Pular para conteúdo

Pular para sumário

Não deixem de reunir-se

Não deixem de reunir-se

Não deixem de reunir-se

“Não nos afastemos das nossas reuniões, como é costume de alguns”, dizem as Escrituras, “mas exortemo-nos, e tanto mais, quanto mais vemos que o dia se aproxima”. (Hebreus 10:25, Mateus Hoepers, 1978) É evidente que os verdadeiros adoradores devem reunir-se num local de adoração para ‘considerarem uns aos outros para se estimularem ao amor e a obras excelentes’. — Hebreus 10:24.

QUANDO o apóstolo Paulo escreveu essas palavras no primeiro século de nossa Era Comum, havia em Jerusalém um templo imponente que servia de local de adoração para os judeus. Havia também sinagogas. Jesus tinha ‘ensinado numa sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reuniam’. — João 18:20.

Em que tipo de locais de adoração Paulo estava pensando quando admoestou os cristãos a se reunirem para se encorajar uns aos outros? Será que os edifícios religiosos da cristandade têm algum precedente no templo em Jerusalém? Quando os que professavam ser cristãos passaram a usar grandes prédios religiosos?

‘Uma casa ao nome de Deus’

As primeiras instruções referentes a um local para se adorar a Deus se encontram no livro bíblico de Êxodo. Jeová Deus mandou que seu povo escolhido — os israelitas — construísse “o tabernáculo” ou a “tenda de reunião”. A arca do pacto e diversos utensílios sagrados deviam ser guardados ali. “A glória de Jeová encheu o tabernáculo”, quando foi completado em 1512 AEC. Por mais de quatro séculos, essa tenda portátil foi o centro da adoração de Deus. (Êxodo, capítulos 25-27; 40:33-38) A Bíblia a chama também de “templo de Jeová” e de “casa de Jeová”. — 1 Samuel 1:9, 24.

Mais tarde, quando Davi era rei em Jerusalém, ele expressou o forte desejo de construir uma casa permanente para a glória de Jeová. No entanto, visto que Davi tinha sido homem de guerra, Jeová lhe disse: “Não construirás uma casa ao meu nome.” Em vez disso, Ele escolheu o filho de Davi, Salomão, para construir o templo. (1 Crônicas 22:6-10) Salomão inaugurou o templo em 1026 AEC, depois de um período de construção de sete anos e meio. Jeová aprovou este prédio, dizendo: “Santifiquei esta casa que construíste, pondo ali meu nome por tempo indefinido; e meus olhos e meu coração certamente mostrarão estar ali para sempre.” (1 Reis 9:3) Enquanto os israelitas continuassem fiéis, Jeová abençoaria aquela casa. Todavia, se eles se afastassem do que era certo, Jeová retiraria sua bênção daquele lugar, e ‘a casa se tornaria montões de ruínas’. — 1 Reis 9:4-9; 2 Crônicas 7:16, 19, 20.

Com o tempo, os israelitas desviaram-se da adoração verdadeira. (2 Reis 21:1-5) “Portanto, [Jeová] fez subir contra eles o rei dos caldeus, que passou . . . a queimar a casa do verdadeiro Deus e a demolir a muralha de Jerusalém; e queimou com fogo todas as suas torres de habitação e também todos os seus objetos desejáveis, para causar a ruína. Além disso, ele levou cativos a Babilônia os que foram deixados pela espada, e eles vieram a ser servos dele e dos seus filhos.” Segundo a Bíblia, isso aconteceu em 607 AEC. — 2 Crônicas 36:15-21; Jeremias 52:12-14.

Conforme predito pelo profeta Isaías, Deus suscitou o Rei Ciro, da Pérsia, para libertar os judeus do poder de Babilônia. (Isaías 45:1) Após um exílio de 70 anos, eles voltaram a Jerusalém em 537 AEC para reconstruir o templo. (Esdras 1:1-6; 2:1, 2; Jeremias 29:10) Houve atrasos na construção, mas o templo foi finalmente concluído em 515 AEC, e se restabeleceu a adoração pura de Deus. Embora não fosse tão glorioso como o templo de Salomão, o prédio durou quase 600 anos. No entanto, o templo ficou em mau estado de conservação, porque os israelitas negligenciaram a adoração de Jeová. Quando Jesus Cristo surgiu no cenário terrestre, o templo estava sendo reconstruído aos poucos pelo Rei Herodes. Qual seria o futuro daquele templo?

