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Noruega

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DO CONVÉS do navio, um jovem olhava para a costa norueguesa com grande expectativa. Seu nome era Knud Pederson Hammer. Ele tinha sido ministro de uma igreja batista em Dakota do Norte, Estados Unidos, mas já fazia um ano que havia se tornado um dos Estudantes da Bíblia (hoje conhecidos como Testemunhas de Jeová). Agora, em 1892, ele estava voltando ao seu país natal para pregar a amigos e parentes.

Nessa época, a maioria dos 2 milhões de habitantes da Noruega pertencia à Igreja Luterana Estatal. Knud desejava ajudar os noruegueses sinceros a conhecer o Deus verdadeiro, Jeová, e a entender que esse Deus amoroso não atormenta os pecadores num inferno de fogo. Ele também queria muito lhes falar sobre o vindouro Reinado Milenar de Cristo, em que a Terra será transformada num paraíso.

À medida que o navio se aproximava da costa, Knud olhava atentamente os contornos dessa linda terra — um país longo e estreito, com altas montanhas cobertas de neve, impressionantes fiordes e extensas florestas. Ele percebeu que seria um desafio alcançar as regiões esparsamente povoadas onde havia poucas estradas e pontes. Embora muitos noruegueses vivessem em cidades em desenvolvimento, outros moravam na zona rural, em vilas de pescadores ou nas centenas de ilhas ao longo da costa. Os resultados da pregação de Knud, bem como o progresso da adoração verdadeira na Noruega diante de enormes desafios, fortalecem a fé e encorajam o povo de Deus em toda parte.

AS SEMENTES DO REINO DÃO FRUTO

Embora alguns na região de Skien, cidade natal de Knud, mostrassem interesse em sua mensagem, ele teve de voltar para sua família nos Estados Unidos. Em 1899, porém, ele viajou novamente à Noruega, dessa vez a pedido de Charles Russell, que na época supervisionava a obra dos Estudantes da Bíblia. O irmão Russell queria que Knud estabelecesse uma congregação na Noruega. Knud levou alguns exemplares dos dois primeiros volumes de Millennial Dawn (Aurora do Milênio), coleção posteriormente chamada de Studies in the Scriptures (Estudos das Escrituras), que haviam sido traduzidos em dano-norueguês. (Na época o norueguês escrito era similar ao dinamarquês, e as publicações podiam ser lidas tanto na Dinamarca como na Noruega.) Knud deu testemunho a muitas pessoas e distribuiu alguns livros, mas depois de algum tempo precisou voltar aos Estados Unidos de novo.

No ano seguinte, Ingebret Andersen, que morava nas proximidades de Skien, obteve o livro The Divine Plan of the Ages (O Plano Divino das Eras), provavelmente um dos exemplares que Knud havia trazido à Noruega. Por muito tempo, Ingebret havia se interessado pela “segunda vinda” de Cristo e, ao ler o livro, ele e a esposa, Berthe, ficaram maravilhados. Ingebret logo começou a dar testemunho a outros. Ele até mesmo foi a reuniões religiosas para falar sobre o Reinado Milenar de Cristo. Depois, visitou os que mostraram interesse e, em pouco tempo, já havia uma ativa congregação de pelo menos dez Estudantes da Bíblia em Skien.

Quando um parente lhe disse que havia uma pequena congregação em Skien, Knud voltou à Noruega em 1904 para procurar Ingebret. Ele perguntou a um homem na rua se conhecia algum Ingebret Andersen ali na região. “Sim, sou eu”, respondeu o homem. Knud ficou tão empolgado que abriu a mala ali mesmo, no meio da rua, para lhe mostrar os livros que havia trazido. É claro que Ingebret ficou muito feliz por conhecer Knud e ver todas aquelas publicações.

Knud falou com entusiasmo aos irmãos noruegueses sobre a organização e a obra de pregação. Quando ele voltou para sua família, que agora morava no Canadá, a Congregação Skien havia recebido muito encorajamento para prosseguir.

OUTRAS REGIÕES DA NORUEGA SÃO ALCANÇADAS

A obra de pregação na Noruega recebeu um grande impulso em 1903 com a chegada de três zelosos colportores (pregadores de tempo integral): Fritiof Lindkvist, E. Gundersen e Viktor Feldt. Fritiof estabeleceu-se na capital, Kristiania (hoje Oslo), e em 1904 sua casa passou a funcionar como escritório da Watch Tower Society (Sociedade Torre de Vigia), onde se cuidava dos pedidos de publicações e das assinaturas da revista Zion’s Watch Tower (A Torre de Vigia de Sião).

Em fins de 1903, ao pregar em Trondheim, na região central da Noruega, o irmão Gundersen deu testemunho a uma mulher chamada Lotte Holm, que aceitou algumas publicações. Depois, ela voltou para casa na região de Narvik, acima do círculo polar ártico, e tornou-se a primeira publicadora no norte da Noruega. Em seguida, Viktor Feldt foi a Narvik e ajudou dois casais a se tornarem Estudantes da Bíblia. Eles entraram em contato com Lotte, e logo esse pequeno grupo começou a se reunir regularmente para estudar a Bíblia. A irmã de Lotte, Hallgerd, também aceitou a verdade. Mais tarde, as duas se tornaram zelosas pioneiras e serviram em várias partes da Noruega.

A pregação dos irmãos Feldt e Gundersen em Bergen, em 1904 e 1905, teve excelentes resultados. A revista Zion’s Watch Tower (A Torre de Vigia de Sião) de 1.º de março de 1905 relatou: “Um famoso pregador da Igreja Missão Independente [de Bergen] foi tomado pela luz da verdade e agora está pregando o perfeito e verdadeiro Evangelho à sua sempre grande e atenta assistência.”

Esse pregador era Theodor Simonsen, que mais tarde foi expulso da Igreja Missão Independente por ensinar as maravilhosas verdades que tinha aprendido em nossas publicações. A saída dele foi uma perda para a igreja, mas um ganho para os Estudantes da Bíblia. Entre o povo de Deus, Theodor era muito prezado como irmão e como orador. Tempos depois, ele se estabeleceu em Kristiania, onde havia uma próspera congregação de Estudantes da Bíblia.

OS PRIMEIROS PIONEIROS

Por volta de 1905, havia congregações de Estudantes da Bíblia em quatro cidades: Skien, Kristiania, Bergen e Narvik. Em pouco tempo, vários publicadores zelosos se tornaram pioneiros e levaram as boas novas a muitas outras partes do país. Aqueles pioneiros tinham históricos de vida interessantes.

A primeira pioneira da Noruega foi Helga Hess. Ela era órfã, morava em Bergen e havia se tornado professora da escola dominical aos 17 anos. Quando ouviu um discurso de Theodor Simonsen na Igreja Missão Independente sobre o que ele havia aprendido num dos livros dos Estudantes da Bíblia, ela ficou interessada e passou a ler as publicações deles. Helga deixou a escola dominical e em 1905, aos 19 anos, começou a divulgar as boas novas em Hamar e Gjøvik.

Certo dia em 1908, Andreas Øiseth estava rachando lenha na fazenda da família, perto de Kongsvinger, quando um pioneiro lhe deu testemunho e deixou o livro The Divine Plan of the Ages (O Plano Divino das Eras). Andreas, que tinha 20 e poucos anos, gostou muito do que leu e pediu mais publicações. Alguns meses depois, ele deixou a fazenda a cargo de um dos seus irmãos mais novos e ingressou no serviço de pioneiro. Nos oito anos que se seguiram, ele pregou por quase toda a Noruega. Primeiro, foi para o norte pelo interior do país, viajando de bicicleta no verão e de trenó no inverno. Quando chegou a Tromsø, seguiu para o sul e cobriu toda a costa até Kristiania.

Anna Andersen, da cidade de Rygge, perto de Moss, também estava entre os primeiros pioneiros. Ela tinha sido oficial do Exército de Salvação por muitos anos e havia se dedicado a ajudar os necessitados. Por volta de 1907, leu algumas de nossas publicações e percebeu que havia encontrado a verdade. Em Kristiansund, ela entrou em contato com outra oficial do Exército de Salvação, Hulda Andersen (depois Øiseth), que mostrou interesse na Bíblia. Logo as duas partiram numa longa viagem de barco a vapor pela costa até Kirkenes, no norte, perto da fronteira com a Rússia. No caminho, elas desembarcaram em todos os portos e distribuíram publicações. Por volta de 1912, Anna tornou-se pioneira. Por décadas ela viajou por todo o país de barco e de bicicleta, distribuindo publicações bíblicas em praticamente todas as cidades da Noruega. Ela passou um bom tempo no sul, em Kristiansand, onde deu um apoio valioso à próspera congregação dessa cidade.

Karl Gunberg era oficial da marinha antes de se tornar Estudante da Bíblia. Ele iniciou o serviço de pioneiro por volta de 1911, quando tinha uns 35 anos, e para se sustentar trabalhava como instrutor de navegação. Apesar da aparência um tanto séria, era conhecido como uma pessoa agradável e bem-humorada. Ele pregou por toda a Noruega até a velhice, e sua formação como oficial da marinha e instrutor de navegação foi muito útil para a divulgação das boas novas, como veremos depois.

A FRATERNIDADE É FORTALECIDA

Em outubro de 1905, os irmãos ficaram muito empolgados com a primeira assembleia realizada em Kristiania. Umas 15 pessoas estavam presentes, e 3 foram batizadas. Em 1906, foi realizada uma assembleia em Bergen e, a partir de 1909, foram realizadas assembleias anuais com oradores da Dinamarca, Finlândia e Suécia. Alguns desses irmãos também visitavam as congregações como peregrinos, hoje conhecidos como superintendentes viajantes.

O ponto alto daqueles anos foram as visitas de Charles Russell. Em 1909, ele visitou Bergen e Kristiania. Os irmãos apreciaram muito a oportunidade de conhecê-lo e ouvir seus discursos. A segunda visita, em 1911, teve grande publicidade, e os 61 irmãos reunidos para o discurso público do irmão Russell se alegraram bastante com a assistência de cerca de 1.200 pessoas.

Três anos depois, o irmão Russell designou Henry Bjørnestad para visitar regularmente os irmãos na Noruega e Suécia como o primeiro superintendente viajante norueguês.

AUMENTO DAS ATIVIDADES ANTES DE 1914

Um recurso útil para a pregação tornou-se disponível em 1910 na forma de uma série de tratados intitulados Peoples Pulpit (Púlpito do Povo). Eles ajudaram mais Estudantes da Bíblia a participar ativamente na obra de pregação. Ansiosos para expor os erros da religião falsa e explicar as verdades bíblicas, os irmãos distribuíram de graça milhares de tratados, muitas vezes como encartes de jornal.

Os irmãos estavam na expectativa do que aconteceria em 1914. O livro The Time Is at Hand (O Tempo Está Próximo), segundo volume da série Millennial Dawn (Aurora do Milênio), explicava que o fim dos tempos dos gentios ocorreria em 1914. Essa época seria marcada por dificuldades e anarquia, e em seguida o Reino de Deus começaria a dominar a Terra. Os Estudantes da Bíblia também esperavam que os co-herdeiros de Cristo recebessem sua recompensa celestial naquela época.

Esse tema muitas vezes se tornava assunto de conversa. Por exemplo, certa noite em julho de 1914, Karl Kristiansen estava tocando na orquestra municipal de Skien. No intervalo, ele disse a algumas pessoas: “Dentro de poucas semanas, coisas vão acontecer. Primeiro haverá guerra, depois revolução e anarquia; daí, virá o Reino de Deus.” Logo depois disso, quando irrompeu a Primeira Guerra Mundial, as pessoas procuraram Karl para saber mais.

Mais ao sul, na cidade costeira de Arendal, havia apenas uma Estudante da Bíblia em 1914. Certo dia, ela encontrou Mia Apesland na rua e lhe disse que, de acordo com a Bíblia, haveria uma guerra no outono de 1914. “Se isso acontecer, eu acreditarei na Bíblia”, respondeu Mia. Logo depois, quando viu acontecer o que a irmã havia dito, Mia cumpriu sua promessa e aceitou as verdades bíblicas. As duas e mais alguns outros se tornaram o núcleo da Congregação Arendal.

DEPOIS DO PROGRESSO SURGEM PROBLEMAS

No entanto, nem tudo em 1914 aconteceu como os Estudantes da Bíblia esperavam. Mesmo assim, eles zelosamente continuaram suas atividades. De dezembro de 1914 a fins de 1915, o “Fotodrama da Criação”, uma impressionante apresentação de slides e filme, deu um excelente testemunho a grandes assistências em Kristiania, Bergen, Trondheim, Skien, Arendal e Kristiansand.

Logo depois, porém, surgiram alguns problemas. Fritiof Lindkvist, que havia supervisionado a obra na Noruega por cerca de dez anos, começou a seguir suas próprias ideias e, em 1916, deixou a organização. Em resultado, irmãos responsáveis na Suécia e Dinamarca tiveram de cuidar da obra na Noruega durante alguns anos. Em 1921, Enok Öman foi designado para supervisionar a obra no país, o que ele fez até 1945.

