Vandalismo — quais são as suas causas?

“NÃO tenho nada a declarar.” Estas palavras foram escritas com letras garrafais num muro recém-pintado em uma agradável área residencial de São Paulo. Um ato de vandalismo, talvez pense. E a pichação é apenas um tipo de vandalismo.

Imagine que seu carro novo tenha sido danificado por vândalos irresponsáveis. Ou talvez observe que eles danificaram ou destruíram patrimônio público, útil para muitos. Qual é a razão disso tudo? Já se perguntou por que há tanto vandalismo? Em muitos lugares, os vândalos parecem ter prazer em desfigurar ou danificar telefones públicos. Transporte coletivo — trens e ônibus — também são muitas vezes um alvo. Aparentemente, os vândalos não se importam com nada. Mas o que está por detrás de boa parte do vandalismo que vemos ou do qual somos vítimas?

Marco, * um jovem carioca, ficou tão frustrado com a derrota de seu time num jogo de futebol que começou a atirar pedras num ônibus lotado de torcedores do time vencedor. Ou veja o caso de Cláudio, que ficou tão furioso por não se sair bem na escola, que quebrou as vidraças da escola a pedradas. Mas a “graça” acabou quando seu pai foi chamado para pagar pelos estragos. Outro jovem, chamado Eduardo, estudava e trabalhava. Ele e seus colegas eram encarados como bons jovens, mas seu passatempo era vandalizar a vizinhança. Os pais de Eduardo nem faziam idéia disso. Válter, um órfão que se viu obrigado a morar nas ruas de São Paulo, conta que seus melhores amigos, a quem acompanhava e com quem aprendeu artes marciais, eram membros de uma gangue de vândalos. Esses exemplos mostram que há razões pessoais por detrás do vandalismo, e que as emoções que o desencadeiam são variadas.

A The World Book Encyclopedia diz que o “vandalismo pode ser um ato de vingança ou uma maneira de expressar uma opinião política. Tanto jovens como adultos às vezes cometem esse crime apenas por ‘diversão’”. Mas, em vez de ser apenas brincadeira de jovens, o vandalismo pode ser muito destrutivo, e até mortal. Um grupo de jovens  queria “divertir-se” e, ao verem um homem dormindo, eles o encharcaram com um líquido inflamável e o incendiaram. A vítima, um índio, morreu num hospital algum tempo depois. De acordo com um relatório, “os jovens teriam dito que não achavam que alguém se importaria, visto que vários mendigos já haviam sido queimados nas ruas e ninguém havia feito nada”. Mesmo que o vandalismo pareça não prejudicar ninguém, o custo, financeiro e emocional, é incalculável. Então, o que pode controlar ou acabar com o vandalismo?

Quem pode parar o vandalismo?

Podem a polícia e as escolas evitar o vandalismo? Um problema é que as autoridades podem estar ocupadas com crimes mais sérios, como tráfico de drogas ou assassinatos, do que com delitos “sem vítimas”. De acordo com um policial, quando um jovem se envolve em problemas, os pais muitas vezes “culpam os colegas, a escola, ou a polícia por tê-lo apanhado”. A orientação e a aplicação da lei podem reduzir o vandalismo, mas o que acontece quando os pais não mudam de atitude? Uma oficial encarregada de aconselhar menores infratores diz: “A causa do problema é o tédio e a oportunidade. [Os filhos] ficam até tarde fora de casa e não têm nada para fazer. E provavelmente não são supervisionados; caso contrário não estariam fora de casa.”

Embora o vandalismo seja um problema sério em muitos lugares, veja como a situação pode ser revertida. Os jovens vândalos mencionados no início do artigo mudaram de atitude e não se envolvem mais em nenhum tipo de comportamento anti-social. O que fez esses ex-delinqüentes mudar seu estilo de vida? Também, ficaria surpreso se soubesse que o vandalismo não será apenas reduzido, mas eliminado? Convidamo-lo a ler o próximo artigo.

[Nota(s) de rodapé]