrição da obra neste país persiste, com pouca perspectiva de que será revogada no futuro próximo, mas isso não tem diminuído o zelo dos que amam e servem a Jeová. As muitas prisões e deportações de irmãos durante o último ano não os fizeram afrouxar as mãos.

Nas condições atuais, não é possível realizar o trabalho de casa em casa, de modo que são feitas revisitas e dirigidos estudos bíblicos em domicílio. Como escreveu certa congregação, os publicadores gostariam de participar também na declaração pública das boas novas, embora, como disseram, “não saibamos se Jeová nos permitirá pregar as boas novas de casa em casa neste país antes da batalha do Armagedom”.

1957: Não há dúvida de que durante o último ano a obra atraiu mais atenção do que nunca, em especial das autoridades e da imprensa. Em novembro, o irmão [Milton G.] Henschel teve um encontro direto com o governo do Congo Belga em Léopoldville e, nessa ocasião, apresentou um pedido de revogação da proscrição contra a Sociedade e as Testemunhas de Jeová. A esse contato inicial se seguiu outra visita a Léopoldville e depois exposições de fatos em Nova York e Bruxelas. Mais tarde, um especialista em assuntos africanos da Bélgica visitou a sede das Testemunhas de Jeová na Rodésia do Norte. Isso abriu a oportunidade para uma explicação detalhada a respeito de nosso trabalho e de nossa mensagem.

No ínterim, a proscrição continua e os irmãos no Congo Belga trabalham sob muitas dificuldades. Embora se tenham reunido em grupos pequenos, 216 pessoas assistiram à Comemoração.

1958: Durante o último ano, apesar da vigente proscrição da pregação das boas novas e das prisões de irmãos, a mensagem do Reino soou com crescente resultado.

1959: Pela primeira vez, os irmãos receberam das autoridades locais permissão oral para realizar reuniões congregacionais, mesmo sem a revogação da proscrição legal. Até então não era possível realizar nenhuma reunião congregacional, a não ser em pequenos grupos para estudo bíblico em casas particulares. Pondo mãos à obra, a primeira reunião congregacional que os irmãos organizaram foi a Comemoração e, nas cinco [congregações de] Léopoldville, ao todo 1.019 pessoas compareceram. Os observadores ficaram muito admirados, não só por causa da realização das reuniões em si, mas de ver o espírito alegre de companheirismo cristão manifestado pelos irmãos. Isso fez com que várias pessoas vissem de imediato que ali havia um povo diferente das outras religiões, pois ‘eles manifestavam amor entre si’.

Embora ainda não fosse possível enviar missionários para o Congo, um decreto de tolerância, assinado em 10 de junho de 1958, permitiu às Testemunhas de Jeová locais “se reunirem em locais de reunião fechados”. Os irmãos ficaram felizes de que poderiam se reunir livremente. Às vezes, agentes de segurança assistiam a essas reuniões e elogiavam os irmãos pela boa conduta e ordem.

Houve outras mudanças positivas. Até 1956, todas as escolas eram dirigidas por organizações religiosas. Daí, um novo ministro colonial, liberal, fundou escolas do governo e incentivou uma atitude mais tolerante para com os grupos minoritários. A confusão de identidade entre o Kitawala e as Testemunhas de Jeová lentamente começava a diminuir, ao passo que as autoridades discerniam a diferença entre os dois grupos. Um revigorante chuvisco havia caído sobre as sementes espalhadas. Em toda a parte, pessoas tomavam posição a favor de Jeová.

Nessa época, um chefe prendeu várias Testemunhas e levou-as ao administrador regional para serem julgadas. O administrador perguntou qual era o delito que elas haviam cometido. O chefe não sabia. O administrador repreendeu o chefe, liberou os irmãos e mandou providenciar transporte para levá-los de volta para casa.

1960: O progresso da obra no Congo Belga foi maravilhoso no último ano. Apesar das dificuldades nesse país e do fato de que legalmente a obra continua proscrita, tem sido possível os irmãos realizarem reuniões regulares em Salões do Reino.

Ocorreu um evento notável na época da Comemoração na cidade de Léopoldville, a capital. As seis [congregações] da cidade se juntaram para ouvir um discurso público no domingo e se emocionaram com a presença de 1.417 pessoas. Como um dos [superintendentes] escreveu naquela ocasião: “Ficamos muito felizes, pois fora a primeira vez que havíamos tentado algo assim; os anjos de Jeová se acamparam ao nosso redor.”

Esse histórico de 30 anos forneceu uma visão geral das atividades no Congo, conforme relatado por sedes das Testemunhas de Jeová de países vizinhos. Vejamos agora os acontecimentos posteriores.

Aproximava-se a independência nacional

Em fins dos anos 50, a pregação do Reino no Congo, supervisionada pela sede na Rodésia do Norte, era oficialmente tolerada, porém não reconhecida legalmente. No ínterim, surgiam novos problemas e incertezas. O nacionalismo se tornara forte, bem como a resistência ao domínio colonial. Durante janeiro de 1959, desordeiros saquearam e queimaram lojas em Léopoldville. Saquearam também igrejas, atirando as imagens nas ruas. Isso levou a uma conferência entre autoridades belgas e representantes dos partidos políticos locais. Eles fixaram uma data para a independência nacional: 30 de junho de 1960. Naturalmente, nenhuma Testemunha de Jeová havia participado nos distúrbios.

Partidos políticos locais começaram a surgir por todo o país. Em Muitos casos, seus membros eram mais unidos por laços tribais do que por convicção política. Os irmãos eram terrivelmente pressionados a comprar cartões de afiliação partidária. Pierre Mafwa, que se batizara no ano anterior, contou: “Era um sábado, em junho de 1960. Eu voltava para casa do trabalho, ao meio-dia. Ao passar pelo antigo aeroporto de Léopoldville, fui abordado por um homem que portava uma espada. ‘Mostre-me seu cartão político!’, exigiu. Eu não respondi. De repente, ele golpeou-me no rosto com a espada, ferindo meu nariz. Ele continuou a atacar-me com a espada. Tentei correr, mas caí ao chão. Orei a Jeová, pedindo que se lembrasse de mim na ressurreição, para que eu pudesse reencontrar minha esposa e meus seis filhos. Depois dessa curta oração, ouvi tiros de fuzil. Soldados haviam prostrado o provável assassino atirando nos joelhos dele. Um policial levou-me ao hospital, onde recebi tratamento. Textos bíblicos me encorajaram muito.”

Chegam os primeiros missionários e abrem uma sede

Como já vimos, repetidos esforços de enviar representantes das Testemunhas de Jeová ao Congo haviam sido infrutíferos. Mas as coisas estavam mudando politicamente, abrindo o caminho para a chegada de Ernest Heuse Jr.

O irmão Heuse era um belga alto e encorpado, de cabelos pretos ondulados. Embora fosse destemido, ele sabia que a vida no Congo não seria fácil para ele, sua esposa, Hélène, e sua filha de 11 anos, Danielle. A formação de Ernest o credenciava para o que viria. Ele havia entrado no serviço de Betel, em Bruxelas, em 1947. Um ano depois, casou-se e foi transferido para o serviço de pioneiro junto com a esposa. Depois, Ernest foi designado para contatar advogados e autoridades em geral com uma brochura especial que tratava das diferenças entre o Kitawala e as Testemunhas de Jeová. Com o tempo, ele trabalhou como superintendente de circuito.

Ernest tentou várias vezes obter documentos de entrada no Congo, chegando a fazer um pedido pessoal ao rei da Bélgica. Em vez de receber a permissão, seu nome entrou na lista de pessoas “indesejáveis” para a entrada no Congo.

Ernest persistiu. Viajou para a África e tentou entrar no Congo através de países vizinhos. Todas as tentativas falharam. Finalmente, ele obteve um visto para viajar a Brazzaville, capital da República do Congo. Dali ele cruzou o rio de barca até Léopoldville. A sua chegada provocou uma acesa discussão entre as autoridades responsáveis. Algumas diziam que o visto não devia ser concedido, pois o nome dele estava na lista dos indesejáveis. Por fim, uma das autoridades, Cyrille Adoula, que mais tarde tornou-se primeiro-ministro, disse que sabia das tentativas de Ernest para entrar no Congo. Ele ponderou que, se os antigos colonialistas não gostavam de Heuse, ele sem dúvida era amigo do Congo. Ernest recebeu um visto temporário e, mais tarde, um permanente. Assim, em maio de 1961, as Testemunhas de Jeová passaram a ter um representante no Congo para supervisionar a obra de fazer discípulos.

Ernest providenciou a mudança de Hélène e Danielle e, em setembro, Danielle já freqüentava a escola em Léopoldville. A primeira sede da Sociedade foi aberta na capital, em 8 de junho de 1962. O escritório e a residência ficavam no terceiro andar de um prédio na Avenida van Eetvelde (atual Avenida du Marché). Por falta de espaço, as publicações eram mantidas num depósito à parte. Embora essa situação não fosse a ideal, era a melhor solução, pois havia uma séria falta de moradias.

O irmão Heuse logo começou a trabalhar. Tomou emprestado um projetor e um filme da sede da Sociedade em Brazzaville. Passou a exibir o filme A Felicidade da Sociedade do Novo Mundo nas congregações em Léopoldville e para certas autoridades. Foi muito revelador tanto para os irmãos como para as pessoas interessadas ver que existia uma fraternidade internacional de Testemunhas de Jeová vivendo em paz e felicidade. Ficaram pasmos de ver um irmão negro batizando europeus. O prefeito de Léopoldville gostou tanto do filme que disse: “Esse trabalho [das Testemunhas de Jeová] deve ser incentivado ao máximo possível.” O total de 1.294 pessoas assistiram às primeiras quatro exibições.

Foi uma grande alegria para os irmãos terem finalmente alguém para os ajudar, depois de uma espera de tantos anos. Antes, eles só conheciam os irmãos europeus por nome. Alguns até mesmo duvidavam de sua existência, pois as autoridades belgas haviam afirmado que não havia Testemunhas de Jeová na Bélgica. Os irmãos sentiam-se emocionados com a presença do irmão Heuse.

Aplicar a verdade — um desafio

Havia um tremendo trabalho a fazer para ajudar os irmãos a aplicarem a verdade nas suas vidas. Por exemplo, rivalidades tribais persistiam, e alguns superintendentes de congregação não falavam com outros superintendentes. Se alguém fosse desassociado numa congregação dominada por certa tribo, poderia ser aceito pelos anciãos de outra congregação composta na maioria de irmãos de sua própria tribo. Decisões tomadas numa congregação não valiam em outras. Costumes e conceitos tribais dominavam o dia-a-dia e influenciavam as congregações.

Os costumes tribais causavam ainda outros problemas. Entre algumas tribos, a relação entre marido e esposa baseava-se em lealdades tribais. Em geral, não havia uma relação estreita entre marido e esposa. O casamento não raro era encarado como arranjo da tribo. Se os membros da tribo não aprovassem o casamento, eles podiam obrigar o marido a livrar-se da esposa e tomar outra — da escolha deles.

Quando o marido morria, as conseqüências podiam ser desastrosas. Muitas vezes a família do marido se apoderava de tudo na casa, deixando a esposa e os filhos sem nada. Em algumas tribos, o marido seria considerado responsável caso a esposa morresse, e a família da esposa lhe aplicaria uma multa.

Havia outros problemas. Até os dias de hoje, muitas pessoas no Congo acreditam que ninguém morre de causas naturais. Sendo assim, por ocasião do enterro são realizadas cerimônias que supostamente identificam o culpado pela morte. Rapam o cabelo do suposto culpado e praticam muitos outros costumes. Em algumas tribos, quando o marido morre, a esposa é supostamente purificada por um varão de sua tribo por meio de relações sexuais com ela. Nos funerais, as palavras em geral são dirigidas ao morto, refletindo a crença de que a alma, ou o espírito, sobrevive à morte do corpo. Em vista de todos esses costumes profundamente arraigados, é fácil imaginar os problemas que enfrentavam as pessoas que desejavam praticar a adoração pura. Outros, que afirmavam ser cristãos verdadeiros, ainda não haviam abandonado totalmente esses costumes e até mesmo tentavam introduzi-los na congregação cristã.

Precisava-se de superintendentes corajosos e honestos para corrigir as coisas. Pessoas que amavam a Jeová estavam dispostas a aprender desses superintendentes e a fazer as mudanças necessárias. Não era fácil derrubar os conceitos bem arraigados daqueles que erroneamente achavam que já conheciam a verdade. O maior problema de todos, porém, era que as pessoas confundiam as Testemunhas de Jeová com o Kitawala.

Quando se espalhou a notícia por todo o país de que havia sido aberta uma sede, muitos grupos de irmãos escreveram pedindo para serem reconhecidos como congregações. Grupos do Kitawala fizeram o mesmo. Certo relatório diz: “Algumas pessoas vieram de lugares até 2.300 quilômetros distantes trazendo longas listas de nomes dos que desejavam ser reconhecidos como Testemunhas de Jeová. Algumas dessas listas eram escritas em folhas de papel de 70 centímetros de largura por 90 de comprimento e, em alguns casos, incluíam os nomes de todos os moradores de dois ou três vilarejos.”

Antes de reconhecer pessoas ou grupos como Testemunhas de Jeová, era preciso diferenciar os cristãos verdadeiros dos membros do Kitawala. O irmão Heuse enviou irmãos maduros para investigar. Esse processo levou anos. Vejamos alguns incidentes ocorridos com esses irmãos fiéis.

Confronto com o Kitawala

Em 1960, Pontien Mukanga, um irmão de porte relativamente pequeno e de índole mansa, foi designado como primeiro superintendente de circuito no Congo. Depois de um treinamento no Congo (Brazzaville), ele visitou as congregações em Léopoldville e alguns grupos isolados vizinhos. Contudo, uma designação muito mais difícil o aguardava: confrontar o Kitawala.

Uma das primeiras viagens do irmão Mukanga foi a Kisangani (que então se chamava Stanleyville), mais de 1.600 quilômetros distante da capital. Por que ali? Um irmão europeu, que o irmão Heuse conheceu no serviço de campo, mostrou-lhe uma foto tirada em Stanleyville pouco depois da independência. Nela aparecia um cartaz grande em frente da estação ferroviária, retratando uma Bíblia aberta e com os dizeres (em inglês): “Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados — Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia — Religião Kitawala Congolesa — Viva Patrice E. Lumumba! — Viva Antoine Gizenga! — Viva o Governo M. N. C.!” É óbvio que o Kitawala em Kisangani usava indevidamente os nomes das associações jurídicas das Testemunhas de Jeová.