Também houve inquietação quando Charles Russell morreu em 1916 e foi sucedido por Joseph Rutherford na supervisão das atividades dos Estudantes da Bíblia. Por causa de mudanças organizacionais e expectativas não concretizadas referentes a 1914, muitos deixaram a organização. A repercussão foi especialmente negativa na congregação de Bergen, onde em 1918 só havia um irmão e sete irmãs. Em Trondheim, muitos deixaram a congregação, e um grupo em Kristiania também se desviou. Mas os que lealmente apoiaram a organização logo foram muito abençoados por Jeová.

ÂNIMO RENOVADO

“Milhões que agora vivem jamais morrerão” era o curioso título do discurso proferido por Joseph Rutherford em 1918. De 1920 a 1925, esse discurso motivador foi feito em todo o mundo. Alexander Macmillan veio da sede mundial em Nova York, Estados Unidos, para proferir o discurso em várias cidades da Noruega. Em Kristiania, o auditório da universidade ficou lotado, e muitas pessoas não puderam entrar. No entanto, Enok Öman subiu num caixote na entrada e anunciou bem alto: “Voltem daqui a uma hora e meia que o irmão Macmillan vai dar o discurso de novo!” Como era de esperar, o auditório ficou novamente lotado de pessoas que queriam ouvir o discurso do irmão Macmillan. Nos anos seguintes, irmãos noruegueses deram esse discurso no restante da Noruega. Milhares de pessoas escutaram com atenção às convincentes evidências bíblicas de que muitos sobreviverão ao Armagedom e viverão para sempre numa Terra paradísica. Muitas também receberam a mensagem por meio da brochura Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão!.

De 1922 a 1928, os Estudantes da Bíblia distribuíram centenas de milhares de tratados contendo resoluções que haviam sido adotadas em congressos, como Um Desafio Aos Líderes do Mundo, Aviso a Todos os Cristãos e Ecclesiastics Indicted (Acusados os Eclesiásticos). Muitos Estudantes da Bíblia começaram a participar na pregação por distribuir esses tratados.

Mesmo assim, o crescimento ainda era relativamente lento. Embora os publicadores zelosos e pioneiros pregassem com persistência, outros precisavam de ajuda para se envolver mais na pregação. Além disso, a maioria das publicações ainda era produzida em dinamarquês, dano-norueguês ou sueco, mas não em norueguês. O que poderia ser feito para impulsionar mais a obra?

Em abril de 1925, o Bulletin (Boletim), hoje Nosso Ministério do Reino, em norueguês, trazia um emocionante anúncio: “Em breve, enviaremos o primeiro número da revista The Golden Age (A Idade de Ouro) em norueguês. Agora é possível fazer assinaturas.” Era o número de março de 1925 dessa revista, hoje conhecida como Despertai!. A edição em norueguês logo teve ampla circulação não só na Noruega, mas também na Dinamarca. Em 1936, quando seu nome foi alterado para Ny Verden (Novo Mundo), a revista tinha 6.190 assinantes noruegueses.

MELHORIAS NA ORGANIZAÇÃO DA OBRA E NOVAS INSTALAÇÕES

Em maio de 1925, mais de 500 Estudantes da Bíblia de várias partes da Escandinávia se reuniram para um congresso em Örebro, Suécia. No congresso, Joseph Rutherford anunciou que um Escritório Norte-Europeu seria aberto em Copenhague, na Dinamarca. William Dey viria de Londres para supervisionar as atividades do povo de Deus na Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia e países bálticos. Cada um desses países ainda teria um superintendente local, e Enok Öman continuaria responsável pela Noruega.

William Dey era um irmão escocês cheio de disposição que fez muito para impulsionar a obra. Ele era um organizador habilidoso e encorajava os irmãos com sua disposição agradável e bom exemplo no ministério. Durante os meses de setembro e outubro de 1925, ele viajou pela Noruega e, usando um intérprete, organizou as atividades nas congregações de acordo com as orientações da sede mundial. William Dey serviu como supervisor do Escritório Norte-Europeu até a Segunda Guerra Mundial.

Já fazia um tempo que os irmãos procuravam um lugar mais adequado para o escritório da Noruega. Em 1925, um irmão que havia recebido uma herança comprou um prédio de três andares em Oslo e o vendeu à organização por cerca da metade do preço. Isso veio na hora certa! Esse prédio serviu muito bem às nossas necessidades até 1983.

UMA ORGANIZAÇÃO DE TESTEMUNHAS ATIVAS

O ano de 1931 teve um importante marco histórico para os servos de Deus no mundo todo. Naquele ano, eles passaram a usar um novo nome: Testemunhas de Jeová. “Ao adotar nosso novo nome, nós nos levantamos e, com grande entusiasmo, dissemos ‘Ja’ [Sim]”, escreveu Enok Öman. Os irmãos ficaram emocionados por terem um nome bíblico e estavam determinados a viver à altura dele.

Era evidente que Jeová estava abençoando a intensa pregação na Noruega. A média de publicadores, que em 1918 era de 15, aumentou para 328 em 1938. Os servos de Jeová eram mais que Estudantes da Bíblia; eram testemunhas ativas.

Um exemplo disso foi Even Gundersrud, que foi batizado em 1917 e fazia parte da Congregação Skien. De início, sua esposa tentou impedi-lo de frequentar as reuniões por esconder os sapatos dele. Mas isso não deu certo; ele simplesmente ia às reuniões descalço. Certa vez, quando ela o trancou no quarto, ele saiu pela janela. Nada que sua esposa fazia o impedia de ir às reuniões. Ao mesmo tempo, ele continuou a tratá-la com bondade. Ela começou a sentir vergonha por seu marido ter de ir à cidade descalço. Querendo saber por que as reuniões eram tão importantes para Even, resolveu acompanhá-lo. Com o tempo, ela também se tornou Testemunha de Jeová.

O entusiasmo da Congregação Skien era típico das congregações da época. Os irmãos dessa congregação pregavam de ponta a ponta nas cidades, povoados e áreas rurais da região. Nos fins de semana, costumavam sair em caminhões abertos ou barcos, pregavam e realizavam reuniões. Em pouco tempo, novos grupos e congregações foram formados na região. Outras congregações também eram centros bem movimentados de atividade teocrática.

GRANDE PROGRESSO EM BERGEN

Um dos publicadores ativos na região de Bergen era Torkel Ringereide. Em 1918, ele encontrou uma brochura dos Estudantes da Bíblia e procurou o irmão Dahl, que na época era o único homem na Congregação Bergen. O irmão Dahl realizava as reuniões na própria casa com o restante da congregação: sete irmãs. Entre elas estava a irmã Helga Hess, já mencionada, que havia retornado a Bergen. Torkel se juntou à pequena congregação e, em 1919, se casou com Helga.

Torkel era um homem destemido com um belo vozeirão. Por anos ele foi o único orador público na congregação. Em geral, ele dava discursos todo domingo, expondo abertamente a hipocrisia do clero e seus ensinos falsos. Os discursos eram anunciados em jornais, e o número dos interessados que assistiam às reuniões era muito superior ao de Estudantes da Bíblia na região.

Torkel incentivava a assistência a ensinar a verdade a outros. Em 1932, Nils Raae assistiu a um de seus discursos. Ele já conhecia a verdade havia um ano, mas relutava em começar a pregar. A congregação estava para iniciar uma grande campanha com o folheto O Reino de Deus É a Felicidade do Povo, e Torkel deu um discurso sobre a necessidade de participar no ministério. “Aquele discurso foi excelente e me motivou muito”, disse Nils. Na conclusão do discurso, Torkel citou as palavras de Jeová em Isaías 6:8: “A quem enviarei e quem irá por nós?” Torkel disse então: “Que todos nós respondamos como Isaías: ‘Eis-me aqui! Envia-me’!” Isso era exatamente o que Nils e sua esposa precisavam ouvir. Sem mais hesitação, começaram a pregar.

Os irmãos frequentavam a casa de Torkel e Helga. Eles estavam sempre falando da verdade, e isso encorajava muito os novos publicadores e os jovens. Os irmãos de Bergen muitas vezes iam pregar de barco ou de caminhão nos distritos vizinhos. Depois, eles se reuniam para contar experiências e aproveitar a boa companhia.

OS ZELOSOS PREGADORES DE OSLO

Durante as décadas de 20 e 30, a obra de pregação também estava crescendo na região de Oslo. Um dos publicadores era Olaf Skau, batizado em 1923. Em 1927, foi designado diretor de serviço na congregação e, por décadas, foi um superintendente amoroso de muita iniciativa. Ele organizava a obra de pregação em Oslo e, nos fins de semana, também programava viagens de ônibus ou caminhão para regiões em volta da capital. Ele ficava acordado até tarde da noite fazendo mapas e planejando excursões de pregação.

Os publicadores de Oslo pregavam em cidades e zonas rurais desde Halden e Fredrikstad, ao sul de Oslo, até Hamar, ao norte. Também pregavam desde Kongsvinger, ao leste, até Drammen e Hønefoss, ao oeste. Eles chegavam ao território às 9 horas e pregavam de casa em casa o dia inteiro. Durante suas visitas, eles geralmente realizavam reuniões públicas. Essa atividade, muito apreciada pelos poucos irmãos nessas regiões, ajudou a lançar o alicerce de novas congregações e grupos. Durante uma campanha de nove dias em 1935, os 76 publicadores de Oslo distribuíram 13.313 folhetos, uma média de mais de 175 folhetos por publicador.

A esposa de Olaf, Esther, sofria de artrite e estava presa a uma cadeira de rodas. Mesmo assim, a casa deles vivia cheia de irmãos. Geralmente quem cozinhava era Olaf, que costumava servir sua especialidade: deliciosas asas de frango. Mas, daquelas ocasiões, o que mais marcou muitos irmãos veteranos foi o convívio espiritualmente edificante, as fascinantes conversas espirituais e os jogos bíblicos. “Sempre saíamos alegres da casa de Olaf e Esther”, lembra-se Ragnhild Simonsen.

“OS CORRETAMENTE DISPOSTOS PARA COM A VIDA ETERNA”

Antigamente, as pessoas eram mais religiosas e conheciam melhor a Bíblia. Muitos gostavam de conversar sobre assuntos bíblicos e, como no primeiro século, “os corretamente dispostos para com a vida eterna tornaram-se crentes”. — Atos 13:48.

Durdei Hamre é um exemplo disso. Em 1924, ela aceitou um folheto, que leu inteiro na mesma noite. Ela conta: “Fui dormir pentecostal e acordei Testemunha de Jeová.”

Em meados da década de 20, Kåre Fjelltvedt assistiu a um discurso público sobre o inferno de fogo e obteve um folheto sobre o assunto. O que ele leu o convenceu de que essa doutrina é falsa. Pouco tempo depois, quando sua família estava reunida na fazenda deles, Kåre falou empolgado a seus sete irmãos e três irmãs sobre o que tinha lido. Eles consideraram o folheto até tarde naquela noite. Em pouco tempo, todos eles, e a maioria dos cônjuges, se tornaram Estudantes da Bíblia. Depois, muitos de seus filhos e netos se tornaram zelosos publicadores, e alguns levaram a verdade a outras regiões.

O interesse espiritual das pessoas ficou evidente nos congressos em Bergen e Oslo em 1936, quando Matthew Howlett, da sede mundial em Nova York, foi orador representante. Em Bergen, 810 pessoas assistiram ao discurso público, incluindo alguns ministros religiosos e um bispo. Dos presentes, apenas 125 eram Testemunhas de Jeová. Em Oslo, onde 140 Testemunhas de Jeová se reuniram, 1.014 pessoas assistiram ao discurso público.

“ELES ESTÃO VINDO!”

As Testemunhas de Jeová ficaram muito emocionadas em 1935 quando foi revelada a identidade da “grande multidão” de Revelação (Apocalipse) 7:9-17. O povo de Deus se alegrou muito ao aprender que os adoradores com esperança de viver no Paraíso terrestre poderiam se juntar ao restante ungido como dedicados servos de Jeová. A partir daquele ano, a pregação passou a se concentrar no maior ajuntamento de adoradores verdadeiros da História: a grande multidão, que sobreviveria à “grande tribulação”.

Em 1935, alguns pioneiros com esperança celestial estavam pregando na zona rural perto de Lillehammer. John Johansen, então com 10 anos, ouvia com atenção o que os pioneiros diziam à sua família sobre o propósito de Deus de transformar a Terra num paraíso. Quando ele tinha 13 anos, seu desejo de falar a outros sobre sua esperança era tão forte que ele pegou a pasta do pai e foi pregar na vizinhança. Hoje, mais de 70 anos depois, John, com sua esposa, Edith, ainda prega zelosamente, feliz por ter participado no grande ajuntamento de novos ao longo dos anos.

Certo dia em 1937, Olaf Rød estava em casa com outro irmão, conversando sobre a grande multidão. Eles eram as únicas Testemunhas de Jeová em Haugesund e se perguntavam como esse enorme ajuntamento ocorreria. De repente, alguém bateu à porta. Olaf abriu, e lá estava Alfred Trengereid. Ele havia encontrado uma revista A Sentinela e, como gostou do que leu, sem demora entrou em seu barco e remou até Haugesund para obter publicações de alguém que ele sabia que era Testemunha de Jeová: Olaf. ‘Eles estão vindo!’, pensou Olaf, impressionado. E os da grande multidão realmente vieram, embora nem todos da mesma maneira ou na mesma época. Alfred se tornou Testemunha de Jeová, assim como muitos outros da região que depois aceitaram as boas novas do Reino.

