Eu cresci em Tampere, uma região tranquila e de muito verde na Finlândia. A minha família não era muito religiosa, mas, para eles, estudar e ter boas maneiras eram coisas importantes. Minha mãe é alemã e, quando eu era criança, ia de vez em quando passar um tempo na casa dos meus avós, na Alemanha Ocidental.

 Desde criança eu gosto de esportes. Na infância, pratiquei todo tipo de esportes. Mas, quando tinha uns 14 anos, resolvi me concentrar no tênis. Quando tinha 16 anos, eu treinava duas ou três vezes por dia: eu tinha dois treinos profissionais e, à noite, treinava sozinho. Ficava impressionado com os diferentes aspectos desse esporte. Jogar tênis era um jeito de desafiar minha mente e meu corpo. Eu gostava de estar com meus amigos e beber uma cervejinha de vez em quando, mas nunca tive problemas com álcool e nunca usei drogas. A minha vida girava em torno do tênis. Essa era a minha prioridade.

 Aos 17 anos, comecei a participar dos torneios da ATP. a Depois de vencer alguns torneios, fiquei conhecido no país inteiro. Quando tinha 22 anos, eu estava entre os 50 melhores tenistas do mundo.

 Por muitos anos, viajei pelo mundo inteiro jogando tênis profissionalmente. Visitei lugares incríveis, mas também vi muitos problemas mundiais como o crime, o abuso de drogas e os problemas ambientais. Por exemplo, quando estávamos nos Estados Unidos, disseram para não visitarmos certos locais em algumas cidades por causa da violência. Tudo isso me incomodava muito. Além disso, no fim do dia eu sentia um vazio, mesmo fazendo uma coisa que eu amava.

 Sanna, minha namorada, tinha começado a estudar a Bíblia com as Testemunhas de Jeová. Eu achava um pouco engraçado ver esse lado religioso dela, mas para mim não tinha problema se ela estudasse. Em 1990, nós nos casamos, e ela se batizou como Testemunha de Jeová no ano seguinte. Eu não me considerava uma pessoa religiosa, mas acreditava em Deus. Eu me lembrava de que a minha avó alemã lia bastante a Bíblia, e ela até tinha me ensinado a orar.

 Um dia, eu e Sanna estávamos visitando um casal de Testemunhas de Jeová. Daí o marido, Kari, me mostrou na Bíblia a profecia sobre os “últimos dias”. (2 Timóteo 3:1-5) Eu fiquei muito impressionado. Percebi que isso explicava por que as coisas estão tão difíceis no mundo. Naquele dia, nós não ficamos falando muito de religião. Mas a partir de então comecei a conversar com Kari sobre a Bíblia, e tudo o que eu aprendia fazia sentido. Como eu tinha a vida corrida e viajava muito, era difícil nos encontrar com regularidade. Mas Kari não desistiu. Ele escrevia cartas respondendo às perguntas que eu tinha feito em nossas sessões de estudo. Todas as perguntas importantes que eu tinha sobre a vida eram respondidas na Bíblia de forma lógica. Aos poucos, comecei a ver qual é o tema principal da Bíblia: que o Reino de Deus vai realizar a sua vontade. Também, aprender o nome de Deus, Jeová, e ver tudo o que ele fez por nós me deixou muito impressionado. (Salmo 83:18) Mas o que me deixou mais maravilhado foi Jeová ter enviado seu filho como resgate para nos salvar. Esse resgate não é só uma provisão técnica ou uma simples formalidade. É uma prova do amor de Deus. (João 3:16) Também aprendi que eu tinha a chance de ser amigo de Deus e de viver em paz, num paraíso, para sempre. (Tiago 4:8) Eu comecei a me perguntar: “Como posso mostrar que sou grato a Deus?”

 Eu parei e pensei bastante sobre a minha vida. Eu estava aprendendo na Bíblia que a verdadeira felicidade vem de ajudar as pessoas. E eu tinha vontade de compartilhar com elas o que eu estava aprendendo. (Atos 20:35) Mas, como eu era atleta profissional, ficava longe de casa participando em torneios uns 200 dias por ano. A vida da minha família girava em torno de mim: do meu treinamento, da minha rotina e da minha carreira. Eu percebi que tinha que mudar isso.

 Eu sabia que muitas pessoas não iam entender se eu desistisse da minha carreira de sucesso nos esportes por motivos religiosos. Mas a chance de conhecer melhor a Jeová e de viver para sempre era muito mais valiosa para mim do que qualquer prêmio que eu pudesse ganhar. Então tomar uma decisão foi até fácil. Eu estava decidido a não dar ouvidos para o que as pessoas dissessem. A decisão tinha que ser minha. Um texto da Bíblia que me deu muita força para resistir a essa pressão foi o Salmo 118:6: “Jeová está do meu lado; não terei medo. O que me pode fazer o homem?”

 Nessa época, alguns patrocinadores me ofereceram um acordo lucrativo que me permitiria jogar tênis profissionalmente por muitos anos, sem me preocupar. Mas eu estava decidido. Eu recusei a oferta e por fim parei de jogar nos torneios da ATP. Eu continuei estudando a Bíblia e, em 2 de julho de 1994, fui batizado como Testemunha de Jeová.

 No meu caso, não foi uma tragédia que me levou a pensar em Deus. Eu achava que a minha vida era razoavelmente boa e que não estava faltando nada. E eu também não estava procurando pelas verdades da Bíblia. Mas era como se elas estivessem esperando que eu as encontrasse. Daí descobri que a vida tem um significado muito maior, e a minha vida se tornou muito melhor do que eu poderia imaginar! Nossa família é mais forte e mais unida do que nunca. E fico muito feliz de ver que meus três filhos seguiram meus passos, não como atletas, mas como cristãos.

 Eu ainda gosto de jogar tênis. Ao longo dos anos, eu tenho sustentado a minha família trabalhando com atividades relacionadas ao tênis, por exemplo, como treinador e gerente de um centro de tênis. Mas a minha vida não gira mais em torno dos esportes. Antes eu treinava muitas horas toda semana para ser um tenista melhor, para ser um campeão. Hoje eu fico feliz de usar boa parte do meu tempo para ajudar outros a aprender e pôr em prática as verdades da Bíblia que mudaram a minha vida. As coisas mais importantes da minha vida são minha amizade com Jeová e meu trabalho de compartilhar a esperança de um futuro melhor com as pessoas. Essas são minhas maiores alegrias. — 1 Timóteo 6:19.