Havia Testemunhas de Jeová genuínas em Kisangani? O irmão Mukanga foi enviado para investigar. A única informação de que a sede dispunha era a respeito de um homem chamado Samuel Tshikaka, que havia ouvido a verdade em Bumba e retornado a Kisangani em 1957. Samuel não se associava com nenhum grupo Kitawala e desejava muito ajudar o irmão Mukanga, que mais tarde escreveu: “Fui junto com o irmão Samuel investigar as pessoas que usavam o nome Watch Tower. Visitamos o pastor delas, que nos deu informações a respeito de seu grupo. Ficamos sabendo que, embora alguns membros usassem a Bíblia, todos eles criam na imortalidade da alma. Ensinavam amor por meio da troca de esposas.

“Pouco depois da minha chegada, a polícia tentou prender os membros do Kitawala na cidade. Eles reagiram. A polícia pediu o reforço de soldados. Muitos membros do Kitawala foram mortos. No dia seguinte, um barco carregado de mortos e feridos cruzava o rio. O secretário do pastor os acompanhava e reconheceu-me como tendo visitado o líder deles dois dias antes. Ele acusou-me falsamente de tê-los traído às autoridades e culpou-me pelas mortes ocorridas na luta. Disse aos seus confrades do Kitawala que não me deixassem escapar, mas eu consegui fugir antes que me matassem.”

Ao noticiar esse incidente, os jornais na Bélgica usaram a manchete “Luta entre as Testemunhas de Jeová e a polícia”. No entanto, as autoridades congolesas — que conheciam a diferença entre o Kitawala e as Testemunhas de Jeová — deram informações corretas. Nenhum jornal no Congo acusou as Testemunhas de Jeová de envolvimento nesse incidente.

O que aconteceu com Samuel Tshikaka? Ele ainda está na verdade e serve como ancião na Congregação Kisangani Tshopo-Est. Hoje há 1.536 publicadores em Kisangani, agrupados em 22 congregações. O filho de Samuel, Lotomo, trabalha como superintendente de circuito, assim como Pontien Mukanga fazia uns 40 anos atrás.

Um superintendente de circuito que corrigiu as coisas

François Danda foi outro superintendente de circuito que trabalhou para estabelecer a diferença entre as Testemunhas de Jeová e o Kitawala. Ele explica: “Foi um período difícil, e havia muita confusão. Os grupos do Kitawala sempre colocavam uma placa com os dizeres ‘Watch Tower’ nos seus locais de reunião. Em todas as nossas publicações, em qualquer idioma, podia-se encontrar ‘Watch Tower’ na página editora. Agora, imagine um leitor de nossas publicações que estivesse à procura do povo de Deus. Ele poderia encontrar um local com a placa ‘Salão do Reino das Testemunhas de Jeová’ no idioma local e, num outro local, a placa ‘Watch Tower’. Aonde estaria inclinado a ir? Pode-se imaginar como isso era confuso.

“Muitos irmãos não tinham conhecimento exato e havia poucas publicações disponíveis. As congregações não raro misturavam a verdade com os ensinos do Kitawala, em especial concernente à santidade do casamento. Numa cidade que visitei, pensava-se que 1 Pedro 2:17, que ordena ‘ter amor à associação inteira dos irmãos’, significava que as irmãs estavam disponíveis a qualquer irmão na congregação. Se uma irmã engravidasse de um irmão que não fosse seu marido, o marido aceitaria a criança como se fosse seu próprio filho. Como no primeiro século, ‘os não ensinados e instáveis’ deturpavam as Escrituras. — 2 Ped. 3:16.

“Proferi discursos bíblicos bem diretos a respeito das normas de Jeová, incluindo as referentes ao casamento. Eu disse que havia certas coisas que devíamos corrigir pacientemente, pouco a pouco, mas a troca de esposas não era uma delas. Felizmente, os irmãos entenderam e aceitaram o conceito bíblico correto. Até mesmo alguns membros do Kitawala naquela cidade aceitaram a verdade.”

Os esforços dos irmãos Mukanga e Danda, e de muitos outros como eles, deixaram claro para as pessoas que as Testemunhas de Jeová eram diferentes do Kitawala. Hoje, ninguém associa o “Kitawala” com o termo “Watch Tower”. O Kitawala ainda existe, embora não tenha mais tanta notoriedade ou poder como no passado. Em muitas regiões, é totalmente desconhecido.

Melhor organização resulta em aumentos

Em fins do ano de serviço de 1962, mais de 2.000 publicadores serviam zelosamente a Jeová, no Congo. Mas poucos irmãos preenchiam os requisitos bíblicos para supervisão. Um dos problemas era o analfabetismo, especialmente entre os de mais idade. Outro problema era a lentidão com que muitos se ajustavam aos padrões de justiça divinos, visto que os costumes tradicionais eram obstáculos colossais. Além disso, todo ex-membro do Kitawala tinha de esperar anos antes de receber privilégios de serviço.

Aos poucos, porém, o sólido ensino bíblico e a operação do espírito de Jeová ajudaram homens a se qualificarem para cargos de supervisão nas congregações. Por todo o país, corajosos superintendentes de circuito e pioneiros contribuíram muito para fortalecer e treinar os irmãos. Por volta dessa época, superintendentes de circuito e pioneiros especiais treinados em Zâmbia até mesmo entraram em Katanga e no sul de Cassai, regiões conturbadas pela guerra civil.

Depois da independência — os anos de tolerância religiosa

Lembre-se de que em 1958 o governo baixou um decreto de tolerância, dando aos irmãos uma certa medida de liberdade religiosa. No início dos anos 60, os irmãos continuaram a solicitar a concessão do registro legal. Não pediam subsídios ou outra ajuda financeira do governo; o que queriam era o registro legal. Esse registro permitiria que pregassem as boas novas sem importunações. Essa necessidade era urgente, pois em muitos lugares as autoridades locais organizavam ataques contra os irmãos. Incendiavam locais de reunião e espancavam e prendiam os irmãos. Quando os irmãos protestavam perante o Ministério da Justiça, a resposta padrão era: ‘Lamentamos, mas, visto que vocês não estão registrados legalmente, nada podemos fazer.’

A situação caótica no interior agravava o problema. O governo central não era reconhecido em certas partes do país. Em algumas regiões, uma simples carta da sede das Testemunhas de Jeová bastava para que as autoridades libertassem os irmãos da prisão. No entanto, em lugares de forte oposição, pouco se podia fazer para proteger os irmãos contra a perseguição e as prisões.

Em Kinshasa os irmãos sofriam pouca oposição. Mas grandes reuniões na cidade só aconteciam em casamentos e funerais. Em 1964, porém, a sede programou duas assembléias de circuito na capital. Isso seria uma novidade para a maioria dos irmãos. Em reuniões especiais, eles receberam treinamento tanto na apresentação de discursos como na organização dos departamentos de assembléia.

Levados pelo entusiasmo, os irmãos falavam abertamente a respeito da assembléia, e isso chegou ao conhecimento do governador da então província de Léopoldville. Visto que esse homem não gostava das Testemunhas de Jeová, ele preparou o estêncil de uma carta para ser enviada às autoridades locais. A carta mandava prender toda Testemunha de Jeová que fosse surpreendida pregando ou se reunindo para adoração. Mas aconteceu que, quando a carta foi enviada para duplicação, a tarefa foi confiada a um irmão. Ele tinha bem pouco papel de duplicação em estoque e sabia que o produto estava em falta nas lojas em Léopoldville. Quando seu supervisor pediu as cópias da carta, o irmão mostrou-lhe as prateleiras vazias — não havia papel!

No ínterim, os irmãos oravam com fervor a Jeová a respeito do assunto. O que aconteceu? O governo inesperadamente decidiu criar algumas províncias novas, e a província governada por aquele opositor foi dissolvida! Ao longo dos anos, muitos tentaram afligir ou destruir o povo de Deus. Mas suas tentativas foram frustradas. — Isa. 54:17.

Chegam mais missionários

Durante os anos 60, a organização aproveitou as oportunidades de enviar missionários para o Congo. Foi aberto um pequeno lar missionário em Kinshasa. Em março de 1964, chegaram do Canadá os missionários Julian e Madeleine Kissel. Quarenta anos depois, eles ainda trabalham fielmente como membros da família de Betel em Kinshasa.

Alguns missionários que chegaram em fins dos anos 60 residem agora em outros países. Em 1965, Stanley e Bertha Boggus foram designados para o Congo depois de terem trabalhado no Haiti. O irmão Boggus, que era superintendente viajante, voltou para os Estados Unidos em 1971 por razões de saúde. Em fins de 1965, Michael e Barbara Pottage juntaram-se aos missionários no Congo. Estão atualmente no Betel da Grã-Bretanha. William e Ann Smith foram designados para o Congo em 1966; eles trabalharam a maior parte do tempo em Katanga. Devido a uma proscrição, foram designados para o Quênia, em 1986. Manfred Tonak, da Alemanha, que se formou na 44.ª turma de Gileade, trabalhou como superintendente viajante no Congo. Quando veio a proscrição, foi designado para o Quênia. Agora ele é o coordenador da Comissão de Filial na Etiópia. Em 1969, Dayrell e Susanne Sharp chegaram ao Congo depois de cursarem a 47.ª turma de Gileade. Após serem expulsos do Congo, foram designados para a Zâmbia e estão no Betel de Lusaka desde então. Outros missionários foram redesignados para países na África Ocidental. Entre estes, Reinhardt e Heidi Sperlich, que morreram num desastre de avião. Essa tragédia causou enorme tristeza a todos os que os conheciam.

Em 1966 foi aberto o primeiro lar missionário fora de Kinshasa, em Lubumbashi, no sudeste do país. Mais tarde, foram abertos outros em Kolwezi, ao noroeste de Lubumbashi, e em Kananga (ex-Luluabourg), Cassai. A presença dos missionários era uma forte influência estabilizadora que ajudava os irmãos a viverem em harmonia com a verdade. Em Cassai, por exemplo, ainda existiam rivalidades tribais entre os irmãos. Por não pertencerem a nenhuma tribo, os missionários tinham boas condições de mediar problemas e ser imparciais em casos judicativos.

De 1968 a 1986, mais de 60 missionários trabalharam em diferentes partes do país. Alguns haviam cursado a Escola Bíblica de Gileade da Torre de Vigia, nos Estados Unidos, e outros, a Extensão da Escola de Gileade, na Alemanha. Além disso, pioneiros de língua francesa vieram direto para o Congo como missionários. Muitos aprenderam os idiomas locais e todos se esforçaram arduamente para consolar as pessoas com as boas novas do Reino.

Salões do Reino nos anos 60

Nas cidades maiores, os locais de reunião em geral eram estruturas ao ar livre. O calor e a extrema umidade recomendavam esse sistema, e a maioria das reuniões eram realizadas à noite ou cedo de manhã, quando era mais fresco. Isso era excelente, desde que não chovesse. Na estação chuvosa, porém, as reuniões muitas vezes tinham de ser transferidas para outro dia.

O primeiro Salão do Reino foi dedicado em 1962. Localizava-se em Kimbanseke, Kinshasa, e pertencia a uma das seis congregações que existiam naquele tempo. Desde então, as congregações no Congo têm mostrado grande iniciativa em construir Salões do Reino. Havia, no entanto, ocasionais problemas legais. Às vezes, um irmão permitia à congregação usar seu terreno para construir um salão, mas sem o benefício de documentos legais. Quando o irmão falecia, membros de sua família usurpavam o salão e tudo o que contivesse. Pouco se podia fazer para impedir isso. Mais tarde, em tempos de proscrição, muitos salões foram confiscados por autoridades locais e usados para seus próprios fins. Esses problemas restringiam a construção intensa de Salões do Reino.

Mesmo assim, vários Salões do Reino foram construídos por todo o país. Embora a maioria fosse estruturas simples, todos refletiam a fé dos que os construíam. Veja como um missionário descreveu os locais de reunião em fins dos anos 60.

“Para chegar a um Salão do Reino em Léopoldville, temos de cruzar uma passagem entre casas feitas de concreto bruto. Um bando de crianças nos segue. Entramos num quintal cercado por um muro de concreto. O Salão do Reino ao ar livre fica atrás de uma casa onde moram irmãos. Os irmãos estão ensaiando cânticos do Reino. Como é emocionante ouvi-los! Eles cantam de todo o coração. Ficamos contentes de que há árvores que dão sombra no salão, o que nos protege do sol. Há assentos para umas 200 pessoas. O palco é de concreto, com cobertura de folhas de zinco. Se o orador for alto, terá de encurvar-se um pouco. Há um quadro de informações para as cartas da sede e as designações congregacionais. Também uma mesa para publicações. Os irmãos colocaram plantas ao lado do palco. Lamparinas de querosene são usadas para iluminação, de modo que os irmãos podem realizar reuniões à noite. Ao sairmos, as crianças ainda estão lá fora para nos ‘escoltar’ de novo até a rua principal.

“Passamos agora para bem no interior do Congo. Ao entrarmos num vilarejo de choupanas de sapé, o Salão do Reino atrai a nossa atenção. É uma estrutura apoiada por nove estacas, com uma espessa cobertura de folhas. Há pequenas valas cavadas no chão, de um lado para o outro do salão. Surpreendentemente, ao nos sentarmos no chão e colocarmos os pés nas valas, não sentimos desconforto. Acima do irmão que dirige a reunião há um letreiro, escrito a mão, que diz ‘Salão do Reino’ no dialeto local. Há umas 30 pessoas na assistência. Talvez apenas a metade sejam publicadores. Eles conhecem alguns cânticos do Reino. O que lhes falta em técnica musical eles compensam com entusiasmo, e nós cantamos de todo o coração.

