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Designado vigia para a cristandade

Designado vigia para a cristandade

Capítulo 5

Designado vigia para a cristandade

1. Quando deve um vigia ser especialmente apreciado, e em que perigo está a cristandade desde o fim dos Tempos dos Gentios em 1914 E. C.?

UM VIGIA devia ser especialmente apreciado em tempos de perigo. Seus serviços prestados dia e noite, quando apreciados e acatados, resultam em proteção e em vida para aqueles para quem é vigia. As pessoas da cristandade estão em grande perigo desde que começou o “tempo do fim” na expiração dos “tempos dos gentios” (“tempos designados das nações”), no princípio do outono (hem. set.) do ano de 1914 E. C. Este perigo não existia só porque grassava e aumentava a Primeira Guerra Mundial, introduzindo uma “era de violência” que tem continuado até o dia de hoje. Há também um perigo de motivo mais sério, conforme veremos.

2. O que estabeleceu a cristandade como seu vigia, e o que mostrou que seus clérigos não podiam ser um vigia de confiança?

2 A cristandade estabeleceu primeiro a Liga das Nações, e, em 1945, as Nações Unidas, como seu vigia em prol de paz e segurança mundiais, mas elas não funcionaram. Antes, puseram-se em perigo os interesses espirituais das pessoas da cristandade, sendo o perigo neste sentido especialmente grande, porque os interesses espirituais têm que ver com a vida eterna ou a morte eterna da pessoa. Não aderirem os clérigos aos princípios cristãos, para impedir a Primeira Guerra Mundial, provou que eles, coletivamente, não eram nenhum vigia espiritual fidedigno.

3. Podiam os clérigos da cristandade suscitar um vigia espiritual de suas próprias fileiras, e como prefigurou Deus que ele faria tal coisa?

3 Por conseguinte, no fim daquele selvagem conflito internacional, em 11 de novembro de 1918, surgiu e tornou-se mais premente a necessidade de se suscitar um vigia espiritual por parte do Ser Espiritual Supremo, em cujas mãos está o destino eterno das pessoas. Ele tinha de suscitar tal vigia com as qualidades de não ser rebelde, de ser fidedigno e fiel, porque os clérigos da cristandade, católicos, protestantes e ortodoxos, não podiam fornecer tal vigia de suas próprias fileiras. Que isto seria feito pelo Deus Altíssimo foi prefigurado no caso de Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote. O ano de 613 A. E. C. era um ponto avançado no tempo dos quarenta anos do “tempo do fim” de Jerusalém e de seu domínio, a terra de Judá. Faltavam apenas mais seis anos até que tanto Jerusalém como a terra de Judá fossem completamente desoladas, ficando sem homem nem animal doméstico. Aos poucos judeus sobreviventes da destruição de Jerusalém aguardava o exílio em Babilônia, durante os setenta anos de desolação de Judá. Jeová sabia isso de antemão. Sabia especialmente do perigo para o povo judaico envolvido. Com anos de antecedência, em 613 A. E. C., Ele suscitou misericordiosamente um vigia entre os já exilados em Babilônia, Ezequiel, filho dum sacerdote.

4. Qual era a finalidade de o carro celeste de Jeová chegar perante Ezequiel, e que perguntas surgem quanto a que Ezequiel fazia com o rolo que lhe foi oferecido?

4 Restava ainda tempo para um vigia dar aviso antecipado da vindoura grande calamidade. Ezequiel viu-se de repente favorecido com uma visão da parte de Jeová, o Deus de Israel. Na visão realística, o espantoso carro celestial de Jeová veio do norte e parou diante de Ezequiel, lá nas margens do rio (canal) Quebar, em Babilônia. O objetivo desta visão era que Jeová, no alto da organização semelhante a um carro, designasse Ezequiel para profeta e vigia a favor dos filhos de Israel em perigo. Como profeta, Ezequiel precisava de uma mensagem, e como vigia, ele precisava algo para proclamar. A mensagem profética e o aviso que Ezequiel devia proclamar estavam contidos na escrita do rolo que uma mão estendeu a Ezequiel, junto com a ordem de que comesse este rolo. Desejava Ezequiel proclamar as “endechas, e gemidos, e lamúria”, escritos na frente e no verso do rolo? Seria apetecível um rolo com tal mensagem, agradável de se comer? Seria Ezequiel rebelde, igual aos filhos de Israel, assim como Jeová lhe disse que não devia ser? (Ezequiel 2:8-10) Que escolha fez Ezequiel, como exemplo para o Ezequiel moderno?

5. O que se ordenou a Ezequiel, e qual foi o primeiro efeito ao acatar ele a ordem?

5 Referindo-se a Jeová, entronizado no seu carro visionário, Ezequiel disse: “E ele passou a dizer-me: ‘Filho do homem, come o que achares. Come este rolo, e vai, fala à casa de Israel.’ Abri, pois, a minha boca, e ele, aos poucos, me fez comer este rolo. E prosseguiu, dizendo-me: ‘Filho do homem, deves fazer o teu próprio ventre comer, para encheres os teus próprios intestinos com este rolo que te dou.’ E eu comecei a comê-lo, e veio a ser na minha boca doce como mel.” — Ezequiel 3:1-3.

6. Por que se tornou o rolo doce na boca de Ezequiel quando o comeu, e quem passou por algo similar setecentos anos depois? Onde?

