1, 2. (a) Que dificuldades muitas famílias enfrentam e que perguntas surgem? (b) Como a família pode se preparar para mudanças em sua situação?

É MUITO triste ver nossos pais, que antes eram fortes e independentes, não poderem mais cuidar de si mesmos. Imagine que você recebeu a notícia de que sua mãe ou seu pai caiu e quebrou uma perna. Ou que um deles está agora confuso e não consegue mais sair sozinho. Ou o médico lhe diz que seu pai ou sua mãe tem uma doença grave. Para você é difícil enfrentar essa situação. Mas para os idosos também não é fácil aceitar essa mudança em sua saúde ou em seu modo de vida, especialmente quando o problema limita a independência deles. (Jó 14:1) O que podemos fazer para ajudar? Como podemos cuidar deles?

² Um artigo sobre como cuidar dos idosos disse que não é fácil falar sobre os problemas da idade avançada. Mas disse também que, quando as famílias falam sobre esse assunto com antecedência, todos ficam mais bem preparados para tomar as decisões certas na hora que os problemas de saúde surgirem. Temos de aceitar o fato de que alguns problemas da idade avançada não podem ser evitados. Por isso  é tão importante as famílias se prepararem. Vamos ver como pais e filhos podem trabalhar juntos de forma amorosa para tomar boas decisões sobre esse assunto difícil.

3. O que as famílias talvez tenham de fazer quando os pais idosos precisam de mais ajuda? (Veja a foto no começo do artigo.)

³ Talvez chegue um dia em que os pais idosos não consigam mais cuidar de si mesmos e precisem de ajuda. (Leia Eclesiastes 12:1-7.) Quando isso acontecer, os pais e os filhos terão de decidir juntos qual cuidado seria o melhor dentro do que eles podem pagar. A melhor maneira de tomar essas decisões é por fazer uma reunião de família e conversar sobre o que precisa ser feito, como isso vai ser feito e como cada um pode cooperar. Todos devem se esforçar para ser realistas e ter uma boa comunicação. Um assunto sobre o qual podem pensar é se ainda é seguro os pais morarem sozinhos. * (Veja a nota abaixo.) Conversem sobre o que cada um pode fazer para que os pais recebam os cuidados que precisam. (Provérbios 24:6) Por exemplo, talvez alguns possam ajudar a cuidar dos pais no dia a dia. Outros podem ajudar a pagar as despesas relacionadas à saúde. Deve ficar bem claro a cada um o que se espera dele. Mas, com o passar do tempo, pode ser necessário mudar as tarefas e revezar quem vai cuidar das diferentes responsabilidades.

4. Onde a família pode encontrar ajuda?

⁴ Quando você começar a cuidar de seus pais, procure aprender tudo o que puder sobre o problema de saúde deles. Se for uma doença que piora com o tempo, tente saber o que vai acontecer em cada fase da doença. (Provérbios 1:5) Procure o serviço de atendimento aos idosos que o governo em sua região oferece. Descubra que tipo de ajuda seus pais têm direito ou o que pode facilitar o cuidado que você precisa dar a eles. Ao pensar sobre essas mudanças difíceis, pode ser que você fique muito triste, chocado ou confuso. Caso isso aconteça, conte a um amigo de confiança o que está sentindo. Mais importante ainda, abra seu coração a Jeová. Ele pode dar a você a paz que precisa para aceitar e enfrentar qualquer  situação. — Salmo 55:22; Provérbios 24:10; Filipenses 4:6, 7.

5. Por que é bom considerar com antecedência as opções disponíveis?

⁵ Antes que surja uma situação em que os idosos precisem de mais cuidados, seria bom que eles e seus filhos considerassem as opções disponíveis. Por exemplo, será que daria certo os pais morarem com um dos filhos? Ou seria bom eles morarem numa casa de repouso? Existe outra opção? Esse tipo de conversa ajuda a família a se preparar para as dificuldades que a idade avançada traz. (Salmo 90:10) Se os membros da família não fizerem esse tipo de preparação, os problemas vão chegar e eles terão de tomar decisões apressadamente. Essa “é quase sempre a pior hora para tomar esse tipo de decisão”, disse um especialista nesse assunto. Quando as decisões têm de ser tomadas rapidamente, a família fica estressada e talvez não entre num acordo sobre o que tem de ser feito. Mas, quando a família conversa sobre esse tipo de assunto com antecedência, é muito mais fácil se ajustar às mudanças. — Provérbios 20:18.