BARCOS USADOS PARA AJUNTAR A GRANDE MULTIDÃO

Quando a obra de pregação começou na Noruega, a ideia de pregar a pessoas que moravam em lugares isolados, como as inúmeras ilhas e outras partes remotas da costa, parecia intimidante. Assim, em 1928 a sede comprou um barco a motor. Nele cabiam dois ou três pioneiros, e era resistente o bastante para navegar no litoral entrecortado da Noruega. Mas quem seria o capitão do barco? O experiente pioneiro Karl Gunberg se ofereceu para o posto. Sua formação na marinha e experiência como instrutor de navegação foram muito úteis. O primeiro barco, chamado Elihu, zarpou de Oslo, seguiu para o sul e fez escala em portos ao longo da costa. No entanto, numa noite tempestuosa de inverno em 1929, o Elihu sofreu avarias quando estava perto de Stavanger. Todos ficaram aliviados ao ver os irmãos chegarem sãos e salvos à praia.

Em 1931, os irmãos compraram outro barco e o chamaram de Ester. Karl assumiu o comando de novo, e dois outros irmãos foram seus ajudantes. Nos sete anos seguintes, esse barco foi usado para cobrir territórios no oeste e no norte da Noruega. Em 1932, Karl sentiu que estava ficando “velho demais para embarcar em outras aventuras”. Então, decidiu permanecer em terra para servir como pioneiro no leste norueguês e deixou o barco aos cuidados de Johannes Kårstad. Em 1938, o Ester foi substituído pelo barco Ruth, que foi usado até 1940, quando a Segunda Guerra Mundial pôs fim à atividade de pregação por mar. Esses pioneiros marinheiros cobriram vastas regiões e distribuíram muitas publicações. Em 1939, os dois irmãos que serviam no Ruth, Andreas Hope e Magnus Randal, relataram que, em apenas um ano, distribuíram mais de 16 mil livros, folhetos e revistas, e tocaram discursos no fonógrafo 1.072 vezes, para 2.531 pessoas.

Além das muitas experiências maravilhosas que tiveram no ministério, os irmãos nos barcos viram lugares espetaculares. “Dia após dia, íamos cada vez mais para o norte, entrando e saindo de fiordes e contornando cabos. A paisagem era magnífica, majestosa e intocada”, relatou Andreas Hope. No inverno, ao norte do círculo polar ártico, eles ficavam maravilhados com “o esplendor das luzes da aurora boreal”. E no verão eles ficavam fascinados com “o brilho do sol da meia-noite”.

UMA ZELOSA PIONEIRA

Durante a década de 30, o número de pioneiros cresceu rapidamente. Eles se contentavam com as poucas comodidades que tinham e cobriam vastos territórios, pregando as boas novas e distribuindo publicações. Seu zelo persistente ajudou a lançar uma base sólida para futuros crescimentos.

Por exemplo, Solveig Løvås (depois Stormyr), de Oslo, estava em busca da verdade e já havia assistido a várias reuniões religiosas. Certo dia, ela assistiu a uma reunião das Testemunhas de Jeová e percebeu que havia encontrado a verdade. Foi batizada em 1933 e, dois anos depois, viajou para o norte da Noruega para servir como pioneira. Embora mancasse um pouco por causa de uma poliomielite, em seis anos Solveig pregou na maioria das cidades, vilas de pescadores e pequenas comunidades desde o sul de Bodø até Kirkenes. Milhares de pessoas aceitaram publicações bíblicas. Em apenas um ano, Solveig conseguiu 1.100 assinaturas de nossas revistas.

Uma pessoa que mostrou muito interesse na mensagem de Solveig foi o carpinteiro Dag Jensen, no povoado de Hennes, em Vesterålen. Por anos, ele havia obtido nossas publicações de outras pessoas interessadas. Quando Solveig encontrou Dag, ela providenciou uma assinatura para ele e foi pregar em outros territórios. Por iniciativa própria, Dag começou a pregar, emprestando às pessoas interessadas as poucas publicações que tinha.

Na ilha de Andøya, Solveig se aproximou de um grupo de robustos pescadores reunidos numa cabana. Ela corajosamente lhes deu testemunho, tocou discursos no fonógrafo e ofereceu assinaturas das revistas. Um jovem pescador, Frits Madsen, ficou interessado e fez uma assinatura. Depois de cobrir o território, Solveig seguiu caminho. Costumava ser assim: os pioneiros pregavam, encontravam pessoas interessadas, distribuíam publicações, faziam assinaturas e, então, viajavam para novos territórios. O que poderia ser feito para cultivar esse interesse?

PASTOREIO DAS OVELHAS DE DEUS

A partir de janeiro de 1939, o serviço dos superintendentes viajantes foi organizado de uma nova maneira. A Noruega foi dividida em quatro zonas, ou circuitos. Os superintendentes de circuito (na época servos de zona) passaram a ficar em cada lugar por mais tempo. Eles se dedicavam mais a apoiar as congregações, organizar novas congregações e treinar as pessoas interessadas para participar na pregação. Andreas Kvinge foi designado para servir como superintendente do circuito 4, que se estendia por 2.600 quilômetros, de Florø a Kirkenes. Em todo esse território havia apenas três congregações: Trondheim, Namsos e Narvik. Mas ele também precisava visitar publicadores e grupos isolados, bem como assinantes das revistas.

Andreas e sua esposa, Sigrid, viajaram para o norte, principalmente de bicicleta. Ele procurou ajudar os publicadores e os interessados a fazer progresso na verdade. Pioneiros, como a irmã Solveig Løvås, deram informações adicionais sobre alguns interessados que precisavam de ajuda espiritual, como Dag Jensen, em Hennes, e Frits Madsen, na ilha de Andøya.

Andreas lembra que, quando viu Dag pela primeira vez, em 1940, “ele estava com o rosto coberto de espuma de barbear”. Andreas continua: “Nunca vou esquecer aqueles olhos radiantes no meio da espuma. Quando me apresentei, ele até esqueceu que estava fazendo a barba.” Com sua ajuda, Dag fez progresso espiritual. Ele era entusiástico e, em pouco tempo, ajudou sua esposa, Anna, e muitos de seus amigos e parentes a aprender a verdade.

No povoado de Bleik, em Andøya, Andreas procurou o jovem pescador Frits Madsen e o ajudou a fazer progresso espiritual. Com o tempo, ele e sua esposa se tornaram o alicerce da congregação que foi formada ali. Em muitos outros lugares, Andreas e sua esposa visitaram os que haviam sido contatados por Solveig e outros pioneiros diligentes. Andreas e os outros superintendentes de circuito realizaram reuniões e formaram congregações. Assim como na congregação cristã do primeiro século, alguns na Noruega estavam plantando e outros regando, mas de modo grandioso ‘Deus fazia crescer’. — 1 Cor. 3:6.

A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ABALA A NORUEGA

Em abril de 1940, a Noruega se viu obrigada a entrar na Segunda Guerra Mundial quando tropas alemãs invadiram o país. Depois de apenas 62 dias de combate, o país inteiro ficou sob o controle da Alemanha nazista. Várias cidades sofreram intenso bombardeio. Alguns dias depois do início da invasão, a Gestapo prendeu o supervisor da sede, Enok Öman, por uma semana. Depois de um breve interrogatório, os oficiais o liberaram. Algumas semanas depois, a Gestapo o deteve novamente para ser interrogado.

Os irmãos temiam que os nazistas os mandassem para campos de concentração, como havia acontecido na Alemanha. Mas os nazistas não fizeram isso, e os publicadores continuaram a pregar com zelo e determinação. Na realidade, as pessoas pareciam estar mais receptivas às boas novas por causa da guerra, e iniciaram-se muitos estudos bíblicos domiciliares (na época chamados de estudos-modelo). Os irmãos ainda recebiam da Dinamarca A Sentinela em dinamarquês, ao passo que a revista Consolação (Ny Verden) continuava a ser publicada em norueguês. Eles ainda realizavam reuniões e assembleias e, surpreendentemente, o número de publicadores aumentava.

APREENSÕES, PRISÕES E PROSCRIÇÃO

No entanto, os problemas estavam apenas começando. Novamente, policiais alemães vieram à sede, exigiram publicações e interrogaram Enok Öman. No fim de 1940, eles apreenderam o livro Inimigos por causa das declarações referentes ao fascismo e ao nazismo contidas nele. No começo de 1941, a polícia prendeu e interrogou vários pioneiros. Nazistas alemães e noruegueses assistiram a algumas reuniões para espionar as congregações. Em seguida, as autoridades nazistas vieram à sede e confiscaram os estoques do folheto Fascismo ou Liberdade e do folheto Governo e Paz.

De repente, em julho de 1941, a Gestapo iniciou uma ação em todo o país para acabar com a obra de pregação na Noruega. Cinco policiais alemães vieram a Betel, confiscaram o restante das publicações e levaram a família de Betel à delegacia para um interrogatório. Durante 12 semanas, Enok teve de se apresentar à polícia todos os dias.

Numa operação bem organizada, a Gestapo invadiu as casas de irmãos responsáveis e confiscou todas as publicações da Watch Tower Society (Sociedade Torre de Vigia). Disseram aos irmãos que eles seriam mandados para campos de concentração se não parassem de pregar. A Gestapo deteve irmãos e irmãs, e vários ficaram presos por alguns dias.

Em Moss, a polícia foi à casa de Sigurd Roos e apreendeu suas publicações. Sigurd, sua esposa e outro irmão foram presos. A polícia ordenou que parassem de pregar e de usar o nome Jeová. Os publicadores disseram que nunca parariam de pregar sobre Jeová e seu Reino. Por fim, os policiais reconheceram: “Realmente, não podemos tirar sua fé.” Depois de algumas horas, eles liberaram esses inabaláveis publicadores.

Os nazistas também foram à casa de Olaf Skau, em Oslo. Eles revistaram a casa e confiscaram Bíblias, publicações e fonógrafos. Também lacraram seu armário de livros. Os oficiais não encontraram os cartões de publicadores, que haviam sido escondidos no forno. Depois os nazistas voltaram com um caminhão para levar os livros. O líder era Klaus Grossmann, segundo-tenente da SS e um temido nazista. Quando Olaf perguntou a Grossmann o que eles pretendiam fazer com as publicações, o oficial disse que iam transformá-las em polpa para fazer papel.

“Mas você não tem medo de Jeová?”, perguntou Olaf.

“É melhor Jeová tomar cuidado!”, respondeu o nazista com arrogância. Quando os nazistas se renderam quatro anos depois, Grossmann cometeu suicídio.

Em julho de 1941, a Gestapo deteve Andreas Kvinge em Bodø e lhe perguntou onde poderiam encontrar Testemunhas de Jeová no norte da Noruega. “Eu não sei onde elas estão agora”, respondeu ele, dizendo a verdade. Imagine como Andreas se sentiu durante o interrogatório quando os oficiais espalharam pelo chão o conteúdo de sua pasta: listas de nomes e endereços de congregações, servos de congregação e pessoas interessadas. Mas, para seu alívio, ninguém se deu ao trabalho de examinar as listas. A Gestapo estava mais interessada em conseguir que Andreas assinasse uma declaração dizendo estar ciente de que era proibido pregar e servir como Testemunha de Jeová.

Andreas respondeu: “Sabemos que nossa atividade está proscrita. Então eu posso assinar que estou ciente disso. Mas, apesar de ser proibido realizar reuniões e distribuir revistas e livros, nós continuaremos a usar a Bíblia e a falar com as pessoas sobre o Reino de Deus.” Quando ficou evidente que ele não cederia, a Gestapo o liberou.

Por fim, as autoridades nazistas confiscaram a casa que os irmãos usavam como sede. Permitiram que o casal Öman permanecesse, mas os outros membros da família de Betel tiveram de sair.

REUNIÕES SOB PROSCRIÇÃO

Quando os nazistas tentaram eliminar as Testemunhas de Jeová, os irmãos simplesmente passaram a realizar as atividades teocráticas às ocultas. Alguns fizeram viagens para visitar e encorajar os irmãos. Søren Lauridsen, que havia servido em Betel, viajou pelo sul da Noruega. Andreas Kvinge continuou a visitar as Testemunhas de Jeová em seu circuito no norte do país, geralmente fazendo trabalhos temporários para evitar suspeitas. Em 1943, Magnus Randal, que havia servido no barco de pioneiros Ruth, conseguiu alguns endereços com Enok Öman e viajou para o norte, percorrendo 1.200 quilômetros de bicicleta, a fim de encorajar os irmãos em Bodø.

Embora as autoridades proibissem as reuniões, grupos de irmãos continuaram a se reunir para encorajar uns aos outros. Em geral, os irmãos se reuniam em pequenos grupos em casas particulares, mas às vezes realizavam reuniões secretas em grupos maiores. Em 1942, todos se alegraram quando a assistência à Comemoração da morte de Cristo, realizada em dois lugares em Oslo, foi de 280 pessoas, e 90 tomaram dos emblemas.

As Testemunhas de Jeová conseguiam até mesmo realizar assembleias secretas em bosques ou em fazendas isoladas. A maior dessas reuniões foi em 1943, numa floresta perto do povoado de Ski. Nessa reunião havia cerca de 180 irmãos, que vieram da região do fiorde Oslo. Num dos intervalos, enquanto os irmãos tomavam uma refeição, apareceram três soldados alemães a cavalo. O que os irmãos fariam?