6 Contrário às expectativas, o rolo cheio de coisas sombrias era doce como mel na boca de Ezequiel. Isto se dava porque tornar-se ele parte do próprio organismo de Ezequiel significava uma aceitação da designação de fazer a obra especial de Jeová. Trata-se duma experiência doce para aquele que aprecia a honra de ser designado para servir o Deus Altíssimo numa capacidade especial, num tempo crítico. Setecentos anos depois, o apóstolo cristão João teve uma experiência similar, sendo ele, igual a Ezequiel, um exilado, na ilha de Patmos, no Mar Egeu, muito ao oeste do rio Quebar. Nesta experiência, João imitou o exemplo de Ezequiel. Se João, o companheiro amado de Jesus Cristo, teve esta experiência no ano 96 E. C., então foi sessenta e seis anos depois de Jesus chamá-lo para ser discípulo que João teve esta visão, ao passo que Ezequiel só estava no seu trigésimo ano, quando recebeu a comissão. Vejamos a similaridade entre as duas experiências, conforme João escreveu:

7. Como descreveu o apóstolo João a sua experiência relacionada com o rolo na mão dum anjo?

7 “E a voz que ouvi sair do céu está falando novamente comigo e está dizendo: ‘Vai, toma o rolo aberto que está na mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra.’ E fui ter com o anjo e disse-lhe que me desse o rolo pequeno. E ele me disse: ‘Toma-o e come-o, e ele fará o teu ventre amargo, mas na tua boca será doce como mel.’ E tomei o rolo pequeno da mão do anjo e o comi, e era doce como mel na minha boca; mas quando o comi, meu ventre ficou amargo. E disseram-me: ‘Tens de profetizar novamente com respeito a povos, e nações, e línguas, e muitos reis.’” — Revelação (Apocalipse) 10:8-11.

8. Para que serviu de modelo a experiência de Ezequiel com o rolo, e a experiência de quem prefigurou isso?

8 Visto que a experiência de Ezequiel foi tomada como modelo para a experiência de João, indica-se que a experiência de Ezequiel era profética, não prefigurando a experiência de João, mas a experiência da mesma classe hoje em dia conforme representada pelo apóstolo João, a saber, os do restante ungido das testemunhas cristãs de Jeová.

9. O que representava o rolo com tal conteúdo pesaroso e que Ezequiel comeu?

9 O rolo que Ezequiel comeu, com endechas, gemidos e lamúria escritos nele, não representava o livro profético de Ezequiel. Representava a mensagem de Jeová a ser transmitida por Ezequiel até o ponto em que transmitiu a sua última mensagem contra os inimigos gentios de Jerusalém e da terra de Judá. — Ezequiel 35:15.

10. Relacionado com o restante ungido dos servos de Jeová, o que representava este “rolo dum livro” e como o comeu o restante? Com que efeito?

10 De modo similar, no ano de 1919 E. C., o “rolo dum livro” consumido pelos do restante ungido dos servos dedicados de Jeová não representava o livro de Ezequiel. Representava todas aquelas partes da Bíblia Sagrada de Deus, que têm que ver com as pragas espirituais e a “grande tribulação” que hão de sobrevir à cristandade e aos seus associados religiosos e políticos durante este “tempo do fim”. Os do restante ungido da atualidade comeram este “rolo dum livro” por aceitarem a comissão e a responsabilidade de transmitir todas estas mensagens da Palavra de Deus, conforme Ele as esclarecia por meio do seu espírito e as tornava compreensíveis às Suas testemunhas. Houve indizível alegria e regozijo da parte dos do restante ungido lá em 1919 E. C., ao assimilarem a mensagem de Jeová para aquele tempo e prosseguirem com suas atividades públicas. Era de gosto doce.

NÃO ENVIADO A ESTRANGEIROS, MAS AO SEU PRÓPRIO POVO

11, 12. Depois de comer o rolo, o que se disse a Ezequiel a respeito da espécie de pessoas a que foi enviado, e como devia estar apto para enfrentá-las?

11 Depois de Ezequiel aceitar a sua comissão por comer o “rolo dum livro”, mandou-se-lhe que entrasse em ação. Ele nos conta:

12 “E ele continuou a dizer-me: ‘Filho do homem, vai, entra no meio da casa de Israel e tens de falar-lhes com as minhas palavras. Pois não estás sendo enviado a um povo de idioma incompreensível ou de língua pesada, mas à casa de Israel, não a numerosos povos de idioma incompreensível ou de língua pesada, cujas palavras não possas ouvir com entendimento. Se eu te tivesse enviado a tais, seriam eles os que te escutariam. Mas, quanto à casa de Israel, não vão querer escutar-te, pois não querem escutar a mim; porque todos os da casa de Israel são de cabeça dura e de coração duro. Eis que fiz a tua face tão dura como as faces deles e a tua testa tão dura como as testas deles. Igual ao diamante, mais dura do que a pederneira fiz a tua testa. Não deves ter medo deles e não deves ficar aterrorizado diante das suas faces, porque são uma casa rebelde.’” — Ezequiel 3:4-9.

13. Teria Ezequiel um problema lingüístico com as pessoas a que foi enviado, e por que não precisava tremer de medo diante delas?

