Fui criado como católico na cidade de Rochester, Nova York. Meus pais se separaram quando eu tinha 8 anos, e por isso eu passava os dias da semana com minha mãe e os finais de semana com meu pai. Minha mãe morava num condomínio popular, e meu pai num bairro de classe alta. Eu via minha mãe batalhando para criar seis filhos e sonhava em um dia ser rico para ajudar minha família.

 Meu pai queria que eu vencesse na vida, e por isso me levou para visitar uma escola de hotelaria bem-conceituada. Eu gostei tanto que me matriculei, achando que Deus estava respondendo às orações que eu fazia para ser rico e feliz. Por cinco anos estudei administração de hotéis, direito empresarial e finanças corporativas. Durante esse mesmo tempo eu trabalhava em um hotel-cassino na cidade de Las Vegas, no estado de Nevada.

 Com 22 anos, eu já era assistente do vice-presidente de um hotel-cassino. Para as pessoas, eu era rico e bem-sucedido. Eu tinha à disposição as melhores comidas, e as bebidas e os vinhos mais caros. Meus amigos costumavam dizer: “Se concentre naquilo que faz o mundo girar: dinheiro!” Na opinião deles, o dinheiro era o segredo para a verdadeira felicidade.

 Meu trabalho envolvia cuidar dos ricos que vinham a Las Vegas fazer apostas. Eles tinham muito dinheiro, mas pareciam infelizes. Eu comecei a me sentir assim também. Na verdade, quanto mais dinheiro eu ganhava, mais ansiedade eu sentia e menos eu dormia. Comecei a pensar em tirar minha vida. Eu estava muito desiludido e perguntei a Deus: “Onde posso encontrar verdadeira felicidade?”

 Duas das minhas irmãs tinham se tornado Testemunhas de Jeová. Elas se mudaram para Las Vegas mais ou menos na mesma época em que eu estava buscando a Deus. Eu não aceitei nenhuma das suas publicações, mas concordei em ler a minha Bíblia com elas. Na minha Bíblia, as palavras de Jesus estavam em vermelho. Então minhas irmãs decidiram se concentrar nas palavras dele, já que eu acreditava em tudo o que Jesus disse. Também comecei a ler a Bíblia por conta própria.

 Fiquei surpreso com muitas das coisas que eu aprendi. Por exemplo, Jesus disse: “Quando vocês rezarem, não usem muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por causa do seu palavreado.” (Mateus 6:7, Bíblia Pastoral) Aí me lembrei que certa vez um padre tinha me dado um papel com a imagem de Jesus. Ele disse que se eu rezasse para a imagem dez pai-nossos e dez ave-marias, Deus me daria todo o dinheiro que eu quisesse. Então eu percebi o seguinte: Se eu repetisse as mesmas palavras vez após vez, eu não estaria fazendo exatamente o que Jesus disse para não fazer? Eu também li as palavras de Jesus: “Na terra, não chamem a ninguém Pai, pois um só é o Pai de vocês, aquele que está no céu.” (Mateus 23:9, PAS) Daí fiquei pensando: ‘Por que eu e os outros católicos chamamos nossos sacerdotes de padre se isso significa “Pai”?’

 Foi quando eu comecei a ler o livro bíblico de Tiago que passei a pensar ainda mais sobre o que eu estava fazendo com a minha vida. No capítulo 4, Tiago escreveu: “Vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo é inimigo de Deus.” (Tiago 4:4, PAS) Eu fiquei ainda mais impressionado com o versículo 17, que diz: “Quem sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.” Então, tomei uma decisão: parar de trabalhar em cassinos. Isso porque esse trabalho fazia com que eu me envolvesse com coisas que eu não achava mais corretas, como fazer apostas e querer ganhar muito dinheiro. Daí, liguei para as minhas irmãs e contei para elas a novidade.

 Eu queria me aproximar mais de Deus e dos meus pais e irmãos, só que meu trabalho tomava todo o meu tempo. Por isso decidi simplificar a vida. Mas fazer isso não foi fácil. Por exemplo, recebi muitas ofertas para subir de cargo, ganhando o dobro ou o triplo do meu salário. Confesso que foi tentador. Mas depois de orar sobre o assunto, decidi que aquela vida não era para mim. Larguei meu emprego, reformei a garagem da minha mãe e me mudei para lá. Daí, abri um pequeno negócio de plastificar cardápios de restaurantes.

 A Bíblia estava me ajudando a tomar boas decisões na vida, mas eu ainda não assistia às reuniões no Salão do Reino. Minhas irmãs perguntaram o que eu tinha contra as Testemunhas de Jeová. Eu respondi: “É por causa desse Deus de vocês, Jeová, que separa as famílias. O único tempo que eu tenho para ficar com a família é no Natal e nos aniversários, mas vocês não comemoram essas coisas.” Uma das minhas irmãs começou a chorar e perguntou: “Mas onde você está nos outros dias do ano? Estamos de braços abertos para receber você, mas você só quer vir nessas datas, e só por obrigação.” Essas palavras tocaram o meu coração, e comecei a chorar com ela.

 Eu vi que estava totalmente errado. As Testemunhas de Jeová amam seus familiares. Daí, decidi assistir a uma reunião no Salão do Reino. Lá eu conheci o Kevin, um instrutor da Bíblia experiente que passou a estudar a Bíblia comigo.

 Kevin e sua esposa tinham uma vida simples para poder ajudar outros a entender a Bíblia. Apesar de não ganharem muito, eles conseguiram juntar dinheiro para apoiar a construção de um Betel na África e na América Central. Eles eram felizes e se amavam muito. Então, pensei comigo mesmo: ‘Essa é a vida que eu quero.’

 Kevin me mostrou um vídeo sobre o serviço missionário. Ver a alegria daqueles missionários me levou a também querer fazer esse trabalho. Levei a sério meu estudo da Bíblia e depois de seis meses fui batizado como Testemunha de Jeová, em 1995. Dali em diante, minhas orações passaram a ser diferentes; em vez de pedir riqueza, eu pedia: “Não me dês nem pobreza nem riquezas.” — Provérbios 30:8.

 Agora sou rico de verdade, não em sentido financeiro, mas em sentido espiritual. Conheci minha querida esposa, Nuria, em Honduras, e juntos pudemos servir como missionários no Panamá. Hoje servimos como missionários no México. Vi por experiência própria que as palavras de Provérbios 10:22 são a mais pura verdade: “É a bênção de Jeová que enriquece, e ele não acrescenta a ela nenhuma dor.”