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Jeová rebaixou o orgulho de Tiro

Jeová rebaixou o orgulho de Tiro

Capítulo Dezenove

Jeová rebaixou o orgulho de Tiro

Isaías 23:1-18

1, 2. (a) Que tipo de cidade era a antiga Tiro? (b) O que Isaías profetizou sobre Tiro?

SUA ‘beleza era perfeita’ e ela possuía uma “abundância de todos os bens”. (Ezequiel 27:4, 12, A Bíblia de Jerusalém) Sua grande frota de navios singrava os mares até lugares distantes. Ela se tornara “muito gloriosa no coração do alto-mar” e, com suas “coisas valiosas”, ‘enriquecia os reis da Terra’. (Ezequiel 27:25, 33) No sétimo século AEC, essa era a condição de Tiro — uma cidade fenícia na extremidade oriental do Mediterrâneo.

2 No entanto, a destruição de Tiro era iminente. Uns cem anos antes de Ezequiel tê-la descrito, o profeta Isaías predisse a queda dessa fortaleza fenícia e o pesar dos que dependiam dela. Isaías predisse também que, depois de algum tempo, Deus voltaria sua atenção para essa cidade, concedendo-lhe uma renovada prosperidade. Como se cumpriram as palavras do profeta? E o que podemos aprender do que aconteceu a Tiro? Entender bem o que aconteceu a essa cidade, e por que aconteceu, fortalecerá a nossa fé em Jeová e nas suas promessas.

“Uivai, navios de Társis!”

3, 4. (a) Onde ficava Társis, e qual era a relação entre Tiro e Társis? (b) Por que os marujos que negociavam com Társis teriam motivo para ‘uivar’?

3 Sob o título “A pronúncia de Tiro”, Isaías declara: “Uivai, navios de Társis, porque foi assolada para não ser porto, para não ser lugar em que se entre.” (Isaías 23:1a) Acredita-se que Társis fazia parte da Espanha, longe de Tiro, no Mediterrâneo oriental. * Mesmo assim, os fenícios eram marujos hábeis, e seus navios eram grandes e bem construídos. Há historiadores que acreditam que os fenícios foram os primeiros a notar a relação entre a Lua e as marés e a usar a astronomia como auxílio à navegação. Assim, a longa distância entre Tiro e Társis não era obstáculo para eles.

4 Nos dias de Isaías, a distante Társis era um mercado para Tiro, talvez a principal fonte de sua riqueza durante parte de sua história. A Espanha tinha ricas minas de prata, de ferro, de estanho e de outros metais. (Note Jeremias 10:9; Ezequiel 27:12.) “Navios de Társis”, provavelmente navios de Tiro que negociavam com Társis, teriam bons motivos para ‘uivar’, lamentando a destruição de seu porto de base.

5. Onde os marinheiros vindos de Társis ficariam sabendo da queda de Tiro?

5 Como é que os marinheiros no mar ficariam sabendo da queda de Tiro? Isaías responde: “Isto lhes foi revelado desde a terra de Quitim.” (Isaías 23:1b) “A terra de Quitim” provavelmente se referia à ilha de Chipre, uns 100 quilômetros a oeste da costa fenícia. Essa era a última escala dos navios que iam de Társis para o leste, antes de chegarem a Tiro. Assim, os marujos saberiam da derrocada de seu amado porto de base ao fazerem uma parada em Chipre. Que choque para eles! Cheios de pesar, ‘uivariam’ em desalento.

6. Descreva a relação entre Tiro e Sídon.

6 O povo do litoral fenício também ficaria desalentado. O profeta diz: “Ficai quietos, ó habitantes do litoral. Os mercadores de Sídon, os que cruzam o mar — eles te encheram. A semente de Sior, a colheita do Nilo, a renda dela, tem estado sobre muitas águas; e veio a ser o ganho das nações.” (Isaías 23:2, 3) Os “habitantes do litoral” — os vizinhos de Tiro — ficariam calados, totalmente pasmos com a calamitosa queda de Tiro. Quem eram “os mercadores de Sídon” que “encheram” esses habitantes, enriquecendo-os? Tiro era originalmente uma colônia da cidade portuária de Sídon, que ficava apenas 35 quilômetros ao norte. Nas suas moedas, Sídon se autoproclamava mãe de Tiro. Embora Tiro tivesse ultrapassado Sídon em riqueza, ela ainda era ‘filha de Sídon’, e seus habitantes ainda se chamavam sidônios. (Isaías 23:12) Assim, a expressão “os mercadores de Sídon” provavelmente se referia à classe mercantil de Tiro.