13 Ezequiel não precisava aprender uma nova língua para transmitir a sua mensagem. Não foi enviado a povos cuja língua não entendia e que não entenderiam o hebraico que ele falava. Se fosse enviado a tais povos, eles o escutariam, assim como os habitantes assírios de Nínive escutaram o profeta hebraico Jonas e se arrependeram, sendo poupados, mais de duzentos anos antes, por volta do ano 844 A. E. C. (Jonas 3:1 a 4:11) Ezequiel foi enviado ao seu próprio povo, para falar-lhes na sua santa língua hebraica. Por isso não se refreariam de acatar o que ele lhes dizia só por não entenderem o que Ezequiel falava. Jeová lembrou a Ezequiel que a casa de Israel era de cabeça dura e de coração duro na sua atitude rebelde. Mas Ezequiel não precisava tremer de medo diante de homens, o que é um laço para o amedrontado. (Provérbios 29:25) Jeová daria à sua testa uma dureza superior, igual à do diamante, mais duro do que a pederneira, em comparação com a testa deles. Poderia ser de face tão determinada como a deles.

14. Depois da Primeira Guerra Mundial, a quem foi enviado o restante ungido das testemunhas de Jeová, no que se refere à religião?

14 Após o fim da Primeira Guerra Mundial em 1918 E. C., os do restante revivificado das testemunhas ungidas de Jeová não foram enviados aos pagãos, que tinham a sua própria língua religiosa, mas sim à cristandade, que usava o idioma religioso cristão. Podiam fazer muito bem a sua pregação do reino de Deus na cristandade. Por quê?

15. Em vista de que situação podia o restante ungido das testemunhas de Jeová executar bem a pregação do Reino ‘na cristandade, a partir de 1919 E. C.?

15 Porque aguardavam a administração de suas atividades e os suprimentos de literatura religiosa da parte da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, e esta Sociedade, já em 1919 E. C., tinha sucursais na Grã-Bretanha, na Europa continental, na Austrália, na África do Sul e na América do Norte. Os povos nestas terras da cristandade tinham a Bíblia Sagrada em diversos idiomas, do mesmo modo que as testemunhas de Jeová. Embora as mãos destes povos gotejassem o sangue da Primeira Guerra Mundial, ainda assim professavam ser cristãos. Afirmavam crer em Deus, o Pai, e em seu Filho, Jesus Cristo, bem como no espírito santo e na igreja cristã. Por conseguinte, os da classe hodierna de Ezequiel podiam falar a linguagem religiosa destes professos cristãos, os quais, por sua vez, podiam entender a linguagem bíblica dos da classe de Ezequiel.

16, 17. Como no caso de Ezequiel, esperavam as testemunhas de Jeová converter a cristandade? E de que palavras de Jesus a respeito de pessoas de outra língua ou raça lembraram-se?

16 Os do restante ungido das testemunhas de Jeová não esperavam converter a cristandade do erro do seu proceder, assim como Ezequiel tampouco recebera a esperança de converter a casa rebelde de Israel. A cristandade representa realmente a apostasia ou rebelião predita contra a religião pura, rebelião que tomou forma depois da morte dos doze apóstolos de Jesus Cristo, por volta do fim do primeiro século E. C. (2 Tessalonicenses 2:3-12) De modo que também a cristandade, igual ao antigo Israel, era uma “casa rebelde”. Os do restante ungido não ficaram surpresos diante da sua má vontade de escutar, porque se lembravam das palavras de Jesus, que correspondiam às de Jeová a Ezequiel, a respeito de ouvirem, quando Jesus disse a certas cidades israelitas, onde havia dado testemunho:

17 “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem ocorrido em Tiro e Sídon as obras poderosas que ocorreram em vós, há muito se teriam arrependido em saco e cinzas. Conseqüentemente, eu vos digo: No Dia do Juízo será mais suportável para Tiro e Sídon do que para vós. E tu, Cafarnaum, serás por acaso enaltecida ao céu? Até o Hades descerás; porque, se as obras poderosas que ocorreram em ti tivessem ocorrido em Sodoma, ela teria permanecido até o dia de hoje. Conseqüentemente, eu vos digo: No Dia do Juízo será mais suportável para a terra de Sodoma do que para ti.” — Mateus 11:20-24.

18. Também, o que disse Jesus a respeito dos homens de Nínive e da rainha do sul, quanto ao Dia do Juízo?

18 Jesus Cristo disse também à “geração iníqua e adúltera” dos seus dias: “Homens de Nínive se levantarão no julgamento com esta geração e a condenarão; porque eles se arrependeram com o que Jonas pregou, mas, eis que algo maior do que Jonas está aqui. A rainha do sul será levantada no julgamento com esta geração e a condenará; porque ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, mas, eis que algo maior do que Salomão está aqui.” — Mat. 12:39-42.

19. A que acusação não se expõe Jeová, e, para corresponder a Ezequiel a quem enviou Ele o restante ungido e para dizer o quê?