Um irmão que falava alemão se aproximou dos soldados e descobriu que eles queriam nadar, mas tinham se perdido. É claro que os irmãos não perderam tempo em lhes mostrar o caminho.

Já indo embora, um dos soldados perguntou aos outros: “Que reunião era aquela?”

“Acho que era algum tipo de coral”, respondeu o outro. Os irmãos não fizeram nenhuma questão de corrigir os soldados e se sentiram aliviados quando eles desapareceram na floresta.

A OBRA ÀS OCULTAS

Muitos publicadores escondiam as publicações em lugares inusitados. Alguns enterravam as publicações e depois as desenterravam quando precisavam delas. Olaf Skau, que era eletricista, escondeu uma caixa de livros atrás de um transformador em seu local de trabalho. Andreas Øiseth escondeu publicações numa colmeia, e Andreas Kvinge tinha um esconderijo dentro de um armário onde se guardavam batatas.

Temendo que o depósito de publicações em Harstad fosse descoberto, Lotte Holm foi lá para retirar as caixas de publicações. Ela entrou num barco, cuidadosamente arrumou as caixas no convés e sentou-se em cima delas. Quando o barco partiu, Lotte ficou muito preocupada ao ver quantos soldados alemães estavam a bordo e se perguntou como ia desembarcar as publicações sem levantar suspeitas. Mas ela não precisava ter se preocupado. Quando o barco atracou, os soldados sentiram pena da idosa que tinha tantas coisas pesadas para carregar. Então, a ajudaram a desembarcar com todas as caixas e até mesmo as levaram para a casa dela. Esses educados soldados nem imaginavam como sua bondade ajudou as Testemunhas de Jeová da época.

Apesar da proscrição, os irmãos continuaram a trazer clandestinamente A Sentinela da Suécia e da Dinamarca. Eles traduziam os artigos de estudo para o norueguês e distribuíam pelo país cópias datilografadas. Uma rede complexa de mensageiros viajava de trem, bicicleta ou barco para levar o oportuno alimento espiritual aos adoradores verdadeiros em todo o país.

CONTINUAM A PREGAR

Durante a guerra, surgiu uma situação provadora para os irmãos na Noruega. Quando a obra foi proscrita em julho de 1941, os irmãos foram aconselhados a ser cuidadosos, para não atrair a atenção das autoridades nazistas. Por isso, muitos pregavam informalmente a amigos e parentes ou visitavam pessoas com quem já haviam falado antes. Mas alguns irmãos achavam que essa era uma atitude muito passiva e que não havia nada a perder se pregassem de casa em casa usando apenas a Bíblia. Embora discordassem sobre como a obra de pregação devia ser feita, todos eles tinham um forte desejo de servir fielmente a Jeová apesar da oposição.

O que os irmãos podiam fazer? A guerra havia tornado impossível a comunicação com a sede mundial. Assim, parecia que a questão não seria logo resolvida. Será que os irmãos deixariam que diferenças de opinião enfraquecessem sua fé? Ou continuariam a pregar da melhor forma possível e esperariam que Jeová e Sua organização resolvessem a questão?

Era evidente que Jeová estava abençoando seu serviço fiel, pois nesse período a obra manteve o mesmo crescimento que nos cinco anos antes da guerra. Apesar da guerra, da proscrição e das diferenças de opinião sobre métodos de pregação, o auge de publicadores, que em 1940 era de 462, passou para 689 em 1945. Os irmãos sem dúvida se alegraram muito com isso.

UNIDOS NO SERVIÇO DE JEOVÁ

Após o fim da guerra em 1945, William Dey veio à Noruega e ficou durante julho e agosto para ajudar os irmãos a organizar suas atividades. Ele realizou reuniões em Oslo, Skien e Bergen, e pediu que todos os irmãos trabalhassem de forma unida. Destacou que eles haviam sentido as bênçãos de Jeová, tinham visto o crescimento da obra e podiam avançar, confiando na orientação divina.

Em setembro de 1945, Nathan Knorr, da sede mundial, entrou em contato com Marvin Anderson, um americano de 28 anos e de família dinamarquesa. Ele havia servido no Betel de Nova York e agora era superintendente de circuito nos Estados Unidos. O irmão Knorr perguntou a Marvin se ele estava disposto a viajar à Noruega para cuidar de certos assuntos e ficar lá “por um bom tempo”. Ele concordou, mas só conseguiu ir à Noruega depois de alguns meses.

Nesse meio-tempo, Nathan Knorr e Milton Henschel visitaram a Noruega em dezembro de 1945. A orientação amorosa deles ajudou os irmãos a formar um forte vínculo de amor e união. Nessa mesma ocasião, o irmão Knorr anunciou que William Dey substituiria Enok Öman como supervisor da sede. Um mês depois, Marvin Anderson chegou à Noruega e, em fevereiro, foi designado supervisor da sede. Visto que a Segunda Guerra Mundial havia terminado, os servos de Jeová em toda a Noruega prosseguiram na pregação com renovado vigor, confiantes de que Jeová os abençoaria.

A ORGANIZAÇÃO DE JEOVÁ AVANÇA

Quando Marvin Anderson chegou à Noruega, a sede estava em plena atividade. Em setembro de 1945, os publicadores receberam um folheto em norueguês e quatro em sueco. No mês seguinte, A Sentinela de 1.º de outubro de 1945 foi publicada em norueguês e, aos poucos, outras publicações foram lançadas.

Uma situação engraçada ilustra a importância de haver publicações na língua norueguesa. Um dos folhetos em sueco era intitulado Hopp — que nesse idioma significa “esperança”. Mas, em norueguês, “hopp” significa “pular”, ou “saltar”. Os publicadores tinham de explicar que a mensagem de esperança não exigia que os leitores pulassem!

Quando Marvin Anderson se tornou supervisor da sede em 1946, não havia muito espaço em Betel, então ele ficou num quarto com mais cinco irmãos. Além disso, pessoas que não eram Testemunhas de Jeová moravam no prédio desde a era nazista, e os irmãos tiveram de ajudá-las a se mudar para dar espaço à crescente família de Betel.

Marvin começou em sua nova designação a todo vapor. A sede foi reformada e novos equipamentos foram comprados, incluindo uma prensa movida a pedal. Em 1946, uma nova escola começou a funcionar nas congregações: a Escola do Ministério Teocrático. Finalmente, mais irmãos podiam ser treinados para preparar e proferir discursos, e logo muitos se qualificaram como oradores públicos.

Os primeiros congressos depois da guerra foram realizados em Oslo, Bergen e Trondheim, em setembro e outubro de 1946. Ao todo, nos três lugares, a assistência ao discurso público “O Príncipe da Paz” foi de 3.011 pessoas, e 52 foram batizadas — números admiráveis, considerando que na época havia apenas 766 publicadores na Noruega.

Em dezembro de 1946, depois de uma interrupção de mais de cinco anos, o serviço de circuito foi reiniciado. Muitos irmãos jovens, incluindo alguns que haviam servido em Betel, foram designados como superintendentes de circuito (chamados na época de servos aos irmãos). Um de seus principais objetivos era treinar os publicadores no ministério de casa em casa, e em cada congregação eles procuravam trabalhar com o maior número possível deles. Gunnar Marcussen, um dos jovens superintendentes de circuito da época, conta que em algumas congregações ele trabalhava com 50 a 70 publicadores durante a visita de uma semana. Aos poucos, os publicadores ganharam mais prática em apresentar a mensagem do Reino e deixaram de utilizar os cartões de testemunho e o fonógrafo, usados desde a década de 30. Também se deu mais atenção a fazer revisitas e dirigir estudos bíblicos.

INCENTIVO AO SERVIÇO DE PIONEIRO

Depois da guerra, os publicadores foram incentivados a ingressar no serviço de pioneiro para ajudar o crescente número de pessoas interessadas na mensagem do Reino. Assim, publicadores que haviam deixado de ser pioneiros quando a obra foi proscrita em 1941 voltaram ao serviço de tempo integral. Embora a situação econômica fosse difícil, no fim de 1946 já havia 47 pioneiros.

Entre eles estava Svanhild Neraal, uma irmã que viajou em 1946 para o condado de Finnmark, no norte. Svanhild havia sido pioneira na região em 1941 com Solveig Løvås e presenciou o bombardeio de Kirkenes e de Vardø. Pensando nas pessoas interessadas que ela e Solveig haviam encontrado, Svanhild voltou para Kirkenes, que então estava devastada pela guerra. Os moradores locais acharam que ela havia perdido o juízo por ter ido para lá mesmo sem ter onde ficar.

No entanto, Svanhild confiou em Jeová e, durante o primeiro inverno, ela dormiu no chão da cozinha de uma pequena casa onde moravam mais cinco pessoas. As condições do pós-guerra eram extremamente difíceis, e ela passou por muitas privações. Muitas vezes Svanhild esperava, sob neve e chuva gelada, por barcos que não chegavam no horário, se é que chegavam.

Svanhild teve muitas experiências interessantes pregando aos saamis. Quando ela não conseguia chegar de ônibus a essas comunidades isoladas, ela ia de barco ou de bicicleta. Os saamis eram hospitaleiros e sempre a convidavam para entrar em suas tendas de couro de rena. Eles prestavam muita atenção ao testemunho que ela dava com a ajuda de intérpretes. Na hora das refeições, eles a convidavam para comer carne de rena. Mais tarde, alguns a quem ela pregou aceitaram a verdade.

Kjell Husby, que na época servia em Betel, disse que, para saber onde Svanhild estava, era só olhar os endereços das assinaturas enviadas por ela. Nos três anos que esteve em Finnmark, ela conseguiu 2 mil assinaturas de A Sentinela e distribuiu 2.500 livros.

“PESCADORES DE HOMENS”

Após a guerra, os publicadores nas congregações também participaram com entusiasmo na obra de pregação e tiveram excelentes resultados. Durante a guerra, Dag Jensen, já mencionado, havia pregado a amigos e parentes no pequeno povoado de Hennes, em Vesterålen. Muitos deles mostraram interesse e estudaram a Bíblia usando nossas publicações. Ao terminar a guerra em 1945, Dag foi batizado. No ano seguinte, quando foi estabelecida uma congregação em Hennes, 16 pessoas foram batizadas na casa dele. Cinco anos depois, a congregação tinha cerca de 50 publicadores e, em 1971, Dag relatou que mais de 20 deles já haviam se tornado pioneiros.

O amor a Jeová e o zelo pelo ministério que Dag demonstrava eram contagiantes. Åshild Rønning, que cresceu naquela congregação, lembra: “Quando Dag entrava numa casa, sua felicidade e entusiasmo eram evidentes. Era como o sol entrando em casa.” Ele sempre incentivava muito as crianças, por exemplo, quando elas tinham designação na Escola do Ministério Teocrático. “Ele nos fazia sentir que nossa participação era muito importante”, diz Åshild. Com esse encorajamento, a própria Åshild começou a servir como pioneira em 1962 e passou a ter a alegria de pregar “as gloriosas boas novas do Deus feliz”, Jeová. — 1 Tim. 1:11.

Por que tantas pessoas desse lugar se tornaram zelosas Testemunhas de Jeová? Embora a maioria dos moradores dessa pequena comunidade não frequentasse a igreja, eles acreditavam em Deus e na Bíblia. Além disso, muitos irmãos ali eram conhecidos como bons chefes de família que tinham o apoio de suas leais esposas. Um deles era Arnulf Jensen, sobrinho de Dag, que foi batizado em 1947. Durante a semana, ele ganhava o sustento como pescador, saindo ao mar com seu barco e ficando vários dias por vez. Mas toda sexta-feira, no final da tarde, ele voltava para casa, mesmo que a pesca estivesse boa e outros pescadores ficassem para ganhar mais dinheiro. Arnulf fazia questão de estar em casa nos fins de semana para ir às reuniões e participar na pregação com a esposa e os oito filhos. Todos eles tomaram posição firme a favor da verdade. Nos sábados e domingos, os irmãos cumpriam a comissão de ser “pescadores de homens”, muitas vezes usando o barco de Arnulf para fazer uma pescaria espiritual em comunidades distantes. — Mar. 1:16-18.

“FAZEMOS UMA OBRA IMPORTANTE”

O treinamento missionário dado na Escola Bíblica de Gileade da Torre de Vigia, em Nova York, tem beneficiado muito os irmãos na Noruega. Hans Peter Hemstad e Gunnar Marcussen, que se formaram em 1948, foram os dois primeiros alunos noruegueses. Eles foram designados para a Noruega e serviram como superintendentes viajantes e betelitas, primeiro como solteiros e depois com suas esposas. De 1948 a 2010, uns 45 noruegueses se formaram na Escola de Gileade. Mais da metade deles foram designados à Noruega e serviram como pregadores de tempo integral, superintendentes viajantes ou membros da família de Betel.

Entre os primeiros missionários de Gileade a chegar à Noruega estavam Andreas Hansen, da Dinamarca, e Kalevi Korttila, da Finlândia. Em 1951, eles foram enviados para Finnmark Oriental, onde cobriram grandes distâncias de barco, bicicleta e esqui. Eles muitas vezes construíam sobre o alicerce espiritual que Svanhild Neraal havia lançado alguns anos antes. O resultado foi que, em apenas um ano, o número de publicadores no território deles passou de 3 para 15!