7. Como os mercadores sidônios espalhavam riquezas?

7 Empenhados no comércio, os ricos mercadores sidônios cruzavam o mar Mediterrâneo. Transportavam para muitos lugares a semente (ou grão) de Sior, o braço mais oriental do rio Nilo, na região do delta do Egito. (Note Jeremias 2:18.) “A colheita do Nilo” também incluía outros produtos do Egito. O comércio e a permuta desses bens eram altamente lucrativos para esses mercadores navegantes, bem como para as nações com as quais negociavam. Os mercadores sidônios ‘enchiam’ Tiro de lucros. Com certeza lamentariam a desolação dela!

8. Como a destruição de Tiro afetaria Sídon?

8 A seguir, Isaías se dirige a Sídon com estas palavras: “Envergonha-te, ó Sídon; porque o mar, ó tu baluarte do mar, disse: ‘Não tive dores de parto e não dei à luz, nem criei jovens, nem eduquei virgens.’” (Isaías 23:4) Depois da destruição de Tiro, a costa onde ficava a cidade pareceria vazia e desolada. Seria como se o mar gritasse angustiado, como uma mãe que perdeu seus filhos e, de tão atormentada, negasse que um dia os teve. Sídon se envergonharia do que aconteceria com a sua filha.

9. O pesar das pessoas após a queda de Tiro seria comparável à consternação que se seguiu a que outro evento?

9 Sim, a notícia da destruição de Tiro causaria um lamento generalizado. Isaías diz: “Assim como diante da notícia referente ao Egito, as pessoas terão igualmente dores agudas diante da notícia sobre Tiro.” (Isaías 23:5) A dor dos enlutados seria comparável à dor resultante da notícia a respeito do Egito. A que notícia se referia o profeta? Possivelmente ao cumprimento de sua anterior “pronúncia contra o Egito”. * (Isaías 19:1-25) Ou talvez o profeta se referisse ao relato da destruição do exército de Faraó nos dias de Moisés, que causou ampla consternação. (Êxodo 15:4, 5, 14-16; Josué 2:9-11) Seja como for, os que ouvissem a notícia sobre a destruição de Tiro sentiriam dores agudas. São convidados a fugir em busca de refúgio na distante Társis, e recebem ordens de expressar ruidosamente seu pesar: “Atravessai para Társis; uivai, ó habitantes do litoral.” — Isaías 23:6.

Rejubilante “desde os seus tempos primitivos”

10-12. Descreva a riqueza, a antiguidade e a influência de Tiro.

10 Tiro era uma cidade antiga, como Isaías nos lembra ao perguntar: “É esta a vossa cidade que rejubilava desde os dias de outrora, desde os seus tempos primitivos? (Isaías 23:7a) A próspera história de Tiro remontava até pelo menos os dias de Josué. (Josué 19:29) Ao longo dos anos, Tiro havia ficado famosa como fabricante de objetos de metal, artigos de vidro e corantes purpurinos. Mantos de púrpura tíria atingiam os mais altos preços e os custosos tecidos de Tiro eram procurados pela nobreza. (Note Ezequiel 27:7, 24.) Tiro era também um núcleo comercial para caravanas que vinham por terra, bem como um entreposto de importação e exportação.

11 Além disso, a cidade era militarmente forte. L. Sprague de Camp escreve: “Embora não fossem essencialmente guerreiros — eles eram homens de negócio, não soldados — os fenícios defendiam suas cidades com coragem e tenacidade fanáticas. Essas qualidades, bem como seu poderio naval, habilitaram os tírios a resistir ao exército assírio, o mais forte da época.”

12 Realmente, Tiro deixou a sua marca no mundo mediterrâneo. “Seus pés costumavam levá-la longe para residir como forasteira.” (Isaías 23:7b) Os fenícios viajavam a lugares distantes, estabeleciam centros de comércio e portos de escala, que, em alguns casos, se transformavam em colônias. Por exemplo, Cartago, na costa norte da África, era uma colônia de Tiro. Com o tempo, ela suplantaria Tiro e rivalizaria com Roma na influência no mundo mediterrâneo.

