Nasci em Székesfehérvár, Hungria, uma cidade com uma rica história de mais de mil anos. Ainda me lembro das terríveis marcas que a Segunda Guerra Mundial deixou ali.

Passei os primeiros anos de vida com meus avós. Eu me lembro deles com muito carinho — especialmente da minha avó Elisabeth. Ela me ajudou a desenvolver uma forte fé em Deus. Aos 3 anos, eu já fazia a oração do Pai-Nosso com ela toda noite. Mas foi só depois dos 27 anos que passei a entender o significado dessa oração.

Meus avós cuidavam de mim porque meus pais trabalhavam dia e noite para juntar dinheiro a fim de comprar uma casa. Mas minha família se reunia para uma refeição todo segundo sábado do mês. Esses eram meus momentos favoritos.

Em 1958, meus pais realizaram o sonho deles: conseguiram comprar uma casa. Fiquei muito feliz porque finalmente nós três íamos morar juntos! Mas minha felicidade durou pouco; seis meses depois meu pai morreu de câncer.

Fiquei arrasado. Lembro-me de orar: “Deus, eu implorei ao senhor que salvasse meu pai. Eu preciso dele. Por que o senhor não respondeu minhas orações?” Queria muito saber onde meu pai estava. Eu me perguntava: ‘Será que ele foi para o céu? Ou deixou de existir?’ Eu invejava as crianças que tinham pai.

Por muitos anos, eu ia ao cemitério quase todo dia. Eu me ajoelhava no túmulo do meu pai e orava: “Por favor, Deus, quero saber onde meu pai está.” Eu também orava para entender o sentido da vida.

Quando eu tinha 13 anos, decidi aprender alemão. Achei que a ampla e variada literatura alemã me daria as respostas às minhas perguntas. Em 1967, continuei meus estudos na cidade de Iena, que na época fazia parte da Alemanha Oriental. Li muitos livros de filósofos alemães, principalmente os que tentavam explicar a existência humana. Encontrei algumas ideias interessantes, mas nenhuma delas me satisfez. Continuei orando por respostas.

Em 1970, voltei para a Hungria. Lá conheci minha futura esposa, Rose. Naquela época, a Hungria estava sob o regime comunista. Assim que nos casamos, fugimos para a Áustria. Nosso plano era mudar para Sydney, Austrália, onde meu tio morava.

Não demorou muito e consegui emprego na Áustria. Certo dia, um colega de trabalho me disse que eu poderia encontrar respostas a todas às minhas perguntas na Bíblia. Ele me deu alguns livros baseados na Bíblia. Em pouco tempo eu li todos eles e quis aprender mais. Então, escrevi para as Testemunhas de Jeová, editoras desses livros, e pedi mais publicações.

No dia do nosso primeiro aniversário de casamento, recebemos a visita de um jovem austríaco que era Testemunha de Jeová. Ele trouxe as publicações que eu havia pedido e me ofereceu um estudo bíblico, que eu aceitei. Eu tinha muita vontade de aprender, então estudávamos duas vezes por semana — cada estudo durava mais ou menos quatro horas!

Fiquei emocionado com o que eu estava aprendendo na Bíblia. Quando as Testemunhas de Jeová mostraram na minha Bíblia em húngaro que o nome de Deus era Jeová, não pude acreditar. Nos 27 anos que frequentei a igreja, eu nunca tinha ouvido o nome de Deus. Fiquei impressionado com as respostas lógicas da Bíblia. Por exemplo, aprendi que os mortos estão inconscientes, como que num sono profundo. (Eclesiastes 9:5, 10; João 11:11-15) Eu também aprendi sobre a promessa da Bíblia de um novo mundo onde “não haverá mais morte”. (Revelação [Apocalipse] 21:3, 4) Espero ver meu pai novamente, pois nesse prometido novo mundo ‘haverá uma ressurreição’. — Atos 24:15.

Rose também passou a estudar a Bíblia com grande interesse. Nosso progresso foi rápido, e em apenas dois meses terminamos de estudar o livro para estudo bíblico! Nós íamos a todas as reuniões no Salão do Reino das Testemunhas de Jeová. Ficamos profundamente impressionados com o amor, a disposição de ajudar e a união que havia entre elas. — João 13:34, 35.

Em 1976, fomos morar na Austrália. Assim que chegamos lá, entramos em contato com as Testemunhas de Jeová. Elas nos receberam muito bem. Em 1978, nos tornamos Testemunhas de Jeová.

Eu finalmente encontrei as respostas que por tanto tempo havia procurado. Por me aproximar de Jeová Deus, eu também encontrei o melhor Pai que alguém poderia ter. (Tiago 4:8) E a esperança de poder rever meu pai biológico no novo mundo é muito preciosa para mim. — João 5:28, 29.

Em 1989, eu e Rose decidimos voltar à Hungria para falar de nossas crenças à nossa família e amigos. Tivemos também o privilégio de ensinar a Bíblia a centenas de pessoas. Mais de 70 delas, incluindo minha mãe, se tornaram Testemunhas de Jeová.

Por 17 anos eu havia orado por respostas às minhas perguntas. Já se passaram 39 anos desde que comecei a estudar a Bíblia. Continuo orando, só que agora posso dizer: “Obrigado, querido Pai, por responder às orações que eu fazia quando era criança.”