“Vamos agora para o norte do país. Paramos o nosso utilitário e olhamos para o vilarejo. Vemos um agrupamento de choupanas de sapé, atrás das quais há uma estrutura que se destaca. Essa estrutura é feita de grossas varas de bambu, bem presas umas às outras. Na parede de bambu há janelas e uma porta. O telhado é de sapé. Na frente do salão há um caminho estreito que passa por um gramado bem cuidado, onde uma plaquinha diz: ‘Testemunhas de Jeová’. Passando pelo caminho, chegamos ao Salão do Reino e somos recebidos alegremente pelos irmãos. Os bancos do salão são feitos de varas de bambu sobre estacas também de bambu. É bom que a cobertura do Salão do Reino seja à prova d’água! Se não fosse, haveria problemas: se a água atingisse as estacas de bambu elas brotariam e cresceriam rapidamente. O banco para você sentar ficaria bem mais alto do que os 30 centímetros originais. Num quadro de informações estão afixadas a programação das reuniões e cartas da sede. Os irmãos apanham as publicações numa mesa de ripas de bambu amarradas com colmos.

“Seguimos agora a Katanga, no sul, onde o sol está se pondo. Aqui o clima é mais frio e precisamos usar roupas mais quentes. Chegamos a um vilarejo e, ao nos aproximarmos do Salão do Reino, ouvimos os irmãos cantando. Os irmãos nos vilarejos em geral não têm relógio, de modo que eles calculam pela posição do Sol a hora de ir às reuniões. Os primeiros que chegam ao salão em geral começam a cantar, até que a maioria esteja presente e a reunião possa começar. Abrimos caminho no meio das pessoas até um assento feito de uma tora de madeira cerrada ao meio e colocada sobre dois apoios. As publicações são guardadas num velho guarda-louça, mas não podem permanecer ali por muito tempo por causa da invasão de baratas e cupins, que estragam o papel. No fim da reunião, os irmãos nos convidam para ver algumas particularidades do salão. As paredes são feitas de galhos finos amarrados com colmo e cobertos de barro. O teto à prova d’água é de capim trançado.”

Jeová protege seus servos

Durante os anos 60, as lutas civis e a violência eram ocorrências comuns. Muitos perderam a vida, incluindo alguns do povo de Jeová. Exigia fé e coragem para os irmãos se reunirem, pois qualquer reunião podia ser mal-interpretada como reunião política. Na província de Équateur, soldados armados se aproximaram de um Salão do Reino, durante uma reunião. Os soldados discerniram logo que os irmãos estavam ali para adorar a Deus, não para promover política. De modo que partiram, dizendo que não eram contra religião nenhuma e nem contra Deus.

Em outra ocasião, em Kisangani, Bernard Mayunga e outros publicadores foram cercados por rebeldes à procura de chefes de administração locais a fim de executá-los. Ao ser indagado a que tribo pertencia, Bernard respondeu: “Eu sou Testemunha de Jeová.” Surpreso com essa resposta, o líder dos rebeldes pediu uma explicação. Bernard deu testemunho à base das Escrituras, depois do que o líder declarou: “Se todo mundo fosse como vocês, não haveria guerra.” Bernard foi liberado, junto com outras Testemunhas que estavam detidas.

Finalmente o registro legal!

Até 1965, o Betel do Congo ainda era apenas um apartamento no centro de Kinshasa. O local era pequeno e apertado. O número de proclamadores do Reino se aproximava de 4.000 e havia necessidade de instalações maiores. Depois de uma busca diligente, os irmãos adquiriram uma casa de apenas seis anos, na Avenue des Elephants, 764, Limete, Kinshasa. Tinha dois pavimentos e quatro dormitórios. Os irmãos transformaram em escritório a grande sala de estar e refeitório, no primeiro pavimento. A garagem servia de expedição e mimeografagem. Em 1972 foi construído um anexo à casa.

Em novembro de 1965, Joseph-Désiré Mobutu tomou o poder por meio de um golpe de Estado. A sede da Sociedade fez novo pedido de registro legal e, em 9 de junho de 1966, o Presidente Mobutu assinou um decreto concedendo-o. O povo de Jeová teria agora os mesmos direitos e privilégios das outras religiões registradas legalmente no Congo. Aquilo pelo qual os irmãos haviam trabalhado e orado desde 1932 finalmente acontecera. Estavam livres para pregar em público, realizar grandes assembléias e registrar propriedade. Mas essa liberdade duraria apenas seis anos.

Congressos dão grande testemunho

Quanta felicidade os irmãos sentiam por poderem organizar assembléias de circuito sob proteção de uma ordem legal! A primeira série consistiu em 11 assembléias com assistência total de 11.214 pessoas e 465 batizados.

As assembléias provocaram forte reação nas religiões locais. Os membros do clero haviam lutado ferozmente para impedir que as Testemunhas de Jeová obtivessem o registro legal nesse frutífero território, que eles consideravam ser seu domínio. Em Gandajika, na província de Cassai, os líderes religiosos apresentaram um protesto ao prefeito. Visto que ele não se intimidou, os religiosos enviaram jovens ao local da assembléia a fim de dissolvê-la. Mas, nessa assembléia, muita gente estava assistindo a um filme baseado na Bíblia. Os arruaceiros logo se aquietaram e passaram a assistir ao filme. Ficaram impressionados pelo que viram. Em toda troca de carretel, a multidão, de milhares de pessoas, bradava: “Viva as Testemunhas de Jeová!”

As Testemunhas de Jeová tinham agora autorização para realizar grandes congressos, mas, para isso, eram necessários muitos preparativos. Precisavam organizar dramas bíblicos, que exigiam trajes de época. Os irmãos tinham de instalar e operar equipamento de som. Eles conseguiram realizar tudo isso, pois ansiavam tanto prestar serviços voluntários como aprender.

Viagens a serviço de assembléias de circuito

Em 1964 havia circuitos suficientes no Congo para formar dois distritos. Em 1969 foi formado um terceiro, em Cassai e, em 1970, havia quatro. Estradas ruins não raro dificultavam a viagem de superintendentes de distrito e outros para as assembléias e os congressos. Para ilustrar isso, acompanhemos um superintendente de distrito, William Smith, numa viagem a uma assembléia de circuito.

“Fortes chuvas haviam caído no interior, de modo que os rios haviam transbordado. Nosso destino era Kamina, onde seria realizada uma assembléia de circuito. Para chegar lá, viajaríamos mais de 300 quilômetros. As chuvas haviam transformado algumas estradas num mar de lama e, em outros lugares, as águas cobriram as estradas. Um vale havia se tornado um lago. Carros, caminhões e veículos do governo estavam estacionados por toda a parte, enquanto as pessoas esperavam o recuo das águas. Muitas calculavam um atraso de duas semanas.

“Eu sabia que os irmãos aguardavam ansiosamente a assembléia. Alguns andariam a pé por vários dias a fim de comparecer. Eu perguntei se havia algum jeito de contornar o vale. Para minha surpresa, disseram-me que as Testemunhas de Jeová haviam construído um pequeno desvio, mas, visto que o barro estava muito mole, as Testemunhas só deixariam usar esse desvio depois que o superintendente de distrito passasse por ele na sua ida a Kamina.

“Irmãos de dois vilarejos haviam trabalhado um dia inteiro, uma noite inteira e ainda no dia seguinte a fim de abrir um novo trecho de estrada para contornar a parte intransitável da estrada. Logo encontrei os irmãos e me preparei para passar com o jipe pelo caminho que haviam construído. Muita gente se juntou para ver se o jipe conseguiria passar. Que desapontamento foi ver o jipe atolar no barro logo no começo do desvio!

“Embora os irmãos o empurrassem, o veículo não se movia. Eles haviam trabalhado tão arduamente e seus rostos refletiam o desapontamento. Mas não haviam perdido a determinação de fazer com que o superintendente de distrito chegasse à assembléia. Os observadores, achando que o desvio era muito arriscado, voltaram para seus veículos. Os irmãos decidiram tentar de novo. Dessa vez esvaziaram o jipe, que estava lotado de publicações, equipamento de som, um gerador e outras coisas. Os irmãos cavaram e empurraram, e as rodas começaram a impulsionar o jipe.

“Uma hora depois, brados de alegria e o entoar de cânticos do Reino celebraram a nossa bem-sucedida passagem pela lama. Os irmãos haviam conseguido realizar o que as pessoas sentadas em seus veículos julgavam ser impossível. A assembléia foi um grande sucesso, graças ao trabalho árduo dos irmãos. Jeová estava com o seu povo e ajudou-o a fazer a Sua vontade.”

Novo regime político faz mudanças

Não era fácil alcançar as pessoas espalhadas por milhares de quilômetros quadrados de florestas tropicais e savanas. Ao passo que os missionários pregavam nas cidades maiores, os irmãos locais que trabalhavam como pioneiros especiais abriam territórios rurais. Muitas pessoas nos vilarejos eram analfabetas, porém, o que tornava difícil formar congregações fortes. Ademais, mudanças na política nacional causariam um impacto na vida dos irmãos.

O ano de 1970 marcou o começo de um sistema político de partido único. O partido chamava-se Movimento Popular da Revolução, ou MPR. A sua diretriz era retomar os valores tradicionais, o que incluía mudar o nome de cidades. Stanleyville já havia se tornado Kisangani e Elisabethville, Lubumbashi. Em 1971, o governo mudou o nome do país e de seu rio principal de Congo para Zaire. A moeda foi mudada de franco para zaire. O governo exigiu também que as pessoas mudassem de nome: os nomes que eram considerados cristãos tinham de ser trocados por legítimos nomes africanos. O uso de gravata foi proibido, por ser um costume europeu. Em todos esses assuntos, os irmãos obedeceram respeitosamente. — Mat. 22:21.

Segundo a ideologia política, toda pessoa nascida no Congo era automaticamente membro ativo do MPR. Para poder manter um emprego, freqüentar a escola, vender no mercado, as pessoas eram obrigadas a possuir um cartão de afiliação política. Além disso, esperava-se que elas usassem na roupa um pequeno distintivo do partido, em especial ao entrar numa repartição do governo. Foi um tempo difícil para o povo de Jeová. Irmãos perderam o emprego, crianças foram expulsas da escola.

Algumas autoridades, porém, entendiam a posição das Testemunhas de Jeová. O ministro do interior perguntou a um irmão que trabalhava com ele por que não usava o distintivo do partido. O irmão explicou suas razões bíblicas. O ministro disse: “Nós conhecemos você, e não vamos causar-lhe problemas; mas o movimento da juventude vai importuná-lo.”

Foi relatado que o próprio Presidente Mobutu, depois de ter recebido muitas queixas contra as Testemunhas de Jeová, disse aos membros de seu partido numa reunião: ‘Se um dia eu tiver problemas, esses não serão causados pelas Testemunhas de Jeová. Lembrem-se de quem traiu Jesus. Foi Judas, um de seus discípulos. Se alguém há de me trair, é alguém que come à minha mesa.’

Expansão em Betel para atender às necessidades

Nathan H. Knorr, da sede em Brooklyn, EUA, visitou o Congo em janeiro de 1971. Um dos assuntos tratados na visita foi a ampliação do residencial e dos escritórios de Betel. Em 1970 havia quase 14.000 publicadores, 194 congregações e mais de 200 grupos isolados. Devido à crescente necessidade de publicações no Congo, o depósito em Betel havia se tornado muito pequeno. Que alegria foi ouvir o irmão Knorr anunciar a construção de um anexo ao prédio! Um arquiteto desenhou as plantas de um novo e moderno prédio de dois pavimentos, duas vezes maior do que o então existente. Abrigaria um grande escritório, um grande depósito e dormitórios.

Em junho de 1971, as plantas foram aprovadas e as obras começaram. Don Ward foi enviado de Daomé (atual Benin) para supervisionar os trabalhos. Vieram muitos voluntários das 39 congregações em Kinshasa e, juntos, terminaram a construção. Toda essa expansão no campo e em Betel irritava ainda mais as religiões da cristandade, como veremos.

Os anos 70 — tempo de coragem e cautela

Em dezembro de 1971, o governo criou uma lei para regulamentar as muitas religiões e grupos de oração que surgiam no país. Segundo essa lei, apenas três religiões eram reconhecidas: a Igreja Católica Romana, as igrejas protestantes e a Igreja Kimbanguista, uma religião local. Em 1972, mais três religiões foram reconhecidas: o islamismo, a ortodoxia grega e o judaísmo. Muitas religiões menores se agruparam debaixo da classificação de protestantes.

Assim, de 1971 a 1980 houve um período de não-reconhecimento, de branda proscrição que, de certa forma, restringia as atividades do povo de Deus. Embora as Testemunhas de Jeová não fossem reconhecidas oficialmente, não foi expedida nenhuma ordem para expulsar os missionários e Betel não foi perturbado. Um lar missionário em Kananga foi fechado, mas os de Bukavu, Kisangani, Kolwezi e Lubumbashi não foram. Os irmãos não podiam mais organizar grandes congressos de distrito. Em muitos lugares, porém, os irmãos se reuniam em seus Salões do Reino. Realizavam pequenas assembléias de circuito em salões maiores. Muito dependia da atitude das autoridades locais. Em lugares em que havia forte oposição, os irmãos podiam esperar perseguição e prisões. Centenas de irmãos foram presos. Onde as autoridades locais eram favoráveis, os irmãos podiam realizar suas atividades religiosas livremente.

Apesar das restrições, as Testemunhas de Jeová continuavam a pregar com coragem. Um grupo de três irmãos e uma irmã foi a um mercado para dar testemunho. Dois homens se aproximaram e prenderam um dos irmãos, no momento em que ele deixava um livro com uma pessoa interessada. Levaram-no para a sede do partido político e deixaram-no numa sala à espera do chefe do partido. O chefe chegou e encontrou o irmão oferecendo a outro homem na sala o livro Veio o Homem a Existir por Evolução ou por Criação?.

“Até aqui você está espalhando a sua propaganda?”, perguntou o chefe.

O irmão respondeu: “Bem, se alguém lhe perguntasse: ‘O homem veio a existir por evolução ou por criação?’, o que lhe responderia?”

O chefe não respondeu. Dirigindo-se ao homem que havia detido o irmão, ele disse: “Deixe-o ir. Ele não está fazendo nada que não seja autorizado.”

O irmão voltou ao mercado e continuou a dar testemunho. Mais tarde, o chefe passou por lá e viu o irmão. Apontando para ele, o chefe disse aos seus companheiros: “Esse homem é corajoso, não acham?”