19 Jeová não se expõe à acusação de não ter dado aviso antecipado às pessoas que não acataram sua mensagem do momento. Foi por isso que “prosseguiu, dizendo [a Ezequiel]: ‘Filho do homem, todas as minhas palavras que eu te falar aceita no teu coração e ouve com os teus próprios ouvidos. E vai, entra no meio do povo exilado, no meio dos filhos de teu povo, e tens de falar-lhes e dizer-lhes: “Assim disse o [Soberano] Senhor Jeová”, quer ouçam quer se refreiem de ouvir’.” (Ezequiel 3:10, 11) Os do restante ungido, que haviam sobrevivido à Primeira Guerra Mundial e que estavam familiarizados com o livro profético de Ezequiel, foram lembrados de que tinham de assimilar a palavra de Deus no seu coração. Tinham de entrar no meio do hodierno “povo exilado”, a saber, o povo da cristandade, que realmente foi levado cativo e exilado por Babilônia, a Grande, o império mundial da religião falsa, babilônica. A estes é que os do restante ungido precisavam falar o que Jeová os mandou falar na sua Palavra escrita, quer escutassem, quer se negassem a fazer isso. Por meio de tal proceder, os do restante ungido se mostrariam fiéis a seu Deus.

20. A quem e onde levou o espírito da parte de Jeová a Ezequiel, e com que disposição de ânimo foi ele?

20 Veio então o tempo para agir. Ezequiel ainda estava na presença do carro visionário de Jeová, que tinha querubins ao lado de suas quatro rodas. Então, o espírito divino que havia nas rodas daquele carro celeste e que as movia na direção certa começou a mover Ezequiel. Ele escreve: “E um espírito passou a carregar-me e comecei a ouvir atrás de mim o ruído dum grande zunido: ‘Bendita seja a glória de Jeová desde o seu lugar.’ E havia o ruído das asas das criaturas viventes que se tocavam de perto, e o ruído das rodas bem ao lado delas, e o ruído dum grande zunido. E o espírito me carregava, e passou a tomar-me de modo que fui, amargurado, no furor do meu espírito, e a mão de Jeová sobre mim era forte. Entrei, pois, entre o povo exilado em Tel-Abibe, que morava junto ao rio Quebar, e comecei a morar onde eles moravam; e fiquei morando ali por sete dias, aturdido no meio deles.” (Ezequiel 3:12-15) Ezequiel foi assim conduzido irresistivelmente ao seu destino.

21. Em harmonia com as palavras de despedida ouvidas por Ezequiel, de onde seria abençoada a “glória de Jeová”?

21 Aquelas palavras de despedida que Ezequiel ouviu: “Bendita seja a glória de Jeová desde o seu lugar”, sem dúvida foram proferidas pelas quatro criaturas querubínicas viventes que acompanhavam o carro celeste. O templo, lá longe em Jerusalém era nominalmente “seu lugar”, o lugar de Jeová, mas a sua glória não estava sendo abençoada desde aquele prédio religioso então poluído e profanado. O lugar de Jeová está junto de seu povo, que ele comissiona para seu serviço, assim como o próprio Ezequiel, e é dentre este povo que surgem as bênçãos para a “glória de Jeová”. Seria assim no caso de Ezequiel; deve ser também o caso de seu antítipo moderno, os do restante ungido das testemunhas de Jeová, a partir de 1919 E. C.

INDO “AMARGURADO, NO FUROR DO MEU ESPÍRITO”

22. Em que sentido foi Ezequiel “amargurado, no furor do meu espírito”, e diante de que ficou “aturdido”, permanecendo assim por sete dias?

22 Comer Ezequiel o rolo escrito da parte de Jeová, que havia produzido doçura como mel na sua boca, produziu outra coisa no seu íntimo, resultando em amargura, em “furor do meu espírito”, por causa das “endechas, e gemidos e lamúria” registrados neste rolo. Portanto, ir ele “amargurado, no furor do meu espírito”, não significava que ele ia contra a sua vontade e com objeção à sua missão difícil. Também, o poder aplicado de Jeová, sua “mão”, estava forte sobre Ezequiel, fortalecendo-o para expressar no seu ministério o espírito do que estava escrito no rolo que comeu. Ele precisava enfronhar-se no sentido daquela mensagem divina do furor de Deus, a fim de apresentá-la de modo correto e com zelo. A mensagem que Ezequiel tinha de transmitir àqueles exilados judeus junto ao rio Quebar era estonteante, que aturdia os sentidos da pessoa por causa das particularidades chocantes que continha. Por isso precisava de tempo para assimilá-la, para apropriar-se dela. Ele ficou morando sete dias, um período completo de tempo, “aturdido” entre aqueles exilados judaicos em Tel-Abibe, sem ação, como alguém atordoado.

23, 24. O que motivou o restante ungido das testemunhas de Jeová a ir “amargurado, no furor do meu espírito”, e como foi retratada em Revelação 11:11-14 a entrada do espírito vivificador de Deus neles?

23 Quanto aos tempos modernos, os do restante ungido das testemunhas cristãs de Jeová haviam sofrido muita perseguição da parte da cristandade durante a Primeira Guerra Mundial, mas não era isto o que os enchia de amargura e de um espírito de vingança. Era a mensagem do furor de Jeová contra a cristandade apóstata e hipócrita que os fazia cumprir em amargura a sua comissão no após-guerra. Mas a “mão de Jeová” que estava sobre eles era forte, movendo-os no seu trabalho designado. Havia sido seu espírito que os revivificara em 1919 E. C., para as suas atividades públicas no após-guerra, especialmente na cristandade. Era exatamente isso o que se retratava profeticamente em Revelação 11:11-14, onde lemos a respeito das “duas testemunhas” de Deus, cuja pregação pública fora morta pela cristandade durante a Primeira Guerra Mundial:

24 “E depois dos três dias e meio [de jazerem mortas na rua larga da cristandade] entrou neles espírito de vida da parte de Deus, e puseram-se de pé, e caiu grande temor sobre os que os observavam. E ouviram uma voz alta dizer-lhes desde o céu: ‘Subi para cá.’ E subiram para o céu, numa nuvem, e seus inimigos os observavam. E naquela hora houve um grande terremoto, e caiu um décimo da cidade; e sete mil pessoas foram mortas pelo terremoto, e os demais ficaram amedrontados e deram glória ao Deus do céu. O segundo ai já passou. Eis que o terceiro ai vem depressa.”