Seu orgulho seria rebaixado

13. Por que surgiu a pergunta sobre quem ousava condenar Tiro?

13 Em vista da antiguidade e da riqueza de Tiro, cabe bem a pergunta: “Quem é que deu este conselho contra Tiro, a coroadora, cujos mercadores eram príncipes, cujos comerciantes eram os honrados da terra?” (Isaías 23:8) Quem ousava criticar a cidade que nomeara indivíduos poderosos a altos cargos em suas colônias e em outros lugares — tornando-se assim a “coroadora”? Quem ousava criticar a metrópole cujos mercadores eram príncipes e os comerciantes pessoas honradas? Maurice Chehab, ex-diretor de antiguidades do Museu Nacional de Beirute, Líbano, disse: “Do nono ao sexto século a.C., Tiro ocupava uma posição de importância como a de Londres no início do século 20.” Assim, quem ousava criticar essa cidade?

14. Quem proferiu uma condenação contra Tiro, e por quê?

14 A resposta inspirada causaria consternação em Tiro. Isaías diz: “O próprio Jeová dos exércitos deu este conselho, para profanar o orgulho de toda a beleza, para tratar com desprezo todos os honrados da terra.” (Isaías 23:9) Por que Jeová proferiu tal condenação contra essa rica e antiga cidade? Era porque seus habitantes adoravam o falso deus Baal? Ou por causa da relação de Tiro com Jezabel — a filha do Rei Etbaal de Sídon, incluindo Tiro — que se casou com o Rei Acabe de Israel e massacrou os profetas de Jeová? (1 Reis 16:29, 31; 18:4, 13, 19) A resposta a ambas as perguntas é não. Tiro foi condenada por causa de seu orgulho arrogante — ela enriqueceu à custa de outros povos, incluindo os israelitas. No nono século AEC, por meio do profeta Joel, Jeová disse a Tiro e a outras cidades: “Vendestes os filhos de Judá e os filhos de Jerusalém aos filhos dos gregos, a fim de removê-los para longe do seu próprio território.” (Joel 3:6) Poderia Deus tolerar que Tiro tratasse Seu povo pactuado como simples mercadoria?

15. Como reagiria Tiro quando Jerusalém caísse diante de Nabucodonosor?

15 Passarem-se cem anos não mudaria Tiro. Quando o exército do Rei Nabucodonosor, de Babilônia, destruísse Jerusalém, em 607 AEC, Tiro exultaria: “Ah! Ela [Jerusalém] foi quebrada, as portas dos povos! A tendência será certamente para mim. Encher-me-ei — ela foi devastada.” (Ezequiel 26:2) Tiro se alegraria, esperando beneficiar-se da destruição de Jerusalém. Sem a concorrência da capital judaica, ela esperaria expandir seu comércio. Jeová trataria com desprezo os autoproclamados “honrados”, que orgulhosamente mancomunavam com os inimigos de Seu povo.

16, 17. O que aconteceria aos habitantes de Tiro quando a cidade caísse? (Veja nota de rodapé.)

16 Isaías prossegue com a mensagem condenatória de Jeová contra Tiro: “Atravessa a tua terra como o rio Nilo, ó filha de Társis. Não há mais estaleiro. Ele estendeu a sua mão sobre o mar; fez os reinos ficar agitados. O próprio Jeová deu ordem contra a Fenícia, para aniquilar os seus baluartes. E ele diz: ‘Nunca mais deves rejubilar, ó oprimida, filha virgem de Sídon. Levanta-te, atravessa para a própria Quitim. Nem ali será de descanso para ti.’” — Isaías 23:10-12.

17 Por que Tiro é chamada de “filha de Társis”? Talvez porque, depois da derrota de Tiro, Társis se tornaria a cidade mais poderosa das duas. * Os habitantes da arruinada Tiro seriam espalhados como um rio numa inundação, com a queda de suas barrancas e o transbordamento das águas por todas as planícies vizinhas. A mensagem de Isaías para a “filha de Társis” sublinha a gravidade do que aconteceria a Tiro. O próprio Jeová estenderia a mão e daria a ordem. Ninguém poderia alterar o desfecho.

18. Por que Tiro era chamada de “filha virgem de Sídon”, e como mudaria a sua condição?

18 Isaías também fala de Tiro como “filha virgem de Sídon”, indicando que ela ainda não fora capturada e saqueada por conquistadores estrangeiros, desfrutando ainda de uma condição indômita. (Note 2 Reis 19:21; Isaías 47:1; Jeremias 46:11.) Agora, porém, ela seria aniquilada e, como refugiados, alguns de seus moradores cruzariam o mar até a colônia fenícia de Quitim. Não obstante, tendo perdido seu poderio econômico, não encontrariam descanso ali.

Os caldeus a despojariam

19, 20. Quem seria o profetizado conquistador de Tiro, e como se cumpriu essa profecia?