Em 1974, o superintendente da sede das Testemunhas de Jeová, Ernest Heuse, teve de voltar para a Bélgica por recomendação médica. Ele sofria de enfisema já por algum tempo, e freqüentes ataques de malária haviam agravado a sua saúde. Os irmãos amavam a família Heuse; ela havia dado uma significativa contribuição à obra. Na Bélgica, a família continuou a servir zelosamente a Jeová. Ernest faleceu em 1986; sua esposa, Hélène, oito anos depois. Em Kinshasa, a supervisão da sede foi confiada a Timothy A. Holmes, que servia como missionário desde 1966.

1980 — novo registro legal

Em 30 de abril de 1980, o presidente da república assinou um decreto concedendo o registro legal da Associação das Testemunhas de Jeová. O interesse pela verdade era maior do que nunca; 90.226 pessoas assistiram à Comemoração e uns 35.000 estudos bíblicos eram dirigidos nas casas de pessoas interessadas. Registravam-se auges no número de publicadores e de pioneiros. A sede carecia de instalações melhores para atender com mais eficiência às necessidades do campo. Assim, os irmãos se alegraram quando o Corpo Governante aprovou a compra de um terreno duas vezes e meia maior do que o Congo já possuía. Mas, como veremos, surgiram dificuldades.

Por anos, os irmãos não podiam organizar grandes congressos de distrito. Agora estavam livres para fazer isso. Em 1980, foram realizados no país cinco Congressos de Distrito “Amor Divino”. Alguns congressistas tiveram de viajar grandes distâncias. Muitas famílias caminharam mais de 400 quilômetros para comparecer. Dois pioneiros especiais de uma região bem isolada viajaram duas semanas de bicicleta, cobrindo mais de 700 quilômetros através de regiões de areia profunda e florestas. Vieram também congressistas do Congo (Brazzaville), Burundi e Ruanda.

Nos anos que se seguiram, foi necessário organizar congressos de distrito em mais lugares. Os irmãos tinham liberdade religiosa, mas as pressões econômicas aumentavam. Muitos lutavam pela mera subsistência. Os preços subiam muito, mas os salários não. O custo dos transportes para lugares distantes era muito caro para a maioria dos irmãos. Por isso, a sede prestimosamente organizou mais congressos perto de onde a maioria dos irmãos morava.

Certas estradas no Congo podem ser como uma corrida de obstáculos: árvores caídas, pontes danificadas, areia profunda e buracos de lama são comuns. Os representantes da sede e suas esposas sempre têm demonstrado um espírito de abnegação ao viajarem para assembléias e congressos. No entanto, seu sacrifício é pequeno em comparação com o de fiéis irmãos e irmãs locais que não raro precisam caminhar vários dias e dormir ao relento. Ainda é comum os irmãos caminharem de 50 a 150 quilômetros para assistirem a congressos de distrito.

Abertura de novos lares missionários

O registro legal em 1980 abriu as portas para a entrada de mais missionários no país. Em 1981 foi aberto um lar missionário em Goma (província de Kivu). Nos dois anos seguintes, novos lares foram abertos em Likasi (Katanga), Mbuji-Mayi (Cassai), Kikwit (Bandundu) e na cidade portuária de Matadi (Baixo Congo). Lares que haviam sido fechados foram reabertos. Por fim, em 1986 foi aberto um lar missionário em Isiro (província Orientale), totalizando 11 lares missionários no país. Esses lares também eram usados como depósitos de publicações. Os missionários serviam de ligação entre a sede das Testemunhas de Jeová locais e o campo. Os irmãos locais prezavam muito o incentivo e o treinamento que recebiam deles. O ano de serviço de 1981 findou com um auge de 25.753 publicadores. As possibilidades de aumento eram grandes.

Sem medo do Kimbilikiti

Kimbilikiti é o nome de um espírito tribal. Esse espírito é adorado pelas pessoas da tribo rega, que vivem no densamente florestado centro-leste do país. A vida dessas pessoas — a maioria caçadores, lavradores e pescadores — é dominada por crenças religiosas relacionadas com o Kimbilikiti. Esse culto é envolto em mistério e seus sacerdotes exercem grande influência sobre os que vivem com pavor desse espírito.

As Testemunhas de Jeová nessa região não temem o Kimbilikiti, pois sabem que Jeová é o único Deus verdadeiro. São as únicas que não atendem às exigências dos sacerdotes do Kimbilikiti, tais como oferendas de cabritos e galinhas, que os próprios sacerdotes comem.

Em 1978, membros desse culto começaram a perseguir abertamente as Testemunhas de Jeová. Incendiaram vários Salões do Reino, expulsaram alguns irmãos de suas próprias casas e roubaram seus pertences. O culto também usou feitiçaria e magia num esforço inútil de prejudicar os irmãos. Daí, em agosto de 1983, membros do culto executaram um plano mórbido — assassinaram brutalmente oito irmãos, perto do vilarejo de Pangi.

Esse horrível incidente foi um choque para a congregação, especialmente para os que perderam um marido ou pai querido. A sede das Testemunhas de Jeová e os irmãos locais prontamente providenciaram ajuda espiritual e material para as famílias atingidas.

No ínterim, os assassinos se sentiam seguros nessa região isolada e coberta de florestas. Mas, com o tempo, os culpados foram localizados. O julgamento foi realizado no tribunal distrital de Kindu. Os acusados afirmavam que haviam sido incitados a matar pelo espírito Kimbilikiti. No entanto, o promotor público destacou a quem cabia a verdadeira culpa. Ele declarou: “Certos [membros da tribo rega], que no passado participavam dos ritos de Kimbilikiti e conhecem os segredos, estão agora associados com as Testemunhas de Jeová. Eles revelaram os segredos, especialmente os concernentes à não-existência do espírito chamado Kimbilikiti. Por conseguinte, expuseram a falsidade das ofertas exigidas pelo dito espírito, que, segundo as Testemunhas de Jeová, constitui uma enorme impostura organizada pelos anciãos que dirigem as cerimônias.”

Assim, os acusados foram considerados culpados, não o espírito Kimbilikiti. Na apelação do caso, uma corte superior em Bukavu confirmou a pena de morte para os assassinos. Promotores públicos advertiram das conseqüências de qualquer ataque futuro contra as Testemunhas de Jeová por parte dos adoradores do Kimbilikiti. *

Desde então, tem havido outros incidentes, mas os membros do culto sabem agora que não podem ocultar tais coisas na floresta nem contar com a proteção de um inexistente Kimbilikiti. No ínterim, as Testemunhas de Jeová continuam com fidelidade ajudando outros a se libertarem desse culto. Jeová tem amorosamente abençoado tais esforços. Hoje, mais de 300 zelosos publicadores servem nas congregações nessa região. Eles amam a Jeová; não têm medo do Kimbilikiti.

A obra é proscrita

Em 1985, a obra do Reino prosperava no Congo. Havia começado a construção de um novo Betel no terreno comprado em 1980. Cerca de 60 voluntários estrangeiros ajudavam ali. O ano de serviço terminara com quase 35.000 publicadores no campo e um auge de pioneiros. Sessenta missionários pregavam zelosamente por todo o país. Superintendentes viajantes treinavam anciãos congregacionais e pioneiros. Tudo parecia pronto para um enorme aumento.

No entanto, nem todos se agradavam da prosperidade espiritual e material do povo de Deus. O clero manipulava os políticos visando acabar com as atividades dos irmãos. Em 12 de março de 1986, o Presidente Mobutu decretou a proscrição da obra das Testemunhas de Jeová. No dia seguinte, a proscrição foi anunciada pelo rádio em todo o país. Certo radialista disse: “Nunca mais ouviremos falar das Testemunhas de Jeová no [Congo].” Como estava enganado!

Betel chamou quatro dos missionários que serviam como superintendentes de distrito e designou irmãos locais para dar continuidade a esse serviço. Visto que os missionários não podiam mais pregar abertamente, era como se estivessem sob prisão domiciliar. Os irmãos locais pregavam com grande cautela. (Mat. 10:16) Infelizmente, muitas pessoas interessadas ficaram com medo e pararam de estudar. Alguns Salões do Reino foram fechados ou mesmo destruídos. Outros foram confiscados pelo partido político. Os irmãos tinham de se reunir em grupos pequenos. Alguns eram presos à noite, dentro de sua própria casa, e despojados de seus pertences.

Na província de Équateur, muitos irmãos foram espancados e presos. Certo pioneiro especial foi severamente espancado e ficou preso por três meses. Tudo isso por causa daquele anúncio no rádio. Até então não havia sido criada nenhuma lei para sancionar a proscrição. Pouco depois do anúncio da proscrição, os irmãos fizeram um apelo mas não receberam resposta. Daí, em junho de 1986, o presidente do país fez um discurso público em que acusou as Testemunhas de Jeová de falta de patriotismo e desrespeito à autoridade.

Que mudança rápida! Um povo antes respeitado de repente não mais o era. A construção da nova sede parou e o silêncio reinava onde antes era um animado local de atividades. Todos os voluntários estrangeiros tiveram de deixar o país e os equipamentos de construção foram vendidos. Uns 20 irmãos locais permaneceram no local a fim de guardar a propriedade.

Daí, subitamente, chegou uma carta do chefe de segurança, datada de 26 de junho de 1986, dizendo que todos os missionários tinham de deixar o país. Essa proscrição mostraria ser muito diferente da que houve em 1972, que permitia a permanência dos missionários. Como era triste ver o Departamento de Expedição lotado de pertences pessoais, à medida que os missionários arrumavam as malas para partir! Durante o mês de julho, 23 missionários partiram para outros países. Os que estavam de férias fora do país jamais retornaram. Começava então mais um período de refinamento no Congo.

Reorganização para atividades às ocultas

Se os opositores pensavam que iriam desanimar ou destruir o povo de Jeová, estavam enganados. Eles não conheciam o poder do espírito santo de Jeová e a determinação do povo de Deus. Um pequeno núcleo de missionários experientes conseguiu permanecer no país. Instalados em várias casas particulares, membros da sede continuaram a supervisionar a pregação do Reino. Os irmãos dirigiam a Escola do Serviço de Pioneiro em lares por todo o país.

Não faltava alimento espiritual. Os irmãos continuaram a imprimir e distribuir publicações bíblicas. A sede enviava esboços de congressos de distrito e de assembléias de circuito às congregações, onde a matéria era apresentada em forma de palestras. Nas visitas às congregações, os superintendentes de circuito tocavam gravações de dramas nas línguas locais. Isso foi feito todos os anos, de 1986 até a revogação da proscrição. Embora tudo isso fosse trabalhoso, os irmãos se beneficiavam muito.

No ínterim, anciãos contatavam autoridades para explicar a nossa neutralidade política e tentar esclarecer que neutralidade não é sinônimo de subversão. Com isso, todos vieram a conhecer o nome e os propósitos de Jeová, incluindo as mais altas autoridades do país. Os servos de Jeová se destacavam como povo ímpar — estritamente neutro, porém pacífico e não-subversivo.

Decréscimo seguido de aumento em proclamadores do Reino

O relatório de serviço de 1987 apresentou uma queda de 6% no número de publicadores. Alguns temiam se identificar com uma organização proscrita. Em várias regiões irrompeu uma perseguição cruel.

Às vezes, porém, a oposição saía pela culatra. Por exemplo, certo chefe local realizou uma reunião especial para criticar as Testemunhas de Jeová. Ele exibiu um exemplar de Meu Livro de Histórias Bíblicas e disse aos ouvintes que prendessem qualquer pessoa que distribuísse esse livro. Alguns ouvintes expressaram o desejo de examinar o livro, a fim de poderem reconhecê-lo. O chefe concordou, e eles gostaram do que viram. Daí, alguns encomendaram o livro a um pioneiro especial que morava em outro vilarejo. O pioneiro se recorda: “Eu iniciei dez estudos bíblicos com as pessoas. Nunca havia pregado no vilarejo daquele chefe. Se ele não tivesse nos criticado, é possível que tais pessoas não teriam tido a oportunidade de aprender a verdade!”

Os irmãos adaptaram-se às novas circunstâncias. Embora sofressem muitas limitações, não estavam ‘comprimidos sem se poderem mover’. (2 Cor. 4:8) O ano de serviço de 1988 terminou com 7% de aumento em publicadores. Cerca de 60.000 estudos bíblicos eram dirigidos. Irmãos do Departamento de Serviço em Betel visitavam as cidades maiores para dar encorajamento e se reunir com anciãos locais e superintendentes viajantes. No ínterim, a sede continuava a supervisionar o trabalho no vizinho Congo (Brazzaville), onde a obra também estava proscrita, e em Burundi.

Um irmão que era diretor duma escola em Kolwezi recusou-se a fazer um juramento político. Foi espancado severamente e levado para Lubumbashi, onde, segundo pensavam seus opositores, ele seria morto. O irmão explicou com calma as razões de sua neutralidade. Foi inocentado e levado de volta a Kolwezi. Dos que o haviam espancado exigiu-se que se desculpassem! Ele foi reintegrado ao magistério e nomeado inspetor.

Em outubro de 1988, chefes locais se apossaram do local de construção de Betel em Kinshasa e confiscaram toneladas de publicações bíblicas. Soldados roubavam regularmente caixas de livros e de Bíblias, que depois eram vendidas nos mercados locais. As pessoas compravam essas publicações, dando aos irmãos uma oportunidade imediata de iniciar estudos bíblicos. *

Em 1989, apesar da proscrição, o número de publicadores do Reino chegou a 40.707. Isso enfurecia os inimigos religiosos das Testemunhas de Jeová. O então ministro da justiça, um bem-conhecido amigo da Igreja Católica, enviou a todos os promotores públicos no Congo uma carta lamentando as atividades ininterruptas do povo de Jeová. Ele incentivou denunciar as Testemunhas de Jeová e fechar Salões do Reino. Mais tarde, num discurso para líderes religiosos, classificou os do povo de Jeová de “verdadeiros demônios”. Isso provocou alguma perseguição na província natal do ministro, Bandundu.

Crianças enviadas à prisão

Durante esse período, alguns filhos de Testemunhas de Jeová foram presos na escola por não participarem em certas cerimônias políticas. O pai de dois meninos também foi encarcerado junto com eles. Os guardas da prisão receberam ordens de não lhes dar comida. Intrigado, um guarda perguntou: “Nesta prisão temos assassinos e ladrões, e nós lhes damos comida. Por que esse homem e seus dois filhos não devem receber comida?” Não tendo recebido nenhuma resposta razoável, o próprio guarda lhes dava comida. Os meninos passaram 11 dias na prisão, e o pai deles, um pioneiro especial, 7 dias. Esse teste de modo algum os desencorajou.