25. No início do período do após-guerra, como ficou o restante ungido num estado “aturdido”, e o que começou a fazer a revista A Idade de Ouro para com a cristandade?

25 Como no caso de Ezequiel, que ficou “aturdido” entre os exilados em Tel-Abibe, junto ao rio Quebar, levou algum tempo para o revivificado restante das testemunhas de Jeová se ajustar à obra espantosa do após-guerra. Seu corpo governante na sede da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados em Brooklyn, Nova Iorque, planejou publicar uma nova revista que exporia especialmente as depredações não-cristãs cometidas pela cristandade contra o povo de Jeová durante a Primeira Guerra Mundial. Este objetivo da nova revista, A Idade de Ouro, cujo primeiro número em inglês, foi publicado em 1.º de outubro de 1919, foi salientado no número especial, o Número 27, de 29 de setembro de 1920. Todas as trinta e duas páginas deste número salientaram o artigo temático intitulado: “‘Angústia das Nações’: Causa, Aviso, Solução.” Imprimiram-se quatro milhões de exemplares deste número especial, que foram distribuídos gratuitamente aos povos da cristandade. Isto era como que apenas o começo da exposição feita por esta revista, dos malefícios flagrantes da cristandade em violação da Palavra escrita de Deus a Bíblia.

26. De que outra revista era A Idade de Ouro companheira em expor a impiedade da cristandade, e o que publicou a respeito da cristandade no seu número inglês de 24 de setembro de 1924 em acusação?

26 A partir de então, usou-se especialmente A Idade de Ouro como revista companheira da Torre de Vigia (Sentinela) para expor a impiedade da cristandade e apontar para a sua futura destruição. Por exemplo, usou-se A Idade de Ouro junto com A Torre de Vigia em noticiar o congresso internacional do restante ungido das testemunhas de Jeová, realizado em Columbus, Ohio, E. U. A., de 20 a 27 de julho de 1924. Assim, no seu número de 24 de setembro de 1924, A Idade de Ouro publicou aquele famoso documento que recebeu atenção mundial como particularidade do congresso internacional, junto com a conferência pública proferida em apoio dele. Este documento era a resolução adotada na tarde de sexta-feira, 25 de julho, tendo o título de “ACUSAÇÃO”. A fim de nos ajudar a apreciar como esta resolução denunciava a cristandade como sistema religioso hipócrita e apóstata, citamos os seguintes parágrafos dela:

Nós, os Estudantes Internacionais da Bíblia, reunidos em congresso, declaramos nossa lealdade incondicional a Cristo, que agora está presente e está estabelecendo seu Reino, e a este reino.

Cremos que todo filho consagrado de Deus é embaixador de Cristo e tem por seu dever dar testemunho fiel e veraz a favor do reino dele. Como embaixadores de Cristo, e sem presumirmos ter justiça própria, cremos e afirmamos que Deus nos comissionou a “proclamar o dia da vingança de nosso Deus e consolar todos os tristes”. — Isaías 61:2.

Denunciamos e acusamos que Satanás formou uma conspiração com o fim de manter o povo em ignorância quanto à provisão de Deus de abençoá-lo com vida, liberdade e felicidade, e que outros, a saber, pregadores infiéis, exploradores sem consciência e políticos inescrupulosos, entraram nesta conspiração, quer voluntária quer involuntariamente.

Que pregadores infiéis formaram-se em sistemas eclesiásticos, compostos de conselhos, sínodos, presbitérios, associações, etc., e se designaram neles papas, cardeais, bispos, doutores de divindade, pastores, párocos, reverendos, etc., e elegeram-se para tais cargos, agregação que aqui é chamada de “o clero”; que estes constituíram de bom grado os gigantes comerciais e os políticos profissionais como os principais de seus rebanhos.

. . .

(7) Que eles negam ao Senhor o direito de estabelecer seu reino na terra, bem sabendo que Jesus ensinou que Ele viria novamente no fim do mundo, e que o fato daquele tempo se tornaria conhecido por as nações da cristandade se empenharem numa guerra mundial, prontamente seguida por fome, pestilência, revoluções, . . .

— Parágrafos 1, 2, 4, 5, 17, páginas 820, 821 de The Golden Age (A Idade de Ouro).

27. Sobre que tema era a conferência pública proferida em apoio desta resolução de “Acusação”, e que publicidade recebeu no dia seguinte?