Kjell Martinsen, de Hennes, em Vesterålen, formou-se em Gileade em 1953 e foi designado para a Noruega. Aos 22 anos, foi enviado para o serviço de viajante em Vestfold e Telemark. Apesar de ter se sentido intimidado com a ideia de servir como superintendente de circuito tão jovem, ele tem boas lembranças da calorosa acolhida e da cooperação leal de muitos irmãos experientes. Kjell serviu como superintendente viajante até 2001, quando ele e a esposa, Jorunn, se estabeleceram em Svolvær, Lofoten, onde ele passou a servir como pioneiro.

Karen Christensen veio da Dinamarca em 1950 para servir como pioneira em Egersund e Kongsvinger, cidades onde não havia congregação. Ela cobria o território de bicicleta. Depois de se formar em Gileade em 1954, foi enviada para Kongsberg. Em 1956, casou-se com Marvin Anderson e, desde então, faz parte da família de Betel. Karen serve alegremente há mais de 60 anos no ministério de tempo integral. Ela costuma dizer que “não somos pessoas importantes, mas fazemos uma obra importante”.

MARCOS JURÍDICOS

De 1948 a 1951, o aumento foi significativo. Em 1951, a média de publicadores aumentou 29%, com um auge de 2.066 publicadores. Ao mesmo tempo, porém, os servos de Jeová na Noruega enfrentaram alguns desafios jurídicos.

O caso que mais chamou atenção foi sobre dar testemunho nas ruas usando A Sentinela. Em novembro de 1949, alguns publicadores que estavam pregando nas ruas de Oslo foram levados à delegacia e liberados depois de algumas horas. Destemidas, as Testemunhas de Jeová voltaram a pregar nas ruas no fim de semana seguinte. Então, em 6 de dezembro de 1949, todos os publicadores que estavam pregando nas ruas de Oslo foram presos. Disseram-lhes que não era permitido oferecer revistas nas ruas sem autorização da polícia. Os policiais alegaram que a atividade dos irmãos poderia causar aglomerações e desordem, e obstruir o trânsito. Sete dos publicadores foram interrogados e levados ao tribunal, onde tiveram de pagar uma pequena multa ou foram sentenciados a três dias de prisão.

Como não se tratava apenas de obter autorização da polícia, mas envolvia o direito de expressar suas crenças religiosas livremente, os irmãos levaram o caso à Suprema Corte da Noruega. No jornal Dagbladet, o representante do serviço de notícias das Testemunhas de Jeová, John Roos, destacou que nossa pregação nas ruas nunca havia causado desordem. Ele argumentou: “Se a pregação religiosa nas ruas não perturba a paz, não obstrui o trânsito e não causa aglomerações, é realmente necessário pedir permissão à polícia? Ou será que a liberdade de religião dá esse direito a qualquer cidadão?” Enquanto esperavam a decisão da Suprema Corte, as Testemunhas de Jeová continuaram a pregar nas ruas apesar das constantes prisões e das multas cada vez maiores. Alguns publicadores chegaram a ser presos dez vezes.

Em 17 de junho de 1950, a Suprema Corte anulou a decisão do tribunal municipal, e os publicadores foram absolvidos. Essa e outras decisões favoráveis confirmaram que as Testemunhas de Jeová na Noruega têm o direito legal de oferecer publicações bíblicas, tanto nas ruas como de casa em casa, sem ter de pedir autorização à polícia.

CONGRESSOS INESQUECÍVEIS

Nas décadas de 50 e 60, muitos congressos inesquecíveis fortaleceram a organização e deixaram os irmãos ainda mais unidos. Nathan Knorr e Milton Henschel, da sede mundial, fizeram discursos no congresso nacional realizado em Lillehammer em 1951. Vieram congressistas de todas as partes do país. Eles ficaram emocionados com os 89 batizados e a assistência de 2.391 pessoas no discurso público. Nos anos seguintes, irmãos da Noruega tiveram o prazer de assistir a congressos internacionais nas cidades de Londres, na Inglaterra, e de Nova York, nos Estados Unidos. Em 1955, cerca de 2 mil Testemunhas de Jeová norueguesas assistiram a um congresso internacional em Estocolmo, na Suécia.

Em 1965, a Assembleia Internacional “Palavra da Verdade”, realizada no Estádio Ullevål, em Oslo, com certeza foi muito marcante. No entanto, havia um problema: na noite anterior à assembleia, a seleção norueguesa de futebol havia jogado nesse estádio contra a seleção de outro país. Uma multidão de Testemunhas de Jeová ficou esperando do lado de fora até que os torcedores saíssem e, então, tomou conta do estádio a fim de prepará-lo para a assembleia. Os irmãos trabalharam a noite inteira limpando, removendo o lixo e montando barracas para o serviço de alimentação. Também montaram palcos e um pavilhão para a orquestra e, como decoração, um celeiro e três cabanas típicos — tudo com telhado de turfa. “Milagre ocorrido à noite”, noticiou o jornal Dagbladet. “Estádio Ullevål transformado num belo cenário campestre . . . Um esforço inacreditável das Testemunhas de Jeová.”

Os hospitaleiros irmãos noruegueses receberam mais de 7 mil estrangeiros, a maioria da Dinamarca. Fora da cidade foi montado um acampamento, que era ideal enquanto o tempo estava bom. Mas as 6 mil pessoas que acamparam lá não se esqueceriam tão cedo da chuva que transformou a área num lamaçal no início da assembleia. Todos ficaram aliviados quando o tempo melhorou nos dois últimos dias. Apesar da chuva, todos desfrutaram da alegre associação cristã, além de se sentirem revigorados com o oportuno programa espiritual. Eles ficaram muito felizes com os 199 batizados e a assistência recorde de 12.332 pessoas no discurso público de Nathan Knorr.

“DAR TESTEMUNHO NOS MANTÉM VIVOS”

Além de pregar de casa em casa e nas ruas, muitos irmãos tiveram bons resultados ao dar testemunho informal. Em 1936, Konrad Flatøy, que trabalhava como foguista num navio a vapor, ofereceu um folheto a um oficial, Paul Bruun. Ele aceitou o folheto e o leu na mesma noite.

“Eu logo reconheci que essa era a verdade, e o folheto me mostrou a diferença entre a religião verdadeira e a falsa”, disse Paul. Ao aprender mais, ele começou a dar testemunho a outros e, durante a guerra, estudou a Bíblia com um marinheiro interessado. Quanto mais o marinheiro aprendia, mais ele entendia que não podia operar as metralhadoras do navio. Quando as autoridades souberam das novas crenças do marinheiro, mandaram que Paul parasse com o estudo. Ele se recusou, e os dois foram deixados em terra, em Londres. Um mês depois, o navio foi atingido por um torpedo e afundou. Posteriormente, o marinheiro foi batizado, e Paul foi convidado para cursar a Escola de Gileade. Depois de sua formatura em 1954, ele foi enviado às Filipinas como missionário. Mais tarde, Paul retornou à Noruega e serviu como superintendente de circuito, com o apoio de sua esposa, Grethe.

Em 1948, Holger Abrahamsen levava e trazia homens que trabalhavam numa enorme draga no cais de Narvik. Seu lema era: “Dar testemunho nos mantém vivos; se paramos, morremos.” Assim, ele não perdia nenhuma oportunidade de pregar aos passageiros. Um deles, Olvar Djupvik, ficou interessado e falou à sua noiva, Anne Lise, sobre a esperança do Paraíso. Ambos foram batizados e criaram seus quatro filhos como servos de Jeová. Um deles, Hermann, serviu como missionário na Bolívia com sua esposa, Laila. Esse casal voltou para a Noruega e hoje está no serviço de viajante.

PASTOREIO DAS OVELHAS DE JEOVÁ

Nas décadas de 60 e 70, foram feitos importantes ajustes organizacionais na sede e nas congregações da Noruega. Roar Hagen sucedeu Marvin Anderson como supervisor da sede e, em 1969, Thor Samuelsen o substituiu. Em 1976, essa supervisão passou a ser feita por uma Comissão de Filial, composta inicialmente por Thor Samuelsen, Kåre Fjelltveit e Niels Petersen.

Em outubro de 1972, foram designados corpos de anciãos para servir como pastores espirituais nas congregações. Irmãos maduros nas congregações foram ajudados a se qualificar para pastorear os muitos novos que estavam aceitando a verdade. Desde então, Jeová tem abençoado muito seu povo, que o serve lealmente sob Sua supervisão amorosa.

SAAMIS ACEITAM AS BOAS NOVAS

Há algumas décadas, muitos pioneiros e publicadores pregam as boas novas aos saamis, que incluem pastores que cuidam de renas bem no meio do planalto de Finnmarksvidda. Embora a maioria dos saamis fale norueguês, os irmãos às vezes precisam usar intérpretes. Uma das primeiras Testemunhas de Jeová a pregar extensivamente no idioma saami foi Aksel Falsnes, um irmão de origem saami que também falava norueguês e finlandês. Ele aprendeu a verdade por meio de sua irmã, que morava no sul da Noruega. Ela lhe enviou uma de nossas publicações, que ele leu com muito interesse. Embora não houvesse Testemunhas de Jeová na parte de Troms, onde Aksel morava, em 1968 alguns pioneiros e um superintendente de circuito o visitaram e o ajudaram a progredir espiritualmente.

Aksel tornou-se um publicador zeloso. Muitas vezes, ele acordava cedo, cruzava o fiorde em seu barco a remo e, de bicicleta, visitava as comunidades. Com seu conhecimento da língua nativa, Aksel conseguiu dar um bom testemunho aos saamis nos lugares mais distantes de Finnmark.

Aksel era robusto e viajava longas distâncias de esqui para alcançar casas isoladas. Certa vez, no rigor do inverno, ele esquiou de Karasjok a Kautokeino, cruzando um planalto entre montanhas, e depois seguiu até Alta. Ele só podia levar uma pequena mochila com publicações e poucos itens pessoais. Depois de viajar algumas semanas, ele chegou à casa de uns amigos em Alta. No total, ele havia percorrido cerca de 400 quilômetros de esqui!

No início da década de 70, alguns saamis aceitaram a verdade. Em Hammerfest, uma mulher saami e seu marido começaram a estudar com as Testemunhas de Jeová. Logo depois, parentes da esposa que moravam em Alta se interessaram pelo estudo. Arne e Marie Ann Milde, pioneiros especiais em Alta, iniciaram um estudo bíblico com essas pessoas sinceras e, muitas vezes, chegavam a estudar com 10 ou 12 pessoas ao mesmo tempo. Cerca de metade desses estudantes se tornou Testemunha de Jeová.

“Pregar no território saami é um desafio”, diz Hartvig Mienna, um pioneiro saami de Alta que usa seu trenó motorizado para alcançar pessoas em lugares isolados. “As distâncias são grandes, e muitas pessoas são apegadas às tradições. Mas elas são muito hospitaleiras, e conseguimos iniciar vários estudos bíblicos.”

ANOS DE MUITA EXPECTATIVA

De meados da década de 60 a 1975, houve um constante aumento no número de publicadores. Mas as expectativas para 1975 foram um teste de fé para alguns irmãos. Quando a grande tribulação não aconteceu naquele ano, alguns deixaram a organização e, entre 1976 e 1980, houve uma pequena redução no número de publicadores. Outros ficaram desapontados e diminuíram as atividades cristãs por algum tempo. Mas o que a maioria dos irmãos pensava sobre continuar servindo a Jeová?

“Houve expectativa e alguma empolgação com respeito a 1975, mas minha fé não dependia disso”, disse Hans Jakob Lilletvedt.

“Não nos dedicamos a Jeová com uma data específica em mente. Assim, seguimos em frente sem mudar nada”, disseram John e Edith Johansen, fiéis Testemunhas de Jeová veteranas.

“Não importa se o fim virá em 1975 ou depois. Eu vou servir a Jeová para sempre”, disse Lea Sørensen.

UMA NOVA SEDE

O volume de trabalho na sede aumentou perto do fim da década de 70. Assim, precisou-se de mais betelitas e, consequentemente, de mais espaço para morarem e trabalharem. Então, em 1979 o Corpo Governante aprovou o projeto de construção de uma nova sede perto de Oslo. No fim de 1980, os irmãos encontraram um terreno adequado em Ytre Enebakk, a uns 30 quilômetros do centro de Oslo.

Para reduzir os gastos ao máximo possível, voluntários foram convidados para construir os prédios. Foi um desafio e tanto adquirir equipamentos de construção, fornecer alimentação e acomodações para quase cem pessoas e coordenar todo o projeto.

Ao todo, mais de 2 mil irmãos noruegueses e estrangeiros ‘se ofereceram voluntariamente’. (Sal. 110:3) Muitos ajudaram doando batatas, legumes, frutas, pães, ovos, peixes, roupas e equipamentos. Alguns cortaram árvores na floresta; outros usaram a pequena serraria no canteiro de obras para transformar as toras em tábuas. Muitos outros emprestaram dinheiro e fizeram donativos.

Alguns profissionais só podiam ajudar por pouco tempo, e boa parte do trabalho foi feita por voluntários sem qualificação profissional. John Johnson, que era responsável pela instalação elétrica, disse que ele e outros encarregados da construção se sentiram muito despreparados. Mas acrescentou: “Os voluntários aprenderam a fazer o serviço e fizeram um excelente trabalho. Foi impressionante como os problemas foram resolvidos e como tudo aconteceu. Era claro que a mão de Jeová estava por trás da construção.”