Em Kikwit, um homem que não era Testemunha de Jeová foi preso depois da prisão de sua esposa, que era Testemunha, e duas filhas. Quando as autoridades descobriram que esse homem não compartilhava as crenças da esposa, mandaram-no sair da prisão. Ele recusou-se a fazer isso, dizendo que não abandonaria a esposa e as filhas na prisão. Quando finalmente foi solto junto com a família, ele passou a estudar a Bíblia e foi batizado. Agora ele é ancião congregacional.

Tumultos no país

Em setembro de 1991 ocorreu uma revolta militar em Kinshasa, seguida de saques generalizados. Isso resultou em severa falta de alimentos e de combustíveis, desemprego em massa e inflação galopante. As sedes das Testemunhas de Jeová na África do Sul e na França enviaram ajuda humanitária.

Ao passo que a sede no Congo lutava para lidar com seus próprios problemas, cuidava também de refugiados procedentes dos países vizinhos Angola e Sudão. No nordeste do Congo, Zekaria Belemo, então superintendente viajante, visitou um grupo de irmãos refugiados vindos do Sudão. Ele falou à assistência em seu inglês sofrível, que foi traduzido para o árabe. Zekaria se perguntava se os irmãos haviam entendido muita coisa do discurso. Uns cinco anos depois, dois rapazes que visitavam Betel aproximaram-se dele e perguntaram: “Lembra-se de nós? Nós ouvimos seu discurso no campo de refugiados. Acatamos o incentivo que o irmão nos deu e começamos a estudar a Bíblia.” Mais tarde, esses dois rapazes dedicaram a vida a Jeová.

Disputas étnicas eram outro grande problema no país. Muitas pessoas de Cassai haviam se mudado para Katanga, no sul. Em 1992 e 1993, os katangueses as expulsaram da província. A maioria dos que eram de Cassai tiveram de abandonar emprego, pertences pessoais e casas. Para salvar a vida, fugiram para campos de refugiados ou outros lugares em que pudessem se agrupar em segurança. Mais de 100.000 voltaram para casa em Cassai. Entre esses, umas 4.000 Testemunhas de Jeová. Apesar da falta de alimentos e de eles mesmos terem poucos recursos, os irmãos que moravam perto fizeram tudo o que puderam para ajudar. Certa congregação que ficava na rota principal de Katanga para o norte enviou irmãos para verificar em todo caminhão que chegasse se havia alguma Testemunha de Jeová a bordo. Uma vez identificados, os irmãos recebiam os necessários cuidados.

A sede na África do Sul enviou por caminhão vários carregamentos de alimentos e remédios para os irmãos desalojados que estavam em campos de refugiados. Essa provisão salvou vidas. O Corpo Governante também recomendou aos irmãos em Kinshasa que comprassem alimentos, remédios, enxadas e pás, a fim de que as famílias pudessem retornar para Cassai e cultivar suas terras.

Outros sinais de mudança

Um discurso presidencial e uma reunião com a imprensa, em 24 de abril de 1990, sinalizou uma mudança marcante na atitude oficial para com as Testemunhas de Jeová. Na reunião com a imprensa, estando presentes jornalistas nacionais e estrangeiros, o presidente garantiu que o governo assegurava todas as liberdades básicas, incluindo a liberdade de imprensa e de religião. Isso abriu o caminho para os irmãos pregarem e se reunirem mais abertamente. Os que estavam presos foram libertados.

Você se lembra daquele radialista que em 1986 anunciou confiantemente que nunca mais se ouviria falar das Testemunhas de Jeová no Congo? A sua predição falhou. Quando a proscrição começou, em 1986, havia 34.207 publicadores no Congo. No fim do ano de serviço de 1990 havia 50.677 e 156.590 pessoas assistiram à Comemoração. Os ‘grãos no saco de milho’ africano haviam-se tornado muitos, apesar de oposição, calúnia, perseguição e da ira de líderes religiosos e políticos. Em 1997, quando o regime do Presidente Mobutu foi derrubado, foi o radialista, e não as Testemunhas de Jeová, que teve de fugir do país.

De novo a liberdade

O decreto presidencial de 1986 proscreveu todas as atividades das Testemunhas de Jeová e dissolveu a sua corporação jurídica no país. Contudo, em 8 de janeiro de 1993, a Suprema Corte de Justiça do Zaire (Congo) emitiu um acórdão no caso Testemunhas de Jeová v. República do Zaire. A corte decidiu que o decreto presidencial era injustificável e, portanto, o anulou. Quanta alegria isso trouxe para os irmãos!

Essa decisão da Suprema Corte provocou uma grande polêmica, pois a corte baseara sua decisão numa nova constituição transicional, que era inaceitável para o presidente e seus apoiadores. Para outros, a decisão marcou jurisprudência. As Testemunhas de Jeová foram apanhadas no meio da disputa, mas que enorme testemunho isso foi para a glória do nome de Jeová! Dezenas de artigos de jornal comentaram esse caso histórico. O Departamento de Justiça informou então aos governadores das várias províncias que as Testemunhas de Jeová estavam de novo autorizadas a levar avante as suas atividades religiosas. Que vitória para o povo de Jeová e para a adoração verdadeira!

As dificuldades de transporte no Congo

O Congo é um país imenso. Contudo, à parte de uma pequena linha costeira em Bas-Congo, os limites do país são de terra. A maioria dos grandes carregamentos chega ao porto de Matadi. Existe uma ferrovia de linha única e uma estrada pavimentada entre Matadi e a capital, uma distância de uns 300 quilômetros.

Filiais na Europa enviaram à sede no Congo alguns veículos com tração nas quatro rodas, muito bem utilizados para transportes em geral e programas de construção. Desde 1999 funciona um depósito de Betel em Matadi. Isso tem sido muito prático, pois as publicações podem ser desembarcadas diretamente dos navios e estocadas no depósito até a chegada de um caminhão da sede para levá-las a Kinshasa.

Nos anos 80, ainda era possível cruzar o país por terra de Kinshasa a Lubumbashi, com paradas nos depósitos de lares missionários em Kananga e Mbuji-Mayi. Embora um avião a jato levasse apenas umas duas horas entre Kinshasa e Lubumbashi, um caminhão carregado levava duas semanas para fazer a viagem! Com o passar dos anos, porém, as estradas tornaram-se intransitáveis. Embora haja milhares de quilômetros de rios navegáveis, os barcos que saem de Kinshasa para o interior do país não são confiáveis. Além dessas dificuldades, há instabilidade política em algumas regiões, o que reduz ainda mais o raio de alcance dos veículos de Betel ao redor de Kinshasa. A melhor maneira de despachar publicações da sede para pontos distantes é por via aérea.

Outras sedes têm cooperado para fornecer publicações aos irmãos. A de Camarões transporta publicações por caminhão para o norte do Congo, passando pela República Centro-Africana. As sedes de Ruanda e do Quênia ajudam a atender às necessidades das regiões do leste do país. Em algumas regiões sulinas as congregações recebem publicações da África do Sul e de Zâmbia.

Escola de Treinamento Ministerial — uma bênção para o campo

Em 1995 foi organizada a primeira turma da Escola de Treinamento Ministerial, em Kinshasa. Até abril de 2003 mais de 400 irmãos já haviam recebido treinamento, num total de 16 turmas. Cinco dos estudantes tornaram-se superintendentes de distrito, mais de 60 trabalham no serviço de circuito e 50 foram designados pioneiros especiais. Esses irmãos contribuem decisivamente para o entusiasmo na obra de pregação.

Para alguns foi difícil fazer o curso. Quando Georges Mutombo recebeu o convite, ele morava numa região do país controlada por forças de oposição ao governo. Ele teria de viajar 400 quilômetros de bicicleta até Kamina, onde pegaria um avião para Kinshasa, o local da escola. A jornada incluiu enfrentar três dias de chuva e passar por 16 postos de controle militar. Passou também por uma região de alta criminalidade. Num certo trecho, ele foi perseguido por um grupo de bandidos, também de bicicleta. Eles desistiram da perseguição quando estourou um pneu da bicicleta do líder do grupo. Pelo visto, os bandidos reconheceram Georges como Testemunha de Jeová pela sua aparência. Eles bradaram que não mais o perseguiriam porque viram que o Deus dele, Jeová, o protegia.

Instalações para adequar-se ao aumento teocrático

Desde 1965 a sede das Testemunhas de Jeová localizava-se na Avenue des Elephants, 764, Limete, Kinshasa. Em 1991 foi comprado um terreno na área industrial da cidade. As três edificações grandes nesse terreno eram ocupadas antes por uma tecelagem e depois por oficinas. Os irmãos reformaram os prédios, para que os serviços da sede pudessem ser centralizados. Embora a insegurança e a instabilidade políticas atrasassem o projeto, as obras nas novas instalações da sede começaram em 1993 com a chegada de servos internacionais. Em abril de 1996, a equipe da sede mudou-se da Avenue des Elephants para as novas instalações. Depois da mudança, um ancião de Betel observou: “Ver toda a família [de Betel] novamente reunida faz-nos recuar dez anos no tempo, quando a nossa obra foi proscrita. Agradecemos profundamente a Jeová e à sua organização visível por essas preciosas instalações.” Em outubro de 1996, o número de publicadores chegou a 100.000. Os irmãos se emocionavam com as perspectivas de mais aumentos.

Ajuda de mais missionários

Nos anos 90 foi novamente possível trazer missionários ao país, para se juntarem aos sete outros que conseguiram permanecer ali nos anos da proscrição. Em julho de 1995, Sébastien Johnson e sua esposa, Gisela, foram redesignados do Senegal para o Congo. Depois vieram outros missionários. Alguns dos Estados Unidos, depois de se formarem em Gileade, e outros da Bélgica, da Grã-Bretanha e da França. Em março de 1998, Christian e Juliette Belotti chegaram da Guiana Francesa. Em janeiro de 1999, Peter Wilhjelm e sua esposa, Anna-Lise, foram redesignados do Senegal. Depois, chegaram mais missionários ao Congo, de Camarões, do Mali e do Senegal.

Em dezembro de 1999 foi aberto um novo lar missionário numa área residencial em Kinshasa. Doze missionários moram nesse lar. Em Lubumbashi, um lar missionário funciona sem interrupção desde 1965. Em 2003 foi aberto mais um ali. Atualmente, quatro casais trabalham nesse lar. Em maio de 2002, quatro missionários foram designados para um novo lar missionário em Goma, no leste do país. Os missionários continuam a ser uma bênção neste campo vasto e produtivo.

Neutralidade cristã durante a guerra

A maioria desses missionários chegou ao país durante um período de violentas mudanças internas. Em outubro de 1996 estourou a guerra no leste do país e rapidamente se alastrou para outras regiões. O objetivo da guerra era derrubar o Presidente Mobutu. Em 17 de maio de 1997, as forças de Laurent-Désiré Kabila entraram em Kinshasa e ele tornou-se presidente.

Enquanto pessoas em todo mundo viam na TV cenas terríveis de refugiados paupérrimos afligidos pela fome e pelas doenças, o povo de Jeová continuava a declarar a mensagem bíblica de esperança e consolo. Infelizmente, incontáveis milhares de pessoas morreram na guerra, incluindo cerca de 50 Testemunhas. Na esteira da guerra, muitos morreram de cólera e de outras doenças.

Por causa da guerra, a maioria das pessoas não tem carteira de identidade. Isso é um problema para irmãos que fazem viagens de pregação. Há muitos postos de controle militar nas estradas. Os publicadores de certa congregação não tinham carteiras de identidade, de modo que um ancião sugeriu que apresentassem seu cartão Diretrizes sobre Tratamento de Saúde e Isenção para a Equipe Médica, e foi o que eles fizeram. Num posto de controle, os soldados disseram: “Não é isso o que queremos. Queremos o cartão de identidade nacional que todo cidadão deve ter!”

Os irmãos responderam: “Este cartão nos identifica como Testemunhas de Jeová.” Os soldados os deixaram passar.

Em Kisangani, mercenários estrangeiros que lutavam nas forças do governo prenderam quatro irmãos jovens. Os irmãos haviam sido acusados falsamente de passar informações ao inimigo. Toda manhã, os mercenários escolhiam dez prisioneiros e os levavam de carro até um matagal, onde eram executados. Certa manhã, eles selecionaram dois dos nossos irmãos e mais oito outros prisioneiros. Lá se foram. No caminho, o veículo parou porque havia um cadáver na estrada. Os mercenários ordenaram que os dois irmãos o enterrassem. Terminada a tarefa, os irmãos esperaram o retorno do veículo, que seguira em frente sem eles. Embora tivessem a oportunidade de fugir, não fizeram isso porque não queriam colocar em risco a vida de seus dois companheiros, que ainda estavam na prisão. O veículo voltou sem os oito prisioneiros, que haviam sido mortos a tiro. De volta à prisão, todos ficaram surpresos de ver os dois irmãos retornarem vivos. Pouco depois, as portas da prisão foram arrebentadas por uma explosão, quando as forças da oposição tomaram a cidade. Os mercenários fugiram e os irmãos foram libertados.

Sedes européias ajudam em tempos difíceis

Grande parte do Congo vivia em estado de guerra desde 1996, e inúmeras pessoas tiveram de refugiar-se em outros lugares. Milhares de irmãos do Congo fugiram para campos de refugiados na Tanzânia e em Zâmbia. À medida que mais partes do Congo caíam sob o domínio das forças rebeldes, tornava-se mais difícil para a sede das Testemunhas de Jeová contatar os irmãos e ajudá-los, nos territórios ocupados. Comissões de ajuda humanitária foram formadas nas cidades principais. A família de Betel demonstrou um espírito disposto e abnegado, trabalhando até tarde da noite na distribuição de itens de primeira necessidade. As Testemunhas de Jeová da Bélgica, da França e da Suíça enviaram ao Congo carregamentos aéreos de toneladas de alimentos, roupas e remédios, além de 18.500 pares de sapato e 1.000 cobertores. A ajuda continua. Muito sofrimento tem sido amenizado. Outros, além das Testemunhas de Jeová, estão se beneficiando.