6. Por que é bom conversar sobre onde os pais poderiam morar quando ficarem mais velhos?

⁶ Pode parecer difícil conversar com seus pais sobre fazer mudanças na casa deles ou sobre a necessidade de eles morarem em outro lugar algum dia. Mas muitos disseram que essas conversas os ajudaram mais tarde. Por quê? Porque é mais fácil falar sobre assuntos difíceis, ouvir com respeito e fazer planos antes de os problemas surgirem. Num ambiente tranquilo em que todos podem falar abertamente sobre suas preferências, os membros da família vão se sentir mais próximos um do outro e vão procurar entender a situação de cada um. Os idosos talvez prefiram continuar morando sozinhos o máximo que puderem. É bom quando os pais falam para seus filhos que tipo de cuidado gostariam de receber. Isso ajuda a todos na hora de tomar decisões sobre esse assunto.

7, 8. Durante a conversa, sobre o que as famílias devem falar? Por quê?

⁷ Pais, durante essa conversa, digam a seus filhos quais são seus desejos, quanto dinheiro vocês podem gastar e que opções vocês preferem. Assim, se um dia vocês não puderem tomar suas próprias decisões, os filhos poderão tomar as decisões que vocês tomariam. Com certeza, eles procurarão atender seus desejos e farão de tudo para que vocês possam manter sua independência. (Efésios 6:2-4) Por exemplo, vocês esperam que um de seus filhos os convide para morar com ele? Ou vocês esperam outra coisa? Sejam realistas e lembrem-se de que os outros membros da família talvez tenham ideias  diferentes das suas. Leva tempo para que todos cheguem à mesma conclusão.

⁸ Quando planejamos com bastante antecedência e temos uma boa comunicação, podemos evitar muitos problemas. (Provérbios 15:22) Conversem com seus filhos a respeito de suas preferências sobre cuidados médicos. As informações que estão no documento Instruções e Procuração para Tratamento de Saúde, usado pelas Testemunhas de Jeová, devem ser consideradas nessas conversas. Todas as pessoas têm o direito de saber quais tratamentos existem e têm o direito de aceitar ou recusar um desses tratamentos. Pode-se fazer uma declaração por escrito mostrando quais tratamentos médicos vocês aceitam e quais vocês não aceitam. Em alguns países, existe um formulário apropriado para isso. Também é bom escolher uma pessoa que possa ser seu procurador, ou seja, que possa representá-los numa hora em que vocês não estejam em condições de tomar suas próprias decisões. Os idosos, os que cuidam deles e o procurador devem ter cópias desses documentos, para usar no caso de uma emergência. Alguns idosos guardam cópias desses documentos junto com seu testamento e outros documentos importantes, como apólices de seguro, papéis enviados pelo banco ou por algum órgão do governo e assim por diante.

9, 10. Quando talvez os pais precisem de mais ajuda de seus filhos?

⁹ Em muitos casos, os filhos concordam quando os pais preferem continuar com sua independência enquanto for possível. Se os pais ainda conseguem cozinhar, limpar a casa, tomar seus remédios e se comunicar bem, os filhos não precisam controlar cada detalhe da vida deles. Mas, com o passar do tempo, talvez os pais comecem a ter dificuldade para andar, para fazer compras ou para se lembrar das coisas. Se isso acontecer, os filhos talvez tenham de fazer algo a respeito desses problemas.

¹⁰ Talvez os idosos fiquem confusos, deprimidos, comecem a perder a audição, a visão, a memória ou tenham outros problemas que precisem de tratamento médico. Nesses casos, é bom procurar ajuda o mais rápido possível. Os filhos talvez precisem tomar a iniciativa em marcar consultas médicas e também em cuidar de outros assuntos pessoais dos pais. Para que os pais recebam os melhores cuidados, os filhos talvez tenham de falar no lugar deles, ajudá-los a preencher formulários, levá-los às consultas e assim por diante. — Provérbios 3:27.

11. O que pode ser feito para que os pais aceitem mais facilmente as mudanças?

¹¹ Se seus pais tiverem um problema de saúde que não tem cura, talvez você tenha de fazer algumas mudanças nos cuidados que eles recebem ou na casa em que moram. Quanto menor for a mudança, mais fácil será para eles aceitarem. Caso você more longe de seus pais, talvez seja suficiente pedir para um irmão ou um vizinho visitá-los de vez em quando e informar você sobre como eles estão. Será que seus pais só precisam de ajuda para cozinhar e  limpar a casa? Será que poderiam ser feitas pequenas mudanças na casa para torná-la mais segura? Pode ser que isso torne mais fácil para seus pais andarem pela casa ou tomarem banho, por exemplo. Talvez contratar alguém para ajudá-los com as tarefas do dia a dia seja suficiente para que os pais continuem morando sozinhos. Mas, se não for seguro eles ficarem sozinhos, é melhor providenciar uma ajuda mais permanente. Seja qual for a situação, descubra que serviços estão disponíveis na região em que eles moram. — Leia Provérbios 21:5. * (Veja a nota abaixo.)

12, 13. O que alguns filhos que moram longe fazem para cuidar dos pais?