Graças à diligência dos voluntários, à generosidade dos irmãos e à bênção de Jeová, tudo correu muito bem. A construção começou no início de 1981 e, em 19 de maio de 1984, durante a visita de Milton Henschel, do Corpo Governante, a nova sede foi dedicada. A construção em si deu muita alegria aos irmãos noruegueses e os deixou mais unidos. Nos anos depois da construção, muitos dos voluntários iniciaram o serviço de pioneiro auxiliar e regular.

CONSTRUÇÃO RÁPIDA DE SALÕES DO REINO

Em 1928, quatro dos irmãos Fjelltvedt construíram o primeiro salão para os adoradores de Jeová nos arredores de Bergen. No início da década de 80, algumas congregações já haviam construído ou comprado seu Salão do Reino. Mas muitas congregações ainda estavam se reunindo em lugares alugados que eram inadequados. Durante a construção da sede, alguns irmãos analisaram como se poderia acelerar a construção de Salões do Reino. Eles sabiam que equipes de irmãos nos Estados Unidos e Canadá faziam salões de construção rápida e se perguntaram: ‘Se, com a ajuda de Jeová, os irmãos de lá podem fazer isso, por que nós não podemos?’

Alguns irmãos fizeram as plantas e elaboraram os detalhes. Em 1983, eles fizeram um projeto-piloto em Askim e, em 1984, construíram três Salões do Reino de construção rápida, em Rørvik, Steinkjer e Alta. Como conseguiram isso? Basicamente, por preparar o alicerce com antecedência e coordenar bem os voluntários — profissionais ou não — de modo que as várias etapas da construção pudessem ser concluídas em poucos dias.

Durante os dez anos seguintes, cerca de 80 Salões do Reino foram construídos na Noruega usando esse sistema. Posteriormente, irmãos noruegueses viajaram à Islândia para ajudar a construir três salões. Embora a maioria das congregações na Noruega hoje tenha salão próprio, ainda há muito a ser feito nesse campo. Alguns salões precisam ser reformados, outros ampliados e ainda outros construídos.

“A FRATERNIDADE SE FORTALECE”

A construção de Salões do Reino tem resultado em locais de adoração práticos e bonitos, além de dar bom testemunho na comunidade. Em 1987, por exemplo, três irmãos se reuniram com autoridades municipais de Fredrikstad para acertar os detalhes da construção de um Salão do Reino. As autoridades riram quando os irmãos disseram que terminariam o salão em três dias. Mas já no primeiro dia, sexta-feira, ficou evidente que as Testemunhas de Jeová terminariam o salão como planejado. No sábado, uma das autoridades foi ao canteiro de obras com sua banda marcial e mandou tocar para os voluntários da obra; essa foi sua maneira de pedir desculpas por ter duvidado dos irmãos. Uma mulher que observou a construção do Salão do Reino em Arendal, em 1990, disse: “É incrível como vocês, Testemunhas de Jeová, conseguem construir tão rápido, mas é ainda mais impressionante ver todas essas pessoas alegres e sorridentes.”

Atualmente, a construção de Salões do Reino na Noruega é supervisionada por duas Comissões Regionais de Construção. Irmãos dispostos também se colocaram à disposição para projetos maiores e mais desafiadores. Por exemplo, em 1991 e 1992 foi preciso ampliar a sede. Em 1994, um lindo Salão de Assembleias foi construído em Oslo. Em 2003, uma equipe construiu um grande Salão do Reino em Bergen, que pode ser usado tanto para reuniões congregacionais como para assembleias.

A cooperação e a união proporcionadas por essas construções também têm um efeito positivo nos servos de Jeová. “Isso ajuda as congregações a serem ainda mais unidas”, diz um irmão que ajuda na construção de Salões do Reino desde 1983. “A fraternidade se fortalece, bons vínculos de amizade são formados e nossa habilidade de trabalhar em união é aprimorada.”

AUMENTA A ATIVIDADE EM BETEL

Com a construção e ampliação da nova sede, foi possível aumentar a família de Betel, beneficiando a obra de pregação na Noruega. Por exemplo, mais publicações passaram a ser traduzidas para o norueguês. Um marco foi alcançado em 1996, quando a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas completa foi publicada em norueguês. (A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs já havia sido lançada em 1991.) Hoje, praticamente todas as publicações das Testemunhas de Jeová estão disponíveis em norueguês, inclusive a obra de referência Estudo Perspicaz das Escrituras.

A nova sede também inclui um muito necessário estúdio de gravações. Desde a década de 60, os dramas dos congressos eram gravados em Salões do Reino e no sótão ou no porão do prédio da antiga sede. As condições de gravação não eram ideais e, por causa do barulho do trânsito, as gravações muitas vezes tinham de ser interrompidas. Mas o estúdio nas novas instalações acelerou muito a produção de dramas, vídeos e gravações de coral de nossos cânticos do Reino. A sede também produz gravações de A Sentinela e Despertai! em norueguês, e tem disponibilizado gravações da Bíblia inteira e de muitos outros livros, em CD e no site www.pr418.com.

SERVIR ONDE HÁ MAIS NECESSIDADE

Ao passo que alguns irmãos pregam na própria vizinhança, muitos publicadores e pioneiros viajam para territórios não designados bem distantes, como Longyearbyen, no arquipélago de Svalbard, extremo norte da Noruega. Alguns se mudaram para vários lugares remotos a fim de pregar as boas novas e, onde possível, ajudar a estabelecer congregações.

Quando Finn e Tordis Jenssen se casaram em 1950, eles sabiam que havia necessidade de publicadores em Hammerfest, uma das cidades mais ao norte do mundo. Eles não tinham muito dinheiro, mas tinham disposição e determinação — e bicicletas. Então, pegaram suas bicicletas e foram de Bodø até Hammerfest, uma viagem de cerca de 900 quilômetros. Quando tinham percorrido mais ou menos metade da distância, uns amigos bondosamente lhes deram dinheiro para que pudessem fazer o resto da viagem de barco. Em Hammerfest, Finn e Tordis pregavam e convidavam as pessoas para os discursos públicos que Finn dava todo fim de semana. Jeová abençoou esses esforços, e logo eles conseguiram formar uma pequena congregação.

Um dos oradores do congresso de distrito em Trondheim, em 1957, incentivou os publicadores a considerar a possibilidade de se mudar para onde havia mais necessidade. Viggo e Karen Markussen, que moravam em Stavanger, estavam ouvindo com muita atenção, e Viggo deu uma leve cutucada em Karen, que imediatamente entendeu o que ele queria dizer. Ela pensou: ‘Nossos dias em Stavanger estão contados.’ Mas o que as três filhas do casal, publicadoras entre 11 e 14 anos de idade, achariam de uma mudança?

Quando o casal Markussen e suas filhas conversaram sobre aquele discurso, concordaram que deveriam se colocar à disposição para servir onde havia mais necessidade. Em resposta à carta deles, a sede indicou a cidade de Brumunddal, onde não havia nenhuma congregação. Assim, em 1958, eles venderam sua casa moderna e a oficina de móveis de Viggo, e a família se mudou para uma cabana simples feita de toras perto de Brumunddal. Jeová abençoou seu espírito abnegado e, nos anos seguintes, muitos de seus estudantes aceitaram a verdade. Quando as filhas saíram de casa, e os pais foram designados para servir no circuito, havia uma zelosa congregação de uns 40 publicadores em Brumunddal.

Irmãos jovens e solteiros também puderam ajudar a promover os interesses do Reino por se mudar para lugares onde não havia congregações. Em 1992, um grupo de irmãos pioneiros, a maioria deles com 19 anos de idade, se mudou para Måløy, no fiorde Nord, com o objetivo de cultivar o interesse demonstrado ali. Eles pregaram bastante e logo começaram a realizar reuniões na casa alugada em que moravam. Uma mulher recém-interessada com quem eles estudavam era muito hospitaleira e se tornou uma verdadeira mãe para os jovens irmãos. Depois, um ancião e sua esposa se mudaram para Måløy, e foi formada uma congregação. Os jovens irmãos gostaram muito do período que passaram lá, onde dirigiram diversos estudos, cuidaram de várias designações e fortaleceram a animada congregação recém-formada. “Foi uma aventura e tanto, além de uma oportunidade única para crescer espiritualmente”, disse um dos jovens irmãos. Em resultado do trabalho deles e de outros, hoje há cerca de 30 publicadores na Congregação Fiorde Nord, que dirigem de 50 a 60 estudos bíblicos.

TESTEMUNHO EM OUTROS IDIOMAS

Nos últimos 20 e poucos anos, o número de imigrantes na Noruega tem aumentado constantemente. Por isso, as congregações têm se empenhado em dar testemunho a esses imigrantes no idioma deles ou num idioma que eles entendam. A primeira congregação de língua estrangeira na Noruega foi formada em 1986 e chamada de Congregação Latina de Oslo, pois era composta de pessoas tanto de língua portuguesa como espanhola, a maioria da América Latina. Mais ou menos na mesma época, alguns publicadores passaram a dar testemunho de forma organizada a pessoas que falavam inglês na região de Oslo. Os publicadores encontraram muitos interessados, especialmente da África e Ásia. Alguns foram encontrados no testemunho nas ruas; outros em centros de recepção para refugiados. Eles também usavam muito a lista telefônica para encontrar pessoas com nome estrangeiro que talvez falassem inglês. Muitos estudos bíblicos foram iniciados e, em 1991, foi formada a Congregação de Língua Inglesa de Oslo.

Desde então, muitos publicadores noruegueses têm se empenhado em aprender línguas estrangeiras. Com os publicadores de origem estrangeira, eles ajudam a estabelecer grupos ou congregações para pessoas que falam árabe, chinês, espanhol, inglês, persa, polonês, punjabi, russo, servo-croata, tagalo, tâmil e tigrínia.

O campo de língua de sinais também tem crescido bastante. Milhares de surdos usam a língua de sinais norueguesa, e a organização está se esforçando muito para ajudá-los. Na década de 70, os irmãos começaram a interpretar em língua de sinais algumas reuniões, assembleias e congressos e, desde então, muitos publicadores aprenderam essa língua. Foram formados grupos em algumas congregações e, em 2008, foi formada a primeira congregação de língua de sinais da Noruega, em Oslo. No país há uns 25 publicadores surdos, que fazem bom uso das publicações em língua de sinais norueguesa disponíveis em DVD.

COMISSÕES DE LIGAÇÃO COM HOSPITAIS

As Testemunhas de Jeová não aceitam transfusões de sangue. Por isso, algumas delas têm dificuldade em conseguir o tratamento médico que precisam e que, ao mesmo tempo, seja aceitável. Para ajudar as Testemunhas de Jeová em situações assim e fornecer informações sobre outras opções de tratamento, em 1990 foram formadas Comissões de Ligação com Hospitais (Colihs) na Noruega. De 1990 a 2010, os irmãos da Colih de Oslo realizaram cerca de 70 reuniões com equipes médicas de hospitais da região e cuidaram de mais de 500 casos. Os esforços das Colihs ajudaram a contatar muitos médicos cooperadores, e as informações médicas que elas têm fornecido levaram muitos médicos a usar tratamentos que não envolvem transfusão de sangue. O apoio valioso dos Grupos de Visitas a Pacientes também é muito apreciado pelos pacientes e por suas famílias.

O caso de Helen, uma jovem pioneira, ilustra o valor das Colihs. Em 2007, ela ficou muito doente e foi encaminhada para um hospital local. Seu hematócrito caía rapidamente, e profissionais da área médica a pressionaram a aceitar uma transfusão de sangue, dizendo ser a única coisa que poderia salvar sua vida. Com a ajuda de um membro da Colih, ela foi transferida para um hospital maior e mais bem equipado. Quando Helen e sua mãe chegaram, um irmão da Colih estava à espera delas. Ele as tranquilizou e as ajudou a obter os cuidados necessários. O hospital concordou em usar um tratamento que estimulava a produção de glóbulos vermelhos. Em poucos dias, o hematócrito de Helen subiu, e logo ela estava fora de perigo. Hoje ela é uma pessoa saudável e se sente grata de o hospital ter respeitado suas fortes convicções. Helen e sua mãe disseram: “Ver como a organização de Jeová funciona e como os irmãos nos apoiaram e oraram por nós nos enche de gratidão; é algo que nunca esqueceremos.”

UM MALICIOSO ATAQUE DA MÍDIA É NEUTRALIZADO

As Testemunhas de Jeová na Noruega, especialmente entre 1989 e 1992, foram alvo de uma campanha difamatória e muita publicidade negativa em jornais, em revistas, no rádio e na televisão. Um dos principais motivos da oposição foi acatarmos o que a Bíblia diz sobre como tratar desassociados. (1 Cor. 5:9-13; 2 João 10) Por causa dessa publicidade negativa, alguns irmãos passaram por situações desagradáveis no ministério, no trabalho, na escola e também com parentes. Embora os seguidores de Jesus não fiquem surpresos quando são vituperados, não foi fácil lidar com a situação. — Mat. 5:11, 12.