Em outubro de 1998, um jornal de Kinshasa publicou um artigo que dizia: “Congregações cristãs das Testemunhas de Jeová em diferentes países europeus combinaram esforços para coletar mais de 400 toneladas de itens de primeira necessidade destinados ao Congo-Kinshasa e ao Congo-Brazzaville. Com a colaboração de voluntários da Inglaterra, da França e da Suíça, 37 toneladas de arroz, leite em pó, feijão e biscoitos vitaminados já foram enviadas por via aérea de Ostende, Bélgica, à sede nacional das Testemunhas de Jeová em Kinshasa. Outro avião . . . chegará . . . com 38 toneladas de alimentos.

“Vale registrar que as Testemunhas de Jeová têm socorrido refugiados da África Oriental desde o genocídio em Ruanda.  . . . Segundo o porta-voz das Testemunhas de Jeová, esses donativos de alimentos e remédios, no montante de mais de 200 toneladas, ajudaram a combater a epidemia da cólera. Na época, Testemunhas de Jeová da França e da Bélgica formaram várias equipes para ajudar as pessoas nos campos de refugiados. Ele mencionou também as contribuições das Testemunhas de Jeová para ajudar os necessitados na Europa Oriental e na Bósnia.”

A guerra não impede o progresso espiritual

Em setembro de 1998, os rebeldes atacaram o subúrbio de Ndjili, em Kinshasa. No meio do tumulto, um grupo de irmãos refugiou-se na casa em que estava hospedado um superintendente de circuito. Este fez uma oração em favor do grupo e depois leu para eles Isaías 28:16, que diz: “Ninguém que exercer fé ficará em pânico.” Ele os incentivou a permanecerem calmos e a confiar na direção de Jeová.

Alguns sugeriram cruzar a ponte para sair de Ndjili, outros sugeriram seguir pela linha do trem. Por fim, os irmãos decidiram permanecer onde estavam. Três dias depois, as tropas do governo recuperaram o controle da área. Os irmãos descobriram que, se tivessem seguido qualquer uma das duas rotas que haviam cogitado, teriam sido surpreendidos no meio dos combates.

Um irmão da Congregação Museka Kipuzi, de Katanga, estava vendendo peixes para alguns soldados. Depois de uma conversa, um soldado acusou-o de espião do partido contrário. O irmão foi amarrado, severamente espancado e levado ao comando militar da região. Já era noite quando chegou. Os soldados exigiram que o irmão dançasse para eles. O irmão disse: “Como é que vocês vão poder apreciar a minha dança se está escuro?”

“Então você pode cantar”, disseram. De todo o coração, o irmão cantou “Lança teu fardo sobre Jeová”. Comovidos pela letra do cântico, os soldados pediram ao irmão que o cantasse de novo. O irmão fez isso. Um dos soldados pediu-lhe que cantasse mais um cântico. Dessa vez, o irmão cantou “A ti damos graças, Jeová”, em kiluba, sua língua nativa. Ao terminar, seus captores o desamarraram. Na manhã seguinte, os soldados o levaram de volta à cidade e fizeram algumas investigações na vizinhança do irmão para se certificarem de que ele não era espião. Antes de partirem, os soldados lhe disseram: “Você ia morrer, mas não vai mais morrer. Sua religião salvou a sua vida. Ficamos muito impressionados com as letras dos dois cânticos que você cantou. Não desista de servir ao seu Deus!”

Construção de Salões do Reino traz louvor a Jeová

Nos anos recentes, o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová tem feito empenho especial em ajudar na construção de Salões do Reino em países de poucos recursos financeiros. Os irmãos no Congo acolheram bem esse projeto, pois era tremenda a necessidade de Salões do Reino. Em Kinshasa, por exemplo, havia 298 congregações, mas menos de 20 salões adequados. Havia necessidade de centenas de salões por todo o país. Em abril de 1999, começou em Kinshasa o programa de construção de Salões do Reino. Mais tarde, expandiu-se para outras províncias do Congo. No início de 2003, já haviam sido construídos ao todo cerca de 175 Salões do Reino nos dois Congos.

Certo homem, que já tinha contato com a verdade desde os anos 50, ficou muito impressionado ao observar a construção de um Salão do Reino em frente à sua casa. Ele disse: “Nunca levei muito a sério o trabalho das Testemunhas de Jeová. Vejo agora os frutos de seus esforços. Elas construíram um Salão do Reino ao lado da casa do meu irmão e agora outro na frente da minha casa. Até parece que as Testemunhas de Jeová estão me cercando por todos os lados!” Ele aceitou convites para assistir à Comemoração da morte de Cristo e à dedicação desse novo Salão do Reino. Agora ele assiste regularmente às reuniões.

Três congregações em Matete realizavam suas reuniões num prédio bastante danificado, que compraram em 1994. Os irmãos não tinham dinheiro para reformá-lo, de modo que permaneceu assim por seis anos. Do outro lado da rua havia uma igreja grande. Quando foi construída, o pregador disse que as Testemunhas de Jeová logo sairiam dali. Os vizinhos zombavam dos irmãos, por não terem um bom local de reuniões. Mesmo quando a congregação começou a fabricar blocos para a construção de um Salão do Reino novo, alguns vizinhos ainda zombavam. Como ficaram surpresos com o resultado! Agora eles dizem que as Testemunhas de Jeová têm o prédio mais bonito da região. Certa vizinha, que nunca quis falar com as Testemunhas de Jeová, ficou impressionada com o trabalho dos irmãos. Ela visitou o local da obra e prometeu ouvir as Testemunhas de Jeová na próxima vez que a visitassem.

Num local de construção, uma mulher aproximou-se de uma irmã que estava cozinhando para os trabalhadores e perguntou: “Vocês estão construindo uma igreja?”

“Estamos construindo nosso Salão do Reino”, respondeu a irmã.

A mulher disse: “Esse prédio vai ficar do jeito como vocês são. Sempre limpos e asseados. Essa igreja vai ficar parecida com vocês!”

Ajustes na administração da sede

Para atender às necessidades do campo, foi preciso reorganizar a Comissão de Filial local. Em maio de 1996, o Corpo Governante fez ajustes. Em 20 de maio desse ano, Sébastien Johnson foi designado coordenador da Comissão de Filial. Ele e Peter Ludwig, que havia sido acrescentado à comissão dois meses antes, formaram uma Comissão de Filial reduzida, para supervisionar a obra. Nos anos seguintes, outros foram designados: David Nawej, Christian Belotti, Benjamin Bandiwila, Peter Wilhjelm, Robert Elongo, Delphin Kavusa e Uno Nilsson. Por razões de saúde, Peter Ludwig e sua esposa, Petra, tiveram de voltar para a Alemanha, onde servem em Betel.

Os irmãos da Comissão de Filial trabalham arduamente para transmitir orientações teocráticas por todo o campo. Além disso, servos de Jeová da América do Norte, da Europa e do Japão têm sido designados para o Congo como servos internacionais, betelitas a serviço no estrangeiro e missionários. No ano de serviço de 2003, a família de Betel em Kinshasa aumentou para mais de 250 membros. A média de idade era de 34 anos.

Ainda há muito trabalho

Um profeta da antiguidade escreveu: “Bendito o varão vigoroso que confia em Jeová e cuja confiança veio a ser Jeová.” ( Jer. 17:7) Apesar dos incessantes conflitos em várias regiões do Congo, os irmãos continuam a divulgar as boas novas do Reino. Embora a guerra civil dificulte os esforços da sede de prover assistência espiritual em todo o país, foi animador ver o número de publicadores atingir um auge sem precedentes de 122.857.

Neste relato, apresentamos histórias de servos fiéis no Congo. Não é possível mencionar os nomes de todos os muitos irmãos e irmãs que têm contribuído para defender e estabelecer legalmente as boas novas no Congo. No entanto, todos podem estar certos do apreço de Jeová. O apóstolo Paulo escreveu a companheiros cristãos: “Deus não é injusto, para se esquecer de vossa obra e do amor que mostrastes ao seu nome, por terdes ministrado aos santos e por continuardes a ministrar.” — Heb. 6:​10.

Ainda é enorme a quantidade de trabalho a fazer. Há novos territórios a serem abertos. É preciso construir Salões do Reino. As dependências da sede precisam ser ampliadas. Não obstante, revendo mais de 50 anos de atividades teocráticas no Congo, concordamos com aquele irmão que disse, em 1952: ‘Nós somos como os grãos num saco de milho africano. Onde quer que sejamos lançados, um por um, a chuva com o tempo vem e nós nos tornamos muitos.’ Aguardamos com emoção ver até que ponto o nosso Pai celestial, Jeová Deus, fará com que as sementes do Reino cresçam. — 1 Cor. 3:6.

[Nota(s) de rodapé]

^ parágrafo 3 Ao longo dos anos, esse país tem sido chamado de Estado Livre do Congo, Congo Belga, Congo, Zaire e, desde 1997, República Democrática do Congo. Extra-oficialmente pode ser chamado de Congo (Kinshasa), para distingui-lo do vizinho Congo (Brazzaville). Neste relato, usaremos o nome Congo.

^ parágrafo 155 Veja A Sentinela de 1.º de março de 1985, páginas 3-​10.

^ parágrafo 173 Uma decisão da Suprema Corte por fim devolveu aos irmãos os direitos à propriedade confiscada, onde a construção de Betel havia começado no início dos anos 80. Mais tarde, soldados a ocuparam. Mas, quando os soldados por fim saíram, no ano 2000, autoridades locais dividiram a propriedade inteira em lotes menores e os venderam ilegalmente a posseiros. Centenas de posseiros ocupam a área. Esse problema ainda não está resolvido.

[Destaque na página 229]

“Nunca mais ouviremos falar das Testemunhas de Jeová no [Congo]”

[Destaque na página 249]

“Você ia morrer, mas não vai mais morrer. Sua religião salvou a sua vida.”

[Quadro na página 168]

Dados gerais sobre o Congo (Kinshasa)

País: Cortado pelo equador, a República Democrática do Congo é mais de seis vezes maior do que o vizinho Congo (Brazzaville). A maior parte do norte é coberta por florestas tropicais úmidas tão densas que a luz do sol raramente atinge o solo. Na parte oriental há montanhas e vulcões ativos. O oeste do Congo ocupa uma faixa litorânea de quase 40 quilômetros ao longo do oceano Atlântico.

Povo: Os 55 milhões de habitantes do Congo representam mais de 200 grupos étnicos africanos. Da população, 50% professam ser católicos, 20% protestantes, 10% quimbanguistas e 10% muçulmanos.

Idioma: Falam-se muitas línguas. Embora o idioma oficial seja o francês, os principais idiomas africanos são lingala, quinguana, suaíli, congo e tshiluba.

Economia: O Congo possui vastos recursos naturais — petróleo, diamantes, ouro, prata, urânio — mas conflitos recentes no país reduziram drasticamente as exportações e aumentaram a dívida externa. As famílias nas áreas rurais produzem a maior parte de seu alimento, como mandioca, milho e arroz.

Vida selvagem: Há uma profusão de animais selvagens. Nas áreas florestadas há muitos babuínos, gorilas e macacos. Em terrenos mais abertos vivem antílopes, leopardos, leões, rinocerontes e zebras. Os rios abrigam crocodilos e hipopótamos.

[Quadro/Foto nas páginas 173, 174]

Ele procurou a verdade e a encontrou

Henry Kanama pertencia à Igreja Evangélica de Luena, mas apercebeu-se de que essa religião não tinha a verdade. Para orar e meditar, muitas vezes ele ia às montanhas. Ali conheceu um grupo que afirmava conversar com espíritos invisíveis. Membros desse grupo disseram a Henry que achavam que Deus estava bem longe, embora não soubessem onde.

Henry começou a procurar o Deus verdadeiro. Certo dia, um homem lhe deu um exemplar da revista Despertai! em francês. Henry logo reconheceu o tom da verdade bíblica. Era isso o que procurava! Ele escreveu às Testemunhas de Jeová usando o endereço que encontrou na revista e, pouco depois, fazia um estudo bíblico por correspondência. Por fim, Henry e sua esposa, Elisabeth, e alguns conhecidos deles escreveram perguntando como poderiam ser batizados. Em resposta, foi-lhes sugerido que contatassem sedes das Testemunhas de Jeová em países vizinhos. A maioria delas ficava longe.

Aquele grupinho, composto de Henry e Elisabeth e Hyppolite Banza e sua esposa, Julienne, resolveu ir à Rodésia do Norte. Todos eles sabiam que, para aprofundar seu conhecimento da verdade, teriam de aprender o idioma cibemba. Calcularam o custo e se mudaram. Depois de seis meses ali foram batizados, em 1956.

Naquele mesmo ano retornaram para o Congo, onde passaram a divulgar zelosamente as boas novas. Em 1961, Henry e alguns companheiros foram presos sob a acusação de pertencer a um grupo do Kitawala que havia matado um chefe local que, por sua vez, tramara o assassinato de outro chefe. Evidentemente, não havia prova disso, de modo que mais tarde foram libertados.

Henry e Elisabeth entraram então no serviço de pioneiro. Com o tempo tornaram-se pioneiros especiais e, mais tarde, serviram no circuito. Mesmo com a morte de Henry, em 1991, Elisabeth ainda é pioneira regular. Um de seus filhos, Ilunga, serve no circuito.

[Quadro/Fotos na página 178]

Albert Luyinu — uma Testemunha fiel

O primeiro contato de Albert com a verdade foi em 1951, por meio de um colega de trabalho, Simon Mampouya, do Congo (Brazzaville). Albert foi o primeiro congolês que se tornou dentista, mas sua destacada condição social não facilitou em nada tomar posição em favor da verdade. Ele e sua esposa foram batizados após a Comemoração, em 1954. O batismo ocorreu à noite, pois a obra estava proscrita naquele tempo.

Albert serviu de 1958 a 1996 como representante legal da Associação das Testemunhas de Jeová, a entidade jurídica local das Testemunhas. Ele se recorda de ter sido intérprete num discurso de casamento, proferido pelo irmão Heuse, a uma assistência de 1.800 pessoas. A primeira parte do discurso falava dos deveres da esposa cristã. Albert se lembra de que isso o fez sentir-se “importante” e envaidecido ao olhar para sua esposa e outras irmãs presentes. No entanto, quando ouviu quais eram os deveres do marido cristão, ele se sentiu insignificante e humilde. No fim do discurso, ele se sentia ainda mais insignificante!