‘Não ficará pedra sobre pedra’

Referente ao templo em Jerusalém, Jesus disse aos seus discípulos: “De modo algum ficará aqui pedra sobre pedra sem ser derrubada.” (Mateus 24:1, 2) Fiel a essas palavras, o local conhecido por séculos como centro da adoração de Deus foi destruído em 70 EC pelas tropas romanas que foram enviadas para acabar com a revolta dos judeus. * Aquele templo nunca mais foi reconstruído. No sétimo século, erigiu-se o santuário muçulmano conhecido como Domo do Rochedo, e este se encontra ali até hoje no lugar do anterior local de adoração dos judeus.

Que arranjo de adoração haveria para os seguidores de Jesus? Continuariam os primeiros cristãos, de origem judaica, a adorar a Deus no templo que pouco depois seria destruído? Onde é que os cristãos não-judeus iam adorar a Deus? Serviriam os prédios religiosos da cristandade de substitutos daquele templo? A conversa de Jesus com uma mulher samaritana esclarece-nos essa questão.

Os samaritanos, durante séculos, adoraram a Deus num grande templo no monte Gerizim, em Samaria. “Nossos antepassados adoravam neste monte”, disse a mulher samaritana a Jesus, “mas vós dizeis que o lugar onde as pessoas devem adorar é em Jerusalém”. Em resposta, Jesus disse: “Acredita-me, mulher: Vem a hora em que nem neste monte, nem em Jerusalém, adorareis o Pai.” Não haveria mais necessidade de um templo material para adorar a Jeová, porque Jesus explicou: “Deus é Espírito, e os que o adoram têm de adorá-lo com espírito e verdade.” (João 4:20, 21, 24) O apóstolo Paulo disse mais tarde aos atenienses: “O Deus que fez o mundo e todas as coisas nele, sendo, como Este é, Senhor do céu e da terra, não mora em templos feitos por mãos.” — Atos 17:24.

É evidente que os prédios religiosos da cristandade não têm nenhuma relação com o templo da era pré-cristã. E os cristãos do primeiro século não tinham nenhum motivo para construir tais locais. No entanto, após a morte dos apóstolos, ocorreu o desvio dos ensinos verdadeiros que havia sido predito — a apostasia. (Atos 20:29, 30) Anos antes de o imperador romano Constantino supostamente se converter ao cristianismo, em 313 EC, professos cristãos começaram a se desviar do que Jesus havia ensinado.

Constantino contribuiu para fundir o “cristianismo” com a religião romana pagã. The Encyclopædia Britannica diz: “O próprio Constantino encomendou a construção de três enormes basílicas cristãs em Roma: de S. Pedro, S. Paolo Fuori le Mura e S. Giovanni in Laterano. Ele . . . criou a planta em forma de cruz que se tornou padrão para igrejas na Europa ocidental na Idade Média.” A reconstruída Basílica de S. Pedro, em Roma, ainda é considerada o centro da Igreja Católica Romana.

“A igreja [tomou] algumas formas e costumes religiosos da Roma [pagã]”, diz o historiador Will Durant. Estes incluíam “a arquitetura da basílica”. Entre os séculos 10 e 15, houve um aumento na construção de igrejas e de catedrais, dando-se muita ênfase à arquitetura. Foi então que passaram a existir muitos edifícios da cristandade que hoje são considerados monumentos artísticos.

Será que as pessoas sempre ficam espiritualmente revigoradas por adorarem numa igreja? “Para mim, a igreja passou a simbolizar tudo o que é tedioso e cansativo na religião”, diz Francisco, do Brasil. “A missa era uma cerimônia sem significado, repetitiva e distante das minhas reais necessidades. Torcia para que acabasse logo.” Todavia, manda-se que os verdadeiros crentes se reúnam. Como as reuniões devem ser realizadas?

“A congregação que está na casa deles”

As reuniões dos seguidores de Jesus do primeiro século fornecem o modelo para as reuniões cristãs. As Escrituras indicam que costumavam reunir-se em lares particulares. Por exemplo, o apóstolo Paulo escreveu: “Dai os meus cumprimentos a Prisca e Áquila, meus colaboradores em Cristo Jesus, . . . e cumprimentai a congregação que está na casa deles.” (Romanos 16:3, 5; Colossenses 4:15; Filêmon 2) Algumas traduções vertem a palavra grega para “congregação” (ek·kle·sí·a) como “igreja”. Mas o termo refere-se a um grupo de pessoas reunido com um objetivo comum, não a um prédio. (Atos 8:1; 13:1) A adoração praticada pelos verdadeiros cristãos não exige prédios religiosos suntuosos.