Um irmão disse: “Foi uma época difícil, mas também teve seu lado bom. Ela me fez reavaliar a base de minhas crenças. Meditar no bom alimento espiritual que recebemos do escravo fiel e discreto fortaleceu minha fé. Em resultado, isso nos deu forças para enfrentar provas de fé.”

“Foi animador ver a coragem dos irmãos naquele período”, lembra-se um superintendente de circuito. “Percebemos que a melhor reação que podíamos ter era nos empenhar ainda mais no ministério de campo, incluindo o testemunho nas ruas. Ainda bem que muitos irmãos reagiram assim.”

Em contraste com o ponto de vista antibíblico sobre desassociação promovido pela mídia, veja como Fred, que já foi desassociado, se sentiu a respeito dessa orientação bíblica: “Quando fui desassociado, aos 20 anos, comecei a pensar seriamente na vida. A situação era constrangedora, mas a desassociação teve um efeito positivo em mim. Foi como se Jeová me dissesse: ‘Agora, meu filho, corrija sua vida. Se não endireitar seus caminhos, você terá problemas.’ Eu precisava dessa lição para abandonar minha conduta pecaminosa. Em vez de me entregar a prazeres e diversões, comecei a levar a verdade a sério. Além disso, ver o progresso espiritual dos jovens da minha congregação me ajudou a querer voltar.” Felizmente, Fred se arrependeu, mudou sua vida e foi readmitido. Hoje ele serve como ancião.

PRONTOS PARA O DIA DE JEOVÁ

Apesar do materialismo generalizado e da crescente apatia no território, os servos de Jeová continuam a dar prioridade a atividades espirituais que fortalecem a fé, como a leitura diária da Bíblia e a assistência às reuniões congregacionais. Cada vez mais publicadores têm aumentado sua participação no ministério por se tornarem pioneiros regulares. Um irmão expressou os sentimentos de muitos ao dizer: “Se eu não agir como se o dia de Jeová viesse amanhã, não estarei pronto quando esse dia chegar. Não podemos parar. Ele com certeza virá.” Sem dúvida, essa atitude tem contribuído para o constante crescimento da obra desde 2001.

Uma provisão espiritual que tem animado as congregações e dado aos irmãos excelente instrução teocrática é a Escola de Treinamento Ministerial (hoje chamada de Escola Bíblica para Irmãos Solteiros). Certo aluno disse: “Estudar a Bíblia de forma tão intensa por oito semanas me fez valorizar a verdade como eu nunca tinha feito antes. Tudo na Bíblia ficou muito mais vívido e real para mim!” Nos últimos 20 anos, mais de 60 formados nessa escola têm ajudado a fortalecer as congregações da Noruega e as incentivado a aumentar suas atividades.

CRIADOS COMO TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Ao longo dos anos, muitos que se batizam como Testemunhas de Jeová conheceram a verdade por meio dos pais. Alguns publicadores noruegueses são a terceira, quarta ou quinta geração de Testemunhas de Jeová de sua família. “Sempre penso em como sou privilegiado de ter nascido numa família que deu prioridade a servir a Jeová”, diz Ivan Gåsodden, bisneto de Ingebret Andersen, o primeiro Estudante da Bíblia em Skien. “Estudo pessoal, leitura regular da Bíblia e bons amigos, que tinham os mesmos alvos que eu, me ajudaram a tomar posição a favor da verdade.” André e Richard, filhos de Ivan, também encaram sua herança espiritual como um de seus bens mais preciosos.

“Sou muito grata pela infância que tive”, diz a pioneira Bente Bu, neta de Magnus Randal, um dos que serviram no barco de pioneiros Ruth. “A criação que recebi me poupou de muitos problemas, e quero usar minha vida para ajudar outras pessoas.”

Alguns que na juventude tiveram um período de fraqueza espiritual depois se tornaram Testemunhas de Jeová zelosas. Por exemplo, Thomas e Serine Fauskanger, de Bergen, foram criados por pais cristãos, mas seu progresso espiritual foi lento. O que os ajudou a mudar seu conceito sobre a adoração de Jeová?

“Em 2002, um jovem irmão que havia cursado a Escola de Treinamento Ministerial veio para nossa congregação”, conta Thomas. “Ele me ajudou a dar prioridade ao ministério e a buscar alvos espirituais.”

Aos 25 anos, Thomas se casou com Serine e, em 2007, eles se mudaram para Båtsfjord, Finnmark. Ali havia um casal de pioneiros que precisava de ajuda para cuidar das pessoas interessadas. Em pouco tempo, Thomas e Serine também se tornaram pioneiros. Em 2009, eles e outros irmãos passaram três meses num território não designado na vila de pescadores de Kjøllefjord, onde iniciaram mais de 30 estudos bíblicos. Para ajudar a cultivar o interesse encontrado, Thomas e Serine se mudaram para mais perto de Kjøllefjord. Hoje, eles regularmente viajam cerca de sete horas de carro, ida e volta, para ajudar os interessados. Esse casal tem uma vida bem ocupada, mas Serine diz: “Hoje minha vida é simples e feliz. Nós temos poucas coisas, mas também poucos problemas.”

UM FUTURO ESPIRITUALMENTE PROMISSOR

A vida mudou muito desde que o Estudante da Bíblia Knud Hammer e outros começaram a pregar na Noruega. No início, os servos de Jeová se destacavam como diferentes porque ensinavam a verdade numa sociedade religiosa dominada por igrejas muito influentes que ensinavam doutrinas falsas. Ao longo das décadas, incontáveis pessoas sinceras ficaram felizes em aprender sobre a Bíblia e sem demora tomaram posição a favor da verdade.

Hoje, a atitude dos noruegueses em relação à religião mudou. Poucas pessoas acreditam em Deus, e dizer que só existe uma religião verdadeira é considerado presunçoso. É preciso tempo e esforço para que os interessados obtenham conhecimento bíblico e desenvolvam fé em Deus e na Bíblia. Em geral, leva mais tempo para alguém aprender a viver de acordo com os princípios bíblicos. Ainda assim, Jeová continua a atrair pessoas sinceras, mesmo que morem em vilas de pescadores isoladas ou em prédios altos e modernos em cidades grandes. — João 6:44.

Assim como em todo o mundo, as Testemunhas de Jeová na Noruega prezam ‘o privilégio de prestar destemidamente serviço sagrado’ ao Soberano Senhor Jeová. (Luc. 1:74) Ao percorrer esse vasto país procurando pessoas corretamente dispostas, nossos irmãos veem uma amostra da impressionante beleza e serenidade com que nosso Criador encherá a Terra paradísica. Com seus leais irmãos em toda a Terra, os servos de Jeová na Noruega aguardam o dia em que o Reino de Deus cumprirá a vontade divina em todos os cantos de nosso belo planeta. — Dan. 2:44; Mat. 6:10.

[Destaque na página 106]

Não deu certo; ele simplesmente ia às reuniões descalço

[Destaque na página 111]

“Fui dormir pentecostal e acordei Testemunha de Jeová”

[Destaque na página 122]

“Realmente, não podemos tirar sua fé”

[Destaque na página 157]

‘Agora, meu filho, corrija sua vida. Se não endireitar seus caminhos, você terá problemas’

[Quadro/Foto na página 90]

Dados gerais sobre a Noruega

País

A Noruega é conhecida por seus magníficos fiordes e belas montanhas, além de milhares de ilhas. Com exceção do arquipélago de Svalbard, que fica entre a parte continental e o Polo Norte, a Noruega abrange uma área um pouco maior que a Itália. Embora o frio às vezes seja intenso, especialmente no norte ártico, as cálidas correntes de água e vento do Atlântico fazem com que as temperaturas na maior parte do país sejam mais amenas do que as de outros países em latitudes similares.

Povo

A maioria dos 5 milhões de habitantes é de origem norueguesa, e cerca de 10% são imigrantes. Muitos saamis (antes conhecidos como lapões) ainda vivem da pesca e da caça, bem como da criação de renas.

Idioma

O norueguês, que é o idioma oficial, tem duas formas escritas: bokmål (literalmente, “língua dos livros”), usado pela maioria e muito parecido com o dinamarquês, e o nynorsk (novo norueguês).

Economia

As principais fontes de renda do país são as fábricas e a extração de petróleo e gás natural. O peixe é um dos principais produtos exportados pela Noruega. Apenas uns 3% do solo do país são cultivados.

Alimentação

Constitui-se principalmente de peixe, carne, batata, pão e derivados do leite. O Fårikål (cozido de cordeiro e repolho) é um famoso prato típico. Com a chegada de muitos imigrantes em anos recentes, a culinária se tornou mais internacional.

[Quadro/Fotos nas páginas 95, 96]

Ele deu tudo de si no serviço de Jeová

THEODOR SIMONSEN

ANO DE NASCIMENTO 1864

TORNOU-SE ESTUDANTE DA BÍBLIA EM 1905

RESUMO BIOGRÁFICO Foi pregador da Igreja Missão Independente. Depois se tornou superintendente viajante.

▪ QUANDO aprendeu em nossas publicações que a doutrina do inferno de fogo é contrária à Bíblia, Theodor passou a refutar esse ensino falso em seus sermões na Igreja Missão Independente, o que agradou a muitos na assistência. Mas, certo dia, depois de um sermão, lhe entregaram um bilhete que dizia: “Esse foi seu último discurso aqui.”

Theodor deu seu último discurso na Igreja Missão Independente em 1905 e se tornou Estudante da Bíblia nesse mesmo ano. Posteriormente, ele deu inúmeros discursos para centenas de apreciativos Estudantes da Bíblia. Theodor sustentava a família pintando casas, e dedicava os fins de semana à pregação e ao ensino. Com seu bom conhecimento bíblico, modo de falar calmo e raciocínio lógico, ele era um instrutor eficaz. Também cantava muito bem e geralmente iniciava e encerrava os discursos cantando e tocando sua cítara.

Em 1919, quando sua situação familiar permitiu, ele passou a servir como superintendente viajante. Fez isso até 1935, visitando congregações na Noruega, Dinamarca e Suécia. Era um serviço exaustivo, que incluía, além de encorajar as congregações e grupos isolados, fazer discursos em cidades onde não havia Estudantes da Bíblia. Por exemplo, numa viagem de um ano, ele teve de visitar 190 lugares entre Kristiansand, no sul, e Tromsø, no norte. Naquele tempo, os superintendentes viajantes costumavam ficar num lugar no máximo dois dias e depois viajavam para o próximo lugar em qualquer meio de transporte disponível.

Embora houvesse Estudantes da Bíblia apenas em alguns lugares que ele visitava, muitas pessoas interessadas assistiam a seus discursos públicos. Por exemplo, quando visitou Bodø em 1922, ele e Anna Andersen, uma pioneira que estava visitando o lugar na mesma época, deram testemunho e convidaram as pessoas para um discurso público. Dois dos que compareceram, Johan e Olea Berntsen, demonstraram muito interesse. Após o discurso, esse casal convidou Theodor e Anna à sua casa para que respondessem suas perguntas bíblicas. O resultado foi que eles se tornaram os primeiros Estudantes da Bíblia na cidade de Bodø.

A voz de Theodor aparecia na maioria dos discursos gravados em norueguês na década de 30. Ele serviu fielmente até terminar sua carreira terrestre, em 1955.

[Quadro/Foto na página 102]

Ele ‘andou com Deus’

ENOK ÖMAN

ANO DE NASCIMENTO 1880

ANO DE BATISMO 1911

RESUMO BIOGRÁFICO Serviu como supervisor da sede de 1921 a 1945.

▪ QUANDO ainda era jovem e morava na Suécia, Enok ficou muito impressionado com o relato da Bíblia sobre como “Enoque prosseguiu andando com o verdadeiro Deus”. (Gên. 5:22) Enok desejava seguir o exemplo desse profeta bíblico que tinha o mesmo nome que ele. Mas foi só aos 31 anos, quando leu o primeiro volume de Studies in the Scriptures (Estudos das Escrituras), que ele aprendeu mais sobre andar com Deus. Foi batizado como Estudante da Bíblia e iniciou o serviço de pioneiro. Depois serviu na sede da Suécia.

Em 1917, Enok foi enviado da Suécia para a Noruega a fim de servir na sede e, em 1921, foi designado para supervisionar a obra na Noruega. Na época, o escritório da Watch Tower Society (Sociedade Torre de Vigia) ficava numa sala de um prédio onde a irmã Maria Dreyer tinha um apartamento e um salão de pedicure. Depois que se casaram em 1922, Enok e Maria passaram a usar o apartamento inteiro para a sede. Eles trabalharam em Betel até a morte de Maria, em 1944. Em 1953, Enok se casou novamente e voltou a servir como pioneiro. Com sua chamada celestial sempre em mente, ele ‘andou com Deus’ de modo fiel até sua morte, em 1975.

[Quadro/Foto na página 110]

“Ele era como um raio de sol”

WILHELM UHRE

ANO DE NASCIMENTO 1901

ANO DE BATISMO 1949

RESUMO BIOGRÁFICO Pregador entusiástico apesar de uma debilitante doença muscular.