[Foto]

Albert e Emilie Luyinu

[Quadro/Foto nas páginas 191-193]

Depoimento de Pontien Mukanga

Ano de nascimento: 1929

Ano de batismo: 1955

Resumo biográfico: Foi o primeiro superintendente de circuito no Congo.

Em 1955, fui ao hospital por causa de uma dor de dente. O dentista, Albert Luyinu, tratou-me e daí mostrou-me Revelação 21:​3, 4, que fala do tempo em que não haverá mais dor. Deixei meu endereço com Albert e ele me visitou naquela noite. Fiz rápido progresso espiritual e fui batizado naquele mesmo ano.

Em 1960, fui designado superintendente de circuito para o inteiro Congo. O serviço de circuito não era fácil. Eu viajava por vários dias, até mesmo semanas, na carroceria de caminhões supercarregados, em estradas terríveis e sob um sol abrasador. Os mosquitos me atormentavam à noite. Não raro o caminhão quebrava, e eu tinha de esperar até ser consertado. Eu andava a pé sozinho por caminhos sem placas e, às vezes, me perdia.

Certa vez, visitei uma cidade no norte do Congo. Eu estava com Leon Anzapa. Viajamos juntos de bicicleta até outra cidade, uns 120 quilômetros distante. Nós nos perdemos no caminho e tivemos de dormir uma noite num recinto em que se criavam galinhas. Os insetos que infestavam as galinhas nos picavam, de modo que o dono do local acendeu um pequeno fogo no meio do chão, embora não houvesse nenhuma janela.

Naquela noite, houve uma briga entre o filho do proprietário e outros aldeões. O proprietário logo entrou na luta também. Nós sabíamos que, se ele perdesse, estaríamos em apuros. Não dormimos nada naquela noite, por causa dos insetos, da fumaça e da briga.

Antes do amanhecer, saímos cautelosamente com as nossas bicicletas, mas, depois de alguns quilômetros, nos perdemos de novo. Continuamos o dia inteiro por uma estrada abandonada. No fim do dia, faminto e exausto, Leon caiu da bicicleta. Bateu o rosto numa pedra, ferindo o lábio superior. Ele sangrava muito, mas fomos em frente até chegarmos a uma aldeia. Ao verem Leon, os aldeões queriam saber quem o havia ferido. Explicamos que ele havia caído da bicicleta. Eles não acreditaram nisso e acusaram-me de tê-lo ferido. Também não dormimos naquela noite; Leon sentia dor e os aldeões queriam me castigar por isso. Continuamos a viagem na manhã seguinte, até chegarmos finalmente a um vilarejo onde havia alguns remédios. Colocaram mercurocromo no lábio de Leon e fecharam o ferimento com seis grampos. Daí viajamos mais 80 quilômetros até Gemena, onde finalmente deixei Leon num pequeno hospital. Eu continuei sozinho para reencontrar minha esposa e prosseguir com nosso roteiro rio abaixo até Kinshasa.

A esposa de Pontien, Marie, muitas vezes o acompanhava nas viagens. Ela faleceu em 1963. Em 1966, Pontien casou-se de novo e continuou no serviço de circuito até 1969. Ele ainda está no serviço de tempo integral, como pioneiro regular.

[Quadro/Foto nas páginas 195, 196]

Depoimento de François Danda

Ano de nascimento: 1935

Ano de batismo: 1959

Resumo biográfico: Superintendente viajante de 1963 a 1986. Trabalhou no Betel do Congo de 1986 a 1996. Atualmente, ancião e pioneiro especial.

Em 1974, ao visitar uma congregação em Kenge, na Província de Bandundu, militantes do partido governante prenderam sete do nosso grupo. A acusação principal foi a recusa de participarmos em cerimônias políticas em homenagem ao chefe do Estado. Fomos trancados numa cela de dois metros por dois, sem janelas. Nenhum de nós podia sentar-se ou deitar-se; podíamos apenas nos encostar uns nos outros. Permitiam-nos sair apenas duas vezes por dia desse cubículo, onde ficamos por 45 dias. Quando minha esposa, Henriette, soube do que estava acontecendo, viajou os quase 300 quilômetros desde Kinshasa a fim de me ver. Contudo, só lhe deram permissão de me ver uma vez por semana.

Certo dia, o promotor do Estado visitou a prisão. Foi realizada uma cerimônia política em sua homenagem. Todos, com exceção do nosso grupo, entoaram canções políticas e repetiram slogans do partido. O promotor ficou furioso e exigiu que eu mandasse os outros seis irmãos cantarem. Eu disse que não tinha autoridade sobre eles, e que cantar ou não cantar seria decisão deles. Fui espancado por isso.

Mais tarde, fomos embarcados na traseira de um veículo de tração nas quatro rodas. Dois soldados nos escoltavam e o mesmo promotor viajava na cabine, junto com o motorista. Rumávamos para a cidade de Bandundu, capital da província do mesmo nome. O veículo corria em alta velocidade. Eu disse aos irmãos que se segurassem bem e comecei a orar. Assim que terminei de orar, o carro entrou muito rápido numa curva e capotou. Foi espantoso que ninguém morreu e nem mesmo se feriu. Sentimos que Jeová nos havia protegido. Quando desviramos o veículo, o promotor mandou que os dois soldados nos levassem de volta para a prisão, a pé. O veículo prosseguiu viagem a Bandundu.

Quando voltamos à prisão, os soldados contaram para as autoridades o que havia acontecido e imploraram a elas que nos libertassem. O diretor da prisão ficou extremamente impressionado, acreditando, assim como nós, que Deus nos havia protegido. Passamos alguns dias numa cela normal, com permissão de circular no pátio com os outros prisioneiros. Daí, fomos libertados.

Depois de 24 anos no serviço de circuito, François e Henriette foram convidados para Betel. Dez anos depois, foram designados como pioneiros especiais. Henriette faleceu em 16 de agosto de 1998.

[Quadro/Foto nas páginas 200, 201, 202]

Depoimento de Michael Pottage

Ano de nascimento: 1939

Ano de batismo: 1956

Resumo biográfico: Michael e sua esposa, Barbara, trabalharam no Congo como missionários por 29 anos. Estão agora no Betel da Grã-Bretanha e Michael é ancião numa congregação de idioma lingala, em Londres.

Nosso maior desafio foi aprender a nos comunicar. Primeiro tivemos de nos tornar fluentes em francês, a língua oficial do Congo. Isso foi apenas o começo. Em Katanga, aprendemos suaíli; em Kananga, tivemos de aprender tchiluba, e quando fomos designados para Kinshasa, aprendemos lingala.

Tudo isso foi muito benéfico. Primeiro, nossos irmãos se achegavam mais rapidamente a nós, à medida que lutávamos para nos comunicar com eles. Encaravam nosso esforço de falar a língua deles como prova de amor genuíno e interesse neles. Um segundo benefício foi que o ministério se tornava mais significativo. Muitas vezes, a primeira reação do morador ao nos ouvir falar na sua língua era de espanto e satisfação, seguido de respeito e desejo de ouvir o que tínhamos a dizer.

Quando viajávamos no serviço de distrito, nosso conhecimento das línguas locais nos salvava de situações potencialmente perigosas. Bloqueios de estrada efetuados por militares ou por partidos políticos eram comuns em tempos de crise e serviam de lugar conveniente para extorquir dinheiro. Em especial os estrangeiros eram vistos como alvos fáceis e lucrativos. Quando éramos parados num bloqueio, cumprimentávamos os soldados na língua local. Isso os surpreendia. Daí eles nos perguntavam quem éramos. Quando viam que conseguíamos ir além de uma mera saudação decorada e explicar na língua deles exatamente o que fazíamos, em geral reagiam bem, solicitavam publicações e nos desejavam boa viagem com as bênçãos de Deus.

Muitas vezes ficamos profundamente comovidos com o genuíno amor abnegado demonstrado pelos nossos irmãos africanos. Por muitos anos, o Congo foi um Estado político de partido único que, de forma ativa e não raro violenta, se opunha aos que se conservavam neutros, como as Testemunhas de Jeová. Nesse clima político, viajávamos de jipe no trabalho de distrito, a serviço dos irmãos em assembléias.

Eu me lembro muito bem de certa assembléia. Durante a sessão vespertina no último dia, o chefe local do partido político postou-se atrás do palco. Estava bêbado e nos insultava, insistindo que lhe déssemos permissão de subir ao palco para dizer a todo mundo que tinham de comprar um cartão de afiliação política. Ao recusarmos, ele ficou furioso e nos insultou aos gritos, dizendo que as Testemunhas de Jeová eram contra o governo e que deviam ser presas. Alguns irmãos conseguiram persuadi-lo a ir embora. Ele saiu, gritando que ia nos denunciar ao administrador e que voltaria para queimar o nosso jipe e a casa de sapé em que estávamos hospedados. Sabíamos que isso não era só uma ameaça.

Os irmãos foram maravilhosos. Em vez de fugirem com medo, eles se juntaram ao nosso redor, incentivando-nos a confiar em Jeová e deixar o assunto nas mãos dele. Daí eles se revezaram durante toda a noite, montando guarda para proteger a casa e o jipe. Foi uma experiência muito tocante. Os irmãos não só se dispunham a depor a sua própria vida para nos proteger como também a correr o risco de sofrerem qualquer possível brutalidade após a nossa partida, devido à recusa de apoiar o partido político. Jamais nos esquecemos dessa demonstração de abnegado amor cristão, além de tantas outras calorosas expressões de amor que recebemos durante os anos em que trabalhamos no Congo.

[Quadro/Foto nas páginas 211-213]

Depoimento de Terence Latham

Ano de nascimento: 1945

Ano de batismo: 1964

Resumo biográfico: Trabalhou 12 anos como missionário. Aprendeu francês, lingala e suaíli. Atualmente serve na Espanha com a esposa e dois filhos.

Em 1969, eu e Raymond Knowles fomos de avião para Kisangani. A cidade tinha uns 230.000 habitantes e era a capital da província nordeste do Congo.

Que recepção calorosa recebemos do punhado de publicadores e das muitas pessoas interessadas da região! Eles nos inundaram de presentes — mamões, abacaxis e bananas, além de frutas tropicais que nunca havíamos visto antes. Alguns trouxeram galinhas e tartarugas vivas. Samuel Tshikaka gentilmente nos hospedou em sua casa. Logo, porém, alugamos um bangalô. Depois se juntaram a nós Nicholas e Mary Fone, bem como Paul e Marilyn Evans. Quanta alegria! Juntos, reformamos e pintamos o primeiro lar missionário em Kisangani. O capim e cipós haviam tomado conta do quintal e, durante a faxina, desalojamos dois gatos-almiscarados do sótão. Mais tarde, Peter e Ann Barnes se juntaram a nós nesse lar missionário, além de Ann Harkness, que se tornara minha esposa.

Nos primeiros quatro anos de pregação em Kisangani aprendemos a falar lingala e suaíli e nos achegamos ao hospitaleiro e amistoso povo local. Tínhamos tantos estudos que era preciso trabalhar de manhã cedo até tarde da noite para dar conta de todos eles. Durante os anos que passamos em Kisangani, o grupinho de menos de dez publicadores se transformou em oito congregações.

Certa vez, andando de carro pela estrada Ituri, alguns do nosso grupo avistaram uma aldeia de pigmeus. Estávamos ansiosos de pregar a esses habitantes. Os pigmeus, dizem alguns estudiosos, referem-se à floresta como mãe ou pai porque ela é a fonte de sua comida, roupa e abrigo. De modo que os pigmeus encaram a floresta como sagrada, e acreditam que podem se comunicar com ela por meio duma cerimônia chamada molimo. Essa cerimônia consiste em dançar e cantar ao redor de uma fogueira. A dança é acompanhada pela trombeta molimo, um tubo longo de madeira, que os homens sopram para produzir música e sons de animais.

Ficamos impressionados com o fascinante assentamento desse povo nômade que, em geral, fica apenas cerca de um mês num mesmo lugar. O acampamento se compunha de abrigos para dormir, de forma arredondada, construídos com paus, lianas e folhas. Esses abrigos têm apenas uma abertura e podem ser construídos em duas horas, ou menos. Cada qual pode acomodar várias pessoas, que se enroscam umas nas outras. Algumas crianças se aproximaram para tocar a nossa pele e o nosso cabelo; nunca haviam visto pessoas brancas. Que privilégio foi conhecer e pregar a esse amistoso povo da floresta! Eles nos disseram que já haviam falado com Testemunhas de Jeová que vieram de vilarejos localizados perto de seus acampamentos.

[Quadro/Foto nas páginas 215, 216]

Depoimento de David Nawej

Ano de nascimento: 1955

Ano de batismo: 1974

Resumo biográfico: É o mais veterano dos membros locais da família de Betel no Congo. Faz parte também da Comissão de Filial.

Em 1976, fiquei surpreso ao receber uma carta me convidando para trabalhar em Betel. As palavras “urgente” e “imediatamente” estavam grifadas na carta. Eu morava em Kolwezi, a uns 2.500 quilômetros de Kinshasa. Não foi fácil sair de casa, mas eu desejava reagir como Isaías: “Eis-me aqui! Envia-me.” — Isa. 6:8.

Quando cheguei em Betel, os irmãos me mostraram uma máquina de escrever e perguntaram se eu sabia usá-la. Respondi que era alfaiate e sabia usar uma máquina de costura, mas não uma máquina de escrever. Mesmo assim, eu me dispus a trabalhar e aprendi a datilografar. Naquele tempo, trabalhei nos departamentos de Tradução e de Serviço.

Mais tarde, fui designado para o setor de correspondência. Parte do serviço era atender aos cupons que as pessoas haviam recortado de publicações e enviado ao escritório. Em geral, pediam outras publicações. Muitas vezes eu me perguntava que efeito as publicações teriam sobre os destinatários. Pelo menos num caso eu sei o que aconteceu. Dois rapazes progrediram rapidamente. Mais tarde tornaram-se pioneiros regulares e depois especiais. Quando foram convidados para Betel, um deles tornou-se meu colega de quarto.

Algumas pessoas escreviam para Betel pedindo dinheiro. Nesses casos, enviava-se uma carta que, com tato, explicava a natureza voluntária de nosso trabalho e incentivava a pessoa a estudar a Bíblia. Tempos atrás, um irmão me disse que havia entrado na verdade por causa de uma dessas cartas. Ele me mostrou a carta. Anos antes, havia escrito a Betel, pedindo dinheiro. Ele reagiu bem ao incentivo que recebera e agora estava na verdade.