19 Que potência política executaria o julgamento de Jeová contra Tiro? Isaías proclama: “Eis a terra dos caldeus! Este é o povo — a Assíria não o mostrou ser — fundaram-na para os frequentadores do deserto. Erigiram suas torres de sítio; esvaziaram as torres de habitação dela; ela foi constituída em ruína desmoronada. Uivai, navios de Társis, pois o vosso baluarte foi assolado.” (Isaías 23:13, 14) Os caldeus — não os assírios — conquistariam Tiro. Erigiriam suas torres de sítio, arrasariam as moradias de Tiro e fariam desse baluarte dos navios de Társis um montão de ruínas.

20 Fiel à profecia, não muito depois da queda de Jerusalém, Tiro se rebelou contra Babilônia e Nabucodonosor sitiou a cidade. Julgando-se inconquistável, Tiro resistiu. Durante o sítio, a cabeça dos soldados de Babilônia ficou “calva” devido à fricção dos capacetes, e seus ombros ficaram ‘esfolados’ de tanto carregarem materiais para a edificação do cerco. (Ezequiel 29:18) O cerco custou caro para Nabucodonosor. A cidade continental de Tiro foi destruída, mas ele não conseguiu pegar o despojo. O grosso dos tesouros de Tiro havia sido transferido para uma pequena ilha a uns 800 metros da costa. Não dispondo de uma frota de navios, o rei caldeu não pôde conquistar a ilha. Depois de 13 anos, Tiro capitulou, mas sobreviveu e viu o cumprimento de outras profecias.

“Ela terá de retornar à sua paga”

21. Em que sentido Tiro seria “esquecida”, e por quanto tempo?

21 Isaías continua a profetizar: “Naquele dia terá de acontecer que Tiro terá de ser esquecida por setenta anos, igual aos dias de um só rei.” (Isaías 23:15a) Depois da destruição da cidade continental pelos babilônios, a cidade-ilha de Tiro seria “esquecida”. Fiel à profecia, pela duração de “um só rei” — o Império Babilônico — a cidade-ilha de Tiro não seria uma potência financeira importante. Jeová, por meio de Jeremias, incluiu Tiro entre as nações que beberiam do vinho de Seu furor. Ele disse: “Estas nações terão de servir ao rei de Babilônia por setenta anos.” (Jeremias 25:8-17, 22, 27) É verdade que a cidade-ilha de Tiro não ficou sujeita a Babilônia por 70 anos completos, visto que o Império Babilônico caiu em 539 AEC. Evidentemente, os 70 anos representavam o período do maior domínio de Babilônia — quando a dinastia babilônica se jactava de ter erguido seu trono até mesmo acima das “estrelas de Deus”. (Isaías 14:13) Diferentes nações viriam a estar sob esse domínio em diferentes épocas. Mas, no fim dos 70 anos, esse domínio desmoronaria. O que aconteceria então a Tiro?

22, 23. O que aconteceria a Tiro quando se livrasse do domínio babilônico?

22 Isaías prossegue: “Ao fim de setenta anos acontecerá a Tiro assim como no cântico de uma prostituta: ‘Toma uma harpa, faze a ronda da cidade, ó prostituta esquecida. Toca o melhor possível nas cordas; faze muitas as tuas canções, a fim de que sejas lembrada.’ E ao fim de setenta anos terá de acontecer que Jeová voltará a sua atenção para Tiro, e ela terá de retornar à sua paga e cometer prostituição com todos os reinos da terra sobre a superfície do solo.” — Isaías 23:15b-17.

23 Depois da queda de Babilônia, em 539 AEC, a Fenícia se tornaria uma satrapia (província) do Império Medo-Persa. O monarca persa, Ciro, o Grande, era um governante tolerante. Sob esse novo governo, Tiro retomaria suas atividades e tentaria arduamente voltar a ser reconhecida como centro comercial mundial — assim como uma meretriz que foi esquecida e perdeu sua clientela tentaria atrair novos clientes percorrendo a cidade, tocando harpa e entoando canções. Será que Tiro seria bem-sucedida? Sim, Jeová lhe daria sucesso. Com o tempo, essa cidade-ilha se tornaria tão próspera que, pouco antes do fim do sexto século AEC, o profeta Zacarias diria: “Tiro passou a construir para si uma escarpa e a amontoar prata como pó e ouro como a lama das ruas.” — Zacarias 9:3.