27 O discurso público proferido naquele congresso internacional em apoio desta “Acusação”, no domingo seguinte, intitulava-se “Civilização Condenada”. Foi proferido no Estádio da Universidade Estadual de Ohio (E. U. A.) perante uma assistência visível calculada em 35.000 pessoas. No decorrer deste discurso, e depois de citar sete homens destacados que sentiam a iminente ruína, o então presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos E. U. A.) apresentou em muitos pormenores “o motivo da ruína da cristandade”. E, conforme noticiou A Idade de Ouro, em inglês, na página 813, coluna dois: “O discurso recebeu esplêndida atenção; e embora fosse uma exposição acentuada das falácias da cristandade, foi recebido com entusiasmo e aplausos por parte da grande assistência. Na segunda-feira seguinte, o State Journal de Ohio publicou o discurso inteiro.” *

28. Como foi esta “Acusação” adotada nesta reunião pública, que distribuição teve depois em forma impressa e como agia nisso o restante ungido semelhante a Ezequiel?

28 Depois do discurso público, leu-se ao público a “Acusação”, já adotada pelos congressistas, e ela foi aprovada unanimemente por um voto de aclamação por parte deste público presente. A fim de informar e avisar o máximo número possível desta cristandade, esta resolução, “Acusação”, começou a ser distribuída no outubro seguinte em forma de tratado, imprimindo-se por fim mais de 50.000.000 de exemplares dela em inglês e em outros idiomas. Portanto, certamente se cumpria a obra profética prefigurada pelo profeta Ezequiel, há muito tempo atrás, por parte de seu equivalente hodierno, para com a antitípica e rebelde “casa de Israel”.

COMO LIVRAR A ALMA QUAL VIGIA

29-31. Que palavras adicionais foram ditas a Ezequiel a respeito da sua responsabilidade como vigia, quanto a advertir os iníquos e os justos?

29 O Ezequiel da antiguidade, sem dúvida, aguardava mais informações da parte de Jeová, no seu novo lugar em Tel-Abibe, na Babilônia. E elas vieram, conforme Ezequiel nos relata: “E aconteceu, ao fim dos sete dias, que passou a vir a haver para mim a palavra de Jeová, dizendo:

30 “‘Filho do homem, constituí-te vigia para a casa de Israel, e terás de ouvir a fala procedente da minha boca e terás de avisá-los da minha parte. Quando eu disser ao iníquo: “Positivamente morrerás”, e tu realmente não o avisares e não falares para avisar o iníquo de seu caminho iníquo, a fim de preservá-lo vivo, ele, sendo iníquo, morrerá no seu erro, mas o seu sangue demandarei da tua própria mão. Mas, no que se refere a ti, se tiveres avisado o iníquo e ele realmente não recuar de sua iniqüidade e de seu caminho iníquo, ele é que morrerá pelo seu erro; mas tu, tu terás livrado a tua própria alma.

31 “‘E quando o justo recuar de sua justiça e realmente fizer injustiça, e eu tiver de pôr diante dele uma pedra de tropeço, ele é que morrerá por não o teres avisado. Morrerá por seu pecado, e seus atos justos que praticou não serão lembrados, mas demandarei o sangue dele da tua própria mão. E se tu tiveres avisado o justo para que o justo não peque, e ele realmente não pecar, continuará a viver impreterivelmente porque foi avisado, e tu mesmo terás livrado a tua própria alma.’” — Ezequiel 3:16-21.

32. Devia Ezequiel ser vigia numa torre de vigia literal, ou de que modo devia sê-lo, relacionado com a observância de que pacto?

32 Ezequiel, como recém-comissionado vigia para a casa de Israel, não devia subir a uma torre de vigia literal e estar à espreita de perigos que os ameaçassem. Antes, ele devia vigiar quanto a como os filhos de Israel cumpriam as suas obrigações para com seu Deus. Devemos lembrar-nos de que a casa de Israel havia entrado num contrato ou pacto nacional com Jeová, por intermédio de seu mediador Moisés, lá no ano 1513 A. E. C., e que haviam concordado solenemente, sobre animais sacrificiais, a guardar os Dez Mandamentos e todas as leis associadas da parte de Jeová. (Êxodo 19:3 a 24:8) Nos dias de Ezequiel, este pacto não havia sido substituído por um novo pacto, mas Jeová ainda os mantinha obrigados ao pacto feito por meio de Moisés, no monte Sinai. O profeta Ezequiel foi designado para vigiar e advertir os violadores da lei deste pacto sobre as conseqüências disso. Assim como um soldado que está de sentinela à noite seria sentenciado à morte se adormecesse e deixasse de guardar seus companheiros adormecidos, assim Ezequiel perderia a sua vida se deixasse de dar o aviso procedente de Jeová.

33. Como diria Jeová aos violadores do pacto de Lei: ‘Positivamente morrereis’? E como morreriam?

33 Especialmente por meio das maldições especificadas no pacto da Lei, Jeová dizia ao violador iníquo do pacto: “Positivamente morrerás.” Isto não significava sofrer uma morte natural, do modo como até mesmo os não-judeus morriam, por serem descendentes de nosso primeiro pai humano, pecador, Adão; antes, significa ter a vida abreviada pelos meios de execução usados por Jeová.

34. Que oportunidades de vida foram oferecidas aos iníquos e aos justos respectivamente, e por que havia então necessidade vital dum vigia para Israel?