▪ POR causa de uma doença muscular, Wilhelm tinha paralisia nas pernas e dificuldades para falar. Mesmo assim, logo que ouviu as boas novas em meados da década de 30, ele começou a falar a outros sobre as maravilhosas verdades que estava aprendendo. Ele usava seu triciclo motorizado para participar na pregação e sempre ia à baía de Sortland, em Vesterålen, para tocar gravações de discursos bíblicos no fonógrafo e distribuir publicações. Por causa de sua deficiência e por morar num lugar isolado, ele só foi batizado em 1949. No entanto, era um pregador zeloso. Muitos que viajavam ao longo da costa ouviram a verdade por meio dele, e alguns se tornaram Testemunhas de Jeová.

Quando envelheceu, Wilhelm foi para uma casa de repouso em Tromsø. Com a ajuda de outros publicadores, ele continuou a dar testemunho por correspondência. Por ser amistoso e agradável, era uma fonte de encorajamento para outros, incluindo os funcionários da casa de repouso. Quando ele morreu, a gerente disse: “Sempre ficávamos felizes quando íamos ao seu quarto. Por causa de sua fé, ele era como um raio de sol.”

[Quadro/Foto na página 113]

Ele cumpriu sua promessa

JOHANNES KÅRSTAD

ANO DE NASCIMENTO 1903

ANO DE BATISMO 1931

RESUMO BIOGRÁFICO Serviu em barcos de pioneiros por oito anos.

▪ EM 1929, Johannes estava hospitalizado, recuperando-se de uma tuberculose. Ele começou a ler a Bíblia e prometeu a Deus que o serviria quando se recuperasse da doença.

Pouco antes de receber alta, Johannes leu com grande interesse alguns livros dos Estudantes da Bíblia. Depois, adquiriu mais livros e leu cada um deles umas quatro ou cinco vezes; não demorou muito e já estava compartilhando com outros as verdades recém-encontradas. Assim que se recuperou completamente, Johannnes foi a Bergen e visitou Torkel Ringereide, que o incentivou a servir como pioneiro. Embora mal tivesse começado a pregar, Johannes não hesitou em iniciar o serviço de pioneiro.

De 1931 a 1938, ele serviu no barco de pioneiros Ester e depois foi pioneiro por cerca de um ano no Ruth, navegando ao longo de toda a costa até Tromsø, bem ao norte. Em 1939, Johannes tornou-se superintendente viajante no leste da Noruega e também serviu por meio período em Betel durante algum tempo. Depois da Segunda Guerra Mundial, ele se casou com Sigrid, e juntos serviram como pioneiros. Em 1995, em Fredrikstad, Johannes encerrou sua carreira terrestre.

[Quadro/Foto na página 132]

Ela continua a sentir alegria no serviço

RANDI HUSBY

ANO DE NASCIMENTO 1922

ANO DE BATISMO 1946

RESUMO BIOGRÁFICO Está no serviço de tempo integral desde 1946.

▪ OS PAIS de Randi foram batizados como Testemunhas de Jeová em 1938. Depois, Randi também tomou sua decisão de servir a Jeová. Em 1946, ela aceitou um convite para servir em Betel e lá conheceu um jovem irmão chamado Kjell Husby. Eles namoraram, se casaram e começaram a servir como pioneiros. Juntos eles tiveram uma vida repleta de atividades espirituais e serviram em várias modalidades do serviço de tempo integral até a morte de Kjell, em 2010.

Em anos recentes, Randi começou a ter dificuldades para subir escadas e ladeiras por causa de problemas nas pernas. Mas em lugar plano ela consegue se locomover relativamente bem e é sempre vista dando testemunho nas ruas e nas lojas de Trondheim. Para transmitir as boas novas a todos que encontra, Randi leva publicações em até oito idiomas. Além disso, seus amigos na congregação a levam de carro às muitas pessoas com quem ela costuma deixar as revistas.

Randi não tem forças para fazer tanto quanto antes. Mesmo assim, ela continua a sentir alegria e satisfação no serviço que presta de toda a alma, sabendo que Jeová não ‘se esquece da obra dela e do amor que tem mostrado ao Seu nome’. — Heb. 6:10.

[Quadro/Fotos nas páginas 149, 150]

Ele sentiu o poder transformador da Palavra de Deus

VIKTOR UGLEBAKKEN

ANO DE NASCIMENTO 1953

ANO DE BATISMO 1981

RESUMO BIOGRÁFICO Ex-criminoso que se libertou de ataques demoníacos e do vício das drogas.

▪ VIKTOR começou a usar haxixe e outras drogas quando era jovem e, com o tempo, se tornou criminoso. Ele sempre se interessou pela Bíblia e em 1979, cansado da vida perigosa e difícil que levava, decidiu ver se a Palavra de Deus poderia ajudá-lo. No entanto, depois de investigar várias religiões, ficou frustrado e insatisfeito.

Vencido pela depressão, Viktor pensou em suicídio. Então, recebeu uma carta de uma prima em Bergen que havia começado a estudar a Bíblia com as Testemunhas de Jeová. Viktor foi para lá e passou a participar do estudo. No começo, ele tentou provar que as Testemunhas de Jeová estavam erradas. Mas, como sempre havia se preocupado com o meio ambiente, ficou feliz ao saber que Deus ‘arruinaria os que arruínam a Terra’ e transformaria nosso planeta num paraíso. — Rev. 11:18.

Viktor imediatamente começou a assistir às reuniões com sua prima. Ele ficou impressionado com a bondade e hospitalidade que observou no Salão do Reino e nas casas dos irmãos. O que ele viu e ouviu o convenceu de que precisava fazer mudanças na vida e parar de usar drogas. Em resposta às suas orações persistentes e sinceras, Viktor sentiu o poder transformador da Palavra de Deus e do espírito santo. — Luc. 11:9, 13; Heb. 4:12.

O caminho para o batismo não foi fácil. Foi só com a ajuda de Jeová que ele conseguiu se libertar dos ataques demoníacos e se recuperar de duas recaídas no vício das drogas. Um ancião o tranquilizou dizendo que “assim como o pai é misericordioso para com os seus filhos, Jeová tem sido misericordioso para com os que o temem”. (Sal. 103:13) Viktor continuou a progredir espiritualmente e foi batizado em 1981. Ele ainda precisava cumprir pena por um crime cometido no passado, mas logo que foi libertado se tornou pioneiro. Desde então, Viktor tem tido a alegria de ajudar muitos a se tornarem servos de Jeová. Ele é especialmente bem-sucedido ao pregar em prisões, e dois dos prisioneiros com quem estudou a Bíblia aceitaram a verdade.

Viktor tornou-se um confiável chefe de família e ancião. Ele continua no serviço de pioneiro com sua esposa, Tone, e seu filho. Viktor diz: “O ministério foi uma das coisas que mudaram minha vida, e sou muito grato a Jeová por poder transmitir preciosos tesouros espirituais a outros.”

[Quadro/Foto na página 152]

Ele queria fazer algo melhor

TOM FRISVOLD

ANO DE NASCIMENTO 1962

ANO DE BATISMO 1983

RESUMO BIOGRÁFICO Jogador de futebol que queria servir a Jeová.

▪ AOS 20 anos, Tom tinha uma carreira promissora como jogador de futebol num dos melhores times da Noruega. Certo dia, um jovem pioneiro foi visitar a mãe dele, que já era Testemunha de Jeová, e ofereceu um estudo bíblico para Tom. Ele aceitou, mas disse que não pretendia se tornar Testemunha de Jeová.

Quando começou a assistir às reuniões, Tom ficou comovido com a calorosa acolhida dos irmãos. Também notou que todos procuravam os textos lidos durante as reuniões. “Deve ser a Bíblia que faz com que essas pessoas sejam tão agradáveis”, pensou ele.

Com o tempo, Tom teve certeza de que havia encontrado a verdade e de que queria servir a Jeová. Mas como convenceria o time de futebol a cancelar seu contrato, visto que era um de seus jogadores mais promissores? Para sua surpresa, depois de explicar à diretoria do time que ele queria usar a vida para fazer algo melhor do que jogar futebol, eles cancelaram o contrato.

Tom foi batizado em 1983 e iniciou o serviço de pioneiro em 1985. Em 1987, mudou-se para Hammerfest junto com Viktor Uglebakken para servir onde havia mais necessidade. Depois, Tom foi designado superintendente de circuito e hoje serve em Betel com sua esposa, Kristina.

[Tabela/Fotos nas páginas 162, 163]

MARCOS HISTÓRICOS — Noruega

1890

1892 Knud Pederson Hammer começa a pregar na Noruega.

1900

1900 Primeira congregação é formada.

1904 Estabelecida a sede em Kristiania (Oslo).

1905 Primeira assembleia é realizada em Kristiania.

1909 e 1911 Charles Russell visita a Noruega.

1910

1914 Primeiro superintendente viajante é designado.

1914-1915 O “Fotodrama da Criação” atrai multidões.

1920

1920-1925 “Milhões que agora vivem jamais morrerão” é proferido em todo o país.

1925 The Golden Age (A Idade de Ouro), hoje Despertai!, é publicada em norueguês.

1928-1940 Barcos são usados para pregar em comunidades costeiras.

1930

1940

1940-1945 A pregação continua apesar da oposição durante a guerra.

1945 A Sentinela é publicada em norueguês.

1948 Chegam os primeiros missionários formados em Gileade.

1950

1950 A Suprema Corte confirma o direito de usar publicações na pregação.

1960

1965 Assembleia internacional é realizada em Oslo.

1970

1980

1984 A nova sede é dedicada.

1990

1990 Comissões de Ligação com Hospitais são formadas.

1994 Salão de Assembleias de Oslo é dedicado.

1996 A Tradução do Novo Mundo completa é lançada em norueguês.

2000

2010

2011 Novos auges de pioneiros regulares e auxiliares, publicadores e assistência à Comemoração.

[Gráfico/Foto na página 159]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

Total de publicadores

Total de pioneiros

10.000

8.000

6.000

4.000

2.000

1920 1935 1950 1965 1980 1995 2010

[Mapas na página 91]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

SUÉCIA

ESTOCOLMO

Örebro

Golfo de Bótnia

FINLÂNDIA

HELSINQUE

Golfo da Finlândia

MAR BÁLTICO

DINAMARCA

COPENHAGUE

NORUEGA

OSLO

Kjøllefjord

Båtsfjord

Vardø

Kirkenes

Karasjok

Hammerfest

Alta

Finnmarksvidda

Kautokeino

Tromsø

Harstad

Narvik

Sortland

Hennes

Svolvær

Bodø

Rørvik

Namsos

Steinkjer

Trondheim

Kristiansund

Måløy

Florø

Bergen

Haugesund

Stavanger

Egersund

Kristiansand

Arendal

Skien

Kongsberg

Drammen

Hønefoss

Gjøvik

Lillehammer

Brumunddal

Hamar

Kongsvinger

Ski

Askim

Moss

Halden

Fredrikstad

Fiorde Oslo

MAR DO NORTE

MAR DA NORUEGA

Ilha de Andøya

Bleik

Arquipélago de Svalbard

Longyearbyen

CONDADOS

Finnmark

Troms

Telemark

Vestfold

[Foto na página 88]

Knud Pederson Hammer

[Foto nas páginas 88, 89]

Reine, norte da Noruega

[Foto na página 92]

A Congregação Skien em 1911, com Ingebret e Berthe Andersen

[Foto na página 93]

Viktor Feldt

[Foto na página 94]

Hallgerd Holm (1), Theodor Simonsen (2) e Lotte Holm (3)

[Fotos na página 98]

Primeiros pioneiros: (1) Helga Hess, (2) Andreas Øiseth, (3) Karl Gunberg, (4) Hulda Andersen e (5) Anna Andersen

[Foto na página 100]

Peoples Pulpit (Púlpito do Povo)

[Foto na página 104]

The Golden Age (A Idade de Ouro) em norueguês

[Foto na página 106]

Even Gundersrud

[Foto na página 107]

Irmãos da Congregação Skien costumavam sair num caminhão aberto para pregar em regiões próximas

[Foto na página 108]

Torkel Ringereide

[Foto na página 109]

Olaf Skau

[Fotos na página 114]

Karl Gunberg era o capitão do barco Elihu

[Fotos na página 115]

Johannes Kårstad cuidou do barco Ester

[Fotos na página 116]

Andreas Hope e Magnus Randal serviram no barco Ruth

[Foto na página 117]

Aurora boreal no norte da Noruega

[Foto na página 118]

Solveig Løvås

[Foto na página 119]

Andreas e Sigrid Kvinge

[Foto na página 124]

Assembleia secreta numa floresta perto de Ski

[Foto na página 127]

Marvin Anderson com sua esposa, Karen

[Foto na página 128]

Prensa movida a pedal

[Foto na página 129]

Congresso de 1946 em Bergen

[Foto na página 130]

Svanhild Neraal, 1961

[Foto na página 133]

O barco de Arnulf era muito usado no ministério

[Foto na página 135]

Gunnar Marcussen (1) e Hans Peter Hemstad (2) foram os primeiros noruegueses a se formar em Gileade

[Foto na página 138]

Acampamento montado para a Assembleia Internacional “Palavra da Verdade”

[Foto na página 139]

Paul Bruun

[Foto na página 142]

Hartvig Mienna e outros publicadores em seus trenós motorizados indo pregar aos saamis

[Foto na página 144]

A construção da sede começou em 1981

[Foto na página 145]

A sede hoje

[Foto na página 147]

Salão de Assembleias de Oslo

[Foto na página 160]

O estudo da Bíblia em família tem produzido gerações de fiéis servos de Jeová