‘Seu ganho terá de tornar-se sagrado’

24, 25. (a) Em que sentido o ganho de Tiro se tornaria sagrado para Jeová? (b) Apesar da ajuda que Tiro daria ao povo de Deus, que profecia Jeová inspirou a respeito dela?

24 Como são notáveis as palavras proféticas seguintes! “Seu ganho e sua paga terão de tornar-se algo sagrado para Jeová. Não será armazenada nem acumulada, porque a sua paga virá a ser para os que moram diante de Jeová, para que se coma até à saciedade e para cobertura elegante.” (Isaías 23:18) Em que sentido o ganho material de Tiro se tornaria sagrado? Jeová manobraria as coisas de modo que fosse usado segundo a Sua vontade — para que seu povo pudesse comer até à saciedade e vestir-se bem. Isso se deu depois da volta dos israelitas do exílio em Babilônia. O povo de Tiro os ajudou fornecendo-lhes madeira de cedro para reconstruir o templo. E também voltaram a comerciar com a cidade de Jerusalém. — Esdras 3:7; Neemias 13:16.

25 Apesar disso, Jeová inspirou ainda outro pronunciamento contra Tiro. Zacarias profetizou a respeito da cidade-ilha que então seria rica: “Eis que o próprio Jeová a desapossará e certamente golpeará a sua força militar lançando-a dentro do mar; e ela mesma será devorada pelo fogo.” (Zacarias 9:4) Isso se cumpriu em julho de 332 AEC, quando Alexandre, o Grande, arrasou essa orgulhosa senhora dos mares.

Evite o materialismo e o orgulho

26. Por que Deus condenou Tiro?

26 Jeová condenou Tiro por causa de seu orgulho, uma característica que ele despreza. “Olhos altaneiros” encabeça uma lista de sete coisas que Jeová odeia. (Provérbios 6:16-19) Paulo associou o orgulho com Satanás, o Diabo, e a descrição de Ezequiel da orgulhosa Tiro tem elementos que descrevem o próprio Satanás. (Ezequiel 28:13-15; 1 Timóteo 3:6) Por que Tiro era orgulhosa? Ezequiel, dirigindo-se a ela, diz: “Teu coração começou a ensoberbecer-se por causa da tua riqueza.” (Ezequiel 28:5) A cidade vivia para o comércio e o ajuntamento de dinheiro. Seu êxito deixou-a insuportavelmente soberba. Por meio de Ezequiel, Jeová disse ao “líder de Tiro”: “Teu coração se ensoberbeceu e estás dizendo: ‘Sou deus. No assento de deus me assentei.’” — Ezequiel 28:2.

27, 28. Em que armadilha podem os humanos cair, e como Jesus ilustrou isso?

27 Nações — bem como indivíduos — podem sucumbir ao orgulho e a um falso conceito de riqueza. Jesus contou uma parábola que mostra como esse laço pode ser sutil. Ele falou de um homem rico, cujos campos haviam produzido muito bem. Muito feliz, ele planejava construir silos maiores para seus produtos e, alegremente, imaginava um futuro de conforto e vida longa. Mas isso não aconteceu. Deus disse-lhe: “Desarrazoado, esta noite te reclamarão a tua alma. Quem terá então as coisas que armazenaste?” Sim, o homem morreu, e sua riqueza de nada lhe serviu. — Lucas 12:16-20.

28 Jesus concluiu a parábola, dizendo: “Assim é com o homem que acumula para si tesouro, mas não é rico para com Deus.” (Lucas 12:21) Ser rico não era errado em si mesmo, e ter uma boa safra não era pecado. O erro do homem foi fazer disso a coisa principal na vida. Sua única confiança eram as riquezas. Ao pensar no futuro, não levou em conta Jeová Deus.

29, 30. Que alerta deu Tiago contra a autoconfiança?

29 Tiago apresentou enfaticamente o mesmo ponto. Disse ele: “Vinde agora, vós os que dizeis: ‘Hoje ou amanhã viajaremos para esta cidade e passaremos ali um ano, e negociaremos e teremos lucros’, ao passo que nem sabeis qual será a vossa vida amanhã. Porque sois uma bruma que aparece por um pouco de tempo e depois desaparece. Devíeis dizer, em vez disso: ‘Se Jeová quiser, havemos de viver e também de fazer isso ou aquilo.’” (Tiago 4:13-15) Daí, Tiago mostrou a relação entre riqueza e orgulho, ao acrescentar: “[Vós] vos orgulhais de vossas fanfarrices pretensiosas. Todo esse orgulho é iníquo.” — Tiago 4:16.