34 De modo que o iníquo poderia poupar a sua vida de tal morte por execução, por desviar-se completamente de sua vida iníqua. O justo poderia preservar sua vida por continuar a apegar-se à lei justa de Jeová, conforme estabelecida no Seu pacto. Se um israelita justo se voltasse para a iniqüidade, então toda a sua justiça anterior não lhe serviria de crédito; seu caso seria determinado pela sua condição final como homem mau, e por este motivo teria de sofrer a morte por execução. Havia, então, necessidade vital de Jeová suscitar um vigia? Sim! Porque, então, Jerusalém e a terra de Judá já estavam bem avançadas no seu “tempo do fim”. A vida dos habitantes estava envolvida.

35. De que modo estavam tanto Jeová como Ezequiel envolvidos com aqueles israelitas que estavam em perigo de morrer, e o que era sábio e sensato que Ezequiel fizesse?

35 De fato, embora Ezequiel se encontrasse longe da cena da vindoura destruição, por ser exilado na terra de Babilônia, sua própria vida estava envolvida. Por quê? Porque podia ser mantido responsável pela morte das pobres vítimas, visto que Jeová o havia designado para ser vigia para elas. Sendo assim, Ezequiel tinha bons motivos de se preocupar em dar o aviso que foi ordenado e mandado dar aos em perigo. O Deus de Ezequiel também estava envolvido, porque poderia ser acusado de ter deixado seu povo pactuado sem o devido aviso, se Ezequiel, que falava em nome de Jeová, não cumprisse com o seu dever. Ezequiel precisava guardar-se para não deixar recair nenhum vitupério sobre o nome de seu Deus. A coisa sábia e sensata a fazer era ele livrar a sua própria alma por avisar obedientemente aquelas almas israelitas que estavam em perigo de morte. Jeová havia provido um meio de escape, e cabia a Ezequiel indicá-lo às pessoas.

36. Apesar de sua esperança de proteção divina, por que não devem ficar despreocupados os do restante ungido quanto aos associados com a cristandade e também quanto a se levantar uma acusação contra Deus?

36 Recai menos obrigação sobre os do restante hodierno das testemunhas ungidas, que Jeová designou para servir como classe de vigia para a cristandade, que agora está no seu “tempo do fim”? Não! Eles sabem, mediante a tabela de tempo da Bíblia, onde este mundo da humanidade se encontra na corrente do tempo. Sabem do cumprimento das profecias bíblicas, desde o ano de 1914 E. C., que o “carro” celeste de Jeová avança para a execução de Suas decisões judiciais contra as antitípicas Jerusalém e Judá infiéis. Visto que esperam ter a proteção divina durante a vindoura destruição da cristandade, não devem ficar despreocupados quanto às almas ou vidas dos que têm associação religiosa com a cristandade. Sabem que a vida deles está em perigo de aniquilamento. Precisam ser avisados e encaminhados ao caminho de justiça de Deus, para escaparem da destruição junto com os deliberadamente iníquos. Jeová manteria os do restante ungido responsáveis pela vida dos que se perdem desnecessariamente por causa da falha de sua classe designada como vigia. Jeová não deve ser exposto à acusação de não ter provido misericordiosamente um aviso antecipado.

O CARRO CELESTE SEGUE O PROFETA

37, 38. De quem e para que recebeu Ezequiel poderes, e o que fez ele, conforme mandado?

37 Não há tempo a perder! À vista daqueles “olhos” que enchem as cambotas das rodas do carro celeste de Jeová e aos ouvidos daquelas quatro “criaturas viventes”, querubínicas, que acompanhavam aquelas rodas, ordena-se agora a Ezequiel que vá e se desincumba de seu dever. Daquele que não tem ninguém acima de si, de Jeová, que anda supremo acima de toda a sua santa organização celestial, como se fosse num carro, Ezequiel recebeu poderes para cumprir com seu serviço corajoso de vigia. O recém-designado profeta, em Tel-Abibe, diz-nos em Ezequiel 3:22, 23.

38 “E a mão de Jeová veio a estar ali sobre mim e ele passou a dizer-me: ‘Levanta-te, sai até o vale plano e lá eu falarei contigo.’ Levantei-me, pois, e saí ao vale plano, e eis que estava ali parada a glória de Jeová, igual à glória que eu tinha visto junto ao rio Quebar, e eu fui lançar-me com a minha face por terra.”

39. O que se assegurou a Ezequiel no que se refere à organização divina, e o que não devia ele esperar do seu ministério entre os israelitas?

39 De modo que a organização de Jeová, semelhante a um carro, havia seguido Ezequiel até este novo lugar. Isto devia ter-lhe assegurado que esta organização divina o acompanharia no seu ministério, e as evidências adicionais mostram que era assim. Não era mais tempo de se ficar apenas espantado diante da “glória de Jeová”, vista na visão. Dando-se conta da origem gloriosa de sua designação de serviço, ele precisava por-se de pé e seguir adiante. Mas, primeiro, uma palavra de cautela. Não devia esperar que seu serviço não sofresse oposição e esforços externos para reprimi-lo. Deus o avisou sobre isso, conforme o próprio Ezequiel também relata:

40. Que restrições quanto a locomover-se e a falar podia Ezequiel esperar?

40 “Então entrou em mim espírito e me fez ficar de pé, e ele começou a falar comigo e a dizer-me: ‘Vem, fica encerrado na tua casa. E tu, ó filho do homem, eis que certamente porão sobre ti cordas e te atarão com elas, para que não possas sair para o meio deles. E a tua própria língua eu farei ficar apegada ao céu da boca e certamente ficarás mudo, e não te tornarás para eles um homem que dá repreensão, porque são uma casa rebelde. E quando eu falar contigo, abrirei a tua boca, e terás de dizer-lhes: “Assim disse o [Soberano] Senhor Jeová.” Ouça aquele que ouve e refreie-se aquele que se refreia de ouvir, porque são uma casa rebelde.’” — Ezequiel 3:24-27; ed. ingl. 1971.