Como se realizavam as reuniões nas primeiras congregações cristãs? O discípulo Tiago usa uma forma da palavra grega sy·na·go·gé para se referir a uma reunião cristã. (Tiago 2:2; nota, NM com Referências) Essa palavra grega significa “ajuntamento” e é usada intercambiavelmente com ek·kle·sí·a. Com o tempo, porém, o termo “sinagoga” assumiu o sentido do local ou do prédio em que se realizava a assembléia. Os primeiros cristãos judeus sabiam o que se fazia numa sinagoga. *

Ao passo que os judeus se reuniam no templo em Jerusalém para as suas festividades anuais, as sinagogas em cada cidade serviam de locais para se aprender a respeito de Jeová e obter instrução na Lei. Era nas sinagogas que as pessoas oravam, liam as Escrituras e escutavam explicações e exortações. Quando Paulo e outros com ele entraram numa sinagoga em Antioquia, “os presidentes da sinagoga mandaram dizer-lhes: ‘Homens, irmãos, se tiverdes alguma palavra de encorajamento para o povo, dizei-a.’” (Atos 13:15) Quando os primeiros cristãos judeus se reuniam em lares particulares, sem dúvida seguiam um sistema similar, realizando reuniões biblicamente instrutivas e espiritualmente edificantes.

Congregações que visam à edificação

As Testemunhas de Jeová, assim como os primeiros cristãos, reúnem-se hoje em locais simples de adoração para receber instrução da Bíblia e ter companheirismo edificante. Por muitos anos, elas se reuniram apenas em lares particulares e ainda fazem isso em alguns lugares. Mas agora o número de congregações aumentou para mais de 90.000, e seus principais locais de reunião são chamados de Salões do Reino. Não são construções ostentosas, nem têm aparência de igreja. São locais práticos e modestos, que permitem que de 100 a 200 pessoas se congreguem em reuniões semanais para ouvir a Palavra de Deus e aprender dela.

A maioria das congregações das Testemunhas de Jeová se reúne três vezes por semana. Uma das reuniões é uma conferência pública sobre um assunto de interesse atual. Essa é seguida por um estudo baseado num tema ou numa profecia da Bíblia, usando-se a revista A Sentinela como fonte de matéria. Outra reunião é uma escola, destinada a dar treinamento na apresentação da mensagem da Bíblia. É seguida por uma reunião especialmente dedicada a dar sugestões práticas para o ministério cristão. As Testemunhas, uma vez por semana, se reúnem também em grupos pequenos para um estudo da Bíblia, realizado em lares particulares. Todas essas reuniões são abertas ao público. Nunca se fazem coletas.

Francisco, já mencionado, achou as reuniões no Salão do Reino muito benéficas. Ele diz: ‘O primeiro local de reuniões onde estive era um prédio confortável num lugar central da cidade e me causou uma boa impressão. Lembro que todos eram amistosos e senti o amor daquelas pessoas. Fiquei ansioso para voltar. De fato, não perdi nenhuma reunião desde então. Essas reuniões cristãs têm vida e atendem as minhas necessidades espirituais. Mesmo quando estou desanimado, vou ao Salão do Reino, com a plena certeza de que voltarei animado.’

As reuniões cristãs das Testemunhas de Jeová proporcionam instrução bíblica, companheirismo edificante e a oportunidade de louvar a Deus. Você está cordialmente convidado a assistir a elas no Salão do Reino mais próximo da sua casa. Não se arrependerá disso!

[Nota(s) de rodapé]

^ parágrafo 11 O templo foi completamente demolido pelos romanos. O Muro das Lamentações, ao qual muitos judeus afluem de lugares distantes para orar, não faz parte desse templo. É apenas parte do muro do pátio do templo.

^ parágrafo 20 Parece que as sinagogas foram instituídas durante os 70 anos do exílio babilônico, quando não havia templo, ou pouco depois do retorno do exílio, enquanto o templo estava sendo reconstruído. No primeiro século, cada cidade na Palestina tinha a sua própria sinagoga, havendo mais de uma nas cidades maiores.

[Fotos nas páginas 4, 5]

O tabernáculo e mais tarde os templos serviram como excelentes centros de adoração de Jeová

[Foto na página 6]

A Basílica de S. Pedro em Roma

[Foto na página 7]

Os primeiros cristãos se reuniam em lares particulares

[Fotos nas páginas 8, 9]

As Testemunhas de Jeová realizam reuniões cristãs em lares particulares e em Salões do Reino