30 De novo, negociar não é pecado. O pecado é o orgulho, a arrogância, a autoconfiança que a riqueza pode gerar. Sabiamente, diz um antigo provérbio: “Não me dês nem pobreza nem riquezas.” A pobreza pode tornar muito amarga a vida. Mas as riquezas podem levar a pessoa a ‘renegar a Deus e a dizer: “Quem é Jeová?”’. — Provérbios 30:8, 9.

31. Que perguntas o cristão fará bem em fazer a si mesmo?

31 Vivemos num mundo em que muitos sucumbiram à ganância e ao egoísmo. Devido ao prevalecente apelo comercial, dá-se muita ênfase à riqueza. Assim, o cristão fará bem em examinar a si mesmo para ver se não está caindo na mesma armadilha em que caiu a cidade comercial de Tiro. Gasta ele tanto de seu tempo e energia em empenhos materiais que, na verdade, é um escravo das riquezas? (Mateus 6:24) Será que inveja alguém que talvez tenha mais ou melhores bens do que ele? (Gálatas 5:26) Se for rico, acha orgulhosamente que merece mais atenção ou privilégios do que outros? (Note Tiago 2:1-9.) Se não for rico, está ‘resolvido a ficar rico’, custe o que custar? (1 Timóteo 6:9) Está tão ocupado com assuntos comerciais que reserva apenas um pequeníssimo espaço na sua vida para servir a Deus? (2 Timóteo 2:4) Fica tão absorto na busca de riqueza que desconsidera princípios cristãos em seus negócios? — 1 Timóteo 6:10.

32. Que alerta deu João, e como podemos acatá-lo?

32 Seja qual for a nossa condição financeira, o Reino deve sempre ter prioridade na nossa vida. É vital nunca desperceber as palavras do apóstolo João: “Não estejais amando nem o mundo, nem as coisas no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele.” (1 João 2:15) Temos de usar o sistema financeiro do mundo para sobreviver, é verdade. (2 Tessalonicenses 3:10) Por isso, ‘usamos o mundo’ — mas não “plenamente”. (1 Coríntios 7:31) Se tivermos amor excessivo às coisas materiais — as coisas do mundo — não mais amaremos a Jeová. Ir atrás dos ‘desejos da carne e dos desejos dos olhos’ e ‘ostentar os meios de vida da pessoa’ são incompatíveis com fazer a vontade de Deus. * E é fazer a vontade de Deus o que leva à vida eterna. — 1 João 2:16, 17.

33. Como podem os cristãos evitar a armadilha em que caiu Tiro?

33 Tiro caiu na armadilha de colocar a busca de bens materiais à frente de tudo o mais. Ela saiu-se bem em sentido material, mas tornou-se muito orgulhosa e foi punida por isso. Seu exemplo é um alerta para nações e indivíduos hoje. É muito melhor acatar a admoestação do apóstolo Paulo! Ele exorta os cristãos a ‘não serem soberbos e a não basearem sua esperança nas riquezas incertas, mas em Deus, que nos fornece ricamente todas as coisas para nosso usufruto’. — 1 Timóteo 6:17.

[Nota(s) de rodapé]

^ parágrafo 3 Alguns eruditos identificam Társis com Sardenha, uma ilha no Mediterrâneo ocidental, que também ficava distante de Tiro.

^ parágrafo 9 Veja o capítulo 15 deste livro, páginas 200-207.

^ parágrafo 17 Como alternativa, a “filha de Társis” pode referir-se aos habitantes de Társis. Certa obra de referência diz: “Os nativos de Társis [estavam] agora livres para viajar e comerciar tão livremente como o Nilo quando flui em todas as direções.” Ainda assim, a ênfase é nas drásticas repercussões da queda de Tiro.

^ parágrafo 32 “Ostentação” traduz o termo grego a·la·zo·ní·a, definido como “presunção ímpia e vazia que confia na estabilidade de coisas terrenas”. — The New Thayer’s Greek-English Lexicon.

[Perguntas de Estudo]

[Mapa na página 256]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

EUROPA

ESPANHA (Possível localização de TÁRSIS)

MAR MEDITERRÂNEO

SARDENHA

CHIPRE

ÁSIA

SÍDON

TIRO

ÁFRICA

EGITO

[Foto na página 250]

Tiro seria subjugada por Babilônia, não pela Assíria

[Foto na página 256]

Moeda com a estampa de Melcart, principal deidade de Tiro

[Foto na página 256]

Modelo de navio fenício