FALAR APESAR DE TENTATIVAS DE RESTRIÇÃO

41. Quem tentaria restringir Ezequiel para não ser repreendedor, e como se faria com que a sua boca se abrisse ou a sua língua se apegasse ao céu da boca?

41 Não seriam os captores babilônicos dos israelitas que poriam cordas e amarras em Ezequiel. Seriam os próprios israelitas, o próprio povo de Ezequiel, que procurariam impedi-lo e estorvá-lo, e que tentariam restringi-lo de sair de sua casa e impedi-lo de entrar no meio deles para proclamar o que o Soberano Senhor Jeová havia dito. Tudo isso expressaria a sua rebeldia. Não queriam que Ezequiel os repreendesse. Mas Ezequiel devia confiar na inspiração divina. Quando Jeová não tivesse mensagem para ele transmitir, então, neste respeito, Jeová faria que a língua de Ezequiel como que se apegasse ao céu de sua boca, de modo que se tornasse mudo. Mas, quando Jeová tivesse uma mensagem para ele transmitir, então Jeová falaria com ele e abriria a boca de Ezequiel para proclamá-la, sem considerar o que aqueles israelitas rebeldes fizessem.

42. Em vista de que estudo não se surpreendia a classe moderna de Ezequiel com o tratamento que recebeu da cristandade e que discernimento mais profundo os fortaleceu para sua obra e atitude corretas?

42 Neste “tempo do fim”, mais de dois mil e quinhentos anos depois, a cristandade tem tratado os do restante ungido dos servos de Jeová dum modo similar ao que os israelitas rebeldes usaram para com Ezequiel. Mas a classe hodierna de Ezequiel não ficou sem aviso antecipado disso. À base de seu estudo anterior da profecia de Ezequiel, sabiam o que esperar da cristandade. De acordo com a profecia, a cristandade procurou impor-lhes restrições, conforme mostra a história daqueles anos do após-guerra até a Segunda Guerra Mundial e durante ela. Isto não surpreendeu os da classe corajosa de Ezequiel. Seus olhos espirituais estavam abertos para ver e apreciar profundamente a organização de Jeová, semelhante a um carro, a sua organização universal, celestial. Este discernimento os fortaleceu para a sua obra. Deram-se conta de que há apenas duas grandes organizações em existência, a organização de Jeová e a de Satanás, o Diabo. Decidiram colocar seus serviços à disposição da organização de Jeová. Não confiaram em qualquer inspiração divina que descansasse neles, mas no espírito santo de Jeová, para ajudá-los a proferir a Sua mensagem.

43. Em que palavras de Jesus, em Marcos 13:10-13, confiou a classe de Ezequiel?

43 Confiaram nas palavras de Jesus aos seus discípulos, conforme especificadas na sua profecia a respeito da “terminação do sistema de coisas”, a saber: “Também, em todas as nações têm de ser pregadas primeiro as boas novas. Mas, quando vos levarem para vos entregar, não estejais ansiosos de antemão sobre o que haveis de falar; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai, porque não sois vós quem fala, mas o espírito santo. Outrossim, irmão entregará irmão à morte, e o pai ao filho, e os filhos se levantarão contra os pais, e os farão matar; e vós sereis pessoas odiadas por todos, por causa do meu nome. Mas aquele que tiver perseverado até o fim é o que será salvo.” — Marcos 13:10-13; Mateus 24:3-14.

44. Por conseguinte, apesar de que regimes ditatoriais na cristandade perseveraram os da classe de Ezequiel, e qual é o motivo de sua determinação de perseverar até que acabe a cristandade?

44 Estamos agora na década dos 1970, e apesar de tudo o que a cristandade tentou fazer contra eles, por meio de seus clérigos religiosos e dos ditadores Benito Mussolini, Adolf Hitler, José Stálin e outros, os do restante ungido dos servos de Jeová perseveraram até agora como vigia para a cristandade. Estão decididos a perseverar até o fim de seu ministério terrestre, e isto será também até o fim da cristandade e o fim deste sistema de coisas do qual a cristandade tem sido uma parte destacada. Não querem que Jeová os considere responsáveis pela enorme perda de vida dos aderentes da cristandade, no tempo da destruição dela. Seu objetivo é mostrar-se uma classe de vigia fiel e obediente. É isto o que se propõem fazer, não só para livrar a sua alma, mas para que Jeová seja vindicado quanto a ter dado à cristandade um aviso pleno e justo por meio deles. O exemplo fiel do antigo Ezequiel no seu dever de vigia é uma garantia de que Jeová tem também agora a classe fiel dum vigia, até a execução de Seu predito julgamento na cristandade.

[Nota(s) de rodapé]

^ parágrafo 27 Veja também The Watch Tower de 1.º de setembro de 1924, páginas 262 e 263, e de 15 de setembro de 1924, páginas 275-281.

[Perguntas de Estudo]