¹² Nós queremos que nossos pais estejam seguros e confortáveis porque os amamos. Ficamos mais tranquilos quando sabemos que eles estão sendo bem cuidados. Mas muitos filhos não moram perto de seus pais. O que eles podem fazer? Alguns usam suas férias para visitar os pais, ajudando-os em tarefas que eles não conseguem mais fazer. Os filhos podem mostrar que amam seus pais por sempre telefonar, se possível todos os dias, e por escrever cartas ou e-mails. — Provérbios 23:24, 25.

¹³ Mesmo que você more longe de seus pais, ainda é sua responsabilidade decidir que cuidados diários eles precisam. Se eles são Testemunhas de Jeová, você pode falar com os anciãos da congregação deles e pedir orientação. Acima de tudo, ore a Jeová a respeito de seus pais. (Leia Provérbios 11:14.) Ainda que eles não sejam Testemunhas de Jeová, você tem de ‘honrar seu pai e sua mãe’. (Êxodo 20:12; Provérbios 23:22) É claro que nem todos tomarão as mesmas decisões. Algumas famílias decidem que é melhor os pais idosos morarem com um filho ou perto dele. Mas isso nem sempre é possível. Alguns pais talvez não queiram morar com um filho e sua família. Muitas vezes eles preferem morar sozinhos e não desejam incomodar seus filhos. Alguns idosos talvez possam pagar para alguém ajudá-los em sua casa e prefiram fazer isso. — Eclesiastes 7:12.

14. Que problemas aqueles que dão a maior parte dos cuidados aos pais podem ter?

¹⁴ Em muitas famílias, o filho que mora mais perto dos pais é quem dá a maior parte dos cuidados que eles precisam. Mas é necessário equilíbrio ao fazer isso, porque ele também precisa dar atenção à sua própria família. Existe um limite do que a pessoa consegue fazer e do tempo que tem. E se a situação desse filho mudar, a família precisa considerar  novamente o que pode ser feito. Será que um membro da família está cuidando de responsabilidades demais? Será que os outros filhos podem fazer mais, talvez revezando entre si?

15. O que pode ser feito para evitar que a pessoa que dá a maior parte dos cuidados fique esgotada?

¹⁵ Quando pais idosos precisam de cuidado o tempo todo, existe um perigo em relação à pessoa que dá a maior parte dos cuidados. Ela pode ficar esgotada. (Eclesiastes 4:6) Filhos amorosos querem fazer tudo o que podem, mas cuidar dos pais pode se tornar algo muito pesado. Por isso, quem está sempre cuidando deve ser realista e entender que às vezes precisa pedir ajuda. Com outros ajudando de vez em quando, talvez ele consiga continuar cuidando dos pais em vez de colocá-los em uma casa de repouso.

16, 17. Ao cuidar de pais idosos, que sentimentos talvez os filhos tenham? O que vai ajudá-los a entender seus sentimentos e continuar tendo equilíbrio? (Veja também o quadro  “Ela fica feliz de poder ajudar”.)

¹⁶ É triste ver nossos queridos pais sofrendo os efeitos dolorosos da velhice. Os filhos que cuidam dos pais às vezes ficam ansiosos, frustrados, sentem tristeza, culpa, raiva ou até mágoa. Às vezes, os pais dizem ou fazem coisas que magoam ou que mostram certa ingratidão. Se isso acontecer, procure não ficar ofendido. Um especialista em saúde mental disse que, quando temos sentimentos negativos, primeiro precisamos admitir isso e depois procurar não nos culpar por ter esses sentimentos. Fale como se sente a seu marido ou a sua esposa, a outro membro de sua família ou a um amigo de confiança. Essas conversas podem ajudar você a entender como se sente e a continuar tendo equilíbrio.

¹⁷ Pode chegar a hora em que não é mais possível continuar a cuidar dos pais em casa. A família talvez decida que o pai ou a mãe precisa receber ajuda numa casa de repouso. Uma irmã que passou por essa situação disse que visitava sua mãe quase todos os dias. Ela também disse: “Simplesmente não tínhamos como cuidar de nossa mãe 24 horas por dia. Colocá-la numa casa de repouso não foi uma decisão fácil. Foi muito, muito difícil emocionalmente. Mas foi a melhor solução para ela nos meses finais de sua vida, e ela entendeu isso.”

18. Que certeza poderão ter aqueles que cuidam de pais idosos?

¹⁸ Cuidar de pais idosos pode ser complicado e emocionalmente difícil. Não existe um conjunto de soluções que funcione para todas as famílias. Mesmo assim, se você planejar com cuidado, cooperar com sua família, tiver uma boa comunicação e, acima de tudo, orar a Jeová, poderá cumprir sua obrigação de dar honra a seus pais. Se fizer isso, poderá sentir orgulho porque estará dando a eles os cuidados e a atenção que precisam. (Leia 1 Coríntios 13:4-8.) Mais importante ainda, você poderá ter a certeza de receber a paz e as bênçãos de Jeová. — Filipenses 4:7.