Mais tarde, passei a cuidar de assuntos jurídicos. Certa vez, ajudei alguns irmãos locais que eram acusados de não usar o distintivo do partido. Eu reuni coragem e disse às autoridades: “O que é que o distintivo prova? Acabamos de ter uma guerra civil e todos aqueles contra os quais os senhores lutaram usavam distintivos. Os distintivos não significam nada; não são uma garantia do que a pessoa realmente pensa. O que vale mesmo é o que a pessoa é no íntimo. As Testemunhas de Jeová são cidadãos que jamais iniciarão uma guerra civil. Essa atitude de acato à lei vale muito mais do que um distintivo.” Os irmãos foram exonerados das acusações. Jeová sempre nos ajudou em tais situações.

Já sirvo em Betel por mais de 27 anos. Embora eu tenha algumas limitações físicas e não tenha tido muita instrução secular, continuo a me esforçar para que Jeová possa me usar. Ainda há necessidades urgentes e imediatas em Betel!

[Quadro/Foto nas páginas 219, 220]

Depoimento de Godfrey Bint

Ano de nascimento: 1945

Ano de batismo: 1956

Resumo biográfico: Formado na 47.ª turma de Gileade. Trabalhou no Congo por 17 anos. Atualmente, serve na Comissão de Filial em Ruanda. Ele fala francês, inglês, lingala, suaíli e tchiluba.

Em 1973, eu estava no serviço de campo com um irmão local, em Kananga. As autoridades entraram numa casa em que dirigíamos um estudo bíblico e nos prenderam. Passamos duas semanas na cadeia. Durante esse período, meu colega missionário, Mike Gates, nos trazia comida, pois a prisão não a providenciava. Por fim, fomos libertados. Três meses depois, no dia em que eu e Mike tínhamos um vôo marcado para assistir a um congresso internacional na Inglaterra, ouvimos falar que todos os irmãos numa congregação vizinha haviam sido presos. Queríamos visitá-los e levar-lhes comida. Para nossa surpresa, quando pedimos para ver os irmãos, um juiz mandou prender-nos. Enquanto esperávamos pelo ônibus que nos levaria à prisão, ouvimos o nosso avião decolar. Você pode imaginar como esse ruído fez doer nosso coração!

Ao chegarmos à prisão, vi que muitos detentos que estavam comigo na prisão três meses antes ainda estavam ali. Visto que meu colega que me trazia comida também estava preso agora, os presos perguntaram: “Quem vai trazer-lhe comida desta vez?”

Respondemos que nossos irmãos fariam isso, mas os detentos balançaram a cabeça em descrença. Eles sabiam que não havia mais nenhuma Testemunha de Jeová européia naquela região. Que surpresa tiveram quando, no dia seguinte, nossos irmãos congoleses trouxeram tanta comida que podíamos dividi-la com aqueles prisioneiros! Foi um testemunho maravilhoso a respeito de nossa fraternidade internacional e do amor que nos une. Aqueles queridos irmãos que nos trouxeram comida arriscaram-se a ser presos por isso. Cinco dias depois, fomos libertados. Daí voamos para a Inglaterra e chegamos em cima da hora para o congresso.

[Quadro/Foto nas páginas 224-226]

Depoimento de Nzey Katasi Pandi

Ano de nascimento: 1945

Ano de batismo: 1971

Resumo biográfico: Trabalhou destemidamente em territórios difíceis quando era solteira e, mais tarde, acompanhou o marido no serviço de viajante de 1988 a 1996. Atualmente, está no serviço de tempo integral em Kinshasa.

Em 1970, eu estava lendo a Bíblia quando bateram à porta de minha casa, em Kinshasa. Era um homem com seu filho pequeno. O menino começou a falar sobre a Bíblia e pediu que eu abrisse a minha em Mateus 24:14. Eu me considerava muito religiosa, mas não consegui achar o texto. Ele me ajudou e tivemos uma conversa interessante.

O pai do menino viu que eu estava interessada e convidou-me para uma reunião no domingo seguinte. Foi realizada atrás da casa de um irmão, visto que a obra de testemunho estava proscrita. Gostei do discurso e fiquei para o Estudo de A Sentinela. Naquela mesma noite, os irmãos vieram à minha casa e começaram a estudar comigo.

Com o tempo, fui batizada e entrei no serviço de tempo integral. Li em Nosso Ministério do Reino a respeito da grande necessidade que existia em outras partes do país. Perguntei se poderia ir a Kenge, na província de Bandundu. Os irmãos concordaram, mas alertaram-me de que alguns haviam sido presos ali. Eu pensei: ‘Eles não podem prender todo mundo.’ Assim, decidi ir.

Cheguei à noite e fiquei contente de saber que o superintendente de circuito, François Danda, estava visitando a congregação. Na manhã seguinte, fui à reunião para o serviço de campo, mas descobri que François e vários outros irmãos haviam sido presos. O chefe de segurança queria falar comigo. Ele disse: “Sabemos que você é Testemunha de Jeová. Você pode ficar em Kenge se desejar, mas se for vista andando por aí com a sua bolsa, iremos prendê-la.”

As pessoas da cidade estavam descontentes com o chefe de segurança e seus agentes. Elas sabiam que as Testemunhas de Jeová não causavam mal a ninguém. As pessoas diziam que, em vez de perder tempo com as Testemunhas de Jeová, os agentes de segurança deviam combater o crime, pois criminosos era o que não faltava ali. Com o tempo, os irmãos foram libertados.

Fui designada pioneira especial em 1975, e visitei muitas cidades e vilarejos, permanecendo duas ou três semanas em cada lugar. Em pouco tempo, foram formados seis grupos de pessoas interessadas. Escrevi para a sede, pedindo que enviassem irmãos para pastorear e cuidar desses grupos.

Conheci Jean-Baptiste Pandi, que também era pioneiro especial. No passado, eu havia falado com os missionários a respeito de casamento e serviço de tempo integral. Eles me disseram que, se eu desejasse continuar por longo tempo no serviço de tempo integral, seria mais fácil para mim não ter filhos. Jean-Baptiste concordou com isso, e nós nos casamos. As pessoas acreditam que ter filhos garante segurança na velhice. Mas os tempos mudaram, e conheço muitos casos em que os pais estão muito desapontados com os filhos. Eu e Jean-Baptiste não temos nenhum desapontamento.

Ao longo dos anos, vimos muitas pessoas entrarem na verdade. Sinto-me especialmente feliz no que diz respeito à minha família. Eu ajudei não só meu pai e minha mãe, mas também meus quatro irmãos e uma irmã a aceitar a verdade.

O Salmo 68:11 diz: “As mulheres que anunciam boas novas são um grande exército.” Isso significa que nós, irmãs, temos uma grande responsabilidade e temos de dar o nosso máximo. Sou muito grata a Jeová por ter me permitido participar nesse trabalho.

[Quadro na página 240]

Tradução do alimento espiritual

Embora o francês seja o idioma oficial do Congo, a língua mais falada em Kinshasa e ao longo do rio Congo é o lingala. Embora não tenha um vocabulário extenso, o lingala tem algumas expressões muito significativas. Por exemplo, a expressão “arrepender-se” é kobongola motema, que significa literalmente “virar o coração”. Outra expressão que tem a ver com o coração e os sentimentos é kokitisa motema, que significa literalmente “baixar o coração” ou, em outras palavras, “acalmar-se”.

A Sentinela há décadas é traduzida para o lingala. Atualmente, nossas publicações são traduzidas para os seguintes idiomas falados no Congo: kiluba, kinande, kipende, kisonge, kituba, lingala, lingombe, lomongo, mashi, monocutuba, ngbaka, otetela, suaíli (Congo), tchiluba e uruund.

[Quadro na página 247]

Zeloso, apesar de ser deficiente físico

Richard, de 20 anos, é paraplégico e há 15 anos vive confinado ao leito. Ele consegue mover apenas a cabeça. No entanto, em janeiro de 1997, tornou-se publicador não-batizado. Richard sempre dá testemunho para os que o visitam no quarto. Sua voz reflete forte convicção. Ele prega, em média, dez horas por mês. Em 12 de abril de 1998, ele foi carregado na maca para ser batizado num riacho não muito longe de sua casa. Agora ele freqüenta as reuniões. Além disso, está ensinando a verdade a um de seus parentes, que assiste às reuniões cristãs e faz bom progresso. Embora fisicamente fraco, esse irmão tem se tornado poderoso por meio do espírito de Deus.

[Quadro na página 248]

“Não fazem parte do mundo”

Certo dia na escola, Esther, de 12 anos, surpreendeu-se quando o professor pediu que todo aluno cantasse o hino nacional perante a classe. Ao chegar a sua vez, Esther disse educadamente ao professor que ela não podia fazer isso. Esther conta o que aconteceu:

“O professor ficou irritado. Mas eu perguntei se poderia cantar algo diferente. Ele concordou. Eu cantei ‘Não fazemos parte do mundo’. O professor pediu que toda a classe aplaudisse, e eles aplaudiram.

“Depois da aula, o professor falou comigo em particular e disse que havia gostado muito do cântico, especialmente da letra. Ele acrescentou: ‘Vejo que vocês Testemunhas de Jeová de fato não fazem parte do mundo. O seu comportamento na classe confirma isso.’

“Uma das minhas colegas também ficou muito impressionada. Fez perguntas e eu as respondi. No fim do ano, tivemos de nos separar, mas eu a incentivei a procurar as Testemunhas de Jeová no lugar para onde ela iria se mudar. Ela fez isso e agora é nossa irmã.”

[Quadro na página 251]

Honestidade resulta em glória para Deus

Um irmão trabalhava numa fábrica. Certo dia, um erro cometido pela equipe em que ele trabalhava, provocou a quebra de parte do equipamento. O diretor decidiu demitir todos os membros da equipe. Pagou-lhes o salário e mandou-os embora. Ao chegar em casa, o irmão notou que recebera 500 francos (pouco mais de um dólar) a mais, de modo que voltou para devolver o dinheiro. Aproveitou a oportunidade para dar testemunho e o diretor ficou tão impressionado com a sua honestidade que pediu-lhe que continuasse a trabalhar para ele.

[Tabela/Gráfico nas páginas 176, 177]

CONGO (KINSHASA)—MARCOS HISTÓRICOS

1932: Fazem-se empenhos para enviar Testemunhas de Jeová ao Congo.

1940

1949: Decreto confirma proscrição extra-oficial das Testemunhas de Jeová.

1960

1960: O Congo ganha a independência, começa um período de tolerância religiosa.

1962: Aberta uma sede das Testemunhas de Jeová em Léopoldville (atual Kinshasa). Chegam os primeiros missionários.

1966: Concede-se às Testemunhas de Jeová o registro legal.

1971: O registro legal é revogado.

1980

1980: O registro legal é concedido de novo.

1986: As Testemunhas de Jeová são proscritas.

1990: A liberdade religiosa é reconhecida extra-oficialmente.

1993: A Suprema Corte anula a proscrição de 1986. A obra começa numa sede nova.

2000

2003: 122.857 publicadores estão ativos no Congo (Kinshasa).

[Gráfico]

(Veja a publicação)

Total de publicadores

Total de pioneiros

120.000

80.000

40.000

1940 1960 1980 2000

[Mapas na página 169]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

SUDÃO

REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA

REPÚBLICA DO CONGO

BRAZZAVILLE

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO

Isiro

Bumba

Rio Congo

Kisangani

Goma

Bukavu

Bandundu

KINSHASA

KASAI

Kenge

Kikwit

Matadi

Kananga

Mbuji-Mayi

KATANGA

Kamina

Luena

Kolwezi

Likasi

Lubumbashi

ANGOLA

ZÂMBIA

[Foto de página inteira na página 162]

[Foto na página 185]

Hélène, Ernest e Danielle Heuse em Kinshasa nos anos 60

[Fotos na página 186]

Cenas de batismos em congressos internacionais mostradas no filme “A Felicidade da Sociedade do Novo Mundo” impressionaram muitos espectadores congoleses

[Foto na página 199]

Madeleine e Julian Kissel

[Foto na página 205]

Locais de reunião bem simples foram construídos por todo o país

[Foto na página 207]

Sede das Testemunhas de Jeová em Kinshasa, 1965

[Foto na página 208]

Assembléia em Kolwezi, 1967

[Foto na página 209]

Estradas ruins dificultavam as viagens

[Foto na página 221]

O Congresso de Distrito “Amor Divino” em Kinshasa, em 1980, foi o primeiro congresso grande realizado ali em oito anos

[Foto na página 223]

Muitos viajam por vários dias, carregando alimentos e pertences, apenas para assistir a assembléias e a congressos

[Foto na página 228]

Em dezembro de 1985, apenas três meses antes de ser imposta uma severa proscrição, foi realizado o Congresso “Mantenedores da Integridade”, em Kinshasa

[Foto na página 230]

Durante a proscrição, nossos irmãos sofreram prisões e espancamentos brutais

[Foto na página 235]

Zekaria Belemo, como superintendente viajante, visita um grupo de irmãos refugiados vindos do Sudão

[Fotos na página 237]

Veículos resistentes são usados para transportar publicações através das precárias estradas do país

[Foto na página 238]

A primeira turma da Escola de Treinamento Ministerial no Congo (Kinshasa), em 1995

[Foto na página 241]

Gisela e Sébastien Johnson

[Foto na página 243]

Doze missionários vivem neste lar, em Kinshasa

[Fotos nas páginas 244, 245]

Itens de primeira necessidade enviados da Europa foram distribuídos aos necessitados, em 1998

[Fotos na página 246]

Superintendentes viajantes, como Ilunga Kanama (embaixo, à esquerda) e Mazela Mitelezi (encaixe, à esquerda), enfrentam muitos desafios em regiões dilaceradas pela guerra

[Fotos nas páginas 252, 253]

(1) Betel de Kinshasa

(2-4) Salões do Reino construídos recentemente

(5) Irmão ajuda na construção de Salão do Reino

[Foto na página 254]

Comissão de Filial, da esquerda para a direita: Peter Wilhjelm, Benjamin Bandiwila, Christian Belotti, David Nawej, Delphin Kavusa, Robert Elongo, Sébastien Johnson e Uno Nilsson